Tem um conto e uma crônica de minha autoria na nova edição da Valittera, revista
literária dos acadêmicos de Letras da Universidade Estadual de Matogrosso do Sul (UEMS).
Os textos foram produzidos e enviados para avaliação da equipe editorial no ano passado. A turma demorou um pouco mais do que o esperado para liberar a edição, por isso as leituras citadas na crônica já foram concluídas e o conto tem aquele toque dramático pré-vacinação contra a Covid.
Independente disso, recomendo a leitura não só do meu material, como o dos demais selecionados, entre eles o escritor Gabriel Alencar, também de Roraima.
Saiu em julho e eu achei que havia publicado aqui no blog, mas esqueci impressionantemente: na edição número 34 da Revista LiteraLivre tem uma crônica minha falando sobre café.
Saiu no dia 31 de janeiro a 31ª edição da revista digital de literatura LiteraLivre. A publicação completou cinco anos de atividades e centenas de autores publicados.
Estão de parabéns pelo trabalho e eu estou muito feliz por mais uma participação na revista, desta vez com um texto chamado “Um tanto de perguntas e algo de dúvidas”.
Gente, olha que felicidade: sou o escritor entrevistado desta semana no programa Autores e Livros, produzido pela Rádio Senado e veiculado em todo o país.
Conversei com o jornalista Anderson Mendanha sobre meu livro de poemas Incertezas no Meio do Mundo, sobre o ser escritor, minha ascendência indígena, temáticas e sobre a Amazônia como fonte de inspiração.
O programa Autores e Livros é uma revista literária com entrevistas com autores, poesias, dicas de livros e também notícias sobre o mundo da literatura e as últimas publicações do Senado Federal. Está disponível no site da rádio Senado e nas plataformas de podcasts às sextas-feiras.
Também é possível ouvir o programa aos sábados, às 17h, e domingos, às 9h, (horário de Brasília) pela Rede Senado de Rádio (no caso, em Roraima na Rádio Assembleia 98.3 FM ou https://al.rr.leg.br/radio-ale/).
Inclusive foi num domingo do primeiro semestre deste ano que conheci o programa, passando no rádio do carro enquanto estava na BR 174, quase chegando na ponte do Cauamé rumo à zona rural de Boa Vista. Gostei muito do formato e desde então escuto todo semana o podcast.
Em alguns momentos eu ficava pensando: cara, seria muito legal ser entrevistado no Autores... Aí aconteceu. Quando o Anderson perguntou se topava conversar fiquei muito feliz e surpreso com o convite. Parece até conspiração do universo ao meu favor, aqueles papos de quem deseja muito consegue e tal. Seja lá o que for, fica a dica: mentalize e faça por onde.
Um texto meu foi publicado na revista Cult, na seção Lugar de Fala, um espaço aberto a leitores/colaboradores da publicação, sempre com uma temática distinta.
O tema de novembro de 2021 foi “a arte e a educação como meios para combater o racismo”. Gersika Nascimento, minha colega jornalista da UFRR me avisou, fiquei pensando sobre o assunto e em 13/11 escrevi e mandei. Dois dias depois publicaram, mas eu só fui ver agora em dezembro, quase quatro semanas depois.
No texto, uma crônica, relato uma atividade que o Coletivo Caimbé fez numa comunidade da Terra Indígena São Marcos e ajudou a fortalecer a identidade das crianças. Quem quiser ler na revista, pode acessar aqui: https://revistacult.uol.com.br/home/identificacao-ativada/.
Ou poupar tempo e só rolar a tela para ver logo aqui, na fonte do criador.
Identificação ativada
Era nossa primeira atividade na comunidade Campo Alegre, na Terra Indígena São Marcos, em Roraima. No pequeno malocão cheio de crianças com, no máximo, dez anos de idade, estávamos nós, o pessoal da capital que ia contar histórias e fazer outras atividades lúdicas.
Já havia conversado com o tuxaua sobre quais eram as etnias predominantes na comunidade. Campo Alegre, nesse então, era formada sobretudo por famílias Macuxi e Wapichana. Tentando estabelecer um elo com as crianças, falei em nossa apresentação que éramos um coletivo literário chamado Caimbé, mesmo nome da árvore característica do lavrado roraimense, e que eu e um dos meus colegas descendíamos de indígenas como elas e os seus pais.
Para estimulá-los a falar alguma coisa antes de começar a contação de histórias, perguntei:
—Quem aqui é Macuxi?
Silêncio, olhares curiosos em minha direção e para os coleguinhas. Insisti, talvez não houvesse ninguém nesse dia descendente dessa etnia:
— E quem é Wapichana?
Novo silêncio, o rosto sério nos adultos presentes e o olhar ainda mais curioso nos pequenos. Apelei.
— Quem aqui tem pai ou mãe Macuxi ou Wapichana?
Todas as mãos se levantaram, alguns falaram que o pai era de uma etnia e mãe de outra ou que apenas um dos pais era indígena. Em segundos traçaram toda a genealogia do núcleo familiar. Engatei o discurso de fortalecimento da identidade:
— Ah, que legal saber sobre vocês! E vocês sabiam que se nossa mãe ou pai é indígena, nós também somos, vivendo aqui na comunidade ou lá na cidade? Então me digam: aqui é Macuxi ou Wapichana?
Todas as mãos se levantaram, falei mais algumas coisas, meus colegas deram continuidade às ações e fomos embora depois, rumo à comunidade de Vista Alegre, repetir os trabalhos do projeto Caminhada Arteliteratura. Voltamos para a capital e retornamos duas ou três semanas depois para Campo Alegre. Era um sábado de muito vento e desta vez havia mais crianças. Quis testar se a conversa sobre identidade havia surtido algum efeito e perguntei novamente se havia algum indígena no malocão.
Todas as mãozinhas se levantaram. Sorrindo, olhei para os meus colegas e para os adultos da comunidade e insisti no detalhamento, perguntando sobre quem era de qual etnia. Um garotinho levantou as mãos para identificar-se tanto como Macuxi como Wapichana. Lembrei que na primeira visita ele não havia se identificado como pertencente a nenhum grupo e comentei isso com os adultos.
— Ah, ele chegou na casa dele, falou com os pais e desde aquele dia fica por toda a comunidade dizendo “eu sou indígena, eu sou Macuxi, eu sou Wapichana” — contou alguém, sorrindo e acrescentando que outras crianças também haviam começado a identificar-se como pertencentes às etnias.
Quando saímos rumo à próxima comunidade, estava muito feliz. Em uma terra como Roraima, onde até bem pouco tempo era vergonhoso identificar-se como indígena, ver crianças assumindo orgulhosamente essa identidade é um sinal de belas e boas mudanças. De todas as recompensas que me trouxeram as viagens do projeto Caminhada Arteliteratura, essa foi a maior de todas.
Edgar Borges é escritor, jornalista e articulador do grupo literário Coletivo Caimbé. Mora em Boa Vista, RR.
A semana fechou com uma felicidade literária: um poema de minha autoria foi premiado com o primeiro lugar na categoria Literatura/comunidade externa da Mostra Cultural do IX Fórum de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação Tecnológica (Forint) do Instituto Federal de Roraima (IFRR).
A premiação será um tablet. Estou feliz. Escrevi o poema em julho deste ano, pensando em como as pessoas querem forçar o “está tudo bem” nestes tempos estranhos de variantes e agonias.
Eis o poema:
Há normalidade
O relógio de ontem não é mais o mesmo Engasgo os minutos enquanto sinto esse sabor Esperando que tudo fosse um sonho E a normalidade reinasse E se a normalidade a reinar estivesse Que tudo se risse entre si E palhaços cambaleassem circenses na calçada É segunda, grita o meu vizinho ao seu café Não o acompanho, não acompanho ninguém Esta é a normalidade diária que sinto Me engole, me engasga, me abate Caio e finjo que continuo em pé Assim posso segurar os outros que caem Levantá-los e rir com eles Dizer-lhes que há normalidade nisso E que é isso mesmo Um dia de riso, uns dias de choro Engasgo, mas nego e digo que Há normalidade em viver assim Engolindo as horas Engolindo medos em dias sem fim
.........
Aqui é possível ver a forma bonita como o IFRR divulgou. Fizeram uma transmissão no YouTube e montaram um vídeo padrão Oscar para anunciar os ganhadores.
Achei muito bacana a estratégia. Clica para assistir, já está no ponto no qual começa a passar o vídeo:
Este final de semana será realizada a primeira edição da Mostra Picuá de Cinema e Literatura. Muita coisa vai rolar na Serra do Tepequém, inclusive a encenação de dois textos meus que foram selecionados pela curadoria e vão concorrer aos prêmios da mostra. O e-book com as obras foi liberado nesta quinta pela organização. Olha a capa:
Um dos textos é o poema “Medo, monstros e lama”, escrito em 2020. A interpretação será feita por Everton Alves e Julia Barroso. O conto “Livro de Amor” foi escrito em 2016 ou 2017 e será encenado pelos atores Felipe Medeiros , Kamylly Emanuelle e Luiza Danielle. Todos são da Cia. Criarte Teatral e serão dirigidos por Kaline Barroso. Desde que saiu o resultado eles estão ensaiando e este sábado será o grande dia.
A programação é esta:
Eu não vou pra mostra. Além de não confiar na resistência do meu velho carro para subir a serra, ainda estou em tratamento contra a gastrite e a esofagite e vivo limitado no que posso comer e beber. E viajar para um evento deste sem poder beliscar porcaria e dar um gole numa cerveja, pelo menos, não tem graça. Sem contar que ainda ando cabreiro, muito cabreiro, com a pandemia.
Boas novas literárias da semana: faço nesta quarta (10/11) a primeira sessão de autógrafos do meu livro poético Incertezas no meio do mundo.
Será às 19h, no prédio do Sesc Roraima Centro, como parte da abertura do Festival Literário de Roraima 2021, promovido pelo Sesc Roraima.
A programação do festival continua na quinta e sexta (11 e 12/11), no Sesc Mecejana.
Na quinta minhas ações serão com os estudantes da escola do Sesc.
Na sexta serão abertas ao público interessado em saber como é o processo de criação e produção de um livro de poemas.
Além de mim, estão no Festival Literário de Roraima Luciana Correa, Jáder Cabral, Ernandes Dantas E Silva, Tilho Filgueiras, Neto Freitas, Rhafael Porto, Bruno Franques, Prof. Márthns, Elivelton Magalhães, Tia Márcia, Kleber Medeiros, Isabela Rodrigues, Madalena Vaz e Odélia Rodrigues.
Essa galera toda estará dividida em várias atividades, como contação de histórias, lançamento de livros, mesa redonda, bate-papo literário e oficinas.
Boa notícia literária da segunda: estou com um poema no e-book resultante de um concurso promovido pelo Coletivo de Estudos e Pesquisas sobre Infâncias e Educação Infantil (COLEI) da FFP/UERJ.
Eu fico muito feliz quando meus textos são publicados, mesmo que não sejam os ganhadores dos concursos. Confesso que agora, revendo, creio que está até muito pessimista, sem combinar com o tema...Enfim...
Meu poema está na página 107. O nome do e-book é “Esperançar é preciso”, uma homenagem ao centenário do educador Paulo Freire. A organização é de Mariana Machado, Maria José da Silva Vaz e Heloisa Carreiro.
Neste 20 de outubro se comemorou o Dia do Poeta e tive três alegrias literárias:
A primeira foi saber que o poema “Medos, monstros e lama” e o conto “Livro de amor”, de minha autoria, foram selecionados como finalistas na mostra Picuá de Cinema e Literatura. Isso já garante que farão parte de uma revista digital editada pela organização do evento. Aí, em novembro, eles vão anunciar os ganhadores de uns prêmios em dinheiro para os três primeiros na categoria Prosa e os três da categoria Poesia. Já estou muito feliz, mas se rolar a grana, melhor ainda. Ah, Zanny também teve um poema e um conto selecionados. Casa de escritores em ação!
A segunda alegria do dia foi participar de uma ação da UFRR para comemorar o Dia do Poeta 2021. O pessoal da Coordenadoria de Comunicação Social (Coordcom/UFRR) produziu um vídeo com o meu poema "Numa Semana Qualquer", que integra o livro Incertezas no Meio do Mundo (Editora Maricota Cartonera, 2021).
Eu gravei o áudio e a edição ficou a cargo de Raphaela Queiroz. O material foi publicado originalmente nas redes sociais da UFRR e eu joguei nas minhas, além do YouTube:
Além de tudo isso, fizemos uma edição do Sarau da Lona Poética no perfil de instagram do Coletivo Caimbé, republicado no youtube. E assim chegamos ao sétimo ano do sarau: distanciados, mas ativos, nem que seja de pouquinho:
Nesta quinta-feira (7/10/21) farei o lançamento de meu primeiro livro de poemas. Intitulada “Incertezas no meio do mundo”, a obra é formada por poesias que abordam diversos aspectos do ser e estar na Amazônia urbana e contemporânea.
O lançamento será feito numa live em meu canal de YouTube, às 19h (20h em Brasília), com a participação de colaboradores no processo de confecção do material, como as poetas Zanny Adairalba, que coordenou todo o processo de produção editorial da obra, e elimacuxi, prefaciadora do livro.
Um lançamento presencial será marcado posteriormente, quando os índices de vacinação no Estado de Roraima estiverem mais avançados.
Vou deixar aqui o link da live incorporado para quem parar nesta postagem em outro momento:
“Incertezas no meio do mundo” é um livro escrito no escuro para trazer luz a situações que me incomodavam e ainda, em muitos casos, continuam incomodando. É o fruto dos meus olhares sobre diversas questões individuais e coletivas de nossa contemporaneidade.
A poeta elimacuxi afirma em um trecho de seu texto: “Com uma poesia sem rodeios, Edgar não tem pena de seu leitor e joga-lhe na cara verdades incômodas que surgem assim que se faz a ‘Decolagem’ e as ‘ideias começam a voar’... Historiadora e poeta que sou, comoveu-me a descrição do ‘museu fechado para reformas’, já que a consciência da própria historicidade nos leva à identificação com esse lugar de acúmulo de coisas do passado que, no presente precisa constantemente se repensar para seguir em frente”.
Com 96 páginas, Incertezas no meio do mundo é o meu terceiro livro. Os outros dois são de contos: Roraima Blues e Sem Grandes Delongas (Clique aqui para baixar gratuitamente).
A obra foi realizada com recursos provenientes do edital 07/2017 de incentivo e fomento à literatura, uma ação do Governo do Estado de Roraima, através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
O lançamento deste livro é a conclusão de uma jornada iniciada há alguns anos. A obra deveria ter sido publicada em 2017, quando foi selecionada no edital da Secult, mas a governadora da época não pagou.
Este ano, depois de várias reuniões entre o governo e os autores, o repasse foi realizado pela atual gestão estadual.
COMO ADQUIRIR - A obra, inicialmente, estará à venda via PIX, pela chave 95991114001, no valor de R$ 30,00, com entrega grátis em Boa Vista.
Pessoas de outras cidades do País terão acesso ao livro por R$ 35,00, incluindo o frete. Após o pagamento, os leitores devem enviar o comprovante para o whatsapp 95991114001 com o endereço de entrega.
Leia alguns trechos dos poemas de Incertezas No Meio Do Mundo:
Museu em reformas
Coleciono
coisas inúteis:
Máquinas
com fotos de pessoas que não quero conhecer
Livros
com poemas carregados de tristeza e arrogância
Que
não me levam à cama nem me engolem na
sobremesa
(...)
Sadismo metafórico
Queima,
sangra, rasga
Incomodando
o fim da tarde
Morde,
corta, arranca
Fazendo
do todo somente partes
Marca,
tatua, sinaliza
Gritando
por onde passou
(...)
Como o cheiro do suor ao meio-dia
De
todas as mentiras
Naquela
tarde escorridas
A
terceira é a mais atrativa:
É
nela que repousam a fé e
As
dores mais antigas, mais coloridas
(...)
Numa semana qualquer
Normalidade
são velhos ipês roxeando ao
Calor
de fevereiro
E
cada poça de suas flores nas ruas
Parecendo
um caneco de arco-íris
(...)
Breve orientação
Quando
faltem seis dias
Pule
neste pescoço e arranque
(Fazendo-me
gozar, por favor, por favor, por favor)