sexta-feira, abril 27, 2018

E o inverno chegou, chegou, chegou

De repente é sexta e a noite que havia sido fria acorda manhã de chuva intensa. São sete e quinze, mas parece que são seis. O sol não teve coragem de aparecer e eu e ele temos frio. Na varanda as toalhas no varal foram molhadas pelo vento e pela chuva. Vejo pelo vidro quebrado da porta as árvores dos outros quintais balançarem, balançarem. Falei que é sexta? Esta semana foi de meio chuva, meio sol, meio finais de tarde dourados e outros bem cinzentos.




Em certas horas prefiro o barulho da água caindo ao silêncio do verão queimando tudo logo cedo, bem cedo. E então lembro de minha juventude um dia desses certo tempão atrás sem carro, vendo a chuva que parecia adivinhar que era hora de sair para o trabalho. A bicicleta não tinha cobertura, o corpo não tinha cobertura, não há cobertura que proteja um corpo quando o inverno amazônico decide cair. Desaba o céu, caem nuvens, o chão se encharca pouco a pouco e daqui a pouco há poças, lagoas, rios no meio do asfalto. 

O meio do mundo no inverno fica frio. As paredes não queimam mais como antes, os tijolos pegam umidade e o mofo aparece nos cantos. As praias somem e as pessoas se escondem. Toda festa é um risco de sair molhado. A gripe parece estar a postos, esperando sua vez de te abraçar. O inverno, com tudo isso, é bom, é gostoso.

Tomando um cappuccino, lembro de quando ficava olhando pela janela para a rua, esperando a chuva passar para ir ao trabalho, à escola, a algum lugar obrigatório. A vontade era de penumbra e a necessidade era de rua. Quantas vezes pedi para o Tino Cabeção ir me buscar? Quantas vezes ouvi ele dizendo que era a última vez e que precisava comprar um carro? Tino Tinão, gente boa. Melhor caroneiro que já existiu. 

Hoje sou eu o rei das caronas. Levo mulher, levo filho, levo amigos, familiares, levo até a mim para lugares nos quais não quero mas preciso estar. Hoje, já que de chuva e caronas me molho, dei carona até um hospital para uma consulta. Voltei sob chuva, com receio dos malucos no trânsito. Percebi que faça muito sol ou faça muita chuva, a disposição para ser barbeiro não diminui na galera. O povo gosta de viver perigosamente, colocando os outros em perigo, faça verão ou caia inverno.

Chove lá fora ainda. Eu aqui já baixei os artigos científicos que devo ler nos próximos dias, já mandei mensagens engraçadas, já respondi algumas sérias. Só não fui tomar banho de chuva, mas o inverno está só começando e hoje é sexta-feira, dia de pensar nas possibilidades além das responsabilidades. 


quinta-feira, abril 19, 2018

Dos modos de produção artística e literária em Roraima: um bate papo matutino na UFRR


Participei nesta quarta (18) pela manhã do evento Literatura em Roraima: diálogos e leituras, uma realização do curso de Letras e do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRR. Para falar sobre “modos de produção artística e literária”, a turma chamou, além de mim, os escritores Jaime Brasil, Marcelo Perez e Roberta Cruz.


Saca o charme de todo mundo no cartaz

Os escritores Jaime Brasil, Marcelo Perez, a mediadora Elisa, Roberta Cruz, eu e meus óculos

Foto que Aldenor Pimentel compartilhou no grupo de wpp dos escritores de Roraima 

 Curti muito ouvir esse povo legal falar de seus modos de produção, ouvir suas opiniões sobre vários temas e conhecer mais deles. 

Fotinha com legenda fofa que peguei do instagram da poeta Elimacuxi, que não falta a uma edição do evento
Eu dividi minha fala em duas partes: na primeira falei das questões que envolvem tornar realidade o produto “livro”, descrevendo o panorama local, apontando questões que os escritores residentes em Roraima deveriam pensar, entre elas como tornar autossustentável a nossa profissão número dois (a dos sonhos, já que a primeira é a que banca as contas de todo mundo).

Marcelo Perez aproveitou e distribuiu a nova edição de seu Fanzine  Receita no Verso. Tem um conto meu nele
Depois falei de mim, coisas que já fiz, do livro Sem Grandes Delongas, deste meu blog querido, da página Cultura de Roraima, do livro de poemas que está vindo por aí agora no segundo semestre e citei um monte de gente que de alguma forma me influenciou tanto na tomada de decisão para começar a pensar nesse produto como na formatação dos poemas. Só esqueci de falar da ação continuada que venho tocando há anos: o Coletivo Caimbé. Que mancada.


Fazia anos que não lia essa contracapa

Como tenho essa tendência a nunca andar em linha reta numa palestra, fiz um roteiro a mão e consegui segui-lo. Mas acho que falei muito em minhas respostas e não tenho certeza de ter respondido a tudo que perguntaram. Bom, de toda forma foi uma boa manhã. Ah, e foi minha primeira palestra totalmente usando óculos para poder ler o que havia escrito.

Eu, uma pessoa organizada e da letra bonita

segunda-feira, abril 16, 2018

Uma trilha de bike do Caçari à Praia do Encontro


Sabe quando você passa anos sem fazer uma parada que gostava muito e aí um dia você fica feliz porque conseguiu voltar a fazê-la, mesmo que não seja na intensidade de antes? Então, essa foi a sensação deste domingo, quando depois de mais dez anos (talvez 12 ou 13) voltei a pegar na bicicleta para fazer uma trilha. 

Quem é leitor antigo  deve se lembrar das minhas hérnias, surgidas há um tempão apenas para me fazer sentir muita dor e abandonar certos bons hábitos como o de pedalar. 

Recentemente decidi parar de ligar tanto para a dor na cervical para investir mais no prazer que é pegar a bicicleta para sair de noite e pedalar por aí. Até na UFRR já fui por estes dias, bem no estilo “sou estudante e vou pegar sol ardente, mas tô de boas”. 

Noite sim, noite não, semana sim, semana não, faço uma pedalada com fins emagrecedores. Acho que deve dar uns 12 km e cerca de 50 minutos. Vou na manha, pelas ciclovias (coisa que não havia quando eu só tinha a bike para me deslocar), subo umas ladeiras, fico ofegante, sinto o vento no rosto e chego feliz em casa para estudar em paz. 

A vontade de fazer uma trilha nasceu ao perceber que tem gente vindo de carro pela margem do rio Branco, saindo do Iate Clube, e chegando na praia do Encontro na maior tranquilidade (clica aqui se tu ainda não viu o vídeo que fiz lá neste verão de 2018). Conversei com o Timóteo e falei que devia ser uma boa fazer isso de bike. Ele topou a trilha, mas disse que as pedras iam gerar sofrimento e talvez até pneus furados, sugerindo então a trilha do Caçari. 

Essa trilha eu fiz muitas vezes antes de aparecerem as hérnias e as dores. Tenho boas lembranças dela, mas poucas fotos. Era o tempo de introdução ao mundo digital, quando ainda era raro alguém ter uma câmera digital. Sei que em algum lugar devo ter fotos guardadas de um desses passeios, mas não imagino onde. 

Enfim, na tarde do domingo passado (ontem, 15 de abril de 2018, para ser bem exato) peguei a bike, coloquei no carro, fui até a casa do Timóteo e saímos pedalando rumo ao banho do Caçari. Pra vocês terem noção, a última vez que fiz esse caminho a avenida Getúlio Vargas era só piçarra. Hoje é asfaltada, com quatro pistas, tem canteiro central e iluminação. 

Chegando no balneário, empurramos as bicicletas até a parte da areia dura, atravessamos o Cauamé (aqui me lembrei do estresse que é não ter sapatilha de ciclista para não ter que ligar se o tênis se molha) e nos enfiamos no meio do lavrado. 


Na praia do Caçari (Foto: Timóteo Camargo)


´Timóteo rumo ao ponto onde atravessamos o Cauamé para entrar na trilha

Saudades tinha eu de pedalar fora do asfalto (Foto: Timóteo Camargo)

Vimos que se o Cauamé tá baixo, baixo, baixo, o Branco tem uns pedaços que parecem ser de um deserto. Os caras dos carros tracionados se aproveitam disso para ir barranco abaixo e curtir muito isso. Eu só brinquei que ia me jogar de bike pelo barranco, mas não arrisquei me lançar. Tenho amor à minha pele. 


Vou-num vou-vou-num fui que não sou doido de me jogar do barranco para cair no areal que virou o rio Branco (Foto: Timóteo Camargo)

Avançamos até a parte em que a trilha começou a fechar e decidimos voltar para ir pedalando até a praia do Encontro. O Timóteo me gravou gentilmente com sua mão-drone e estabilizou o vídeo com os aplicativos que tem no celular. Vê aí a vegetação e percebe como saímos de uma mata para entrar no lavrado novamente. 



O que ainda tem de água no Cauamé vai ziguazeando pelo leito até chegar no Branco. Nos também fomos fazendo isso até chegar lá. 

Depois de um banho bem legal na praia do Encontro (talvez o último desta temporada, pois hoje já começou a chover do ano, ficando nublado o dia todo, sinal do fim do verão) pegamos as bikes e voltamos. A ideia era fazer novas trilhas para ir preparando o corpo para aventuras mais pesadas, mas não sei se vai rolar. Com o fim do verão, chuva é coisa que cai sem avisar, estragando programas tão legais como ir pedalar com os amigos. 


Bikes na praia do Encontro: provavelmente a última ida do verão

quarta-feira, abril 11, 2018

Um passeio na praia do Encontro dos rios Branco e Cauamé

No último sábado fui ver o pôr do sol numa prainha que se forma na desembocadura do rio Cauamé com o rio Branco. É uma delícia de linda e espetacular. Nunca havia estado em essa praia em anos anteriores.

Rio Cauamé á esquerda. Branco à direita. Prainha bem no meio... (foto: Edgar Borges)

Motivos: não sabia de sua existência. Os amigos mais experientes no rio Cauamé (que é o mesmo onde tem os balneários Cauamé – sob a ponte na entrada norte da cidade, Curupira, Polar e Caçari) contam que é a primeira vez que a estão vendo. 

A galera dos carros 4x4 entra no leito do rio e avança areia adentro até chegar na praia, que tem o nome de Praia do Encontro. Eu peguei um caminho no meio do lavrado saindo pela avenida Getúlio Vargas, estacionei o carro, desci um barranco e fui caminhando. 

De fato, o rio Cauamé está bem seco, como tu podes ver na foto abaixo, feita do barranco onde estacionei o carro. É possível ver o rio Branco lá no fundo.

Rio Cauamé no verão de 2018 (foto: Edgar Borges)

Na ida, fiz este vídeo aqui. Espero que gostem. Talvez seja o primeiro de muitos outros mostrando coisas de Roraima. Talvez até grave meus actions figures e faça reviews, tornando-me um youtuber famoso e recebendo brindes e grana de patrocinadores. Independente do que aconteça, deixa teu like no vídeo e se inscreve no canal. 

Daí o Google começa a pensar em monetizar a parada (pra isso preciso de mil assinantes no canal e não sei quantas hora de visualização...conto contigo, navegante da web).





Na primeira vez que estive na praia, fui com uns amigos fazer churrasco exatamente no barranco de onde pego as imagens dos dois rios.

Olha aqui a turma da farofada indo:

Farofeiros do Cauamé (Foto: Zanny Adairalba)

Notem como o rio estava bem mais cheio: 


Rio Cauamé (Foto: Edgar Borges)

É isso: nem só de histórias de mestrando viverá o blog. Curtam, compartilhem, espalhem a notícia e se inscrevam no canal do youtube. Daí, com a grana que o google um dia me dará, vou compra bonequinhos e fazer reviews.

Beijos de fim de verão.

quarta-feira, abril 04, 2018

Diário de um mestrando em Letras - Primeiro mês

Mês 1 - março de 2018




01.03.18 - 1° dia de aula



Acordei como sempre: antes do alarme tocar às 6h30.


8h05 - já na sala do Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL), bloco I da UFRR.

8h07 - a colega avisa: o professor continua muito doente (havíamos sido avisados em janeiro ou fevereiro de sua condição de saúde) e não haverá aula. Talvez seja substituído.

Vou resolver coisas pessoais. Me sinto estranho: depois de 20 anos é a primeira vez que sou apenas um estudante, com a única obrigação de ter bom desempenho acadêmico. É um tipo de retorno à juventude, mas sem toda aquela energia e com filho e esposa.

06.03.18

Como já paguei duas disciplinas na condição de aluno especial, hoje pode ser considerado meu segundo dia de aula e o primeiro na disciplina Linguagem e Identidade. Manhã tranquila, de apresentações mútuas entre a turma e a professora Débora Freitas, doutora em Linguística Aplicada.

Então, oficialmente já começaram as atividades. Textos e plano de aula definidos, é hora de acelerar o ritmo de concentração nas leituras.

Por sorte consertamos semana passada um velho abajur de mesa que tenho desde a primeira graduação em jornalismo. Ele é quem vai me acompanhar nas noites acadêmicas, tipo a de hoje.

No extra-mestrado da vida, lembrando um grafite que diz que "viver não cabe no Lattes", comecei a ir na academia e em uma aula de canto.

07.03.18

Fiquei até tarde ontem lendo o texto. Bem denso. Hoje tentei fichá-lo e fazer algumas interpretações e, além de não conseguir terminar isso, me enrolei nos entendimentos. Foi da mesma forma que sempre rola: anoto palavras chaves que depois não fazem nenhum sentido e sublinho trechos que não consigo entender mais.

Fiquei a tarde toda nisso, fui resolver umas paradinhas, recomecei à noite e decidi parar para ir beber uma cerveja e pegar conselhos com um amigo recém titulado mestre.

08.03.18

Cheguei bem tarde, acordei cedo como sempre e tive um sono terrível durante a aula da disciplina de hoje.

O professor titular vai fazer uma cirurgia violenta no coração (algo como várias pontes de safena) e foi substituído pelo coordenador do curso, professor doutor Roberto Mibielli, que fez análise de um texto de Machado sobre a identidade nacional literária. Temos esse para terminar na próxima semana e mais o Manifesto Regionalista, do Gilberto Freyre. Ruim é que são todos online e ainda não comprei um e-reader para fugir das leituras grandes no computador...

À tarde voltei na UFRR para reuniões com os demais colegas orientandos e a professora orientadora, a doutora em Educação Leila Baptaglin. Já ganhei trabalhinho de casa para ir adiantando o texto da qualificação.

09.03.18

Aí você senta na frente do notebook, passa meia hora se concentrando, levanta para fazer um capuccino e quando volta o troço desligou sozinho...mais meia hora para conseguir ligar e mais meia hora para entrar em sintonia com o fichamento, quebrando toda a programação da manhã....



13.03.18



Li ontem até quase meia-noite vários textos, entre eles o Manifesto Regionalista e um artigo sobre regionalismo que encontrei em uma revista de ensaios que ganhei uma vez em um sorteio do Twitter. Sorte que nunca joguei fora.

Hoje foi dia de professora Débora. Para semana que vem temos que chegar com um livro lido e um diagrama-esquema-desenho apresentando as ideias principais. Vai ser um desafio, pois nunca fiz isso com um livro todo, só com pouco conteúdo para relacionar.

Falando nisso, tenho que lembrar amanhã de melhorar o resumo que fiz do texto passado.

Ontem também comecei a mexer no texto que vou apresentar na qualificação. Acresci o que a professora Leila indicou e agora vou ler uns materiais que mandou para irmos colocando teoria na cabeça.

Essa vida de leitor obrigado não tá legal, mas faz parte do caminho. Não fiz antes, sempre quis fazer, então é o que temos: mestrando com mais de 40. À leitura, ora pois.


30.03.18

Não anotei nada no meu diário de mestrando. O que escrevo agora é puxando pela memória e feito com o intuito de  lembrar de cada etapa da jornada. 

Vamos lá: 

Me enrolei na última semana do mês e não fiz a leitura de um texto da professora Débora no dia que deveria ter feito. Resultado: isso quebra todo o meu planejamento de pesquisa e redação para o texto da qualificação. A sorte é que não tinha nada do Mibielli para ler. Mesmo assim, acho que não vou conseguir levar o resumo que ela pediu para o dia primeiro. 

Minha vida agora é toda agendada, calculando exatamente o que devo fazer todos os dias para que não me complique todo. O que não conseguir fazer hoje, vou jogando para o amanhã. Devo confessar que tá complicado ser tão organizado. 

A professora Leila Baptaglin convocou seus orientandos, eu no meio, a participar das reuniões do grupo de pesquisa Amazoon, no qual ela me incluiu. Eis um compromisso fixo para toda quarta-feira agora e um motivo a mais para tentar manter a vida cronogramada (nem sei se essa palavra existe, mas o sentido que lhe dei é bem legal). 

Com essa convocação da Leila, já são três idas fixas à UFRR por semana: terças e quartas pela manhã e quartas á tarde. Quinzenalmente terei reunião de orientação às quintas no turno vespertino. Como estou tentando manter a regularidade nas idas à academia, vou segundas, quartas e sextas no campus. Acrescentando eventuais idas à biblioteca, dá que estou indo agora como estudante bem mais do que quando era funcionário. 

Das coisas que não tem a ver com o curso, mas tem a ver com ser escritor: no dia 23 fui acompanhar uma análise de uns textos de prosa e verso meus, feitos pelos alunos da graduação em Letras. O resumo eu já publiquei, mas se você tá chegando via pesquisa do Google, o link é este aqui. 





quinta-feira, março 29, 2018

Discutindo na UFRR as camadas literárias de alguns textos meus

Na sexta-feira passada (23.03) fui à UFRR não como aluno de pós ou para dar uma passada na academia em busca de um pouco de resistência física (não contei para vocês - se é que há vocês - que estou indo dia sim, dia não à academia que tem no campus?), mas como convidado para uma conversa com essa turma bonita aí da foto, todos da graduação em Letras da UFRR. 




Trocamos impressões e confissões sobre contos do livro Sem Grandes Delongas e alguns poemas meus, extraídos aqui do blog, que estavam analisando sob a orientação do professor Roberto Mibielli.

Fomos abrindo junto as camadas literárias de vários textos. Rimos e debatemos um bocado sobre o que eles interpretaram, sobre o que eu achava que havia tentado dizer nos subtextos e sobre o que estava descobrindo ali na hora junto com eles. 

Foi bem divertido. Rolou até uma catarse entre os alunos, que começaram a debater machismo e feminismo. 

Pena que as duas horas da aula passaram voando e acabou rápido o nosso encontro. Eu teria ficado mais uma hora no conversê, but...

Bem, falando em encontros, nos meses de de abril, maio e junho parte dessa turma aí, o professor Mibielli e outros professores do cursos de graduação e pós-graduação em Letras da UFRR vão promover uma série de encontros com escritores, pesquisadores e afins da área literária em Roraima. 

Vai ser grande o negócio. Praticamente todos os produtores literários estarão participando do evento, intitulado "Literatura em Roraima - Diálogos e leituras". 

Além de público, serei um dos convidados no dia 18 de março, discutindo 'Modos de produção'. Nos banners abaixo é possível conferir mesas e convidados. E o horário é esse mesmo: das 8h às 10h, às quartas. 





quinta-feira, fevereiro 22, 2018

segunda-feira, fevereiro 19, 2018

Uma postagem para colecionadores de actions figures


Em janeiro uma amiga viajou para os Estados Unidos, rodou uns 20 estados e na volta, toda gentil, trouxe em sua bagagem alguns bonequinhos que comprei na Amazon e mandei deixar na casa de uma amiga dela.

Vieram umas actions figures do Batman (principalmente do morcegão usando armaduras - adoro demais) e uma do Wolverine versão Logan Old Man. 

Antes de guardá-las (ainda não comprei a estante  não quero deixar pegando poeira) fiz algumas fotos das actions e postei no meu perfil no instagram, trocinho que criei dia desses. 

Vou compartilhar aqui também por motivos de ter achado bonitas as fotos e para poder lembrar um dia lá na frente do tempo em que não tinha estante e falava isso para vocês. 

Vamulá. Primeiramente, inspirados em Batman - cavaleiro das trevas, clássica e fodástica HQ de Frank Miller lançada em 1986, temos o morcego já bem idoso, numa armadura que inspirou a do filme Batmam Vs Superman, e o  Líder mutante:

Batman, o velho irritado...





Líder, o chefe da gangue Mutante, esperando o Batman pra ver quem ganha o combate.




O grande encontro, versão Frank Miller: Batman e Líder Mutante.





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Estas outras três são de actions que já estavam na coleção. Fiz as fotos e as legendas para postar no instagram (e no Twitter). 

A do Thanos foi temática: especialmente produzida para o Valentine's Day 2018. 

Já a do Coisa e do Rhino, tudo da linha Marvel Select, foi um reaproveitamento de foto antiga, feita por Zanny Adairalba:


Durante um passeio no mato, você escuta um barulho, olha pro lado e vê um cabra feio como o Abominável à espreita... Não sei vocês, mas eu possivelmente me molharia (no mínimo).






Tá no jornal: a turma quebrou tudo numa confusão no baile de carnaval.






- Uma flor para uma flor.

-Ah, Thanos, você é tão romântico




Para fechar, uma visão do "estúdio" que montei para tirar as fotos das actions com um fundo neutro. Tudo bem profissa...hahaha Só na base da improvisação com um pedaço de EVA e a luz da minha luminária artesanal. Esse branco aí uma sacola de plástico que usei como difusor...




Fazendo pose, uma action inspirada na animação The New Batman Adventures


Para ver outras postagens com mais bonequinhos de minha coleção, dá um clique aqui. 


quinta-feira, fevereiro 08, 2018

Sobre a estratégia identitária em um dos meus poemas


Cês lembram já falei para vocês que vou ser mestrando agora em 2018, né? Chegar nesse estágio da minha vida foi um sacrifício. Pensar cientificamente é um problema e chega a me deixar meio deprimido, como contei numa noite em que deveria estar escrevendo um artigo e findei relatando como não conseguia fazer o dito cujo. 

Como parte da preparação para incorporar o status de aluno de mestrado, participei esta semana de uma reunião com professores e outros futuros alunos do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRR. Foi na segunda (5), no auditório do PPGL. Basicamente fomos lá para receber orientações sobre como proceder no curso, da matrícula aos prazos, passando pelas responsabilidades acadêmicas. 

Também recebemos um manual impresso e vários livros produzidos pelos professores e ex-alunos do programa. Folheando-os, encontrei um artigo escrito pelo professor Roberto Mibielli, atual coordenador do PPGL, com um título bem chamativo: “Babel que Boa Vista comeu: poesia e estratégia identitária na gênese do Roraimeira e nos poetas da atualidade”. 






 Como minha pesquisa vai passar por isso da estratégia identitária, fui verificar o que ele havia escrito. O texto analisa textos de vários escritores de Roraima, como Avery Veríssimo, Francisco Alves e Sony Ferseck. De repente, vejo lá meu nome no meio do povo e a análise do poema “Relatividade”. 

Sentei e fui ler calmamente o que o profxs havia entendido sobre o texto. No meio da leitura lembrei que em 2014 estava participando de um evento literário e o escutei numa mesa redonda falando sobre esse poema. A audição rendeu uma postagem, que pode ser conferida aqui, inclusive com minhas impressões sobre as impressões dele.  

Deixo aí com vocês imagens das páginas nas quais sou citado, analisado e contextualizado pelo professor. Se clicarem, as imagens se ampliam. 

Quem tiver interesse em adquirir o livro “Estudos de Linguagem e Cultura Regional: regionalismo e interdisciplinaridade” pode fazê-lo na livraria da UFRR, que funciona em horário comercial no campus Paricarana, ou pedi-lo pela página web da editora.  






Faltou acrescentar no livro a interrogação final do poema. Nada que um lápis não resolva






Sabe o que seria legal? Que vocês lessem o poema e deixassem suas análises aí nos comentários. Só para ver se encaixam ou não com a do professor Mibielli. Eu ia gostar. 

terça-feira, janeiro 30, 2018

Um poema sobre verdades e dores

Todas las noches


un demonio llora en el cuarto

pobre demonio

lleva en su piel grandes dolores:

todas las verdades del mundo.


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Poema que achei perdido nas lembranças que o Facebook apresenta todos os dias. Não lembrava dele e para que não voltasse a acontecer, jogo ele aqui para vocês...

terça-feira, janeiro 23, 2018

Autodescrição


Eu sou do bem. Não procuro encrenca com ninguém, não me meto na vida dos daqui nem daqueles do além. 
Acho que sou do bem. 
Não sei...
Vivo nessa incerteza de me autodefinir tão generosamente.
Não fico remoendo ódios contra quem me incomoda. 
Prefiro lembrar das coisas boas da vida. 
Das risadas e bons momentos tidos com os amigos e com os amores.
Mas...
Sou frio com os que me incomodam
E carrego em mim rancores eternos, guardados em cofres que só precisam de um toque para abrir. 
Carrego-os sem querer, tentando esquecê-los em quartos lá no fundo do quintal, mas eles estão alertas, sempre dispostos a acordar quando o motivo de terem nascido aparece ali na esquina, no bar, no próximo sinal. 
Sou mais o cinza que o preto e branco. 
Sou binário dia sim, dia não, noutros talvez
Oscilando entre o muro do meio e a curva pra esquerda
Sou cinismo temporário, por vezes estabelecido, esperança renascida, desilusão permanente, improviso constante. 
Sou procrastinação, rei do depois e para que tanta pressa.
Sou preocupação sem agonia, pura tensão contida.
Anoto os compromissos do dia para saber das obrigações do futuro enquanto olho o presente como se nada, pensando em como seria se ontem tivesse agido diferente. 
Sou confusão mascarada, sonolência no meio da tarde, agitação ao sol nascente.
Eu sou da sombra, fugitivo do calor, senhor do vamos mais tarde depois que esfriar, amante das brisas noturnas de janeiro.
Sou o silente que incomoda e faz acreditar que nunca estou ou estive ali.
Sou lembrança de amores que se assustaram, voaram, ficaram.
Olho fechado, asiático, indígena, sangue nativo, América do Sul fazendo o coração bater, a vida pulsar, desejos correrem nas veias. 
Sou o meio do mundo 
Sou observação, observador de incertezas
Sou olhar desatento, fugidio
Sou o meio do mundo 
Cansaço
Motivação
Aguardo
Movimentação
Cinzento como a vida é
Lentidão e fome ao acordar 
Sou o andar lento da antropofagia
Sou o que somos e sou o que seria

sexta-feira, janeiro 19, 2018

Crônica sobre um filme, economia e algo de pessimismo

Ontem foi quinta-feira, se acaso você está chegando aqui numa data bem
Créditos: http://bit.ly/2BezGZG 
distante desta postagem. Fui dormir hoje, sexta, lá pela uma da manhã, depois de terminar de ver o filme A Grande Aposta (The Big Short, no título original), obra inspirada em um livro que mostra a movimentação de uma turma da bolsa de valores que sacou que ia rolar um crash violentíssimo no mercado imobiliário estadounidense no ano de 2008. É um bom filme, meio confuso se você não tiver nenhuma intimidade com termos desse mundo das ações, mas nada que atrapalhe seu acompanhamento, visto que há personagens e legendas explicando alguns conceitos mostrados. 


2008 foi o ano em que o Edgarzinho nasceu. Dia dez de janeiro. Completou dez anos agora, em 2018, já senta no banco da frente do carro e não entende muito de economia, mas já economiza (às vezes) a mesada que recebe e me faz perguntas regularmente sobre coisas como a diferença entre o cartão de crédito e o de débito.

Eu li naquela época sobre o estouro da bolha imobiliária, soube que afetou a economia norte-americana e que isso repercutiu em outros países, mas nunca me interessei muito por ela. O filme de ontem (ou de hoje, se você está acessando mesmo na sexta-feira em que estou publicando isto) me forçou a relembrar as coisas que lia espontaneamente sobre esse tipo de acontecimento econômico, uma das minhas conclusões e a de especialistas: quando você peneira bem o significado das notícias, acaba percebendo que os donos do capital nunca perdem. 

Não tem nada de delírio comunista ou socialista nisso. É economia básica: quem se quebra é o correntista, o cara que fez o empréstimo, o cara que de repente queria fazer um empréstimo e agora não vai mais encarar. Os banqueiros, os donos do capital, sempre saem tranquilos. É o capitalismo que se garante às custas do dinheiro pago pelo contribuinte, que fica irritado e começa a rosnar quando há manifestações e alguma vidraça de banco é quebrada, levando aquilo para o lado pessoal, como se o Bradesco ou Itaú ou sei lá quem se importasse em baixar os juros do cartão, por exemplo.

Voltando ao filme: fiquei pensando nele um bocado de tempo depois que deitei. Isso não acontecia havia muito tempo. Costumo parar para ver filmes e séries somente depois das 21h. Aí conecto o notebook na TV e fico lá, ocupando minhas horas com diversão audiovisual. Mas sou desses que se desconecta do que viu em poucos minutos. Até porque como é sempre tarde, basta encostar a cabeça no travesseiro que já estou dormindo. Mas ontem não foi assim. Fiquei remoendo cenas do filme e misturando elas com lembranças de leituras.

Me deu uma tristeza por quem é vítima no Brasil dos 323,7%% ao ano dos juros no cartão e tem outros tipos de dívidas impagáveis no banco por motivos não fúteis (As dívidas fúteis, como as criadas por comprar roupas caras, celulares e idiotices do tipo, são merecidamente complicadoras). Fiquei pensando na droga de país que nós, os pobres, os classe média remediados, os sem renda além daquela que é fruto de ir todo dia ao trabalho, os que achavam que o mundo ia ficar um pouquinho melhor, estamos deixando para os nossos filhos. Me deu uma tristeza tão grande que não consigo sequer (d)escrever bem isso.  

Talvez minha melhor ação ontem tivesse sido escolher um filme de aventura ou uma série qualquer em vez de um filme um pouco mais cabeça. Mas aí hoje, quando terminei de vê-lo, já era tarde.