Mostrando postagens com marcador reflexão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador reflexão. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, março 03, 2016

Meditação, bobagens, invejas e afins...

Horas meditando nas encostas do Himalaia me ensinaram que é bobagem ter inveja dos outros e ainda mais bobagem ter inveja por coisas bobas, como dinheiro e aparentes sucessos profissionais.
 
Ainda mais quando quase tudo isso é bobagem. E cá estou, compartilhando de graça o que aprendi na vida. 

A única coisa que poderia valer a pena invejar por alguns minutos é aquela sua amizade que está dando uns pegas naquela figura que você um dia quis pegar.
 
Mas depois de alguns minutos, convença-se: já que não foi você, teria que ser alguém. Que sejam as amizades.

quinta-feira, outubro 23, 2014

Sabe a chuva?


Sabe essa chuva, seu moço? Se eu fosse supersticioso e acreditasse nessas coisas que ficam acima da gente, diria que tem alguém no céu chorando antecipadamente pelo tipo de governo que nosso estado terá nos próximos quatro anos.

E, seu moço, se eu fosse supersticioso, ficaria na dúvida entre escolher se o choro era do criador ou de alguma criatura dele.

Agora que o senhor falou sobre minha opinião sobre o possível tipo de governo, lhe digo: não tenho poderes mentais de adivinhação, não, seu moço. Que é isso? Como posso saber o que vai acontecer? Se eu soubesse, aí eu seria obrigado a acreditar nessas coisas que ficam acima da gente. Ou abaixo, né?

Seu moço, eu só acho que o passado da gente fala muito. Por isso que eu escondo o meu, sabe? Tem coisa que faço questão de não lembrar nem em sonho. Mas esse povo, seu moço, tem história demais de feias publicadas por aí. E eu leio, moço, ouço, até vejo umas de vez em quando. Dá uma dó bem aqui no meio dos peitos saber o que acontece cada vez que fazem coisa ruim e a gente paga por eles...

É que esse povo não é supersticioso, sabe? Se fosse, não se meteria em tanta ação feia. Antes disso, ficaria só fazendo o bem, com muito medo dessas coisas que ficam acima da gente. Ou abaixo, né?
E, seu moço, cuidado com essa chuva, viu? Ela pode não ser choro, mas dá uma tristeza imaginar que fosse...

sexta-feira, outubro 03, 2014

Da possível gestão cultural no futuro governo de Roraima e meus medos sobre ela



Duas coisas que venho pensando há dias e quero compartilhar antes de domingo:

A campanha está acabando e eu li muita bobagem e muita coisa interessante escrita pelos eleitores dos candidatos aos cargos majoritários.

Percebi um ponto em comum: damos, me incluo, muita importância a quem vai ficar nos postos de governador e presidente e acabamos sem  fazer uma análise mais apurada do tipo de congresso que o Brasil precisa. Os senadores e deputados federais (e os estaduais também) são os nomes que de fato mandam no país. Qualquer reforma, qualquer lei, qualquer iniciativa  dos gestores passa pela câmara e pelas assembleias.

Então, para que votar em pessoas que não estão comprometidas com um Brasil melhor, mais justo, menos opressor? Escolher ruralistas, fundamentalistas religiosos, gente que compra voto descaradamente, gente que é parlamentar há décadas e nunca apresentou projetos ou defendeu ideias relevantes, representantes do grande capital e outras linhas afins não vai ajudar nada na construção de um país diferente. 

Mas isso é óbvio, né? Tão óbvio que estou com medo que as pessoas esqueçam e reelejam os piores e elejam os mais vazios...

Bem, essa era a primeira coisa. A segunda tem a ver com política cultural. Ou melhor, com as propostas (e a falta delas) de gestão cultural dos candidatos ao governo de Roraima. 

Não vou comentar as propostas de Hamilton (PSOL) para o setor por absoluta falta de conhecimento do que propôs para o setor. Dito isto, vamos para a minha opinião sobre:

Chico Rodrigues, candidato à reeleição pelo PSB: o fato da Secretaria Estadual de Cultura ter ficado sem titular durante quase três dos cinco meses de gestão do atual governador já pode dizer muito sobre a relevância do setor para ele. 

Li um folheto com as suas propostas para a próxima gestão e a única referência a cultura era criar um Fundo Estadual de Cultura. O problema é que ele vai ter que fazer isso de todo jeito, pois faz parte do pacote assinado com o Ministério da Cultura há anos. 

Quer dizer, não apresentou nada de novo, nada de proposta. 

Isso ainda não é o que me incomoda mais em seu governo. Pior mesmo é prever que a Secult continuará inoperante, pensando e atuando como se ainda fosse uma divisão da Secretaria de Educação, sem buscar capilarizar suas ações, ensimesmada nas práticas de gestão que remetem ao antigo Território Federal de Roraima, tempo dos projetos aprovados no balcão para os amigos e compadres. Cadê editais, programas, propostas de antenar-se mais com a linha seguida pelo Governo Federal? 

O que me dói é que participei de tantas ações pressionando o governo pela criação da Secult e deu nisso...
Enfim, vamos para Ângela Portela (PT). Deixaram em minha caixa de correios um folheto com suas propostas. Ela, salvo engano, elencou quatro ou cinco ações para o setor de cultura. Me deu um desânimo quando vi que a mais destacada era fortalecer a lei de incentivo, focada na renúncia fiscal. Quer dizer, mais do mesmo tipo de fazer cultura? O produtor/artista vai ter que continuar a bater perna para conseguir no mercado o apoio aos seus projetos? Vai seguir na linha do que já vem sendo feito há anos?

Ah, sim. As demais propostas estão todas previstas no Plano Nacional de Cultura, discutido, aprovado e sendo tocado pelo Governo Federal.

Mas isso não me incomoda tanto quanto a possibilidade de Ângela colocar à frente da Secult algumas figuras locais que se ligaram ao PT para conseguir cargos e vantagens no setor, mas que nunca atuaram para valer se não fosse para garantir um naco a mais no jantar de gala. Fiquei imaginando a turma montando seus feudos nas verbas da Secult e mantendo a gestão empacada como sempre...mas é claro que isso deve ser má vontade minha, encrenqueiro que sou por não acreditar na boa fé destas pessoas.

Fechando, vamos para Suely Campos (PPS). Confesso que não vi suas propostas, mas como tive contato com ela durante o tempo em que foi vice-prefeita de Boa Vista e lembro dela do tempo em que foi primeira-dama, vou deduzir: deve colocar para gerir o setor aquela turma de gente antiga, que nunca ouvir falar de participação democrática, que pensa em seu grupo primeiro e cobra apoio a toda eleição, que nunca pôs os pés numa conferência de cultura, que ignora o processo que está em andamento no Brasil desde a gestão de Gilberto Gil à frente do MinC. 

Ou seja, de todas as possibilidades, a pior é a Suely e sua turma assumirem o governo. Chega dá arrepios pensar nisso, imaginando o tipo de comportamento que, tomara, não tenham os futuros gestores do setor.

No mais, é isso: não espero muito dos ainda candidatos quando assumirem. E espero estar muito, muito, muito errado em minhas leituras de contexto.

terça-feira, novembro 05, 2013

quarta-feira, agosto 14, 2013

Notinha sobre o papel do criador no mundo pós-moderno das ações colaborativas

Totalmente bipolar, sou da turma do “vamos fazer juntos, pois juntos é mais gostoso” e a favor da autoria reconhecida, principalmente em trabalhos coletivos. Apoio dar créditos para quem faz e ignorar quem só quer entrar com o nome e ganhar o elogio.

Gosto de parcerias em um jogo de igual para igual, sem locupletações. Sou a favor do remix, do Creative Commons, de compartilhar livremente mas também sou a favor do criador (pelo menos tentar) viver de sua criação, pois ele é o começo de toda manifestação e não pode ser desprezado por tentar valorizar-se, mesmo que seja que isso pareça arcaico, industrial e nada pós-moderno. O criador não morreu. Pelo contrário, é a mola que move o sistema, seja o estabelecido ou o a ser construído.

Também curto toda iniciativa de mídia livre, principalmente as voltadas ao setor cultural, pois é abrindo espaços que mais gente pode ser feliz vivendo de seu trabalho na tal economia criativa.

Para fechar, reforço que sou bipolar e detesto essa onda de “ou você está 100% conosco ou você está contra nós”. Afinal, o mundo não é todo preto ou todo branco. Tem muito área cinza para caminhar.

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Sobre dias não tão bons


Foto: Edgar Borges
Sabe? Há dias em que o tempo custa a ficar bom. 

E não estou falando da noite cair e levar para outra lugar esse sol que insiste em queimar até a minha alma. Falo assim condensando todas as metáforas da vida para as horas em que tudo parece correr mal, em que tudo é mau...


Me vejo no espelho, lembrança de ontem. Mesmo com tudo querendo, não caio. O chão é duro e as pedras machucam, prefiro sofrer em pé, buscando na relatividade o consolo: sempre haverá alguém em situação pior. Ou então: poderia ser pior, então para que reclamar tanto, para que sentir-se tão mal, para que desistir, mesmo que o futuro seja a morte?


É um pessimismo com uma boa dose de esperança, acho. Mas posso me enganar e tentar te enganar, pois acho mais que a desesperança é a última que morre, logo depois de pegar a esperança pelos cabelos e, rindo, afogá-la numa poça de lama na rua mais distante da cidade.


Sim, isso pode ser meio tenebroso, meio “ui, o que aconteceu de ruim?”, mas é necessário mesmo algo acontecer para acreditar na falta de algo bom vindo pelo caminho? Ou a lógica do “seremos felizes pois somos bons e trabalhamos” é o que conta, mesmo quando não se conta nos dedos algo de bom?


Não, não estou bêbado nem penso em atirar em minha cabeça. Depressão é para os ricos, eles podem pagar os médicos, os remédios, o tratamento completo e fazer sua rehab em paz. Eu escrevo e sai bem mais barato. Não resolve nada, é vero, mas se é para contar a alguém o que sinto, que seja ao silencioso papel, esse que aceita tudo o que lhe dão...
 

Sabe? Há dias de tanto calor e tanta poeira nas ruas que o futuro parece ser uma redação borrada pela chuva que ainda não caída.

terça-feira, janeiro 08, 2013

Pensando alto sobre as redes que embaralham 2013

8.036 tweets...

É esse o número que acumulo neste começo de ano no meu perfil no Twitter. Se tudo é meu, se tudo é autoral? Não. Não tenho tanto a escrever. Tem muito replique, muito comentário sobre as bobagens ou coisas legais que os outros escrevem, muita citação de música.

São 17h35 no relógio do computador e 17h29 no celular. De toda forma é quase hora de ir embora. 

E o Facebook, o que tenho lá? Complicado dizer, mal consigo achar (aliás, não consigo achar) os links que curti ontem para visitar hoje...

Essas redes sociais são complicadas. Me tiram a atenção. Contribuíram para que deixasse largado o meu querido blog...pensando bem, sou do tempo em que rede social era a que se deixava na varanda para servir às visitas...

2013 já vai para o nono dia, no décimo Edgarzin completa cinco anos e eu ainda não fiz um inventário sobre o bom e o ruim de 2012. Talvez não faça, talvez tudo se resuma em dizer "sobrevivi". 

Não há planos consolidados, não há fantasias, não há nada. O que será, será ao acaso? 

(Se multiplicar 8.036 tweet por 140 caracteres cada, resulta em 1.125.040 caractares. Mais de um milhão mesmo que nem todos estivessem no máximo. Daria um livro)

Não há poesia em ficar preso ao vício cibernético. Há submissão mental. Esse é a base das redes sociais...mas quem disse que a submissão não é gostosa?

2013 já embalou. Farei um livro? Um livro de que? Poesia? Prosa? Até quando? Preciso dos prazos, preciso ser poupado de prazos, preciso, preciso, preciso. 

Viver não é preciso, sentenciou Pessoa há décadas. Ainda há quem confunda com 'viver não é necessário'. 

No webplayer rola Bob Marley dizendo "my feet is my only carriage". 

A hora da fisioterapia se aproxima e devo entrar em minha carriage e ir até o consultório esticar para a esquerda, esticar para a direita.

Mais uma consulta ao twitter, uma checada no Facebook (acho estranho as pessoas falarem apenas "Face", estranha mania de cortar o nome de tudo pelo meio) e o tempo voou. 

Não há 2013 que sobreviva a tanto desfocamento. É hora de fazer algo radical, do tipo passar um dia sem checar as redes sociais...mas e o perfil do trabalho, como ficará? Malditas redes e sua atração fatal...

quinta-feira, outubro 04, 2012

Uma cidade desmanchando


Está cada vez mais complicado dirigir nos horários de pico em Boa Vista. Falta engenharia de trânsito, sobram buracos e má educação. Os guardas e as campanhas educativas contínuas sumiram.

Está cada vez mais complicado admirar a natureza em Boa Vista. Falta educação ambiental, sobre gente avançando sobre os igarapés e poluição. 

As políticas culturais inexistem. Cidade criativa é um termo ouvido ao longe em programas da TV paga. Preservação do patrimônio material e imaterial é coisa de gringo que não tem o que fazer. Quando se faz, faz-se festa, pura e simples, sem deixar nada para o outro dia.
 O sistema de transporte coletivo é caótico e ineficiente. A gestão pública atingiu seu ápice de incompetência. O grau foi tão elevado que ninguém quis ligação com a administração vigente, nem a chapa cuja  candidata a vice é do partido do prefeito.

Chegou-se a tal ponto que a principal promessa é “reerguer, revitalizar, renovar, restaurar” Boa Vista. Tudo focado em tapar buracos e limpar ruas. Estão oferecendo o básico quando deveríamos estar à espera de projetos de desenvolvimento sustentáveis para todos os setores. Mas não foi assim e é pelo básico que estamos desesperados.
A cidade está desmanchando diante de nossos olhos. E isso não é uma metáfora.
Na perifa, o medo do roubo, do furto, do assalto é uma constante, sobretudo nas horas de ir e vir da escola, do trabalho.
Na perifa, o pouco que se faz no centro não reverbera. A perifa está à própria sorte e os meninos estão cada vez mais armados, mais furiosos, achando que tudo de bom não é para eles e por isso devem pegá-lo à força do facão. Eles não sabem que todos estão descontentes, menos os grupos que sempre se dão bem, alimentando e sendo alimentados pelo dreno da corrupção.
Uma hora essa bomba estoura de vez.

Os culpados? Diretamente: os governantes e seus assessores, os dirigentes, os parlamentares, especificamente os aliados de hoje e de ontem, que não cobraram eficência, pois estavam ocupados fazendo qualquer coisa menos cumprindo suas obrigações.

Indiretamente: a população do “deixa-pra-lá” e do “toma-lá, dá-cá”, os indiferentes, os aproveitadores, os que acham que é assim mesmo, os que não percebem que o buraco está crescendo e uma hora todo mundo vai cair.

Independente do resultado desta eleição, boa sorte para todos, sobretudo para os que vamos continuar dirigindo no trânsito infernal, usando o sistema público de saúde e de educação, procurando emprego ou tentando montar negócio, esperando políticas públicas para setores fundamentais ao progresso coletivo.

Tomara que a boa sorte chegue antes da cidade sumir em meio a tanto descaso.

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Rumo ao 21° aniversário de vida em Roraima

23 dias sem escrever no blog. Talvez ninguém tenha sentido falta. Afinal, ninguém reclamou...

O fato é que só criei coragem para sentar e digitar algo por conta de meu próximo aniversário de moradia em terras brasileiras. Dia 3 de fevereiro, nesta sexta-feira, completo 21 anos fora da Venezuela.

Lembro que cheguei de Guasipati em um domingo quente, como todas as segundas, terças, quartas, quintas , sextas e domingos de fevereiro. A rua da nossa casa ainda não era pavimentada (isso aconteceria um ano depois, com a prefeitura primeiro colocando paralelepípedos. O asfalto só veio em 2010), e a poeira invadia todos os espaços da casa, da alma, da vida.

Acho que em alguma postagem já falei sobre isso, mas não consegui achá-la. As dores nas costas também não ajudam na concentração necessária para buscar com calma esse material para colocar o link de referência. E vamos combinar, inexistente leitor, que você não ia clicar nele.

Inexistente leitor é um termo interessante, né? Talvez seja errado. Talvez seja melhor inexistente leitor comentarista. Não que eu possa ser a palmatória do mundo. Quando posso/consigo/me lembro de visitar blogs dos conhecidos e desconhecidos, nem sempre comento.

Bom, mas o foco hoje é falar dos 21 anos de minha vida em Roraima. Ando de mau humor com a vida e a vida me retribui da mesma forma. Devo esclarecer que o problema começou com ela. Eu sempre a aceitei do jeito que vinha, acreditando que o amor à vida começa achando que tudo poderia ficar pior mas está bom mesmo assim.

A vida, no entanto, tem sido sacana. Sabe aquela namorada ou namorado que você, inexistente leitor ou leitora, curte pra caramba mas ele ou ela só te bota guampa (bá, termos gaúchos saindo, tchê!) e mesmo assim você continua babando? Então...esses somos eu e a vida. Eu ali, quieto, fazendo de tudo para querê-la e ela ali, fazendo mal a quem só lhe quer bem.

“Ai, como estás dramático!”, pensarás, caro inexistente. “Vai ser feliz, olha o que você conseguiu, o que você é, o que você tem e tals”, acrescentarás, explicitando e denunciando tuas leituras de livros de autoajuda.

A conta não se equilibra, respondo-te, seco, com vontade de aceitar como válida a máxima “a grama do vizinho é sempre mais verde”.

Para resumir minha decepção com vida, fico com a parte financeira. Afinal, o bolso e o cartão são as partes do corpo, depois da coluna, pescoço e braços, que mais doem em mim há uns dois anos. E como o corpo é uma organicidade, a dor de um vai gerando dor no outro, em um ciclo vicioso que só não me joga na depressão porque não tenho tempo nem espírito para ficar depressivo.

Ok, o foco são os 21 anos de Roraima...já contei como foi a viagem da Venezuela para cá? Nunca? Não vai ser hoje também. Minha coluna já começou a chiar, reclamando dessa história de fazer postagens longas em um computador que não está ergonomicamente ajustado para minha situação de portador de três hérnias, lordose e outro troço que agora esqueci.

Vou desafiar a dor e continuar, mas em tópicos, citando algumas coisas boas que fiz nestes 21 anos.

1.Terminei o ensino fundamental, médio (com uma reprovação e várias recuperações), duas graduações e uma especialização.
2.Escrevi um livro digital, outro impresso, publiquei em vários países, em vários jornais, revistas, sites e blogs.
3.Amei algumas mulheres de bem e de mal, não todas as  que gostaria, não todas as que me atribuem, não todas as que poderia.
4.Tive um filho que me surpreende com suas frases poéticas e assusta quando tem crises respiratórias.

(Vou mudar o foco da lista, enfiando coisas ruins também.)

5.Estudei muito mas não me foquei em coisas mais produtivas, como um concurso público para um emprego que pagasse bem. Ou capacitação para abrir um negócio.
6.Ganhei em 2010 o diagnóstico de 3 hérnias e outras coisas ruins na coluna. Isso me deixou com pouca margem para trabalhar tranquilo e ganhar grana afim de bancar o elemento do item número 4.
7.Viajei para alguns lugares interessantes.
8.Pedalei em alguns lugares interessantes.
9.Fiz trilha em alguns lugares interessantes.
10.Conheci algumas pessoas interessantes e muita gente com a qual não vale a pena conviver (passo mal só de estar no mesmo espaço).
11.Virei representante da turma da literatura da região Norte junto ao Ministério da Cultura, integrei o sindicato dos jornalistas de Roraima, fui do Diretório Central do Estudantes da UFRR, montei um coletivo literário, fiz teatro.
12.Nesses 21 anos sofri muito com o calor de Roraima. Essa foi uma constante. Calor me irrita. Neste fevereiro, além da alta temperatura, apareceu a poeira de vários meses sem chuva. A cidade está horrível.
13.Senti muito tédio.
14.Abri este blog, no qual é possível, para o desocupado leitor inexistente, achar boa parte de minha vida registrada em fotos, comentários, links, matérias de jornal e postagens.
15.Fiz o bem como ativista da cultura e da literatura. Quero fazer mais, mas fazer o bem custa caro em tempo e em dinheiro.
16.Ganhei alguns prêmios literários, de jornalismo e até de cinema.
17.Ganhei muitos desafetos.
18.Escrevi para ti, meu leitor inexistente.

Bem, podeira falar de outras coisas mas não estou com vontade, tempo e concentração. O lance era apenas deixar registrado no blog que sexta-feira, 3 de fevereiro, completo 21 anos de Roraima. Vou comemorar indo pro samba, pro rock e para onde os (poucos mas seguros) amigos me levarem.

Beijos na bunda e até outro dia de coragem.

domingo, outubro 16, 2011

Sobre o futuro shopping de Boa Vista

Não entendo a matutice das pessoas que falam ou escrevem a toda hora sobre a construção do futuro shopping como se fosse algo fantástico. Todas dizem que será uma maravilha, que Boa Vista precisava disso, que agora sim somos uma capital, blá, blá, blá.
Caramba, bando de gente obtusa que confunde crescimento econômico de alguns com desenvolvimento social da maioria: Boa Vista precisa de mais escolas, de políticas públicas integradas para todas as áreas, principalmente a cultural, de gestão financeira séria, de planejamento, do poder público olhar para a periferia e arrumar as ruas, abrir bibliotecas, consertar as lâmpadas, criar ações de capacitação profissional, de menos firula com coisas que nunca dão certo, como a Área de Livre Comércio e a tal ZPE, e outras que são pura ilusão, como saúde e segurança 100%.
Se todos os que falam do shopping com os olhos brilhando de emoção pela expectativa de passear dando voltas olhando vitrines se dedicassem a falar um minuto por dia sobre desenvolvimento social, aí com certeza teríamos algo a comemorar. Seria o começo da criação de uma consciência cidadã. Afinal, de nada adianta você ter grana no bolso ou no banco para comprar roupas caras em um ambiente refrigerado se o mundo ao redor está desabando ou sendo usado para alavancar a riqueza de alguns.

Ou alguém acha que o shopping não vai ganhar uma pá de benefícios fiscais e afins para seguir em frente? E além disso, alguém já parou para pensar nos impactos ambientais (geográfica, biológica e socialmente falando) que o empreendimento vai trazer à região onde for instalado?

segunda-feira, abril 26, 2010

Dias azedos de abril

Os dias continuam pesados em minha aldeia. Se por alguns momentos a tranquilidade aparece, na sequência surge algum novo problema ou um desdobramento de questões que ainda não estavam resolvidas.
 
Abril, até agora, só trouxe de bom a chuva, nada fora isso. Estou propenso a crer em inferno astral e superstições desse tipo. Já estaria acreditando se soubesse como funciona e quando termina essa história. Como desconheço essa relação e a internet está muito lenta para fazer pesquisas, vou esperando apenas abril acabar e ver se o fim do mês é igual ao fim da urucubaca. Meu desejo é que as águas de maio sejam mais fortes que as caídas até agora, lavem tudo e levem essa maré de sorte contrária.

Para ajudar as águas de maio, ando lendo poesia. Devorei duas edições da revista literária Coyote, presentes do confrade Ademir Assunção; li “Um brinde a três amigos”, do paranaense Nilton Bobato, um pouco de Octavio Paz e uma coletânea de hai kais e tercetos de Mário Quintana. Vou agora para a Autofagia, revista editada em Minas Gerais pelo músico Makely Ka. Depois, planejo cair sobre contos africanos e a segunda infância de Manoel de Barros.

Minha esperança era a poesia me ajudar a encontrar soluções, alternativas para as encruzilhadas do quarto mês do ano. Por enquanto, vou só confirmando que a poética é um pouco inútil para questões mundanas. Ajuda apenas a esquecer um pouco os perrengues e a pensar como seria bom ter lido mais, viajado mais, experimentado outras construções literárias. Acho que é isso: a poesia apenas inquieta, mas não te ajuda a resolver nada.
 
Arg...abril me deixou azedo. Espero que maio venha doce.

quarta-feira, março 17, 2010

Êêê, bom...estamos aí


Depois do retorno de Brasília as coisas ainda não se acalmaram. Muita demanda para ser suprida, mudança de horários, alteração de rotas, tarefas que se acumulam de um lado para fechar algumas na outra ponta.

Viagens são legais, mas quebram todo o ritmo do cotidiano. Quer dizer, quebrar o cotidiano é bom. O problema é que você volta fora do eixo e demora a se ajustar.
 
Tenho um bocado de folhetos, cartões e outros materiais para ler e tentar aproveitar alguma coisa em Boa Vista. Antes disso teve o Dia Nacional da Poesia 2010, cujas fotos você pode conferir clicando aqui e indo parar no blog do coletivo Arteliteratura Caimbé.  Agora tenho que acertar uns editais, umas provas da vida e a preparar a exibição (novamente) do filme Remanescente das Sombras, do companheiro Alex Pizano no bairro 13 de Setembro. 
 
Bom, deixa eu ir bem ali ver se agilizo minha vida e a de um outro povo que tá no aguardo..

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Nem tanto ao mar nem tanto à terra



 
Apesar de ter estudado isso quando cursava Sociologia, ainda acho estranho quando empregados (isto é, vítimas do processo da mais-valia) tomam as dores dos patrões, transformam-se em raivosos cães de guarda e os defendem de toda e qualquer crítica, seja ou não merecida.
 
Também acho estranho, mas dando risada, quando pessoas vociferam contra tudo ou quase tudo que acham de ruim no mundo. Um olhar mais aprofundado e percebo que estão fora daquele círculo de influência do impacto de suas palavras. Ou seja, fica mais fácil criticar quando não se tem nenhuma relação com o objeto criticado. Sem ser tocado, é maior a moleza, né?

Sou do termo ponderado, da banda dos nem tanto ao mar nem tanto à terra.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

domingo, janeiro 03, 2010

Em 2010?






Calçada no Centro de Boa Vista



Quero a classe de um blog escrito com estilo português.


Quero domingos de paz, música e ventos frios à sombra.


Quero beijar nos becos, debaixo de pés de cajus, ouvindo pássaros alegres.


Quero lembranças, quero o presente.


Em 2010...


Quero ser lido, quero ser ouvido, quero ser amado e, se alguém quiser, detestado.


Quero lembrar de Neruda escrevendo “es tan corto el amor y tan largo el olvido”.


Quero rir com(o) um índio, quero mergulhar em igarapés à sombra de buritizais.


Quero mais quem 2009.


Em 2010...


Quero a liberdade das não coincidências, dos acasos do destino.


Quero tropeços, quero pedras, quero flores, quero morros silenciosos, quero o lavrado susurrante.


Quero mais América Latina, mais raiz, mais origem, talvez até um reencontro com Pacha Mama.


Ah, 2010, o que queres me dar e o que querem outros de ti?

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Início de boa semana

Chove desde ontem em Boa Vista. As manhãs estão agradáveis, com um ventinho frio prendendo as pessoas na cama. O céu está nublado, prometendo mais chuva, meu teclado continua com a tecla O defeituosa desde que o Edgarzinho a arrancou e a poeira das rua abaixou.

Esta semana vou receber un$ que a negada me devia faz um tempaço, o que deve ajudar a continuar desequilibrando as contas para um saldo positivo. Falando nisso, a próxima delas é a festa de dois anos do índio mais gato desta imensa maloca que é Boa Vista.




O pequeno rei da maloca vai para os seus dois aninhos em janeiro.


Fora isso, só de ter o notebook funcionando novamente já fico feliz. Se tivesse viajado nas férias teria sido bem melhor, claro. Não deu. Falta de planejamento que se tornou providencial. Ene pepinos para resolver, coisas para arrumar pois estavam desarrumadas havia muito tempo, coisas da vida doméstica para regularizar.

Agora vou bem ali, talvez no Twitter falar rapidamente sobre qualquer coisa, talvez na rede da varanda para curtir a manhã em fase doméstica antes que as férias acabem.

sábado, dezembro 05, 2009

Dezembro em Roraima...
Quente, a cidade transpira no calor. As praias dos rios aparecem e ocupam mais espaço que as águas.
Lá, fora desta lan onde escrevo, a luminosidade é insuportável. Os meus óculos quebrados não ajuda em nada a superar isso. É o preço de morar no meio do mundo.
Aqui, eu, que estou de férias na cidade, penso na velocidade da mudança ao ver prédios e casas antigas serem derrubados em um piscar de olhos e novas construções surgirem.
A história de um município de 119 anos pode ser contada por um prédio que tenha seis décadas, ou seja, metade da idade de Boa Vista. Mesmo que muitos não entendam isso.
A chegada do meio-dia deixa as pessoas nervosas. Como o cara escreveu na revista Trip, o clima influencia o humor dos boa-vistenses. O meu com certeza é diretamente coordenado pela temperatura.
O clima leva os moradores de Boa Vista a vestir sempre roupas leves. Menos os advogados e os servidores do Judiciário e do MPE, que adoram aquelas roupas de quem mora nas regiões frias.
E sofrendo no calor horrível que faz nesta calma cidade que adoro, ainda há quem me pergunte o motivo de gostar tanto de shortes, bermudas e camisetas. Será que é difícil entender que a roupa ideal para Roraima é essa, com no máximo umas havaianas? Ainda mais quando falam com um índio?
Preciso plantar novas árvores na maloca...

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Paz e amor, mas nem tanto...





Desde que o indiozinho nasceu, em janeiro do ano passado, tenho tentado andar numa linha paz e amor com o mundo. Afinal, não quero ninguém fazendo tocaia para deixar meu pemonzinho órfão.
Adotei a seguinte metodologia: tentar zerar a ironia e a irritação causada por atos de estupidez, mau caratismo ou incompetência alheias. Achava que tinha conseguido fechar o ano sem ganhar novos desafetos, mas acredito que me enganei.

A primeira leva de informação sobre o insucesso veio no final do mês passado, durante uma conferência de comunicação. Como não deixei uns caras assinarem a lista de presença depois que havia encerrado o prazo, não votei em umas pessoas para delegado e cortei a palavra de umas figuras que não eram delegados ou observores no evento, lá apareceram as primeiras caras feias.

Depois veio minha atuação como jurado de um concurso de jornalismo local. Lá pelas tantas, assim sem querer, a organizadora contou que havia falado meu nome a uma das concorrentes e a fulana teria dito “Aquele lá que vive de mal com o mundo? Vai dar zero pra todos!”. Eu, de mal com o mundo? A pessoa mais pacífica e amorosa que conheço depois de minha vó Maria José? Imagina se não estivesse na fase paz e amor, o que essas figurinhas não pensariam de mim...

Mas o grande barato foi ontem, no encerramento da II Conferência Estadual de Cultura de Roraima. Além da irritação habitual que causo nas pessoas quando discordo delas (incrível como isso acontece, principalmente se faço isso com aqueles que “têm muito tempo de estrada”, são “representantes de segmento” ou “já fizeram muito por Roraima”), apareceram duas figuras tentando dar o golpe do João Sem Braço em um dos Grupos de Trabalho da conferência.

As duas figuras, integrantes do Fórum Permanente de Cultura de Roraima – do qual ainda penso em fazer parte mas me desanima cada dia mais por ver que está sendo transformado em trampolim de interesses pessoais -, simplesmente ignoraram a vontade do GT e mandaram propostas a mais para serem votadas na plenária.

O povo que fazia parte do GT estranhou, pediu para parar, afirmou que aquelas não eram as propostas nem o número amplamente acordados e aí apareçam as explicações dos mediadores:

- Acho que houve falta de comunicação. O que nós falamos foi em priorizar quatro e não somente mandar quatro para votação, disse um.

- Gente, se essas propostas não forem votadas, isso vai prejudicar o Plano Estadual de Cultura. Nós não podemos deixar somente essas, disse a outra.

Palavras vão, palavras voltam, apareceu uma moção de repúdio à atitude desavergonhada da dupla. Eu fui o primeiro a assinar.

Lá na hora de votar a moção, um delegado que havia sido o primeiro a falar em falta de respeito ao GT levantou-se, falou em questões pessoais, blá, blá, blá, defendeu o direito de defesa da dupla e trabalhou suas palavras para convencer o povo a não votar na moção.

A mediadora, que pela frase anterior sabia o que estava fazendo, veio, fez carinha de choro e pediu desculpas à platéia, que havia sido sem intenção, que aquilo e o outro. Enquanto falava, lembrei de um debate que havia rolado semanas atrás no Fórum sobre o comportamento da mesma na organização da Conferência de Comunicação. Comportamento este que havia motivado a sua expulsão-retirada-exclusão da comissão da Confecom para que o primeiro suplente assumisse o seu lugar e alguém do fórum trabalhasse.

Para justificar o motivo do fórum nunca haver sido comunicado oficialmente de alguma das coisas que estava fazendo, como havia entrado na comissão e desde quando, começou do mesmo jeito, dirigindo-se a mim, que havia levantado essas questões:

- Peço desculpas se nunca o fiz...

Bá, isso que é modus operandi eficiente. Do mesmo jeito que convenceu a galera do fórum de suas boas intenções, convenceu a turma da conferência de cultura e menos de um terço das pessoas que haviam assinado a moção votaram pela sua aprovação.

Resultado, pedir desculpas faz bem ao estilo.

Essa história resumida você pode ler aqui neste blog. Mas bem resumida mesmo.

Eu, como não vivo pedindo desculpas por aí, sei que vou apenas ganhando desafetos por esse mundo de meu Deus. Já pensou se ainda estivesse no estilo irônico “bateu-levou”? Pior, já pensou se eu me importasse um centavo com os sentimentos dessas figuras em relação a mim?

E só lembrei de falar disto pois uma moça que conheci dia desses me disse que o meu jeito é irônico e um pouco ácido. Sinal de que o estilo "Ed paz e amor" ainda não foi percebido pelas pessoas ou então estava apenas me enganando com o sucesso do mesmo. 


Mas bá, vamos falar de coisas boas, pois de gente, ops, coisas ruins o mundo está farto:


A artista plástica Mari Faccio leva sua exposição “Anjos” para a Galeria Franco Melchiorri, no Espaço Cultural Amazonas Brasil, no Centro de Atividades SESC, no Mecejana. O acervo reúne quadros pintados com tinta acrílica sobre tela, fica aberto à visitação até o dia 11 de dezembro. Vai lá, se tu mora aqui em Boa Vista. Tudo lindaço e muito colorido, bem no espírito da Mari.

quarta-feira, agosto 19, 2009

Dependendo da hora



Há dias em que me dá uma vontade falar com pessoas que não vejo há tempos. Nesses dias lembro de você. Não sei o motivo, mas lembro de você. E quando te vejo, me perco três segundos em ti e a vontade passa.



Há dias em que perco a fé na humanidade. Daí penso que o mundo poderia ser pior e me tranquilizo.



Há dias em que penso em mandar todo mundo àquele lugar. Se não fosse a educação que mi madre me dio, lo haria sin problemas. Maldita educación.



Há dias em que siento ganas de besar la primera boca que por ventura aparecer na minha frente. Lamentablemente solo me salen cosas horribles y por eso me quedo quieto, bien quieto.




Quieto. Hay dias para estar quieto y hay dias para puro movimiento. Exatamente como os movimentos dos seios da minha vizinha recém-casada quando sai de casa às 17h para sua sessão diária de exercícios. Pura maldad. Pura mentira, pura verdad.


Que no me lea nadie. Que no lo lea nadie. Que nunca me vea nadie. ¿Qué vamos a ganar con tanto y con tan poco?

quarta-feira, julho 15, 2009

Fim

No último momento pensou em tudo o que poderia ter feito. Comparou com as suas realizações, acrescentou os momentos de felicidade e somou.
Que se danassem a dor e o desconforto de morrer idoso e doente na cama de um hospital. Sua vida havia sido bem vivida.