sexta-feira, maio 16, 2008

8 notas

  1. Este cronista está na nova edição da revista portuguesa Minguante. Acesse e leia textos que dificilmente vou colocar aqui. O tema da próxima edição é ‘desejo’, seja lá qual for o que você tenha.

  1. Coisas que somente como professor poderia viver: ser “obrigado” a ceder a minha aula de Técnicas e Gêneros Jornalísticos para uma palestra de Ricardo Kostcho, repórter e ex-assessor de comunicação do presidente Lula, e depois ir comer carneiro com ele, meu chefe Damião Marques e uma equipe da Folha de S. Paulo que estava havia 10 dias na reserva Raposa-Serra do Sol. Boas histórias e a certeza de que, se me esforçar muiiiiiiiiiiito, ainda posso ser um bom repórter.
  2. Uma nuvem de mais ou menos uns 10 km cobriu de chuva ontem à noite a cidade.
  3. A semana de trabalho continua: entrevistas e edições no sábado.
  4. Semana que vem: novas edições a fazer.
  5. Há mulheres que marcam pela feiúra. Outras que marcam pelo cheiro.
  6. Tentei, tentei e tentei, mas o haloscan parece não querer mesmo aparecer no blog.
  7. Músicas do Maná que sintetizam o que sinto pelo cabeção aí embaixo: “Eres mi religión” e “Bendita tu luz”. Se você nunca ouviu, baixa no You Tube ou busca a letra.


Meu pequeno índio

terça-feira, maio 13, 2008

Conversa reservada



- Ah, Edgar, me conta aí, descendente de índios, qual é a tua posição nesse negócio da reserva Raposa-Serra do Sol?
- Bicho...depende...
- Como assim, depende do que? Tu é a favor ou contra a demarcação em área contínua?
- Olha, eu sei que os índios têm direito, que são 500 anos apanhando no Brasil e uns 300 e poucos pegando porrada por aqui, que os caras estavam aqui antes de todo mundo.
- E então?
- Mas sair todo mundo? Até os descendentes de mãe índia com pai branco?
- Hum...
- É claro que citar esses exemplo só fortalece a causa de quem pretende entrar no bolo e não sair para não ter seus interesses econômicos atingidos.
- Traduz.
- Seguinte: arrozeiro não está preocupado com o filho de dona Maria que vai ser impedido pelo Conselho Indígena de Roraima de ficar na reserva. Tá preocupado com os seus interesses, com manter a propriedade e tal.
- Mas os caras produzem, geram emprego, pagam impostos, estão aí há trocentos anos. Eles têm direito a ficar lá, Edgar!
- Claro, mas todos estão recebendo indenização. O lance é que ninguém se agrada do valor.
- E então, vão ter que sair como todo mundo?
- Eles fazem tudo isso que tu falou, mas também tem isenção por décadas de alguns impostos, pagam mais ou menos 30% a menos em tudo que compram, se forem da cooperativa dos produtores, poluem pra caramba...E além disso, o arroz aqui não é tão barato como deveria ser.
- É o preço do progresso.
- Não, negão. Eu não vou bancar a vida mansa de ninguém que compra tudo com subsídio e ainda tira onda de coitado.
- Mas tu não acha que ficar ninguém naquele tanto de terra, só os índios e os padres e o pessoal das ONGs, é um perigo? Tem até avião dos gringos voando na região para fazer o mapeamento dos minérios e ninguém faz nada! É a internacionalização da Amazônia!
- Mermão, já começou faz tempo. Os mesmos políticos que chiam por conta da reserva nunca se coçaram antes para reverter esse processo e são os primeiros a bater palma quando chegam os estrangeiros prometendo comprar terras e fazer indústria. Qual é a diferença de fazer reserva indígena onde o branco não entra e dar terra para o gringo onde a gente também não vai entrar?
- Mas é diferente. A gente vai ser invadido e tu não se decide.
- Invasão fizeram os índios na fazendo do prefeito de Pacaraima. E pegaram bala para deixar de serem apressados. O STF não tá julgando o caso? Pra que fazer furdunço?
- Pois é, né? Mas e aí, de que lado tu tá?
- Bicho, nem os índios se entendem nessa briga e tu vai querer que eu tenha uma opinião definitiva?
- Mas tem que ter, Edgar. É a soberania do País o que está em jogo! Todo mundo já se decidiu!
- Sei: metade odeia os arrozeiros e todos os que moram lá e não são índios. A outra acha que a terra vai ser entregue às ONGs assim que sair o último branco e mestiço.
- Pois é, mas e tua opinião?
- Velho, em qualquer um dos casos eu não vou pegar um naco de terra. Então, deixa rolar. A história vai dizer que lado estava certo: os pró ou os contra a reserva em área contínua.


terça-feira, abril 22, 2008

Matemática


Preciso de um amor. Ando solitário demais, disse, aparentando aflição.


Mas você vive trocando de amor. Foram quatro nos últimos meses, retrucou o amigo. E lembra que sempre foi você quem decidiu terminar para ficar sozinho.


Pois é, gosto dos números e amores ímpares, falou, enquanto olhava sério para o copo à sua frente.

terça-feira, abril 15, 2008

Coragem


- Alô, a Bruna está?


Agora vou falar para ela como a acho bonita e gostosa. Quer dizer, gostosa não vou falar. Pode ficar chateada se falar tão claramente a verdade, mas que ela é um pedação de morena, ah, isso ela é. Vou convidá-la para ir tomar um sorvete no final do expediente e vamos ver o que rola. Ah, se ela deixar vamos de beijo na boca hoje. Aliás, que droga de beijo na boca. Eu quero é beijar o cangote dela, morder suas costas, passar a mão no bumbum, sentir todos os seus cheiros, tomar banho pelado, fazer o mundo girar até de manhã. Ai, Deus, se ela topar, hoje vou te dar um alô no paraíso e volto logo em seguida pra terra. Hum, se ela soubesse como esse sorriso e esses olhos me encantam...aposto que ela sente a minha vontade de beijá-la cada vez que a vejo passar por...


- Oi, é a Bruna!


- Oi, Bruna. É o Davi. Tô te ligando para lembrar que hoje é o último dia de entregar as freqüências do pessoal de teu setor. Falou? Abraços. Tchau...


terça-feira, abril 08, 2008

O trio

Chegaram os dois juntos, após acordar que aquela situação não era mais suportável, e disseram à menina:


- Seguinte, esse papo de lábios compartidos, tipo a música do Maná, não é legal. Agora você ter de escolher um dos dois para ficar!


- Verdade, não dá para ficar nessa situação. Ou ele ou eu! Nada mais de ficar dividindo teu tempo entre os dois.


A moça, linda, olhos amendoados negros, cabelo no meio das costas, boca daquelas que geram imediatamente a vontade de beijar, fez uma careta de desgosto, bebeu um pouco mais de seu guaraná com açaí e disse, docemente:


- Que tal ficarmos juntos, os três, ao mesmo tempo?


Silêncio...


Um cochicho, cabeças balançando e a réplica dos rapazes:


- Só se for com chantily e morango...

sexta-feira, abril 04, 2008

Desejo


Um dia a casa sobe e a alma cai
Daí, quem sabe,
Você se toca e se vai.

Uma noite a lua desce
O verão acaba
E o rio Branco cresce.

Um dia, quem sabe o dia,
As coisas mudam
E paro com essa agonia.

Uma tarde, com certeza,
Te encontro caminhando pela rua
Ou meio louca, seminua
Deitada sobre minha mesa.


(Texto publicado originalmente na revista on-line Minguante. Tem outros meus também. Se você quer participar com suas histórias, corra. O prazo encerra na outra semana)


Se nunca foi visitar, que não seja por falta do endereço: Histórias de um Índio Velho e seu filho.

terça-feira, abril 01, 2008

Atores mostram diversidade teatral de Roraima


A I Mostra de Esquetes da Federação de Teatro de Roraima foi um espetáculo da diversidade artística do Estado. Grupos e atores de Boa Vista, Mucajaí e São João da Baliza encantaram, assustaram, fizeram rir e prenderam a atenção de cerca de duzentas pessoas que estiveram no Galpão Multicultural do Sesc Centro no último final de semana.

Os grupos encenaram textos de criação própria e de autores com William Shakespeare e Thiago de Mello. De São João da Baliza veio o Grupo Reverbel, que apresentou três esquetes de autoria própria. O monólogo do Juquinha, um dos textos do Reverbel, abordou a dupla personalidade de um garotinho no estilo que os cinéfilos chamam de terrir (terror e risos). A encenação, que teve direito a “abertura” de buraco na orelha com uma furadeira e sangue falso no palco, espantou adultos e crianças.

Na outra ponta da interação infantil, a turma do grupo Criart Teatral teve que improvisar para encaixar no texto da esquete de domingo as intervenções da gurizada. Em um debate entre dois palhaços, um deles perguntou o que era mais forte que a água. Da platéia, cheia de certeza, uma menininha respondeu, cheia de certeza: o gelo, que congela a água. Risos na platéia e texto pra frente, que há atores à espera na coxia.

A mostra teve de tudo. Teatro mudo, com o Lo Combia Teatro de Andanzas; monólogos de Shakespeare e Giuseppe Ghiaroni encenados pelo Téo Artes, de Mucajaí; dramas existenciais com o ator Taylor; comédia escrachada no texto As Beatas, do grupo Malandro é o Gato; e alegorias sociais na discussão criada entre uma cozinheira e uma tartaruga pelo A Bruxa Tá Solta.

Também houve interpretação de poesias de Eliakin Rufino e Thiago de Mello, na atuação musical das crianças e jovens do Criart Teatral; bate-papo surreal no parapeito entre uma suicida e a sua vizinha, na interpretação das atrizes da Cia. do Lavrado; e até uma hipotética volta de Jesus Cristo para um sermão em Boa Vista, representada pela turma da Cia. Arteatro.

Para a realização da Mostra, a Federação de Teatro de Roraima, formada atualmente por seis grupos de Boa Vista, contou com o apoio do jornal Roraima Hoje, do Governo de Roraima, Sesc, Sesi e Amazônia Regional. Este foi o primeiro grande evento da Fetearr, que também realiza bimestralmente o Banquete Teatral, atividade que leva encenações teatrais gratuitas às praças de Boa Vista.

Quer ver as fotos? Procura no Orkut, nas páginas da Federação de Teatro e do presidente, Marcelo Perez.

quinta-feira, março 06, 2008

Desconexões


Em nome de Deus fazemos tudo, até a guerra. Guerra é o sobrenome de um deputado estadual ou federal de Roraima. Roraima existe ou é ficção? Ficção é que todos gostam de ver no cinema. Só tem um cinema na cidade de Boa Vista. Apartamento com vista para o mar ou vista para o rio? Rio de ti e da tua zombaria. Zum, zum, zum, capoeira mata um.


Um morto na manchete, dois na contracapa do jornal. Jornalismo: lecionando em duas turmas à noite. A noite que nos une é a antítese da manhã que nos separa. Antes separados pela manhã de que por manha. Amanhã será um novo igual dia.


Dia sim, diga não. Não, ainda não chegou o cartão corporativo. Faz corpo ativo e escala o meu corpo reativo. Montanhas e serras não podem nos separar da Venezuela. Venezuela: Chávez, pirulin, central de ar, pen-drive, notebooks. Onde ficou, Americanas, meu note? Anote bem, viu? Viu aquilo, foi tão rápido que não deu de ver. Ver para crer, credores.


Credite na minha conta, Banco do Borges, o BB.com. Com tu ou sem tu, tanto faz, deposite na alma. Alma como soul, sou o que pretende ser. E se não somos mais, o que mais podemos ser senão seres com utopias findas. Fim de semana? Me liga, a gente desmarca.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

O fim de uma era

Atrasado no assunto, relembro a renúncia do comandante Fidel Castro. Liderança carismática que encantou e inspirou centenas de pessoas nos últimos 50 anos, Fidel abre vastas possilidades para o futuro da da Ilha de Cuba. Politicamente, sugere representar o fim de uma era. As revistas semanais devem deliciar-se na próxima semana mostrando a penúria pela qual passam os cubanos em algumas situações e ignorar solenemene as conquistas nas áreas de educação e saúde.

Da minha parte, meus planos de um dia ir a Cuba e assistir a um discurso de Fidel no meio de seu povo estão descartados. Só não fico mais frustrado por lembrar que em 1999 o vi em Belo Horizonte.

Estávamos eu e dois colegas de faculdade (os hoje jornalista André Vasconcelos e químico Rhayder Abensour) em um congresso da União Nacional dos Estudantes realizado na capital mineira. Fidel estava no País e atendeu a um pedido da UNE para discursar no congresso.

Lembro que a euforia tomou conta de quase todos os participantes. Na entrada do ginásio Mineirinho, um casal que não era estudante disse que fazia questão de ver Fidel discursar.

Fidel chegou muitas horas depois de seus seguranças ocuparem pontos estratégicos no ginásio. A posição que ocupei no meio da quadra do ginásio, longe das poucas caixas de som instaladas pela organização, transmitiram palavras cortadas durante boa parte do discurso. Quase no final percebi que o melhor local para ouvi-lo era bem na frente do palco. Tarde demais. Cansado e aborrecido, continuei, desta vez por escolha, no lugar aonde a som chegava ruim.

Fidel se retira da cena principal e deixa Raúl, seu irmão, como sucessor. Eu nunca mais terei chance de ouvi-lo.
Um dia, entretanto, quando meu filho ler em algum livro de história sobre esta figura da história mundial, poderei dizer: papai esteve em um discurso dele.

Na sequência, o texto de despedida de Fidel, traduzido e copiado da Agência Estado:



"Queridos compatriotas:

Prometi na última sexta-feira, 15 de fevereiro, que a próxima reflexão abordaria um tema de interesse para muitos compatriotas. Este artigo adquire esta forma de mensagem.

Chegou o momento de postular e eleger o Conselho de Estado, seu presidente, vice-presidentes e secretário.

Desempenhei o honroso cargo de presidente por muitos anos. Em 15 de fevereiro de 1976 foi aprovada a Constituição Socialista por voto libre, direto e secreto de mais de 95% dos cidadãos com direito de voto. A primeira Assembléia Nacional foi constituída em 2 de dezembro do mesmo ano e elegeu o Conselho de Estado e a sua Presidência. Antes, exerci o cargo de primeiro-ministro durante quase 18 anos. Sempre dispus das prerrogativas necessárias para levar adiante a obra revolucionária com o apoio da imensa maioria do povo.

Conhecendo o meu estado crítico de saúde, muitos no exterior pensavam que a renúncia provisória ao cargo de presidente do Conselho de Estado, em 31 de julho de 2006, que deixei nas mãos do primeiro-vice-presidente, Raúl Castro Ruz, era definitiva. O próprio Raúl, que ainda ocupa o cargo de Ministro das Forças Armadas Revolucionárias por méritos pessoais, e os demais companheiros da direção do Partido e do Estado, foram resistentes a considerar-me afastado de meus cargos, apesar de meu precário estado de saúde

Era incômoda minha posição frente a um adversário que fez de tudo para se desfazer de mim, e em nada me agradava comprazê-lo.

Mais adiante pude alcançar novamente o domínio total da minha mente, a possibilidade de ler e meditar muito, obrigado pelo repouso. Me acompanharam as forças físicas suficientes para escrever por muitas horas, as quais compartilhei com a reabilitação e os programas pertinentes de recuperação. Um elementar sentido comum me indicava que esta atividade estava ao meu alcance. Por outro lado, me preocupo sempre, ao falar da minha saúde, em evitar ilusões que no caso de um desenlace adverso, trariam notícias traumáticas ao nosso povo no meio da batalha. Prepará-lo, psicológica e politicamente, para minha ausência, era minha primeira obrigação após tantos anos de luta. Nunca deixei de assinalar que não se tratava de uma recuperação "isenta de riscos".

Meu desejo sempre foi cumprir o dever até o último sopro. É o que posso oferecer.

"A meus queridos compatriotas, que me deram a imensa honra de me eleger recentemente como membro do Parlamento, em cujo seio devem ser adotados acordos importantes para nossa Revolução, comunico que não aspirarei e nem aceitarei - repito - não aspirarei e nem aceitarei o cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante-chefe."

Em breves cartas dirigidas a Randy Alonso, diretor do programa 'Mesa Redonda' da televisão nacional, que foram divulgadas por minha solicitação, foram incluídos discretamente elementos da mensagem que hoje escrevo, e nem sequer o destinatário das mensagens conhecia meu propósito.

Confiei em Randy porque o conheci bem quando ele era estudante universitário de Jornalismo, e me reunia quase todas as semanas com os principais representantes dos alunos, que já eram conhecidos como o coração do país, na biblioteca da ampla casa de Kohly, onde se abrigavam. Hoje, todo o país é uma imensa universidade.

Parágrafos selecionados da carta enviada a Randy em 17 de dezembro de 2007:

"Minha mais profunda convicção é de que as respostas aos problemas atuais da sociedade cubana - que possui uma média educacional próxima de 12 graus, quase um milhão de pessoas com ensino superior completo e a possibilidade real de estudo para seus cidadãos sem nenhuma discriminação - requerem mais soluções para cada problema concreto do que as contidas em um tabuleiro de xadrez.

Nenhum detalhe pode ser ignorado, e não se trata de um caminho fácil, se é que a inteligência do ser humano em uma sociedade revolucionária prevalece sobre seus instintos.

Meu dever elementar não é me perpetuar em cargos, ou impedir a passagem de pessoas mais jovens, mas fornecer experiências e idéias cujo modesto valor provém da época excepcional que pude viver. Penso como (Oscar) Niemeyer que é preciso ser conseqüente até o final".

Carta de 8 de janeiro de 2008:

"Sou decididamente partidário do voto unido (um princípio que preserva o mérito ignorado). Foi o que nos permitiu evitar as tendências de copiar o que vinha dos países do antigo bloco socialista, entre elas a figura de um candidato único, tão solitário e ao mesmo tempo tão solidário com Cuba.

Respeito muito aquela primeira tentativa de construir o socialismo, graças à qual pudemos continuar o caminho escolhido. Tinha muito presente que toda a glória do mundo cabe em um grão de milho.

Trairia minha consciência ocupar uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total quando não estou em condições físicas de oferecer isso. Explico sem dramaticidade.

Felizmente nosso processo conta ainda com quadros da velha-guarda, junto a outros que eram muito jovens quando começou a primeira etapa da Revolução. Alguns quase crianças se incorporaram aos combatentes das montanhas e depois, com seu heroísmo e suas missões internacionalistas, encheram de glória o país. Contam com autoridade e experiência para garantir a substituição.

Dispõe igualmente nosso processo da geração intermediária que aprendeu conosco os elementos da complexa e quase inacessível arte de organizar e dirigir uma revolução.

O caminho sempre será difícil e exigirá o esforço inteligente de todos. Desconfio dos caminhos aparentemente fáceis da apologética, ou da autoflagelação como antítese. É preciso se preparar sempre para a pior das hipóteses.

Ser tão prudentes no êxito quanto firmes na adversidade é um princípio que não pode ser esquecido. O adversário a derrotar é extremamente forte, mas o mantivemos longe durante meio século.

Não me despeço de vocês. Desejo apenas lutar como um soldado das idéias. Continuarei a escrever sob o título 'Reflexões do companheiro Fidel'. Será mais uma arma do arsenal com o qual se poderá contar. Talvez minha voz seja ouvida. Serei cuidadoso.

Obrigado

Fidel Castro Ruz

18 de fevereiro de 2008"



domingo, fevereiro 03, 2008

O que andei fazendo...

Blogueiro desleixado, abandonei parcialmente o blogspot em função da alimentação do blog criado para acompanhar a gravidez e o nascimento de meu filho, o indiozinho mais bonito das malocas do Norte. Para quem ainda se dá ao trabalho de passar por aqui e não estava sabendo desse fato, o ideal é que clique e conheça as Histórias de um índio velho e seu filho.

Bom, por onde mais andei desde novembro? Arrumando a maloca do índio, lendo muito sobre jornalismo para começar a lecionar numa faculdade particular de Boa Vista e tentando malhar para não ficar um índio sem agilidade de caçador.

Também andei concorrendo (e ganhando uma graninha pelo primeiro lugar) a um prêmio de jornalismo promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Roraima.

Vai aqui o lide da matéria, feita para o website do jornal Roraima Hoje:

Estudo mostra biodiversidade dos peixes nos igarapés de Boa Vista

Várias vezes por semana, o professor Filipe Melo troca as atividades nas salas de aula da UERR (Universidade Estadual de Roraima) por uma visita aos igarapés da cidade, onde pesquisa a biodiversidade dos cursos d’água que cortam Boa Vista. A intenção é descobrir quais espécies de peixes sobrevivem na área urbana e saber se podem ser utilizados como bioindicadores da qualidade da água. A pesquisa de Melo, doutor em ictiologia, é apoiada pelo CNPq e Femact (Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia). Conforme diz, esse estudo faz parte de um projeto mais amplo, que tem como objetivos gerais fomentar o conhecimento, valorização, a preservação, uso racional de parte do patrimônio biológico do Estado e fornecer subsídios para práticas e políticas de conservação.

Para ler todo o texto, caso interesse, clique aqui

E o bom de postar hoje é que serve como uma espécie de comemoração de 17 anos morando nesta grande aldeia que é Boa Vista. Cheguei aqui no dia 3 de fevereiro de 1991, exatamente num domingo quente como foi o dia de hoje. Na segunda já estava pisando em sala de aula, sem saber escrever português e sem conhecer ninguém, além de alguns da minha família. Mas isso é coisa que acho ter escrito em algum outro fevereiro no blog.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Outras cenas de novembro



A pior parte de uma obra é...Na verdade, não há pior parte de uma construção. Todo o processo é doloroso. Ainda mais quando o executante não manja quase nada dessa parte da vida. 

Fazer as compras, contratar o pedreiro, descobrir que aquilo que se encomendou não foi bem o que se fez ou o que se deveria ter feito...Enfim, obra é um perrengue, tanto físico como mental.

E o XI Conpoesi (Concurso de Poesia do Sesi) aconteceu na sexta passada. Para variar, não ganhei nada. Continuo azarado em questões de competição. Por isso que quando os meus amigos e eu gostávamos da mesma moça, eu já partia para outra. Isso evitava o gosto da derrota. 

Mas voltando ao Conpoesi, o Sesi Roraima lançou, também na sexta, a terceira coletânea de poesias classificadas no concurso. É um belo livro, com mais de 100 paginas e dois poemas meus. A Zanny, mãe do indiozinho, também tem uma no livro.

E rolou a defesa da monografia de Sociologia. Com o tema focado na memória de idosos falando sobre a avenida Jaime Brasil, uma das principais da cidade, encarei na quinta-passada a banca e uma platéia de cerca de 30 alunos do curso e uns conhecidos. 

Nervoso, gaguejei, me enrolei, ouvi centrado as críticas (muito certeiras, por sinal) ao trabalho e aguardei o veredito. O trio de professores demorou um pouco, mas quando voltou a notícia era boa. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos e por isso a nota da banca foi 10 (desde que faça umas correções e acréscimos). 

Agora sou graduado em jornalismo e sociologia, com uma especialização em assessoria de comunicação. 

E o salário? Ô...pequeninho, pequeninho...

quarta-feira, novembro 14, 2007

Descobertas



Descobrir certas coisas na vida nos faz mal. Saber, por exemplo, que alguém na empresa ganha mais do que você, mesmo fazendo muito menos, desestimula.

Outra descoberta negativa é a das notas baixas na escola. Na verdade, o aluno sempre sabe, quem não deve descobrir de jeito nenhum são os pais.
Uma mãe ou um pai que descobre que a filha querida, a criança da casa, o bebê inocente do lar, anda de beijos, mãos e outras coisas mais por aí também não fica nada satisfeito.

Esperar meses, anos pela pessoa amada, rejeitando novas oportunidades, apostando no futuro e finalmente, quando a história de amor está engatada, perceber que nada daquilo que se esperava vai acontecer também não é nada bom.

Enfim, há descobertas e descobertas. Por mim, as únicas descobertas agradáveis que poderiam surgir no mundo seriam a de um depósito secreto de alguns milhares de euros em minha conta e a do corpo amado/desejado que aparece depois da roupa e dos lençóis terem sido deixados de lado.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Cenas de novembro



Ao lado da lan lenta de onde estou postando, um grupo de indígenas mexe no lixo de um supermercado, aparentemente em busca das melhores verduras que jogaram fora.

Boa Vista continua quente.

De férias na cidade, não encontro meus amigos pois eles não querem que os encontre.

A minha monografia de sociologia finalmente tem data marcada para ser defendida: 19 de novembro. Finalmente consegui terminá-la. Agora é encarar a banca.

O indiozinho continua crescendo. Na última medição, estava com 35 centímetros. Se continuar assim, vai nascer maior que os pais.

Já falei que a cidade está muito quente e que mesmo assim muitas pessoas trabalham na rua, vendendo, comprando, promovendo, aparecendo?

Concorro este mês em um prêmio de poesia local, o Conpoesi (Concurso de Poesia do Sesi). Tomara que ganhe algum R$. A situação tá meio periclitante.

Não consigo falar com o chefão da Editora da UFRR para agilizar o meu livro. Acho que assim, assim, vamos entrar em 2008 e nada. Já plantei as árvores, vou ter o filho, estou em duas antologias poéticas impressas mas o meu livro próprio nada.

bá..pareço um velho reclamando da vida.

Acho que vou migrar para o wordpress para facilitar as postagens de qualquer canto.

Falando em canto, foi lançado o edital da III Mostra de Música Canta Roraima. Infos aqui ou aqui.

terça-feira, outubro 23, 2007

Calor, correria e chuva






Os dias têm sido corridos, tanto no trabalho como na esteira da academia.
Também foram muito quentes, principalmente no final de semana. Nada recomendável passar pela minha cabana nesses dias. Parecia Manaus, com aquela sensação insuportável de que a pele está gosmenta por conta do suor
E então, de repente, na segunda e terça-feira começa a cair uma chuvinha aqui, uma chuvinha ali. De um minuto para o outro, porém, o mundo pareceu desabar.
Choveu na tarde desta terça na capital de Roraima.

Quase não consigo entrar no trabalho. Lamentavelmente, foi só quase.


Choveu no sentido mais exagerado da palavra, com raios, trovões, ruas alagando, carros a baixa velocidade na avenida Ville Roy e muita gente olhando espantada para o céu, perguntando-se: “que diabos é isso, chover assim nesta época?”.
Dizem até que choveu granizo. Eu já acho que um dos muitos raios que caíram hoje fez pipocar um areal qualquer e os grãos espantaram o povo.
Isso confirma minha teoria: quando começa a fazer muiiiiiiiiitoooooooo calor em Boa Vista, é sinal de que vai cair chuva. Já a havia comprovado em outros meses, mas nunca na primeira parte do verão.
Parecia que estávamos em junho, quando o inverno amazônico está a mil.
Pelo menos hoje a cidade não vai anoitecer quente.


terça-feira, outubro 09, 2007

Frases atrasadas sobre o feriadão...


Quinta-feira, show morno e sem graça com o Flávio Venturini.

Sexta-feira, 19 anos de criação do estado de Roraima.

50 pampeiros esperando abastecer no posto de combustível instalado a 40 metros da fronteira com a Venezuela.

Uma hora na fila dos turistas esperando para encher o tanque com a gasolina venezuelana a 1.400 bolívares.

Um real comprando 2.030 bolívares.

Santa Elena de Uairén lotada de brasileiros comprando eletro-eletrônicos com preço de puerto libre.

Santa Elena, definitivamente, a cidade de praia dos boa-vistenses.

Congestionamento nas ruas, soldados controlando o trânsito armados com fuzis.

Chuva na Gran Sabana...

De repente, acabam os bolívares dos cambistas e há filas nos bancos para sacar mais dinheiro.

Viagem de retorno lenta. Despacito, pero seguro.

Cansaço.

Queda na cama. E assim se vai a sexta, sem casamento do Luciano na Igreja Matriz, sem show da Elba Ramalho no parque Anauá.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Espadas e heróis



No supermercado, enquanto espero pela mãe do indiozinho, um pai observa o filhinho terminar de mexer nos brinquedos que estão na prateleira. Daí, o moleque enche o pulmão e fala:

- Pelo poderes de Grayskull!!! Eu tenho a força!!!!



He-Man, o bombado dos 80's



Na fração de segundo em que lembro dos comerciais da TV Globo mostrando a nova versão do He-Man, com os personagens Gato Guerreiro e Esqueleto bem mais definidos que no desenho original, o pai se encarrega de corrigir o guri, de não mais de três anos:


- Mas filho, essa espada é de pirata, não é do He-Man.

- Não?, pergunta espantada a criança, enquanto devolve a espada e a troca por outra.

- E essa, pai, é do He-Man?

- Também não, filho. Essa é de ninja.

- Mas serve do mesmo jeito, pai.

Coitado do novo He-Man. Ainda não conseguiu chegar às prateleiras dos supermercados para ocupar mentes e almas de crianças e o bolso dos adultos como o fez na década de 1980.

A turma do cara


Os interessados em ver a abertura do desenho, com as cenas clássicas do Pacato sendo transformado no Gato Guerreira, podem clicar aqui que vão parar direto no YouTube. Enquanto não aprendo a deixar a tela do vídeo dentro do próprio blog, vai assim mesmo.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Paixões afiadas

Depois de passar semanas negando, não teve como esconder que estava amando. E era uma paixão feroz, daquelas que deixam marcas, que arroxeiam.
A sorte dela era sua pele morena, menos sensível às marcas que se destacam nas moças brancas depois de uma sessão amorosa mais exaltada.


Para seu azar, entretanto, sua melanina estava dissolvida na mistura do pai negro e a mãe branca. Sendo assim, as marcas da paixão eram visíveis no seu ombro direito naquela manhã de quinta, expondo-a às piadas e perguntas indiscretas dos colegas.

Obviamente, nada que a faça desistir de seu amor de unhas mal cortadas e dentes afiados.

quarta-feira, setembro 19, 2007

O que já foi da III Mostra Sesc Macuxi de Artes


A abertura da III Mostra Sesc Macuxi de Artes foi muito bonita. Dezenas de pessoas fizeram uma passeata da Praça das Águas até o Sesc Centro. Havia capoeiristas, como o pessoal do grupo Angola Palmares; músicos, atores, dançarinos de quadrilha, cirandeiros, o pessoal da Banda Municipal e a bateria da escola de samba Praça da Bandeira, homens em pernas de pau.

Esse povo todo fez uma festa em frente ao Sesc. Depois vieram os primos índios e apresentaram duas danças indígenas, fazendo uma grande confraternização entre a cultura branca e a cultura dos primeiros habitantes de Roraima.

Da programação de sábado só peguei a comédia Nós, Perdidos, da Cia. Malandro é o Gato, que está sendo apresentada desde o ano passado.

No domingo, por estar vendo a intervenção de dança da Cia. Máster Class, feita na Praça das Águas, perdi o espetáculo Botequim de Samba, no palco do Sesc. Quando Zanny e eu chegamos, até as cadeiras já haviam sido retiradas.

Segunda-feira tive a grata surpresa de me deliciar com a peça “Compassos em Silencio”, do Grupo Locombia Teatro de Andanzas, uma trupe formada por um casal e o filho de 5 ou 6 anos. Mímica, música, interação com o público, poesia do silêncio...Adoro clowns. Nessa de interagir, até eu fui levado ao palco pelos atores, nascidos na Colômbia (atenção à inversão de sílabas para criar o nome do grupo).

Terça foi noite do encontro poético Declamando Eliakin Rufino, poeta roraimense de grande destaque. Dezenas de alunos da Fundação Bradesco, amigos, atores convidados e fãs ocuparam o pequeno espaço da biblioteca Afonso Rodrigues de Oliveira para ouvir e falar poesias do Eliakin, autor de vários livros.

Depois da poesia entrar na veia, foi a vez de pegar a fila para assistir à peça “Capitu - Memória Editada”, do Grupo Delírio Cia. de Teatro, de Curitiba-PR. Os atores vieram a Roraima inseridos no projeto Palco Giratório e mandaram muito bem. É um senhor espetáculo, inspirado no livro Dom Casmurro, de Machado de Assis.

No começo da apresentação houve um blecaute na cidade e tiveram que parar, pois não queriam que o público ficasse ouvindo uma rádionovela em vez de uma peça de teatro. Mas esse contratempo não impediu que, ao retorno da energia, recomeçassem e encantassem o público com a performance. Amanhã eles voltam a subir no palco, mostrando a história de Bentinho, Capitu e as porcarias que o homem faz quando fica cego de ciúmes. Se você, como eu, nunca leu a obra, clica aqui e baixa o livro de graça.


Cena de Capitu - Memoria editada

A movimentação das artes continua...

19/09 quarta
8h às 12h - Oficina de Confecção e Manipulação de Fantoches com Tarsis Magalhães e Agda Maira. Espaço IX

14h às 18h - Oficina “A Criação Cênica”, com o Grupo Delírio Cia. de Teatro, de Curitiba-PR, do Projeto Palco Giratório.Espaço III


19h - “Videobrasil” Mostra - programa dos vídeo-arte premiados no 16º Festival Internacional de Linguagem Eletrônica. Programa 3: Prêmios de Realização. Espaço III


19h30 - Pensamento Giratório Painel sobre a relação da obra Dom Casmurro com a cena..Capitu - Memória Editada é inspirado na obra de Dom Casmurro, de Machado de Assis. Participação Grupo Delírio Cia. de Teatro e Dr. Rui Guilherme- Espaço II


21h - Espetáculo “O Santo Inquérito”, da Cia Arteatro, de Boa Vista-RR. Espaço I


22h - “Luau Cultural”. Encontro no Porto da Marina Meu Caso, no bairro São Pedro.

20/09 quinta

14h às 18h - Oficina “Iniciação a Técnicas Teatrais”, com Cia Arteatro, de Boa Vista-RR, na Escola Estadual Maria Nilce Macedo, no bairro Cauamé


15h - Apresentação de Filme do projeto “A escola vai ao Cinema”, na Escola Estadual Maria Nilce Macedo, no bairro Cauamé.


19h30 - Mesa Redonda “Artes Cênicas em Roraima: produção e distribuição, com a participação do secretário de Educação e Cultura, Luciano Fernandes Moreira, do presidente da Fetec, Osmar Marques da Silva Junior, do diretor regional do Sesc, Kildo de Albuquerque Andrade, do presidente da Fetearr, Marcelo Peres, e representante dos grupos de dança, Isabel Santos. Espaço III


19h30 - Espetáculo de dança “Cultura Popular”, da Cia Máster Class, de Boa Vista-RR. Espaço II


20h30 - Espetáculo “Capitu Memória Editada”, do Grupo Delírio Cia. de Teatro, de Curitiba-PR, do Projeto Palco Giratório. Espaço I

21/09 sexta


8h às 12h - Oficina de Confecção e Manipulação de Fantoches, com Tarsis Magalhães e Agda Maira. Espaço IX


14h às 18h - Oficina “Iniciação a Técnicas Teatrais”, com a Cia Arteatro, de Boa Vista-RR, na Escola Estadual Maria Nilce Macedo, no bairro Cauamé.


18h às 21h - Oficina de Dança Clássica da Índia “Odissi”, com o Grupo Locombia Teatro de Andanzas, de Barranquilha-COL. Espaço X


15h - Apresentação de Filme do projeto “A escola vai ao Cinema” em escola estadual.


19h30 - Espetáculo de dança “Três em 1”, da Cia Aura de Dança, de Boa Vista-RR. Espaço II


21h - Espetáculo teatral “Assim é, se lhe parece '', com Yandra Firmino, de Cuiabá-MT. Espaço I

22/09 - sábado


8h às 12h/14h às 18h - Oficina: Interpretação do Ator para o Movimento Interno e Ação Total, com Yandra Firmino. Espaço III


10h - Intervenção teatral com da Cia Malandro é o Gato, na Jaime Brasil.


17h - Abertura do Overdoze


17h - Abertura


17h às 18h - Oficina de Desenho para Crianças, com Marcelo Santa Isabel. Espaço III


18h às 19h - Oficina de Skate para Crianças, com Marcelo Santana Azevedo. Espaço II


19h - Apresentação da Orquestra e do Coral Infanto-Juvenil do Sesc. Espaço I
Feira de Artesanato e vendas de comidas típicas. Espaço II
Sessões do Conto com Você “Contos da Meia Noite” e “Contos Sensoriais”. Espaços III e VI.


Apresentações musicais: Espaços I, II e VII

21h - Show do Clã Caboco. Espaço I


Poesias na Madrugada. Espaço VIII


Apresentação do vídeo “Quem tem Medo de Arte Moderna?. Espaço III


Miscelânea de Espetáculos, performances, esquetes, fragmentos de espetáculos, leitura dramática, música, cinema e artes plásticas. Espaços I e II


Bar da Canja Cultural (poesia, voz e violão). Espaço VI


Apresentações musicais Regionais, Reggae e Rock. Espaço II


5h - Encerramento da Mostra.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Começa a III Mostra Sesc Macuxi de Artes





Daqui a pouquinho começa a III Mostra Sesc Macuxi de Artes. Até o dia 22, quem gosta de arte não terá o que reclamar em Boa Vista. Haverá teatro, dança, música, debates, exposições, oficinas e mostra de cinema, com a participação de grupos e artistas locais e nacionais.

A agitação começa às 19h, com o Caldeirão Cultural, reunindo na Praça das Águas, centro da Cidade, todos os artistas que vão participar da Mostra. Da praça, sairão em cortejo até o Sesc Centro, local onde serão realizadas as atividades até o próximo sábado. Serão quatro quadras de caminhada.

Entre outros, estão confirmados para o cortejo o Grupo Locombia Teatro de Andanzas, a Banda Municipal de Boa Vista, a Bateria da Escola de Samba Praça da Bandeira com porta Bandeira e Mestre Sala e diversos Grupos Folclóricos.

A III edição da mostra tem o apoio da Fundação de Educação, Ciência e Cultura de Roraima (Fetec). Além de muitos espetáculos, será estimulada a formação profissional dos artistas, que poderão participar de oficinas, debates, palestras, mesa redonda e intercâmbios de metodologias de trabalho.

Este blogueiro participará como declamador (mais como leitor, na verdade) de uma poesia do escritor Eliakin Rufino e como auxiliar na Mesa Redonda “Artes Cênicas em Roraima: produção e distribuição”, da qual participação o secretário de Educação e Cultura, Luciano Fernandes Moreira; o presidente da Fetec, Osmar Marques da Silva Junior; o diretor regional do Sesc, Kildo de Albuquerque Andrade; o presidente da Fetearr, Marcelo Peres; e a representante dos grupos de dança, Isabel Santos.

Veja a programação de hoje até segunda, quando espero ter tempo para atualizar este blog:

14/09 sexta-feira (Abertura - Caldeirão Cultural)


19h - Concentração de artistas envolvidos na Mostra e comunidade para cortejo da Praça das Águas até a frente do Sesc Centro.
Retalhos culturais com apresentação do Grupo Locômbia Teatro de Andanzas, Banda Municipal de Boa Vista, sob o comando do Maestro Moisés Português tocando marchinhas, Bateria da Escola de Samba Praça da Bandeira com porta Bandeira e Mestre Sala e Grupos Folclóricos.


20h - (Sesc Centro)
Pronunciamento do diretor regional do SESC, Kildo de Albuquerque. Apresentação do texto de Abertura. Espaço II

20h30 - Apresentação da Dança do Parixara, com os índios Wapixana da Maloca Canauanin, do município de Cantá-RR. Espaço II

21h - Inauguração da exposição “Arte Indígena - do Artesanato às Artes Plásticas”, apresentando a arte dos povos indígenas de Roraima. Curadoria de Irmânio de Magalhães, da Artezanos (Espaço IV).

15/09 - sábado


10h - Intervenção teatral na Feira do Produtor, com grupo Criart Teatral (Boa Vista-RR)

14h às 18h -Oficina do Projeto Dramaturgia Leituras em Cenas. Espaço III

18h30 - Espetáculo de Dança Infantil “O Baú do Poeta”, da Escola de Dança Cristina Rocha, de Boa Vista-RR. Espaço I

20h30 - Espetáculo “Nós, Perdidos”, da Cia Malandro é o Gato, de Boa Vista-RR. Espaço I

16/09 domingo


19h - Espetáculo teatral infanto-juvenil “Em Busca de um Desejo”, do grupo Criart, de Boa Vista-RR. Espaço I

20h30 - Espetáculo de dança “Botequim do Samba”, do Grupo Harmonia e Ritmo, de Boa Vista-RR. Espaço I

19h30 -Intervenção com a Cia Máster Class, de Boa Vista-RR, na Praça das Águas.


quinta-feira, setembro 06, 2007

Grupos teatrais representam textos de Tchekhov e Hilda Hist


De 9 a 11 de setembro, grupos teatrais roraimenses vão apresentar textos do dramaturgo russo Anton Tchekhov e da brasileira Hilda Hilst, poeta, dramaturga e ficcionista.


As apresentações fazem parte do projeto Dramaturgia: Leituras em Cena, desenvolvido pelo Sesc Roraima em parceria com o Sesc Nacional. São o resultado da oficina “Análise do texto Dramático e Técnicas de Leitura Encenada” dirigida a diretores e atores teatrais de Roraima.

O coquetel de abertura acontece no sábado, mas os grupos só sobem ao palco no domingo (9), indo até terça-feira (11), sempre às 20h, no Espaço Multicultural Sesc Centro, com entrada franca.

Célis Regina, Marcelli Grécia Wottrich e Graziela Camilo vão dirigir os espetáculos.

O projeto estimula a prática da leitura de textos teatrais e a difusão de textos inéditos ou consagrados da dramaturgia nacional e mundial.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Por isso adoro a “sorte de hoje” do orkut

“Você é sociável e divertido”


(contra todos os que dizem o contrário)



Novo blog, com fins pediátricos:


Histórias de um índio velho e seu filho

segunda-feira, agosto 27, 2007

Como criar um filho

Definir as regras de criação de um filho não é fácil. Qualquer deslize e você o terá no divã do psicoanalista, na mesa do bar ou no banco dos réus argumentando que a forma como foi criado é responsável pelos seus problemas juvenis ou adultos.

É por isso que sempre gostei de ouvir histórias de criação. A mais recente é a do fotografo Orib Ziedson e seu filho Gabriel, que tem cerca de 10 anos.

Ziedson conta que o guri vai quatro vezes por semana às aulas do projeto Arte Jovem do Sesi, onde tem aulas de um monte de coisas, como música, teatro e não sei mais o quê. Além disso,
Gabriel, que às vezes carrega a mesma cara de mal-humorado do pai, tem aulas de caratê à noite (por isso o jovem faixa amarela também é um dos líderes da turminha).

Como eu mesmo gostaria de ter estudado um instrumento musical quando era mais jovem mas a minha mãe, por N motivos, não me matriculou, elogiei a iniciativa do Orib de estimular o guri a fazer tantas atividades.

Orib me diz que, mesmo com as críticas da avó materna do Gabriel alegando um possível stress do moleque, é partidário do seguinte estilo de vida:

- Eu fui criado sabendo que criança deve fazer o que os pais querem. Se o Gabriel vai ser vagabundo depois que crescer é problema dele, mas enquanto estiver comendo de meu pirão, é do meu jeito: arte, estudos e esporte. Disso ele não vai poder reclamar.

Dona Maria José, minha avó, pensa da mesma forma: criança, velho e soldado deve obedecer determinações superiores. Por isso já está decidido o que farei quando o meu filho nascer: sendo
indiazinha ou indiozinho, terá uma criação exemplar, sem as molezas dos meninos brancos.

Para começar, já defini a regra número 1: aprendeu a caminhar e está com fome? Muito bem, pegue o arco e a flecha e vá caçar ou coletar.

Agora só falta combinar com a mãe a aplicação do AC (Ato de Criação) 1.

sexta-feira, agosto 17, 2007

Grávido na cidade

Esse pessoal de cidade, acostumado a muito conforto trazido pela ciência do homem branco, acaba por ficar um pouco molenga. Falta-lhes um muito da fibra indígena. Até para ter um filho precisam de mil e uma coisas.

Já nós, índios, não temos tantos caprichos assim. Se é para ter um filho, tem-se um filho até no intervalo entre uma caçada e outra.

A história da minha chegada ao mundo é mais ou menos essa. Contam os mais velhos da família que quando nasci meus pais estavam em uma aldeia pemón, visitando nossos parentes índios no sul da Venezuela. Era por volta do meio-dia, o seu Juca estava pescando e dona Neide tinha acabado de colocar a panela no fogo para aquecer a água e iniciar o preparo da damorida.

Ao sentir as primeiras contrações, dona Neide mandou uma menina chamar meu pai e depois entrou na cabana. Quando o (naquela época) jovem índio chegou, esbaforido, com a vara de pesca numa mão e os peixes na outra, eu, apesar de ter nascido com oito meses, já havia tomado meu primeiro banho e estava mamando tranqüilo.

Minha mãe, índia nova, formosa, cheia de energia, ainda teria reclamado da demora de seu Juca em trazer o pescado. Comeram a damorida, beberam um cadinho de caxiri e foram dormir la siesta. Eu, o indiozinho, herdeiro das tradições, já fiquei por ali, tranqüilo, dormindo sobre o tapete de palha no canto da cabana, sentindo o calor da fogueira.

Depois de um tempo, voltamos à cidade dos brancos e seus costumes estranhos, como o resguardo de não sei quantos dias para a mulher enfraquecida pelo parto e o impedimento de comer um monte de coisas.

Já falei para a Zanny: se ela fosse ter o indiozinho nas aldeias ianomâmis, o moleque ia nascer no meio da selva, onde teria o cordão umbilical cortado com uma folha de árvore. Nada de muito tecnológico, com certeza, mas eficiente até hoje. E o moleque ainda seria mais saudável que muito menino de branco.

Mas ela insiste em quebrar as tradições de minha família e ter um filho no hospital, com anestesia e um monte de médicos. Coisas de mulher criada na cidade dos brancos.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Identidade

Passamos a vida toda tentando demarcar o nosso território, querendo que as pessoas reconheçam o nosso valor e pelo menos saibam o nosso nome.

Matamos um leão a cada dia, fazemos pós-graduações, escrevemos livros, fazemos grandes trapaças, lideramos revoluções espirituais, obtemos enormes conquistas.

Usamos até crachás para facilitar a vida dos desmemoriados. Colocamos o nosso nome em caixa alta na mesa, no e-mail e no adesivo do carro para garantir o processo.

Brigamos com os nossos colegas de aula quando trocam o nosso nome e tentam nos sacanear com apelidos. Pronunciamos com um quê de irritação as letras de nosso nome quando alguém pergunta pela segunda vez ou o escreve errado.

Daí, quando chegamos à vida adulta, com um nome relativamente conhecido pelo menos entre um pequeno círculo de amigos, vemos que nada disso vale a pena.

Perdemos a nossa identidade para uma coisinha que ainda não nasceu ou que está recém nascida. Para os amigos, viramos simplesmente "o pai de Fulano" e a "mãe de Sicrana".
O que compensa é que um dia talvez possivelmente o mesmo vai acontecer com eles.

terça-feira, julho 24, 2007

Comidas

Ela disse, sedutora:

- Tenho para ti esta noite beijos, queijos e vinhos. Depois deles, o que pode acontecer conosco?

Ele respondeu assim, meio sem entender a óbvia segunda intenção:

- Não sei...ter uma indigestão?

Perspectivas nada animadoras surgiram no horizonte a partir daquele momento.

sexta-feira, julho 13, 2007

Peso

Diz a revista da semana passada: "a partir dos 30 anos, o peso das pessoas aumenta de 0,5 a 1 kilo por ano."

Fazendo contas simples: como já estou um pouco acima do que considero meu peso normal e tenho apenas 1,64 m de altura, a previsão é que devo chegar aos 41 com 79 kg ou 74 kg, considerando o registro atual.

Resultado: nada melhor que continuar indo todo dia à academia. Faz bem pros joelhos.

quarta-feira, julho 11, 2007

As guitarras pedem passagem


No mês do rock, Boa Vista está cheia de motivos e shows para celebrar. Nos dias 13, 14 e 15 será realizado o maior evento de rock brasileiro acima da Linha do Equador: é o III Roraima Sesc Fest Rock, com 29 bandas participantes, entre as locais e as representantes da Venezuela, do Amazonas e de Rondônia.

Parte das bandas vai apresentar suas próprias composições, sedimentando um trabalho que já tem algum tempo em gestação e é muito discutido: evoluir do simples cover para o rock autoral, fortalecendo a cena local.


No dia 20 as bandas se encontram para outra noite de muito rock com sabor macuxi e a convidada especial: Matanza.


Ou seja, rock não vai faltar neste restante de mês. Para o próximo já tem homenagem a Raul Seixas e outros eventos sendo preparados.
Enquanto isso, eu fico aqui, batendo cabeça com a monografia...

sexta-feira, julho 06, 2007

Parabéns para mim e para
quem gosta deste blog


Pois não é que o Crônicas da Fronteira chega neste sábado, 7 de julho, ao seu terceiro aniversário, cheio de gás e algumas dívidas, mas disposto a correr alguns quilômetros a mais para servir como canal de expressão deste blogueiro índio?

Escrever por três anos neste blog tem sido uma experiência de aprendizagem contínua. Gostei de algumas muitas coisas que escrevi, refleti sobre outras e concluí que não valia a pena tê-las publicado, conheci pessoas de muito talento e disposição para usar a blogosfera como veículo de comunicação, ganhei alguns elogios e colecionei críticas construtivas e destrutivas.

São 324 postagens sobre os mais diversos assuntos, com 22.069 acessos do dia 12 de julho de 2004 até as 16h14 do dia 6 de julho de 2007, conforme o contador, sendo 53 da Argentina, 74 da Venezuela e 488 dos Estados Unidos.

Por aqui, já escrevi sobre quase tudo, a saber:
Sexo
Romance/amor
Guerra do Iraque
Gente bêbada
Viagens à Venezuela, Peru, São Paulo, Floripa e não sei que outras cidades
Amigos
Lúpulo com cevada
Música (todos os estilos)
Orkut
Garimpo
Coisas de Roraima
Dificuldades com o Haloscan
Sociologia
Jornalismo
UFRR
UERR
Amigos
Memórias
Reservas indígenas
Política local
Trabalho
Férias
Casais alegres, ranzinzas e tristes
Outros blogs
Blogagens coletivas
Poemas
Etc., etc...



O primeiro post foi este aqui:

Quarta-feira, Julho 07, 2004

O Casal

- Me beija?
- Não.
- Por quê?
- Não tô afim.
- Me abraça?
- Não.
- Por quê?
- Tás muito suada.
- Coça minhas costas?
- Não.
- Por quê?
- Tão cheia de areia.
- Então, tá. Mas, ô, sexo, nem pensar.
- Por quê?

# Edgar Borges @ 10:37 AM


Agora, vou lá fora que parece que alguém está disposto a pagar a festa do terceiro aniversário.

terça-feira, julho 03, 2007

A noite de Beth

Elizabeth está que arde de paixão. Hoje, sacio minha sede de ti, Luizão, pensa enquanto beija o rapaz. Para Elizabeth, a noite até agora está quase perfeita. A festa com a turma do trabalho correu bem, a troca de presentes compensou o investimento no perfume para a moça da recepção e o jantar foi ótimo.

Mas Elizabeth deseja mais da noite. Anseia lamber cada pedaço do Luizão, que apesar do nome é baixo e magrinho. Luizão, Luizão, me mostra de onde você tirou esse apelido, voa a frase pela cabeça de Elizabeth.

Beth tira a sua roupa enquanto dança ouvindo os Beatles tocando Love me do. Ela gosta do Luizão desde que o moço começou a trabalhar como assistente administrativo na empresa. Beth acha as mãos de Luizão lindas e seu queixo másculo. Quando o rapaz passa carregando algumas pastas, ela fica olhando a sua bunda, imaginando como seria apalpá-la.

É, Luizão, hoje tu escapas de um raio, mas não de mim, pensa Beth, tomando mais uma taça de vinho e avançando para a cama vestida apenas de perfume e desejo. Sobe no colchão com um movimento diagonal e a luz do abajur joga sombra em seu bumbum, o sonho de consumo de muitos solteiros e casados dos prédios onde vive e trabalha.

Luizão deve estar que nem se agüenta também, feito eu, pensa Elizabeth, louca para beijar, morder, arranhar e fazer com o moço qualquer outra ação imoral que venha a lhe passar pela mente.

Beth esfrega seu desejo nas pernas de Luizão e sobe, preparando-se para ações mais íntimas quando percebe um certo, hummm, desânimo, para chamá-lo assim, no moço.

Parece que a auto-estima anda baixa por aqui, pensa sarcasticamente Beth, disposta a fazer uma terapia rápida para solucionar os problemas do rapaz e assim tocar a noite a contento.

Mas Beth, pobre Beth, talvez não sacie sua fome hoje. É que Luizão, empolgado com a festa e com a quase certeza de uma noite de paixão garantida com Elizabeth, acabou comemorando antes da hora a vitória do jogo ainda não jogado. Resumindo, entornou demais as copas, misturou muita cerveja com alguma vodka e um pouco de vinho e agora, tsc, tsc, surge bêbado e em magnífico ronco na frente de Beth.

Pobre Beth, ela hoje escapa de um raio, mas não de ir dormir com fome e com sede. E ainda corre o risco de Luizão vomitar a sua cama. Afinal, ninguém sabe o que e como pode sair dessa mistureba alcoólica.

sábado, junho 16, 2007

Caindo na estrada


Sábado: até Pacaraima, cerca de 200 km

Domingo, mais 18 km e pega um bus de Santa Elena até Puerto Ordaz, mais ou menos 600 km


segunda, terça e quarta, aqui:
Quinta, pegar o bus de volta à noite, atravessar quatro ecossistemas diferentes (cerrado, selva, serra e a savana venezuelana), amanhecer em Santa Elena e chegar em casa lá pelo meio-dia, passando por mais dois ecossistemas (serra e cerrado).
Quem disse que viajar não é entrar em contato com a natureza?
Fora isso:
Acaba neste domingo o arraial Boa Vista Junina 2007, uma promoção da Prefeitura de Boa Vista. A apuração do concurso de quadrilhas, a grande atração da festa, deveria ser neste sábado, mas uma chuva com ventos muito fortes atrapalhou tudo na sexta e os últimos dois grupos sobem ao tablado hoje.
Semana que vem começa o Arraial do Anauá, uma promoção do Governo do Estado.
As chuvas deixam a cidade menos estressante para quem não gosta de calor. Já quem se locomove de bike ou moto, sofre. Olha o depoimento da Sâmia, chateada com a chuva.
A partir de agora, postagens direto da Venezuela, dependendo do tempo livre.
Promessa de viagem: ao voltar, quebrar algumas barreiras de tempo pela monografia e mais uma tentativa de retomar contato com algumas pessoas das quais gosto muito.

quarta-feira, junho 13, 2007

Minguante

A revista online Minguante completa um ano de micronarrativas e aborda nesta edição o tema “celebração”.

Apresentado a ela pelo Avery, surjo contentemente nesta edição como colaborador.

Os editores já lançaram o tema da próxima edição (espelhos) e esperam colaborações. Quem quiser, vá lá e saiba como participar.

terça-feira, junho 12, 2007

Primeiro round

Uma semana depois, eis que a introdução foi acertada e o primeiro capítulo foi parido, num processo que engoliu o feriado, o final de semana e muitas horas à noite.

A certa altura, nem uma palavra era produzida, tamanho o cansaço mental e o bloqueio criativo. O professor gostou das 13 páginas apresentadas, pediu apenas para que explicasse melhor o que essa tal de socialização que tanto escrevo e não explico.

Agora, vamos ao parto do segundo capítulo, o que implica arranjar tempo para chegar aos entrevistados, além de sorte e habilidade para conseguir extrair deles a informação que preciso.

Fora isso, tenho que bolar um nome bem bacana para a monografia...Me parece que essa será a parte mais difícil.

Mas...antes disso...vamos ver as luzes de Puerto Ordaz, Upata e, oba-oba, Guasipati, minha cidade natal, numa viagem à trabalho para a Venezuela...acho até que vou tomar uma Polarcita...ou seja...haverá um certo atraso na pesquisa...mas o dia 4 de julho não perde por esperar.

..........

12 de junho

Aos que têm, parabéns pelo dia dos namorados.

Aos que não têm, ainda há esperança para o ano que vem.

Aos que não têm, mas são apressados, o dia só termina à meia-noite. Pelo menos uma boca livre deve andar procurando outra boca livre.Afinal, a desesperança é a última que morre.

quarta-feira, junho 06, 2007

Presentaço...

Segunda, 4 de junho, 11h40, Departamento de Ciências Sociais da UFRR, uma conversa com o meu orientador:

- Professor, posso entregar a monografia até quando?
- Hum...
- Melhor, até quando devo entregar a monografia?
- Ah, agora sim. Pelo prazo legal você tem até 4 de julho para entregar e 17 para defender.
- 4 de julho...4 de julho não é daqui a um mês? 30 dias para fazer tudo?
- Ahã.

Por tudo, entenda-se complementar a introdução da mono, fazer o capitulo do referencial teórico, o que implica caçar mais teoria, fazer a pesquisa de campo e passá-la para o papel com analise crítica. No final, claro, acrescentar as considerações finais e encarar a banca.

No meio do caminho, uma viagem a trabalho para a Venezuela, falta de tempo, “brancos” e “travas” redacionais e um computador velho e sem memória que pára quando esquenta.

Esse foi o meu presentaço de aniversário. Como sempre pensava a cada começo de semestre, devia ter me inscrito em um cursinho de inglês.

sexta-feira, junho 01, 2007

Frases, apenas para não deixar passar batida a semana


No orkut:

“Sorte de hoje:Você aproveitará uma oportunidade em breve”


(Uai, mas se é de hoje a sorte, a frase não deveria ser algo do tipo “oportunidade hoje”? Quando é em breve mesmo?)


No trabalho, o colecionador de DVD’s alternativamente distribuídos:

- Talvez eu vá ao cinema ver “Piratas do Caribe”.
- Eu nunca vi um filme com nome tão apropriado para se assistir em casa enquanto ele passa no cinema.
- Como assim? Não entendi....
- PIRATAS do Caribe, ou seja, quase Piratas NO Caribe...


Seu Juca, meu pai, às seis da manhã, vendo homens de meia idade correndo e caminhando:

- Quando eu vejo esses caras nessa idade fazendo exercício só me vem a cabeça que eles estão fazendo isso obrigados.
- Como assim, pai?
- Aposto que o médico falou que precisavam se exercitar e mandou eles correrem para não ter problemas de saúde.
- Sim, e daí?
- É justamente por isso que eu não vou ao médico, para evitar alguém me ameaçar com problemas de saúde.

terça-feira, maio 29, 2007

Músicas e adendos


"Ando devagar porque já tive pressa" e os meus joelhos agora doem um pouco...

quarta-feira, maio 23, 2007

Histórias de amor familiares



Edgar Borges Ferreira, meu avô, é um poeta que nunca fez poesias. Eis a resposta escrita dele à minha pergunta sobre o começo do namoro com minha avó, dona Maria José, na segunda metade da década de 1940. Se alguém me arranjar descrição melhor para um começo de relacionamento, pago um sorvete.

Edgar Neto: começou o namoro de vocês?

Edgar Avô: um primeiro olhar de reconhecimento; um segundo olhar mais desembaraçado; um terceiro olhar totalmente correspondido; um aperto de mãos e a explosão da paixão.

segunda-feira, maio 21, 2007

Amores fumantes


Ela perguntou, em tom já visivelmente irritado:

- Você não está mesmo percebendo nada de diferente em mim?

Ele, preparando-se para o pior, respondeu hesitante com outra pergunta:

- Éééé... alguma coisa de maquiagem ou nas roupas?

Mostrando seus cabelos, ela disse:

- Se você prestasse mais atenção em mim, teria percebido que fiz mechas na cor tabaco! Mas você não olha direito!

Para livrar-se de qualquer pena, ele contra-atacou:

- Meu amor, é claro que tinha percebido. Tava só brincando contigo. Vem cá pra te fumar todinha, vem...
Amores fumantes

Ela perguntou, em tom já visivelmente irritado:

- Você não está mesmo percebendo nada de diferente em mim?

Ele, preparando-se para o pior, respondeu hesitante com outra pergunta:

- Éééé... alguma coisa de maquiagem ou nas roupas?

Mostrando seus cabelos, ela disse:

- Se você prestasse mais atenção em mim, teria percebido que fiz mechas na cor tabaco! Mas você não olha direito!

Para livrar-se de qualquer pena, ele contra-atacou:

- Meu amor, é claro que tinha percebido. Tava só brincando contigo. Vem cá pra te fumar todinha, vem...

quinta-feira, maio 17, 2007

Amor com capuccino


Ela disse, chateada:

- Não consigo esquecer dele. E não é por achá-lo lindo, pela elegância que transborda ou pela forma sempre gentil com que me tratou.
- É pelo sexo então?
- Não. Adorava fazer sexo com ele, mas também adorava ficar apenas sentindo o seu coração bater.
- É pelo dinheiro, pelos presentes?
- Pára com isso. Sou mulher de depender de homem para ter alguma coisa? Sou rica de terceira geração.

Irritado, ele perguntou:

- Pô, então o que é que esse sujeito tem de tão especial?

Suspirando, ela respondeu:

- Ai, acho que é por causa daquele maldito capuccino expresso que ele me entregava na cama todo dia ao acordar...

segunda-feira, maio 14, 2007

Sobre domingos chuvosos



Abrir a janela, ver a água da chuva cair e ouvir música bem baixinho, com pouca luz no quarto, é uma das coisas mais agradáveis que o inverno amazônico me proporciona. Descobri o gosto desse vício/prazer justamente em um domingo, ouvindo o blues “Come Rain or Come Shine”, a última faixa do disco Riding With The King, uma parceria do B.B. King e do Eric Clapton.

Dependendo da música e do que estiver fazendo, o som também me leva a refletir e a relembrar fatos da vida. Neste domingo, chuva lá fora, música latina aqui dentro, leio na revista Caros Amigos um artigo do Ferréz sobre uma biblioteca comunitária em São Paulo enquanto Franco de Vita faz a trilha. Ferréz fala sobre ativismo, envolvimento, Franco canta amores e amizades. Em comum, abordam ações e reações, propostas, sentidos para a existência.

Na essência, ou pelo menos para onde levo meus pensamentos, discutem como eliminar inconformidades e superar seus limites. E eu, inconformado por natureza, preguiçoso por opção, começo a pensar se a vida assim como está é tudo, lembro de conhecidos que fazem do trabalho a bússola de seus dias, transformando os resultados na empresa ou repartição o ponto alto de sua biografia.

Em um giro rápido, esqueço dos outros. O egoísmo e a vaidade são marcas de minha profissão. Penso no meu gosto pela escrita, pelas crônicas, pela expressão de pensamento. E vem o questionamento: por que escrever? Isto é, escrevo por necessidade artística e intelectual, o que inclui fazer algo além da maioria das pessoas, ou por ver o meu nome nos veículos que recebem as minhas colaborações, puro narcisismo?

Sem chegar a nenhuma conclusão, percebo que por dinheiro até hoje não foi. Segundo meus extratos bancários, 11 anos depois de ter publicado o primeiro artigo em um jornal local, ainda não recebi remuneração alguma por uma linha publicada em mais de 10 jornais e sites de Roraima e outras partes do mundo. Se é fama ou cartas dos leitores o que procuro, então alguém deve estar levando os louros e recebendo os e-mails.

Vinte músicas se passam, a chuva cessa e volta, e eu ainda não chego a nenhuma conclusão sobre a real motivação de escrever textos que não se encaixam no exigido pelo cotidiano de minha profissão. O jeito deve ser continuar vivendo e ouvindo músicas no escuro do quarto para tentar achar a resposta.

quinta-feira, maio 10, 2007

Dias no garimpo



Acordamos cedo. A noite foi fria, choveu. Ainda bem que nenhum mosquito apareceu para incomodar. Talvez o frio os espante. Todos já se levantaram, sou o último a deixar a rede. Com uma toalha servindo de casaco, escovo os dentes com água tão gelada como se fosse retirada de uma geladeira.

Venta levemente, a temperatura ambiente mudará em breve, depois que o sol conseguir espantar de vez as nuvens. Por enquanto, frio. Dormir num barracão sem paredes não é muito agradável. O café da manhã é frugal e deve ser engolido rápido, pois as máquinas já estão ligadas.

Juntar e lavar o cascalho, segurar na mangueira e direcionar o jorro para o material. Agora é esperar que desse monte saia uma pedra pelo menos. Parte da produção é dos peões, mas é o chefe quem sempre ganha. Ele leva o produto para a capital, vende pelo melhor preço e repete de novo que a cotação está pior do que na última vez.

Almoçar em menos de cinco minutos, correr para continuar o trabalho, chamar o colega da vez para que ele também corra...

De um acampamento a outro, muitos igarapés represados com a areia de seu próprio leito, cheios de mercúrio. A água, apesar de transparente, não é boa para beber nem tomar banho. A camada vegetal some, sobra o branco da argila e sua asfixiante refração que aumenta o calor do meio-dia.

São 20 horas e ainda há pessoas trabalhando. O trator não pára de juntar material. A cozinheira já terminou a janta, gordurosa, calórica, quem trabalha o dia inteiro sente muita, muita fome. Uns comem nas redes, outros em pé, o restante em bancos improvisados.
Urinar, defecar, escovar os dentes, tomar banho, trabalhar. Não há paredes por aqui. Tudo é feito em contato com a natureza, ao ar livre.

O ouro que sobra nas pequenas cicatrizes do acampamento alimenta o sonho das moedas a mais ou a gorjeta da Guarda Nacional, que parece estar ali só para ser agradada e não ficar desagradável.

Hora de partir, banho rápido usando a própria mangueira de lavagem de material. Atravessamos a savana, deixamos para trás corruptelas, suas casas feitas com latas de querosene e a vila principal. Agora é voar por uma hora e voltar à vida urbana normal.

quarta-feira, maio 09, 2007

segunda-feira, maio 07, 2007

Chegaram as águas de maio

Finalmente o verão amazônico está chegando ao fim. Chove em Boa Vista desde o sábado à noite, com pequenos intervalos para dar um tempo à terra seca, desacostumada às chuvas.
As noites agora ficarão mais frias, nada parecidas com os últimos dias, por exemplo, quando o calor, somado à falta de brisa, parecia asfixiar a cidade. Agora ficará mais fácil de sair no meio da tarde sem sentir a pele queimando.
O inverno é bom para os agricultores plantarem, é bom para pessoas como eu, que ficam de mau humor quando está muito quente. É ruim para quem inventou de fazer casas sobre os lagos que havia na cidade e perto dos igarapés e rios. É ruim também para os agricultores que vivem nas vicinais no interior do Estado. Nesta época, fica difícil transitar nas estradas de barro e escoar a produção.
É bom para passear no intervalo entre uma chuva e outra. É ruim para secar a roupa lavada no final de semana. É bom para namorar debaixo do lençol e tomar chocolate quente. É ruim para namorar no portão.
O inverno é bom para pensar e ouvir música no escuro. É ruim para fazer show ao ar livre.
Mas que tanto, que venham as chuvas com força total. Como bem disse minha avó Maria José, “tava na hora do inverno dar um chute no verão”.

quinta-feira, maio 03, 2007

Teatro em Roraima

Opa, a partir desta sexta tem peça teatral, oficina de iluminação e debate sobre os espetáculos apresentados. É a Caravana Balaio Teatral, que traz a Roraima o grupo de teatro Clowns de Shakespeare, de Natal-RN.


O grupo vai apresentar seis espetáculos, ministrar duas oficinas e participar de dois debates. A turma começou a trabalhar no dia 2 e vai até 6 de maio, em Boa Vista e Iracema, município ao sul do Estado.

O circuito começou pelo município de Iracema, onde o grupo apresentou o espetáculo Fábulas promoveu um debate com o tema Teatro de Grupo Fora do Eixo.

Esta é a segunda vez que Os Clowns de Shakespeare vêm a Roraima. No ano passado, o grupo participou da II Mostra Sesc de Artes. Este humilde cronista assistiu às apresentações. Muito barulho por quase nada, inspirada na obra de Shakespeare, é totalmente diferente da peça Roda, Chico, peça roteirizada a partir das músicas de Chico Buarque. Uma é comédia e a outra é mais drama. Mas ambas são muito boas e vale assisti-las.