O projeto Folhinha Poética publicou no dia 10 de março um poema de minha autoria. Foi o segundo deste ano.
A Folhinha é um calendário com poesias de gentes de todos os cantos. Fico feliz por fazer parte deste tipo de iniciativa.
Temporal é um poema que deve ter uns 10 anos de escrito, pelo menos. Gosto muito dele. Na época em que o escrevi, chegamos a gravar um vídeo em várias locações em Boa Vista. Este material depois foi exibido no festival de artes Yamix, que rolava em Pacaraima.
Este final de semana será realizada a primeira edição da Mostra Picuá de Cinema e Literatura. Muita coisa vai rolar na Serra do Tepequém, inclusive a encenação de dois textos meus que foram selecionados pela curadoria e vão concorrer aos prêmios da mostra. O e-book com as obras foi liberado nesta quinta pela organização. Olha a capa:
Um dos textos é o poema “Medo, monstros e lama”, escrito em 2020. A interpretação será feita por Everton Alves e Julia Barroso. O conto “Livro de Amor” foi escrito em 2016 ou 2017 e será encenado pelos atores Felipe Medeiros , Kamylly Emanuelle e Luiza Danielle. Todos são da Cia. Criarte Teatral e serão dirigidos por Kaline Barroso. Desde que saiu o resultado eles estão ensaiando e este sábado será o grande dia.
A programação é esta:
Eu não vou pra mostra. Além de não confiar na resistência do meu velho carro para subir a serra, ainda estou em tratamento contra a gastrite e a esofagite e vivo limitado no que posso comer e beber. E viajar para um evento deste sem poder beliscar porcaria e dar um gole numa cerveja, pelo menos, não tem graça. Sem contar que ainda ando cabreiro, muito cabreiro, com a pandemia.
Nesta quinta-feira (7/10/21) farei o lançamento de meu primeiro livro de poemas. Intitulada “Incertezas no meio do mundo”, a obra é formada por poesias que abordam diversos aspectos do ser e estar na Amazônia urbana e contemporânea.
O lançamento será feito numa live em meu canal de YouTube, às 19h (20h em Brasília), com a participação de colaboradores no processo de confecção do material, como as poetas Zanny Adairalba, que coordenou todo o processo de produção editorial da obra, e elimacuxi, prefaciadora do livro.
Um lançamento presencial será marcado posteriormente, quando os índices de vacinação no Estado de Roraima estiverem mais avançados.
Vou deixar aqui o link da live incorporado para quem parar nesta postagem em outro momento:
“Incertezas no meio do mundo” é um livro escrito no escuro para trazer luz a situações que me incomodavam e ainda, em muitos casos, continuam incomodando. É o fruto dos meus olhares sobre diversas questões individuais e coletivas de nossa contemporaneidade.
A poeta elimacuxi afirma em um trecho de seu texto: “Com uma poesia sem rodeios, Edgar não tem pena de seu leitor e joga-lhe na cara verdades incômodas que surgem assim que se faz a ‘Decolagem’ e as ‘ideias começam a voar’... Historiadora e poeta que sou, comoveu-me a descrição do ‘museu fechado para reformas’, já que a consciência da própria historicidade nos leva à identificação com esse lugar de acúmulo de coisas do passado que, no presente precisa constantemente se repensar para seguir em frente”.
Com 96 páginas, Incertezas no meio do mundo é o meu terceiro livro. Os outros dois são de contos: Roraima Blues e Sem Grandes Delongas (Clique aqui para baixar gratuitamente).
A obra foi realizada com recursos provenientes do edital 07/2017 de incentivo e fomento à literatura, uma ação do Governo do Estado de Roraima, através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
O lançamento deste livro é a conclusão de uma jornada iniciada há alguns anos. A obra deveria ter sido publicada em 2017, quando foi selecionada no edital da Secult, mas a governadora da época não pagou.
Este ano, depois de várias reuniões entre o governo e os autores, o repasse foi realizado pela atual gestão estadual.
COMO ADQUIRIR - A obra, inicialmente, estará à venda via PIX, pela chave 95991114001, no valor de R$ 30,00, com entrega grátis em Boa Vista.
Pessoas de outras cidades do País terão acesso ao livro por R$ 35,00, incluindo o frete. Após o pagamento, os leitores devem enviar o comprovante para o whatsapp 95991114001 com o endereço de entrega.
Leia alguns trechos dos poemas de Incertezas No Meio Do Mundo:
Museu em reformas
Coleciono
coisas inúteis:
Máquinas
com fotos de pessoas que não quero conhecer
Livros
com poemas carregados de tristeza e arrogância
Que
não me levam à cama nem me engolem na
sobremesa
(...)
Sadismo metafórico
Queima,
sangra, rasga
Incomodando
o fim da tarde
Morde,
corta, arranca
Fazendo
do todo somente partes
Marca,
tatua, sinaliza
Gritando
por onde passou
(...)
Como o cheiro do suor ao meio-dia
De
todas as mentiras
Naquela
tarde escorridas
A
terceira é a mais atrativa:
É
nela que repousam a fé e
As
dores mais antigas, mais coloridas
(...)
Numa semana qualquer
Normalidade
são velhos ipês roxeando ao
Calor
de fevereiro
E
cada poça de suas flores nas ruas
Parecendo
um caneco de arco-íris
(...)
Breve orientação
Quando
faltem seis dias
Pule
neste pescoço e arranque
(Fazendo-me
gozar, por favor, por favor, por favor)
Paulo Maroti, chargista e violeiro, me chamou para participar de uma atividade organizada pela Casa Ninja Amazônia no dia 31 de janeiro.
A ideia era gravar um poema para ser exibido no ato-manifesto virtual pelas vítimas de Covid-19 no Amazonas.
Da proposta, saíram dois poemas. Este, escrito em 2020 e intitulado "Poema de verão no inverno e pandemia", é um deles, com áudio gravado por mim no celular e depois editado por ele com o acréscimo da viola.
Uma placa em uma clínica e a mente voando para afastar o medo. O que sobra a não olhar de modo diferente para as letras do cotidiano e brincar com isso?
No encerramento da XXVII Feira Estadual de Ciências de Roraima, no dia 23 de novembro de 2019, fui ao parque Anauá fazer uma intervenção poética juntamente com os poetas Elimacuxi e Vitor de Araújo (autor das imagens deste vídeo), além do cantor Paulo Segundo (que além de maravilhoso, já interpretou uma música minha em um festival, como podem conferir aqui.
Elimacuxi rodopiando feito poesia
Paulo Segundo mostrando seu vozeirão
Vitor de Araújo em estado de poesia
Li alguns textos e gravamos Carrossel Agalopado, poema que dá nome a um dos livros da poeta Zanny Adairalba. Espero que gostem.
Na feira também estava o ativista cultural Jonas Banhos e a Barca das Letras, aportando pela oitava ou nona vez em Roraima. Jonas doou livros e DVDs arrecadados para uma escola indígena de Roraima
Para minha posteridade: uma fotinha lendo poesias de Zanny Adairalba
Olha só que legal este acontecimento de julho: os alunos da oficina de teatro da Escola do Sesc Roraima interpretaram um poema de minha autoria. A dramatização de "Todos tão iguais - um poema sobre migração" fez parte da programação turística do Fórum de Presidentes de Federações do Comércio, que reuniu mais 100 representantes das entidades (Fecomércio-Sesc-Senac-IFPD) de 16 estados do País. A direção da interpretação ficou a cargo de Karen Barroso, instrutora da oficina. Abaixo, você pode conferir a performance dos alunos. Na sequência o poema. Todos tão iguais - um poema sobre migração Eu já fui lá de fora Ele já foi de lá fora E não duvide: você também já foi bem lá de fora Minha família veio de longe A família dele veio de por aí E se você pensar um pouco Sua família também não é daqui Quem é só do lavrado Se somos de todos os cantos Temos vários sotaques, várias cores Amamos vários sabores? Em um estado como Roraima Formado na base da migração Não gostar do migrante é bobagem É ódio sem lógica e nem razão Pense apenas um pouquinho Nisto que vou lhe falar: E se fosse você por aí Tentando a vida recomeçar? Como gostaria que fosse O tratamento por você recebido Xingamento, pedrada, brutalidade Ou mãos estendidas em sinal de amizade? Reflita sobre o que lhe falamos Pensem no que dizemos antes Moramos no meio do mundo Somos de todos os cantos Somos todos migrantes Eu já fui lá de fora Ele já foi de lá fora E não duvide: você também já foi bem lá de fora. ======== P.S.: Caso você não tenha visto minha fala sobre a influência da migração na literatura roraimense, dá um click aqui e vê como foi o encerramento do II Sesc Literatura em Cena, realizado em junho pelo Sesc Roraima.
A dona da dor
Esquece sua força e
Baixa a guarda.
Seus olhos, protegidos pelo vidro,
Mostram pedaços de fragilidade.
A postura continua a mesma
Por alguns segundos. De repente,
Deita a cabeça e ri. Riso triste,
Parecendo um grito de socorro.
Dona da sua dor, conversa
Sobre o presente.
Lembra do passado, desanimada com o porvir.
Escudos abaixados, coloca
As armas em riste - não esquece
Por completo a sua situação - e sorri.
Maliciosa, molha os lábios com
A ponta da língua e eu,
Que me julgava senhor,
Viro uma criança dominada
Pela dona e sua dor.
Making of:
Feito de um tiro só, numa aula de história da Amazônia no milênio passado, quando cursava Jornalismo, pensando numa conversa tida uns dias ou horas antes com uma menina que muito me atraia. Classificado e interpretado num concurso de poesia, o texto foi parar numa coletânea poética impressa pelo Sesi Roraima. A palavra dor é repetida várias vezes devido ao nome da menina: Maria das Dores.