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sexta-feira, abril 03, 2009

A busca do singular

(Texto-exercício produzido para a oficina de jornalismo cultural do projeto Rumos)


Sexta chuvosa, 3 de março de 2009. Mais de 20 alunos de jornalismo e profissionais graduados deixaram suas casas e trabalhos para participar de uma palestra sobre jornalismo cultural com Eliane Brum. No bloco 3 da Universidade Federal de Roraima, todos aguardam o começo da atividade, prevista para as 9h30.

Eliane chega em um carro da Universidade, entra na sala de informática e aguarda o fim dos preparativos. Conversa com alguns blogueiros que haviam visitado o blog do projeto Rumos, iniciativa do Instituto Itaú Cultural e responsável pela sua segunda visita conhecida a Roraima.

Gripada (“Peguei um vírus em algum lugar do Norte”, conta), a jornalista começa sua palestra falando do personagem Tião Nicomedes, ex-morador de rua que virou escritor de livros e peças de teatro. Eliane tem a fala mansa, é magra, com aquilo que alguns chamariam de aspecto suave. Impossível imaginar que é a mesma pessoa que despertou a ira da sociedade local em 2001, quando publicou uma matéria para a revista Época abordando algumas singularidades de Roraima, como danças de forró na Praça das Águas e o preconceito contra os indígenas (Ok, é verdade, o preconceito não é tão específico do Estado).

Eliane trata da busca do personagem singular e recomenda: para que o encontremos, precisamos olhar primeiro para nós, buscar conhecermos. Parece fácil, mas quem disse que olhar para si é tão fácil como olhar para o outro?

terça-feira, março 31, 2009

Quais rumos você quer tomar?

A Universidade Federal de Roraima (UFRR) e o instituto Itaú Cultural realizam nesta sexta e sábado o lançamento dos editais Rumos 2009, com palestras sobre Dança Contemporânea e Oficinas de Jornalismo Cultural. Os editais deste ano estão focados nas áreas de expressões da Arte Cibernética, Cinema e Vídeo, Dança e Jornalismo Cultural.


Conforme a programação, haverá oficinas e palestras gratuitas. Bom para o Itaú Cultural, bom para nós, que temos a chance de ver novos rumos no jornalismo local. O resultado depois você pode conferir no blog dos caras.

Atividades

Oficinas de Jornalismo
Campus Paricarana
Laboratório de Informática do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT), sala 312, Bloco III / Tel (95) 3621-3106.

Dia 3 de abril - sexta-feira

Das 9h30h às 12h30 e das 14h às 18h - (40 vagas - de acordo com a ordem de chegada)

Em Busca do Personagem: Um Olhar Singular, com Eliane Brum

Oficina de reportagem em jornalismo cultural, com destaque para a construção de personagens. Aberta a profissionais e estudantes de jornalismo, a atividade tem como foco uma reflexão sobre o que é um olhar singular para o jornalista, que deve ser livre de clichês, do óbvio e do mero exótico. A definição do projeto, a organização da pauta e as técnicas de entrevista são alguns dos tópicos abordados. Os participantes que quiserem produzir um texto terão seu trabalho divulgado no blog do Rumos.

Eliane Brum é jornalista e documentarista, repórter especial da revista Época, com mais de 40 prêmios de reportagem, como Esso, Vladimir Herzog e Sociedade Interamericana de Imprensa. Gaúcha de Ijuí, trabalhou no jornal Zero Hora, de Porto Alegre. O Olho da Rua (2008, Globo) é seu terceiro e mais recente livro. O documentário Uma história severina (2005), do qual é co-diretora e co-roteirista, foi contemplado com mais de 20 prêmios nacionais e internacionais. Seu foco de trabalho são os personagem anônimos.


Dia 4 de abril - sábado



Das 9h30 às 12h30 e das 13h às 18h - (40 vagas - de acordo com a ordem de chegada)

Blogs, Estilos Textuais e a Construção da Reputação em Rede com Fábio Malini
Oficina que aborda o estado geral da blogosfera brasileira, mostrando os diferentes formatos e estilos textuais dos blogs brasileiros - sobretudo as clivagens entre blogs, jornalismo e literatura - que se predominaram durante os últimos 10 anos na rede. A atividade também discute o estado da blogosfera local em cada um dos Estados onde é realizada e, num terceiro momento, propõe exercícios de produção de textos para blogs, técnicas de construção de reputação e relevância em blogs. Por fim, há um debate sobre os principais dilemas da prática blogueira.

Fabio Malini é professor adjunto do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo, pesquisador-associado do Laboratório de Estudos sobre Território e Comunicação e do Laboratório CiberIdea, ambos da UFRJ. É membro da equipe do periódico acadêmico Revista Lugar Comum e do comitê editorial da Revista Global.Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Redes Sociais, Território e Novas Mídias. Vive e trabalha em Vitória (ES). Mantém o blog http://fabiomalini.wordpress.com/


Palestra Processos de Criação em Dança Contemporânea

Campus Paricarana
Auditório do Núcleo de Estudos Comparados da Amazônia e do Caribe (NECAR), Anexo do Bloco I.


Dia 04, abril - sábado


19h

Palestra Processos de Criação na Dança, com Marcelo Evelin
50 vagas (por ordem de chegada)

A palestra abre a discussão sobre processos de pesquisa, partindo do questionamento do corpo como matéria, sujeito, pensamento e ação em dança. Os trabalhos de coreógrafos da atualidade são abordados para tratar da concepção, improvisação, criação e desenvolvimento de material coreográfico e dramaturgia na construção de uma obra de dança contemporânea.

Marcelo Evelin é coreógrafo, diretor e intérprete. Criador residente do Hetveem Theater em Amsterdã, com sua Cia. Demolition Inc., desde 2006 administra o Teatro Municipal João Paulo II, em Teresina (PI), onde fundou e dirige o Centro e Núcleo de Criação do Dirceu.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Como chegar até Edgar Borges pelo monitoramento de visitas


Num certo dia, pessoas nesses pontinhos visitaram o blog Crônicas da Fronteira, localizado na ponta norte do Brasil.



Notem que é mais fácil fazer uma visita virtual que real a Roraima. Atualmente, para chegar aqui, só pela BR 174 ou por avião, voando sobre esse monte de verde.


Não. essa mancha clara não é desmatamento, não são plantações de arroz em terra indígena. Boa Vista, a capital do Estado, está localizada à margem direita do rio Branco e foi fundada numa área conhecida localmente como lavrado que os cientistas chamam de cerrado. Muito calor, vegetação rasteira, lagos e igarapés.

Na ponta esquerda superior da imagem do Google está Boa Vista. A mancha clara do lado direito, próxima ao rio, é um arrozal.



Sabe aquele marcador da imagem anterior? Então. Ele identifica um acesso bem pertinho do local onde trabalho, marcado com um círculo. Essa pista aí, com essa área de piçarra em frente, é o Estádio Jornalista Flamarion Vasconcelos, mais conhecido como Canarinho, fundado na década de 1970. O governo estadual tacou asfalto e cimento para "urbanizar a área". Ah, também plantou umas arvorezinhas para daqui a muitos ano ter uma sombrinha no local.


Se você tiver curiosidade de ver o, em algum lugar deste blog tem uma foto frontal dele antes da "urbanização".

quinta-feira, agosto 14, 2008

Esporádico

Quando demoro a postar, uma ou outra pessoa me pergunta: você não escreve mais?

Escrevo sim. Faço e reviso matérias institucionais no meu trabalho institucional, preparo planos de aula para duas disciplinas no curso de jornalismo da Faculdade Atual da Amazônia, faço os textos de divulgação da Federação de Teatro de Roraima e mando, vez ou outra, uma mensagem pelo orkut. Ah, e até faço traduções de convênios assinados entre universidades do Brasil e da Venezuela.

Ah, mas e o blog Crônicas da Fronteira?

Alguém tem que ceder espaço. Geralmente é ele. É um equivalente ao espaço que cedo para meu filho dormir à vontade na cama. Se ele se mexe, eu me afasto para ele ficar à vontade. Se ele acorda cedo, eu tento acordar cedo. Se ele chora e eu estou com ele, paro o que estiver fazendo para tentar acalmá-lo.

Fora isso, leio alguns e-mails que chegam de vez em quando, como do o Ismael Benigno, do blog amazonense O Malfazejo, que supostamente estava sendo tocaiado por figuras mal-encaradas paradas em carros em frente à sua casa. Pelas últimas postagens, tudo se resolveu na boa.

Ou como os do Luiz Valério, blogueiro aqui de Roraima, que voltou ao Blogspot depois de uma suposta censura nos servidores que impediam seu acesso à página em que vinha trabalhando. Depois de um tempo, ele voltou ao Política com Pimenta certo.

Ah, outra ocupação é colocar fotos de meu filho na minha página do orkut. Assim, meus amigos de longe ou de perto sabem como anda o meu índio.

terça-feira, julho 22, 2008

Frases soltas

Acabo de passar pela tarde mais complicada de minha vida de pai. A mãe do índio foi colher mandioca e me deixou sozinho com o moleque por quase quatro horas. Que agonia...A criança não pára um minuto de se mexer, de querer pegar nas coisas. Nem passeando ele acalmou. E quando começou a chorar? Deus do céu... "O que você quer, filho?", perguntava-lhe. E, obviamente, ele continuava chorando sem dar nenhuma resposta. Claro, o que poderia esperar de uma criança de seis meses e doze dias? Frases articuladas, dizendo "quero isto ou aquilo, pai. Por favor, seja mais esperto ao lidar comigo"?
Não é fácil tomar conta de meu índio...

Acessos

O meu contador de acessos é o Motigo, presente instalando pelo colega blogueiro Avery Veríssimo. Entre as coisinhas que oferece, está a possibilidade de saber como as pessoa chegam ao Crônicas da Fronteira. Na semana passada ou retrasada, por exemplo, notei que havia alguém da polícia federal acessando o blog. Fiquei com medo de que alguém tivesse dito que tinha algo a ver com o Daniel Dantas ou com o esquema dos pedófilos de Roraima, apresentado em matéria do programa Record Espetacular de domingo passado. Imaginei a PF arrombando a porta lá de casa e falando: Polícia, solta a flecha ou te passo varíola!
Ops, confundi a abordagem dos homi com os métodos dos militares para matar os meus antepassados, seja no Brasil ou nos EUA.
Outra curiosidade é que um internauta chegou até aqui digitando esta palavra: Zdebsky.
Quem pode me explicar como é que o cidadão digita esta palavra e chega até aqui?

Trampo

Semana que vem recomeçam as aulas da Faculdade Atual da Amazônia, meu trabalho noturno. Duas vezes por semana sairei de uma ponta da cidade até a fronteira urbana para lecionar duas disciplinas aos alunos do segundo e terceiro semestre de jornalismo. O money do fim do mês? Nada excepcional, o lance é adquirir experiência acadêmica, que vale ponto em qualquer seleção que se fizer por estas bandas.

Comentários

Comentaí, vai, tio... é num linkizinho desconfigurado que aparece logo abaixo da postagem. Você acessa, deixa uma opinião e a gente fica sabendo o que você achou da leitura. Mas não faz como o cara que acessou um post antigo dia desses e me mandou para aquele lugar. Quer dizer, não sei se foi a mim ou às pessoas que haviam comentado antes dele....

terça-feira, julho 15, 2008

Notas

IV Fest Rock – a 1ª noite

Som muito alto, péssima acústica, público abaixo do que se esperava, dor no joelho, cansaço, sono que chega rápido, captação de imagens para um Doc.

IV Fest Rock – a 2ª noite

Som mais baixo, péssima acústica, público maior que na primeira noite.

Show da Coisa: performance da boa, agitação na platéia, músicas contra a pedofilia, cantor que manda todo mundo tomar no olho do furacão, uma boneca de pano despedaçada.

Show da Iekuana: mascarados invadem o palco, músicas que falam do cotidiano pobre do 13 de Setembro e protestam contra a corrupção. Guitarras pesadas.

Show da Filomedusa: boa proposta, cantora sexy, disco que acaba rápido.

Show do Marcelo Nova: demora a entrar no palco, falta de interação com o público, músicas desconhecidas em nossa região, letras banais. E os clássicos? Uma hora depois, ainda não havia começado a cantá-los. Vamos embora, é melhor dormir. E assim, novamente, não vi nada de mais no Marcelo.

Bebê

Fechou seis meses pegando uma virose e conjuntivite. Sarou rápido das duas.

Já fica em pé no berço.

Já quase caiu várias vezes da cama e da rede.

Pela boca conhece o mundo.

Entra na fase do babá, papá, dadá. Eu espero palavras articuladas, tipo “papi, yo te quiero”.

Boa Vista

Chove que só na cidade.

Chove ainda mais na quarta baixada santista do Paraviana.


Teatro

A Cia do Lavrado faz turnê pelo Interior de Roraima. Quem é a Cia. do Lavrado? Acessa o blog da Federação de Teatro de Roraima para saber.




sexta-feira, abril 04, 2008

Desejo


Um dia a casa sobe e a alma cai
Daí, quem sabe,
Você se toca e se vai.

Uma noite a lua desce
O verão acaba
E o rio Branco cresce.

Um dia, quem sabe o dia,
As coisas mudam
E paro com essa agonia.

Uma tarde, com certeza,
Te encontro caminhando pela rua
Ou meio louca, seminua
Deitada sobre minha mesa.


(Texto publicado originalmente na revista on-line Minguante. Tem outros meus também. Se você quer participar com suas histórias, corra. O prazo encerra na outra semana)


Se nunca foi visitar, que não seja por falta do endereço: Histórias de um Índio Velho e seu filho.

domingo, fevereiro 03, 2008

O que andei fazendo...

Blogueiro desleixado, abandonei parcialmente o blogspot em função da alimentação do blog criado para acompanhar a gravidez e o nascimento de meu filho, o indiozinho mais bonito das malocas do Norte. Para quem ainda se dá ao trabalho de passar por aqui e não estava sabendo desse fato, o ideal é que clique e conheça as Histórias de um índio velho e seu filho.

Bom, por onde mais andei desde novembro? Arrumando a maloca do índio, lendo muito sobre jornalismo para começar a lecionar numa faculdade particular de Boa Vista e tentando malhar para não ficar um índio sem agilidade de caçador.

Também andei concorrendo (e ganhando uma graninha pelo primeiro lugar) a um prêmio de jornalismo promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Roraima.

Vai aqui o lide da matéria, feita para o website do jornal Roraima Hoje:

Estudo mostra biodiversidade dos peixes nos igarapés de Boa Vista

Várias vezes por semana, o professor Filipe Melo troca as atividades nas salas de aula da UERR (Universidade Estadual de Roraima) por uma visita aos igarapés da cidade, onde pesquisa a biodiversidade dos cursos d’água que cortam Boa Vista. A intenção é descobrir quais espécies de peixes sobrevivem na área urbana e saber se podem ser utilizados como bioindicadores da qualidade da água. A pesquisa de Melo, doutor em ictiologia, é apoiada pelo CNPq e Femact (Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia). Conforme diz, esse estudo faz parte de um projeto mais amplo, que tem como objetivos gerais fomentar o conhecimento, valorização, a preservação, uso racional de parte do patrimônio biológico do Estado e fornecer subsídios para práticas e políticas de conservação.

Para ler todo o texto, caso interesse, clique aqui

E o bom de postar hoje é que serve como uma espécie de comemoração de 17 anos morando nesta grande aldeia que é Boa Vista. Cheguei aqui no dia 3 de fevereiro de 1991, exatamente num domingo quente como foi o dia de hoje. Na segunda já estava pisando em sala de aula, sem saber escrever português e sem conhecer ninguém, além de alguns da minha família. Mas isso é coisa que acho ter escrito em algum outro fevereiro no blog.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Por isso adoro a “sorte de hoje” do orkut

“Você é sociável e divertido”


(contra todos os que dizem o contrário)



Novo blog, com fins pediátricos:


Histórias de um índio velho e seu filho

sexta-feira, julho 06, 2007

Parabéns para mim e para
quem gosta deste blog


Pois não é que o Crônicas da Fronteira chega neste sábado, 7 de julho, ao seu terceiro aniversário, cheio de gás e algumas dívidas, mas disposto a correr alguns quilômetros a mais para servir como canal de expressão deste blogueiro índio?

Escrever por três anos neste blog tem sido uma experiência de aprendizagem contínua. Gostei de algumas muitas coisas que escrevi, refleti sobre outras e concluí que não valia a pena tê-las publicado, conheci pessoas de muito talento e disposição para usar a blogosfera como veículo de comunicação, ganhei alguns elogios e colecionei críticas construtivas e destrutivas.

São 324 postagens sobre os mais diversos assuntos, com 22.069 acessos do dia 12 de julho de 2004 até as 16h14 do dia 6 de julho de 2007, conforme o contador, sendo 53 da Argentina, 74 da Venezuela e 488 dos Estados Unidos.

Por aqui, já escrevi sobre quase tudo, a saber:
Sexo
Romance/amor
Guerra do Iraque
Gente bêbada
Viagens à Venezuela, Peru, São Paulo, Floripa e não sei que outras cidades
Amigos
Lúpulo com cevada
Música (todos os estilos)
Orkut
Garimpo
Coisas de Roraima
Dificuldades com o Haloscan
Sociologia
Jornalismo
UFRR
UERR
Amigos
Memórias
Reservas indígenas
Política local
Trabalho
Férias
Casais alegres, ranzinzas e tristes
Outros blogs
Blogagens coletivas
Poemas
Etc., etc...



O primeiro post foi este aqui:

Quarta-feira, Julho 07, 2004

O Casal

- Me beija?
- Não.
- Por quê?
- Não tô afim.
- Me abraça?
- Não.
- Por quê?
- Tás muito suada.
- Coça minhas costas?
- Não.
- Por quê?
- Tão cheia de areia.
- Então, tá. Mas, ô, sexo, nem pensar.
- Por quê?

# Edgar Borges @ 10:37 AM


Agora, vou lá fora que parece que alguém está disposto a pagar a festa do terceiro aniversário.

segunda-feira, junho 12, 2006

Histórias de índio: uma década e meia no Brasil (Ou: vamos acabar com a lenga-lenga para começar a falar da copa e do arraial Boa Vista Junina)


Cheguei no domingo 3 de fevereiro de 1991. Na segunda à tarde, lá estava eu, cursando a oitava série, em uma nova escola, novo país, nova língua e nova gramática, tanto de texto como de comportamento.

Larguei no meio o primeiro ano do ensino médio. As notas em física não dariam para aprovação nem que fosse para recuperação, pensei à época. É claro que a conta estava errada, mas já era tarde...

Se bem me lembro, durante todo o ensino médio, não houve ano em que não ficasse na berlinda em alguma matéria. Aliás, o resultado do vestibular saiu justamente na manhã do último dia de recuperação. Apesar da fama de bagunceiro e pouco afeito a prestar atenção nas aulas, fui um poucos (entre 5 e 10) alunos de minha escola que conseguiram entrar na universidade naquele ano.

A vontade era de cursar filosofia, psicologia ou fisioterapia. Mas em 1995 apenas a Universidade Federal de Roraima ofertava cursos superiores no Estado e nenhum desses estava na lista. Pelo gosto com a leitura, fiquei entre letras e jornalismo. Optei pelo segundo quando vi na ementa do curso uma disciplina chamada "Comunicação Comunitária". Acho que fiz uma boa escolha.

Em terras brasileiras aprendi a jogar (pessimamente) vôlei e andar de bicicleta e mobilete. Desleixado, somente tentei dirigir carro há quatro anos e passei quase 24 meses entre fazer o exame de habilitação e me lembrar de pegar a CNH no Detran.

Cabelo comprido, bermuda, camiseta e uma mochila nas costas. Esse é o meu visual preferido até hoje, apesar de tudo.

Aos 18 anos, tive a minha primeira desilusão amorosa, com um fora daqueles. Mas acho que a grande perturbação foi ter sido justamente no auge das músicas melosas do pagode romântico. Daí, não tinha como superar rápido.

Entre 1991 e 1998, quando comecei no extinto jornal O Diário como repórter, trabalhei como office-boy, datilografei trabalhos para colegas, alfabetizei adultos, vendi fotos para capoeiristas e fui monitor de várias oficinas do Sesc. Grana pouca, economia muita.

Estive na Guiana, Peru e Bolívia, passei um mês em São Paulo esperando o resultado do concurso de estágio para novos repórteres do Estado de S.Paulo, aplaudi Fidel Castro e vaiei Zé Dirceu no Ginásio Mineirinho durante um congresso da Une, desfrutei das praias e do frio de Florianópolis, superei os 2.875 metros de altitude do Monte Roraima e andei por garimpos de ouro do outro lado da fronteira venezuelana.

Já escrevi para revistas regionais, fui professor substituto da UFRR, ativei o blog Crônicas da Fronteira em 7 de julho de 2004 e estou no mesmo local de trabalho desde 1999, atualmente no maior posto hierárquico do setor.

Algumas pessoas gostam muito de mim, muitas me detestam profundamente. Graças ao cargo que ocupo no momento, meus amigos dizem que a carga de veneno e inveja que despejam sobre o meu nome aumentou 100%. Mas como a vida é assim mesmo, vamos vivê-la, sem medo de urucubaca.

Taí, 15 anos de vida em pouco mais de três mil toques. É a vida de um índio em terras estrangeiras.