terça-feira, dezembro 29, 2020

Diálogos Literários Pandêmicos #8: histórias de livrarias e colecionismo

Na edição dos Diálogos Literários Pandêmicos desta semana, a última de 2020, conversei com o jornalista, livreiro e colecionador Antônio Bentes. Ele mostrou peças de suas coleções, falou de como entrou na vida de dono de livraria e comentou o que gosta de ler. 


Confere o papo no youtube, aproveita e se inscreva no canal pois toda segunda durante muito tempo eu tenho intenção de fazer esses encontros. 


Para ver as postagens referentes às demais edições dos Diálogos Literários Pandêmicos, clica aqui. 

Para outras coisas relacionadas ao que faço, me segue nas redes: https://twitter.com/Edgar_Borges_ e https://www.instagram.com/edgar_borges_.  

segunda-feira, dezembro 28, 2020

Diálogos Literários Pandêmicos #7: Migração, pandemia e leituras

Depois de alguns meses de cansaço mental resolvi voltar a gravar o meu projeto Diálogos Literários Pandêmicos. 
Para começar bem, chamei duas mulheres espetaculares e cheias de histórias sobre viagens e outros países: Vanessa Brandão e Simone Cabral.



Foi uma conversa muito legal, com essa dupla narrando suas experiências migrantes e falando de literatura e leituras. 
Confere aí e diz o que achou. Já se inscreve no canal pois a pretensão é fazer um desses toda semana. 


Se quiser ver postagens sobre as edições anteriores dos Diálogos, clica aqui. 
Estava chamando antes só de Diálogos Pandêmicos, mas decidi recuperar o nome original a partir desta edição e deixa o último termo para registrar que aconteceram durante a pandemia.   

Lembra disso: toda segunda, enquanto durar a pandemia e não chegar a vacina, tem encontro aqui. 

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quinta-feira, dezembro 24, 2020

Memórias de 2020 – o ano do fiquei em casa

24 de dezembro de 2020



Há anos não fazia isso de relembrar o que havia acontecido no ano findante.

Sei lá, em várias ocasiões fiz e publiquei aqui, mas tinha perdido a razão. Agora, depois de um ano jodido como este, volta a fazer sentido. Serve como que para dizer: amigo, tanta gente ficou para trás e você conseguiu fechar o ciclo. Valoriza.

Poderia falar de muitas coisas punk, como o cansaço do distanciamento social, a falta dos amigos, os nove ou dez meses que não encosto para abraçar minha mãe e ficamos falando apenas de longe, as semanas em que cheguei a pensar que a Zanny ia morrer de tão doente que ficou, mas o que pegou mesmo foi novembro e dezembro.

Foi no dia 17 de novembro que recebemos, no grupo criado só para trocar informações sobre a minha vó Maria José, uma foto dela toda feliz terminando o almoço. E logo em seguida recebemos o aviso de que estava sendo levada para o hospital após ter caído.

Está lá até agora, internada. Primeiro no Hospital Geral de Roraima, onde podíamos visitá-la. Depois no Hospital das Clínicas, onde não permitem visitas para diminuir o risco de que pegue covid-19.

Foi ainda em novembro que chegou o aviso de minha tia, a principal pessoa a tomar conta da vó, estava com covid-19, que estava começando a ter problemas para respirar, que havia sido internada às pressas.

Até hoje está internada. Já passou pela UTI, saiu, mas ficou muito fragilizada. Nos vídeos que minha afilhada manda do quarto do hospital, nota-se como a doença maltrata as pessoas.

Novembro e dezembro foram duros, mas o ano teve outros momentos, entre agradáveis e bons para serem esquecidos.

Como lembrar das coisas diferentes em um ano tão repetitivo

Dei uma navegada pelo arquivo do Google fotos para visualizar o que havia registrado e salvo no drive. Isso me ajudou a relembrar alguns momentos da ano. Foi mais ou menos assim:

Fui à praia do Curupira como nunca havia ido em 12 anos morando perto. Muitas vezes só para correr numa trilha coberta, algumas poucas para tomar banho.

Nesses nove, dez meses de isolamento, só tive encontros sociais na praça do Mirandinha, mantendo distância e sem tocar, seis vezes. A solidão social foi dura de aguentar.

Para ocupar a mente gravei poemas para o youtube, publiquei poemas nas redes sociais e desenhei cerâmicas que estavam jogadas no quintal. Me integrei a um grupo de estudos sobre literatura indígena e fiz uma disciplina de doutorado na Universidade Federal Fluminense como aluno especial.

Corri regularmente como nunca havia corrido na vida (talvez quando tinha uns 13 ou 14 anos, mas não lembro direito). 

Cheguei a ter pique para completar seis quilômetros, mas doenças, dores, cansaços e o asfaltamento de minha avenida antes solitária e de barro me fizeram diminuir e mudar a rota, baixando para um trecho tranquilo e sem gente de apenas 3,5 km. 

De acordo a retrospectiva do app Strava, corri ou pedalei 463 km, divididos entre  128 dias.

Uma anotação me lembra que comecei o ano com 73,9 quilos. Hoje me pesei depois de tomar café e estava com 73,5 kg. Cheguei aos 71,5 kg em certo momento do ano. Melhor não ter baixado tanto do que voltar a ficar com medo da diabetes.

Bem, por mês, de acordo com o drive de fotos, os destaque da vida foram assim:

Janeiro – Rolou o último churrasco do ano, na praça do Mirandinha. Participei de uma exposição de miniaturas no shopping Garden

Fevereiro – Teve viagem minha, da Zanny e do Edgarzinho ao Espírito Santo com Timóteo, Grazi e Liz Camargo. Depois teve carnaval e preparação para voltar a trabalhar, o que incluiu fazer a segunda tatuagem de minha vida.

Março – Participei de outra exposição de miniaturas e gravei um vídeo sobre isso. Voltei ao trabalho depois de dois anos afastado. Fecharam tudo, voltei para casa, de onde trabalho todos os dias desde então. Fecharam as praias, o que me levou a sair de correr na areia para correr na avenida que era de barro nessa época. Aí aumentei a quilometragem dia após dia, até chegar, meses depois, nos seis quilômetros.

Abril – parece que nada rolou, além dos Diários da Covid-19, minhas publicações relatando as primeiras semanas de distanciamento social.

Maio – Parei de escrever os Diários da Covid-19. Tudo se repetia e nada de horizontes melhores. Mal sabia que chegaríamos em dezembro com mais de 180 mil mortes pela doença no país. Editei o vídeo da primeira fase da campanha dos escritores de Roraima “Fique em Casa e leia um livro”. Fiz a primeira de duas ou três lives com Timóteo Camargo, modo que encontramos de ver-nos e conversar bobagens em segurança nessa época. Morreu o compositor Aldir Blanc, que viria a dar nome a todas as leis publicadas meses depois para lançar editais de auxílio e renda para artistas.

Junho – Começaram a cair com força as chuvas e as goteiras de casa. Senti frio em certos dias, frio de usar meia durante o dia. Fiz as primeiras lives do meu projeto Diálogos Literários Pandêmicos. Foram no instagram.



Julho – Botamos grama no quintal. Literalmente, eu e Zanny botamos a grama no quintal, carregando e montando os retângulos. Fizemos também um canteiro suspenso. Uma telha voou numa ventania noturna, começou a cair água no quarto, tive medo que o forro desabasse e estragasse o guarda-roupa. Entre julho e agosto Zanny adoeceu muito, com fraquezas, vômitos, febres.

Ficamos entre os dois resultados negativos para Covid-19, duas avaliações dizendo que era sim coronavírus e uma outra falando que era uma violenta infecção. Na dúvida, seguindo as orientações médicas, ficamos, como na canção, dormindo em camas separadas por um tempo até ela melhorar. 

Demorou e em certo momento, entre um soro e outro em suas veias e nada dela se fortalecer, cheguei a pensar em como iria criar o Edgarzinho sem a mãe.

Agosto – Colhi pitangas, acerolas e tomates no quintal. Recebi as minhas cópias dos livros do concurso literário que ajudei a organizar na UFRR. Teve um sarau on-line para lançar as obras. Publiquei muitos poemas nas redes, me incomodei com as goteiras na sala.

Setembro – Colhi tomates e pepinos. Vi o rio Cauamé subir e descer várias vezes. O carro quebrou mais uma vez. Acho que foi um furo no radiador. Das outras vezes a bateria acabou e um aro vazou óleo e ficou sem freio (isso voltou a acontecer em novembro ou dezembro, mas em outra roda. Sinal de que devo trocar esse meu bichinho).

Outubro – Fui júri de dois concursos literários no Sesc Roraima. Também fui um dos selecionados para o time de escritores que participou da versão on-line do Festival Literário do Sesc. Fizemos uma edição do Sarau da Lona Poética no encerramento do evento. Foi pelo youtube, o que nos estimulou a sair do instagram para reunir a turma na outra plataforma.  Dei uma entrevista via gravação em casa para a Band Roraima sobre o dia do livro.



Novembro – Comecei a gravar o podcast Macuxicast com o LuizValério e a Zanny. Participei da edição 2020 do Festival Literário de São Gonçalo (RJ), ganhei charges minhas do Lindomar Bach e revistas da Tribo da Justiça do Rapha Porto, arrisquei dividir uma praia com os amigos, fiz Sarau da Lona Poética, vi minha tia e vó serem internadas, ganhei a terceira publicação seguida de poemas meus na revista eletrônica de literatura Literalivre.

Dezembro  - Retomei arealização dos Diálogos Literários Pandêmicos, agora no you tube, fui selecionado em dois editais das leis Aldir Blanc do município de Boa Vista e do Estado de Roraima, o carro quebrou de novo e já agendei fazer mais um conserto em janeiro. 

Fizemos a mais longa edição da Lona Poética até agora, com 3h30 deduração. Também fui selecionado para ser parecerista cultural de uma secretaria de cultura de outro estado. Agora só falta me cadastrar.

Hoje é 24 de dezembro. Falta uma semana para o ano acabar. A vacina já está mais perto, não tanto como queria, mas perto.

Não tenho muitos sonhos para 2021. Só quero que minha família não sofra e que eu tenha foco para me dedicar mais à minha carreira literária. O restante é rotina.

Ah, quando lembrava ia anotando o que estava lendo e vendo.

Ficou essa lista de livros, HQs, séries e filmes (só os que consegui ver por inteiro). Não entram aí os inúmeros vídeos que vi no youtube sobre história da música na América Latina, sobretudo sobre salsa. Também não entram artigos e livros científicos. Que se jodan.

Então, o que você compartilhou, sem saber, comigo de leituras e vídeos?

Quase todas as séries, livros, filmes e afins que vi em 2020

Séries

1. Ascenção do Império Otomano
2. Unbreakable Kimmy Schimidt
3.
The Good Place
4. Drácula
5. Paradise DP 2t
6. Brooklin 99 6t
7. Titans 2t
8. Altered carbon 2t
9. Modern Family t 1, 2, 3, 4, 5, 6,7,8,9,10
10. Barbarians
11. La Revolution
12. Archer t 11

13. Por trás daquele som – t 1 e t 2

14. Rompan todo: La historia del rock en América Latina


FILMES
1.Hobbes and Shaw
2. Wonder Woman linhagem de sangue
3. 1917
4. Cães de guerra
5. Get Hard
6. O elo perdido
7. Operações Especiais
8. Um amor, mil casamentos
9. A leí da noite
10. Al son que me toquen, bailo
11. Atomic blondie
12. Senhor Estagiário
13. Resgate
14. Doc O mundo sem ninguém - AL
15. Doc As cidades mais incríveis do mundo antigo
16. Doc A grande história: humanos carnívoros
17. Loco por vós
18. American made
19. Doc Império Mongol
20. Focus
21. Liga da Justiça Sombria
22. Justice League Dark: Apokolips War 
23. Te quiero, imbecil.
24. No andaba muerto, estaba de parranda
25. Eurovision - festival da canção
26. Parker
27. O homem que mudou o jogo
28. Milf
29. Power
30. A lenda do cavaleiro sem cabeça
31. Origens Secretas
32. Afonso Padilha, alma de pobre
33. GDLK
34. Broken city
35.
The Devil all the time
36. Enola Holmes
37. Superman, o homem do amanhã
38. Superman Red Son
39.
O Halloween do Hubie
40. Ya no estoy aquí
41. Protegendo o inimigo
42. The man from U.NC.L.E
43. Matrix
44. A última cartada
45. Lanterna Verde
46. Troco em dobro
47. Bronx
48. Teocracia em vertigem -  porta dos fundos

LIVROS

1. Greenland - entre dois mundos, HQ de Bia Cruz
2. Histórias Brasileiras de Verão, Luís Fernando Verissimos.
3. ,Hilda Hilst
4. Capitães da areia, Jorge Amado.
5. 6. Contos reunidos, Moacyr Scliar
6. Faca, Ronaldo Correia de Brito
7. Ideias para adiar o fim do mundo, Ailton Krenak


HQs 

1. Coringa, de Brian Azarello
2. Constantine, a fagulha e a chama
3. Demolidor, anjo de guarda
4. A espada selvagem de Conan, a coleção, n° 1. 160 pág.
5. V de vingança
6. Batman que ri
7. O Cortiço
8. Pílulas Azuis
9. Tribo da Justiça 1 e 2
10. Dilbert – Já não lembro mais se somos muquiranas ou espertos


sexta-feira, dezembro 18, 2020

Na V Bienal Internacional de Guarulhos do Pequeno Formato, a V BIG

Gente, este dezembro tive a felicidade de inscrever e ser selecionado como um dos artistas participantes da V Bienal Internacional de Guarulhos do Pequeno Formato, a V BIG. 


Participei com as fotografias “Alegria, alegrai” e “Acolhimento”, que são registros de minha avó Maria José, e “Cruz de Flor”. 

As obras foram publicadas no perfil de Instagram da V BIG nestes links:

Alegria, alegrai!

Acolhimento

Essas fotos de minha avó tem um significado especial para mim, pois foram feitas na noite de 16 de novembro, um dia antes dela cair, quebrar o fémur e ser internada no hospital. Até agora, 18 de dezembro de 2020, vovó ainda não foi operada nem liberada. 

Cruz de flor




Além desses links para as minhas participações, é possível conferir todos os participantes no blog do evento. Do lado tem o nome dos participantes. 

Esta não foi a primeira vez que me meti a artista plástico na vida. Vem ver aqui:

Em 2012 Participei de um concurso de artes visuais promovido pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). A ideia era selecionar obras no formato horizontal, baseadas no tema “Do olhar ao tocar: Intervenções na paisagem”, para  compor o calendário 2013 da instituição. Fiz um trabalho e ele foi parar no calendário da instituição. 

Aqui a história. 


Em 2014 me meti a fazer arte postal e até fiz um tutorial sobre o tema. Estava bem inspirado em participar da exposição  "1964-2014: 50 ANOS DE ARTE CONTRA O ESTADO". 

Aqui você pode conferir o que foi, como, quando foi.


Em  junho de 2015, como parte do I Simpósio em Educação Ambiental, rolou uma exposição também na UFRR. Minha obra selecionada foi uma escultura, feita juntando um monte de coisas velhas que tinha em casa e colocando-as dentro de um invólucro de plástico transparente, como se fosse um saco. O nome foi “Guarda. Vai que...”.


Ainda em 2015, no mostra que fez parte do I Seminário de Patrimônio, Arte e cultura na Amazônia: a educação patrimonial em foco, fiz também uma montagem de coisas transformadas em escultura. 

A escultura era formada por tijolos do prédio histórico do Hospital Nossa Senhora de Fátima, o  primeiro do estado, construído no começo do século passado em Boa Vista. O nome eu curti colocar: “Aqui havia um hospital”.

Essas foram minhas aventuras públicas no mundo das artes visuais. Durante a pandemia me meti a pintar pedaços de cerâmica. Até que uns ficaram bonitos, mas é muito trabalho e parei de fazer. 



segunda-feira, dezembro 07, 2020

Minha participação na 24a edição da revista Literalivre

Olá, meu povo. 

Feliz que só pois novamente participo de uma edição da revista digital Literalivre. 



Esta é a 24a edição, referente aos meses de novembro e dezembro de 2020. Fui selecionado com um trabalho que mistura fotografia e poesia falando de mordidas e amanheceres. Essa mistura de imagem e texto eu chamo sempre de fotopoema. 

Clica nos links para ler a revista. 

Issuu ou  Drive (leitura e Download) ou ainda no Calaméo

O meu fotopoema está na página 44.



sábado, dezembro 05, 2020

Egressos e progressos: o podcast do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRR

O Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Roraima (PPGL/UFRR) tem um projeto de podcast no youtube. 

É o “Egressos e progressos”. Feito com base em gravações dos mestres formados pelo programa, em novembro de 2020 tinha 10 depoimentos disponíveis.

A ideia é falarmos dos nosso temas e trajetórias para, acho, inspirar outras pessoas a fazerem pós. 

O meu episódio é esse aí. Escrevi, treinei e gravei no celular. 

Depois mandei e o povo do PPGL editou a entrada e final. 

Espero que gostem:

 

Uma outra versão do que gravei aí pode ser conferida nas edições do meu Diário de um Mestrando. 

Para ler, clique aqui. 

quinta-feira, dezembro 03, 2020

Entre angústias, rotinas, lágrimas, atos e silêncios (Crônica)

 Quinta. A vida continua aqui. Pessoas planejam coisas numa aula-reunião infinita.

Lá, na UTI do hospital, uma tia luta pela sua vida. O inimigo é o coronavírus. Apenas quatro anos mais velha que eu, é a mais próxima de todos os meus tios, mesmo estando há muitos anos distanciados pela rotina, pela naturalidade de cada um ter seu caminho próprio para seguir.

Sandra, seu nome. Descobri ano passado, depois de quase três décadas, que os meus gibis antigos não haviam sido presentes dela. Eu simplesmente os pegava e levava de Boa Vista para a Venezuela sem avisar, achando não sei porque que estava tudo bem. Ela me contou, ao ver o seu nome na foto de uma capa de um exemplar dos Novos Titãs da Abril, que ficava pensando “onde foram parar as minhas HQs?”.

Quinta. A vida continua para um monte de gente. Vejo na TV comerciais chamando para festas de forró e corridas de motos. Nas redes sociais vejo convites para eventos de literatura em bares e fotos de ontem mostrando que não há tempo ruim para quem pensar em viver intensamente a vida em tempos de covid.

No hospital das clínicas, minha vó está isolada da família há três dias. Quebrou o fêmur no dia 17 do mês passado. Estava no HGR e lá conseguíamos vê-la. No HC não tem nada isso. Prevenção da Covid-19, cuidados com a contaminação trazida pelas visitas, só os acompanhantes têm direito a ver o paciente.

Vó e tia, em um momento recente de relativa tranquilidade

A vó tem 94 anos. Viveu muito desde que saiu lá da beira do rio Uraricoera. O que sou, o que tenho, o que vivi, devo muito a ela, mãe da minha mãe, suporte familiar de todos nós, os mais jovens, seus filhos, netos e bisnetos.

Sabe a tal da “gratidão”, palavra tão desgastada pelo seu uso automático e sem pensar que virou clichê para tudo? Tenho por ela. E muita. E amor também.  

Mas, além de gratidão e amor, hoje tenho angústia. Vó e tia (justo a tia que gerenciava os cuidados com a vó) internadas. Minha mãe, com os nervos em caco pela situação. A filha de minha tia, minha afilhada, caindo de tanto nervosismo... O quadro é feio, pesado, negativo e complicado na família.

Família. Há quem ajude e há quem aproveite momentos assim para alegar mágoas antigas e descontentamentos recentes para não fazer nada, não dizer nada, olhar apenas, como se um filme tudo fosse... O silêncio é revelador de caráter em momentos assim. O silêncio nem sempre é um “estou pensado como agir”. Em situações assim é mais um “danem-se vocês. Eu tenho coisas mais importantes a fazer hoje, como reclamar e me isentar”.

Quinta, tem alguém falando no computador sobre coisas que mal ouço, terminei dois projetos culturais, estou escrevendo isto que você achou longo demais e o pedreiro está lá fora refazendo uma calçada que as chuvas do boiaçu, do caju, não sei do que, levaram.

Quinta. A vida, aos tropeços, continua. Entre angústias, rotinas, lágrimas, atos e silêncios reveladores sobre a essência das pessoas.