sexta-feira, junho 19, 2020

Diálogos Pandêmicos #4: Poesia & boemia: memórias da cidade do já teve

Em vários eventos literários aqui de Boa Vista produzi e executei uma atividade chamada Diálogos Literários. Consistia em um bate-papo com escritores e perguntas da plateia. Por conta da pandemia de Covid-19 e o isolamento social que mantemos aqui em casa desde março de 2020 (praticamente não vemos ninguém presencialmente desde então), decidi fazer a versão live desta ação, alterando seu nome para Diálogos Pandêmicos.

 

 

Na quarta edição dos Diálogos Pandêmicos bati um papo com o poeta e boêmio Sérgio Murilo, que falou sobre os lugares das festas noturnas das décadas passadas. Foi um papo muito bacana, regado a vinho e cerveja, uma aula de história oral sobre Boa Vista, a cidade do já teve isso, já teve aquilo...

 Confiram aí a conversa:

 


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Convidado: Sérgio Murilo. Parte 3

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quarta-feira, junho 17, 2020

Diálogos Pandêmicos #3: HQs E Colecionismo na Amazônia

Em várias ações literárias aqui de Boa Vista produzi e executei uma atividade chamada Diálogos Literários. Consistia em um bate-papo com escritores e perguntas da plateia dos eventos. Por conta da pandemia de Covid-19 e o isolamento social que mantemos aqui em casa desde março de 2020 (praticamente não vemos ninguém presencialmente desde então), decidi fazer a versão live desta ação, alterando seu nome para Diálogos Pandêmicos.

 

 

Esta foi a terceira edição e nela conversei com o colecionador Wilson John, morador de Boa Vista (RR). Abaixo estão os vídeos das três horas de conversa que tivemos no instagram. Aproveitem. 


Parte 1
Parte 2
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Parte 2

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Parte 3

Diálogos Pandêmicos #2: Artes, poéticas e bordados

Em vários eventos literários aqui de Boa Vista produzi e executei uma atividade chamada Diálogos Literários. Consistia em um bate-papo com escritores e perguntas da plateia. Por conta da pandemia de Covid-19 e o isolamento social que mantemos aqui em casa desde março de 2020 (praticamente não vemos ninguém presencialmente desde então), decidi fazer a versão live desta ação, alterando seu nome para Diálogos Pandêmicos.  

Na segunda edição dos Diálogos Pandêmicos bati um papo com a artista visual Georgina Sarmento, de Boa Vista (RR).

Conversamos sobre arte, poéticas, bordados e outras coisas relacionadas à cultura e à vida em Roraima. Confiram aí as nossas quase duas horas de interação. 


terça-feira, junho 16, 2020

Diálogos Pandêmicos #1: Colecionismo de HQs no extremo Norte

Em vários eventos literários aqui de Boa Vista produzi e executei uma atividade chamada Diálogos Literários. Consistia em um bate-papo com escritores e perguntas da plateia. Por conta da pandemia de Covid-19 e o isolamento social que mantemos aqui em casa desde março de 2020 (praticamente não vemos ninguém presencialmente desde então), decidi fazer a versão live desta ação, alterando seu nome para Diálogos Pandêmicos.

 

Na primeira edição dos Diálogos Pandêmicos tive uma conversa com o colecionador de HQs Aldemar Marinho, de Boa Vista (RR). Batemos um papo durante três horas, mas como era a minha primeira live não soube apertar o botão de salvar a última parte. Por isso não estranhem o não encerramento da conversa na parte. Aproveitem para ver sua magnifica coleção.



sexta-feira, maio 29, 2020

Diário da Covid-19: 11 semanas vivendo no distanciamento

Entre 22.05 e 28.05.2022

 

É sexta. Mais uma semana de trabalho remoto se foi. Mais uma semana de estudo remoto pro Edgarzinho se foi. A noite traz chuva, a tarde trouxe uma encomenda. Os Correios, na verdade. Bonequinhos. Wolverines e Diabo Azul para mim, outros quatro Marvel Select para o Rubem, que rachou o frete. Uma taça de vinho, trechos do vídeo da vídeo da maligna e boca suja reunião ministerial, dois episódios de comédia norte-americana com uma metade de comédia colombiana. 22 de maio de 2020. As notícias tristes chegam nos grupos de whastapp. A de hoje é a morte da radialista Márcia Seixas. Câncer, dizem. Vão cremar seu corpo em São Paulo. Era doce, gentil, carinhosa sempre. O ano está cruel? O ano não tem nada a ver com isso, penso e parafraseio a entrevista do Karnal que estava ouvindo mais cedo. O ano não tem nada a ver, mas alguém precisa ser culpado. Me jogo numa pesquisa musical sobre vallenato enquanto escrevo parte disto. O sono chega. Não liguei pra minha mãe, que sofre de saudades da mãe dela...


Acorda, diz Balu. Acordo "tarde". Entre o café da manhã, a zapeada nas redes sociais, sites de notícias e conversas no PV, parte da manhã passa ora lenta, ora rápida. Quando escrevo sobre isso é que percebo meus pequenos privilégios: tenho algo de paz e não vamos sair hoje para fazer nenhuma compra, disse Zanny, abandonando a ideia de ir pegar o saco de terra preta para o canteiro. Evitemos a rua, determinou a preta, sonhando nesta quase madrugada. Faço pequenas coisas, planto acerolas à espera de mudinhas, ouço música ranchera, mando fotinhas para mamis. O sábado vai lento e li que são mais de vinte mil mortos por Covid-19 no país. Nas redes alguém muge "cloroquina neles".

 

A vida é mais que sopro em tempos estranhos e mortais como estes. Amar, ter amor, fazer amor, sentir amor. Algo de amor é necessário para não cair. Abraço sempre que posso a Zanny e o Edgarzinho. Já o fazia antes e muito, mas agora me parece fundamental, necessário, pois tem muito mais no mundo além de Covid-19 para nos afastar. Quando fico sabendo que outros pais, como o Adrian, não terão mais seus filhos por perto, me dói, ainda mais sabendo por quantos perrengues ele vem passando há anos, ainda mais lembrando que a menina tinha idade parecida com a do meu filho... Dona Maria José está melhorzinha, reclamando da  falta de cigarro, aperriando minha tia por isso. A vó sempre foi impaciente se lhe faltava o cigarro. Como culpá-la, se fuma desde criança, desde quando Roraima nem existia? Minha tia é minha comadre. Lembrando disso, atento: minhas duas comadres estão na marca da suspeita do corona. Torço pelas duas, grandes mulheres, lindas e maravilhas filhas, minhas afilhadas. Uma delas, a Bia, faz 19 anos amanhã.

 

Com o cansaço de estar parado o dia todo, estava morrendo de sono às 9h da noite. Aguantei para não cair da cama às 4h. Deu meio certo: desde as cinco minhas costas já doíam de tanto dormir. Quase seis, já ouvindo os passarinhos anunciarem a segunda-feira, levantei, agoniado para queimar correndo a energia acumulada. A chuva não deixou, o chuvisco serviu de pretexto. Ainda olhei pro quintal, fiz as contas de quantas voltas teria que dar e quase vou, assim como quase vou pra avenida de barro. Nem um, nem outro. A balança registou mais umas gramas, falando nisso.

 


Jornalistas e publicitários questionando os levantamentos de como o vírus se espalha nas aglomerações, gente insistindo que "fulana não morreu disso, eu falei com a família", mesmo depois de mostrarem mensagens da família comunicando que a Covid-19 levou mais uma pessoa. O negacionismo adota várias narrativas e mostra o tamanho do fanatismo... A tarde é quente, com uma luz linda às 17h. Vontade de sair correndo, mas mesmo que pudesse sair de boas, de tarde trabalho e de tarde, sei lá por quais cargas d'água, sempre doem as minhas pernas quando corro. Melhor fica em casa e planejar o amanhã em segurança. Hoje completamos nove dias sem sair para nada, tirando as minhas corridas na rua de barro. Se não fosse o carteiro e um entregador de hambúrguer no sábado, seriam nove dias apenas olhando os nossos rostos.

Percebi hoje que levo a conta dos dias da semana pelos dias da coleta de lixo: terça, quinta e sábado. E percebi também como devem sentir-se os aposentados: mesmo não gostando de trabalhar todo dia, talvez o trabalho fosse o que os fazia passar melhor o tempo. Quando chega o final de semana fico meio vazio. Eu deveria estar fazendo como as pessoas de Boa Vista e indo jogar bola nas praças, sendo feliz, aproveitando a vida? Não, com certeza. Aí fico entre a ociosidade e o ranço do discurso do “renove-se na quarentena”.

Vovó está bem. Quer dizer, sem covid, mas com problemas respiratórios ainda.  

Nosso isolamento em datas e números, para um dia lembrar e rir do ano de 2020:

17.03.2020 - Edgarzinho teve as aulas suspensas, inicialmente por apenas 15 dias. Havia 290 confirmados de Covid-19 no Brasil e uma morte registrada. Roraima estava feliz: zero casos, zero mortes.

20.03.2020 - Comecei no trabalho remoto.

17.04.2020 - Fechamos o primeiro mês de distanciamento e o Brasil já tinha 33.682 casos confirmados de Covid-19 e 2.141 mortes pela doença.

18.04.2020 - Dados de Roraima: 222 casos confirmados e 3 óbitos.

24.05.2020 - Dois meses após começarem as ações de distanciamento social, mas também de reabrirem comércios, Roraima tem 2.439 casos confirmados e 86 óbitos. Não temos o Hospital de Campanha funcionando e o HGR está lotado em mais de 100 de sua capacidade.

27.05.2020 - Covid-19 em Roraima: 2.959 casos acumulados, 190 internados, 715 recuperados e 102 óbitos, de acordo com o boletim da Sesau.

28.05.2020 - O Brasil já é o novo epicentro mundial da doença e cidades como Boa Vista já anunciam que planejam reabrir tudo oficialmente (porque extraoficialmente o mundo nunca parou).

Esta semana fiquei feliz por várias pessoas conhecidas de longe ou de perto. Vi que tiveram textos selecionados no concurso literário Devair Fiorotti, que ajudei a organizar. Entre várias coisas da organização, fiquei conectando os títulos dos textos aos nomes dos autores nas tabelas dos selecionados. A cada ficha com nome familiar, um "olha, fulan@, foi selecionado. Que bom" ecoava na minha mente. Teve até uns "eu conheço esse nome de algum lugar", seguido de pesquisa nas redes sociais e o encontro com o perfil da pessoa entre os meus amigos virtuais. É bem reconfortante saber que faço parte de uma ação responsável por alegrias e satisfações aos outros.

A chuva cai, quase não corro mais, o peso está voltando e queria encontrar gente, passear um pouco, visitar minha mãe e comer hallaca na casa dela. Mas não tem como se jogar nisso sem riscos e assim chegamos ao final da 11a semana de distanciamento social, isolamento, quarentena, vida normal sem visitas e saídas, nova rotina forever.

Choveu muito ontem. Muito mesmo e com força. Com tanta força que a água decidiu passar pelo telhado, mesmo tendo mandado arrumar tudo lá em fevereiro. Apareceram duas goteiras na sala, uma delas justamente no lugar onde sento no sofá. Linhas de água também escorreram pela parede, a mesma parede que o pedreiro supostamente havia vedado. Que ódio disso.


Com tanta chuva, a noite foi fria. Amanheceu gostoso. Bom para esquecer por alguns momentos que a semana foi tensa no Brasil tanto na área política como na sanitária. Entre os ataques da milícia bolsonarista à democracia e as mais de 25 mil mortes por Covid-19 no Brasil vamos fechando mais uma semana com saúde física aqui na maloca. Já a mental não sei muito bem como anda, mas vamos arrastando até onde der. 


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Este é o nono registro dos meus dias de quarentena e distanciamento social iniciados em março para tentar passar sem danos pela pandemia da covid-19. Tem outras postagens aqui.

sexta-feira, maio 22, 2020

Diário da Covid-19: as mortes começam a ter rosto

Semana passada cheguei a anotar algumas coisas para o Diário da Covid-19, mas desisti na quinta. Muita morte, muita tristeza, muito cansaço mental. De que adiante escrever sobre meu minúsculo mundo diante de um universo de dores e outros absurdos?

Fui fazer outras coisas, escrever umas prosas, me inscrever em concursos, ser jurado de concurso literário, fazer a edição do romance de um amigo, descobrir uma série de humor na netflix, beber algo à noite. Não o suficiente para acordar tarde, não. Continuo madrugando, mesmo que não queira. E quando quero ficar mais na cama, sempre há o Balu para vir bater na cama e pedir que lhe abra a porta da cozinha. Minha vingança vem no outro dia, quando acordo mais cedo que ele e o faço sair do descanso. Ele, fiel cãozinho, fica tomando conta de mim lá da varanda ou colado em meus pés enquanto como. Tanto amor traz resultado: lhe fiz um poema esta semana, uma haikai (ou quase um haikai):

 


Tenho tentado manter a regularidade das corridas. Os amanheceres mais frios ou a pura preguiça têm vencido algumas batalhas matutinas. Engano minha mente dizendo que é bom para o corpo descansar, que meu calcanhar direito reclama se correr dois dias seguidos, que capinar é bom também para o corpo e ativa outros músculos. O certo é que estava com medo de voltar a ganhar peso, o que não aconteceu nos últimos, apesar de notar ou imaginar um crescimento na barriga. Talvez seja ilusão. Hoje vi uma foto minha de sete anos atrás na aula de pilates e me pareceu que o corpo estava parecido com o formato atual. Edgarzinho está na foto. Ele sim mudou muito. Minhas rugas também.

 

Estou estudando como se fazem haikais, a propósito. O básico eu sei: são três versos com cinco, sete e cinco sílabas poéticas cada um. Fácil, mas...o que são sílabas poéticas? Zanny tentou me ensinar, meio que entendi, fomos no youtube pegar vídeo aulas e estou nessa, praticamente como o meu filho e suas aulas remotas. Mais duas e acho que pego na teoria como é.

 

Ainda sobre literatura e coisas que nos distraem no meio da pandemia, editei um vídeogravado com outros autores de Roraima para estimular as pessoas a lerem eficarem em casa. Tomara que dê certo, porque os casos não param de subir em Roraima, terra em que geral parece não acreditar nessa doença inventada pela mídia. Até ontem, 21 de maio de 2020, eram 83 óbitos no Estado. Parece pouco, mas é muito. São vidas, amores, quereres, sonhos que se apagaram. Os mortos agora começam a ter rosto. Da semana passada para cá foram três amigos ou conhecidos perdendo parentes e vários dando entrada nos hospitais para serem entubados. E quando a ceifadora se aproxima, o medo ganha espaço no cotidiano.


Cheguei a escrever no facebook que parte desse caos vivido no Brasil era causado pela irresponsabilidade do presidente, que desde o começo contrariou todas as recomendações da Organização Social da Saúde, dando o mal exemplo e trazendo medo e tristeza ao Brasil (até ontem eram mais de vinte mil mortos e hoje saiu matéria dizendo que a América do Sul, puxada pelo Brasil, é o novo epicentro mundial da doença). Um colega jornalista bolsonarista-evangélico respondeu que estava sentindo-se seguro e feliz. É o tipo de resposta que me faz acreditar na falência da sociedade brasileira. Se não há empatia, o que sobra?


Trecho final (ou começo, dependendo do ângulo) da rua de barro na qual corro. Parece que vão fazer  alguma obra bem grande nela

Hoje de manhã acordei às 4h30, ou levantei às 4h30, não lembro. Só sei que estava escuro e meio que chovia (ontem a ventania deu medo. Mais um quilometro por hora e levava as telhas). Acordei tenso porque ontem de manhã ficamos sabendo que minha vó materna Maria José possivelmente está com covid-19. Ela tem 94 anos e fuma desde os seis. Seu pulmãozinho não segura uma onda dessas. Segurei o dia todo bem, mas o subconsciente amanheceu querendo pifar. Fui correr com o gosto de quem precisa colocar para fora toxinas e medos.


Antes de correr fiz um comparativo sobre o que equivale a 83 mortos por coronavírus. São:

1. Sete times e meio de futebol de campo.

2. Três ou quatro quadrilhas juninas.

3. Quase dois ônibus lotados da Eucatur.

4. Quase três salas de aula bem cheias.

5. Mais do cabe num avião turbo-hélice ATR 72-600, tipo os da Azul.

 

Não é uma gripezinha, não é complô contra o presidente, não é invenção da mídia, jambu não cura e oração não espanta o vírus. Fica em casa se não precisar sair. E se sair, usa máscara e lava as mãos. Não é só pela tua vida, mas pela vida dos outros. 

 

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Este é o nono registro dos meus dias de quarentena e distanciamento social iniciados em março para tentar passar sem danos pela pandemia da covid-19. Tem outras postagens aqui.