Mostrando postagens com marcador amor. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador amor. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, janeiro 18, 2017

Das pisadas com salto alto no coração e outros lugares

Tem coisa mais linda no mundo que uma mulher usando elegantemente apenas sapatos de salto alto, sem nada a mais de vestimentas que atrapalhem a sua contemplação?

Se tem, sei não, nunca vi. Talvez uma mulher indo dormir usando apenas algumas gotas de perfume, mas isso é outra história.

Um salto alto eleva a beleza de toda mulher muito mais que aqueles centímetros aparentes.

Quem já viu seu amor da vida ou o amor da vez usando apenas sapatos de salto alto, sabe do medo e da atração que aquilo causa.

Quem já sentiu um salto sendo cravado em seu peito sabe quantas emoções se misturam nessa hora.

Sabe que figuras de linguagem não traduzem bem certos momentos.

(E se ela pisar no meu amor e o quebrar? E se decidir pisar em outros lugares também? Bah, vem mas não deixa marcas...ou deixa?)

Quem já viu seu amor da vida ou da vez afastando-se lentamente, fazendo cada pisada  ecoar pelo quarto-sala-corredor-coração, sabe que certos sons fazem a pulsação aumentar quase tanto quanto aumentam as dores de quem fica sozinho, sem ser pisado por salto alto.

Quem já viu a silhueta de seu objeto de desejo aparecendo só de salto alto na porta do quarto sabe que pisadas no coração e no peito nem sempre machucam. Pelo contrário, são muito bem-vindas...


Sapatos na feira de São Francisco, Boa Vista -  RR. Foto: Edgar Borges

Eu sei como pisar
No coração de uma mulher

Já fui mulher eu sei
Já fui mulher eu sei
(...)
Para pisar no coração de uma mulher
Sapatilhas de arame
O balé belo infame

CÉSAR, Chico.

sexta-feira, março 08, 2013

Pelo Dia das Mulheres 2013

Começando em Eva ou em Lucy (o fóssil feminino mais antigo já encontrado, caso não saibam), passando pela minha vó Maria José e dona Neide, minha mãe, chegando na patroa Zanny e encostando nas minhas queridas amigas reais e virtuais, eu acho as mulheres o melhor fruto da evolução e da criação. 

E isso mesmo quando estão de TPM, essa pegadinha orgânica sem graça. 

É por isso que hoje e todo dia para mim é dia da mulher. Flores para vocês, que curto pra caramba, e a letra do compositor guatemalteco Ricardo Arjona, que traduz melhor o meu pensamento.

Mujeres 
(Ricardo Arjona) 

 
No se quien las invento
No se quien nos hizo ese favor tuvo que ser Dios
Que vio al hombre tan solo y sin dudar lo penso en dos
En dos
Dicen que fue una costilla
Hubiese dado mi columna vertebral por verlas andar
Despues de hacer el amor hasta el tocador y sin voltear
Sin voltear, sin voltear
Y si habitaran la luna
Habria mas astronautas que arenas en el mar
Mas viajes al espacio que historias en un bar
En un bar, por que negar
Que es lo mejor que se puso en este lugar
Mujeres, lo que nos pidan podemos
Si no podemos no existe
Y si no existe lo inventamos por ustedes
Mujeres, lo que nos pidan podemos
Si no podemos no existe
Y si no existe lo inventamos por ustedes
Mujeres
Que hubiera escrito Neruda
Que habria pintado Picasso
Si no existieran musas
Como ustedes
Nosotros con el machismo, ustedes al feminismo
Y al final la historia termina en par
Porque en pareja vinimos y en pareja hay que terminar
Terminar, terminar

quinta-feira, janeiro 10, 2013

Cinco anos de história com Edgarzin

Quantos anos você tem? 


 O moleque apareceu há cinco anos, às 13h55. Lembro bem da hora pois era exatamente o momento em que deixava o meu apartamento para ir ao segundo trabalho da época. Cinco minutos para as 14h e ainda chegava cedo.

O guri chegou depois do almoço, mas a bolsa estourou pelo menos umas doze horas antes. A mãe dele acordou, fez um vídeo com a máquina fotográfica contando que a bolsa havia estourado, bebeu água, foi me acordar e quando estava levantando, fazendo uma flexão de braço, me avisou:

- Pode ficar dormindo mais um pouco. Acho que ainda vai demorar.


Voltei do meio da flexão. O vídeo mostra isso. A preguiça e a calma tomando conta dos pais. Lá pelas 3 da madrugada ligamos para o médico, explicamos como estava a situação e nos mandou ir para o hospital às seis. Chegamos às sete, depois de passar no mercado São Francisco para comer alguma coisa.

- Vou comer, sim. Depois que entrar lá vão deixar sem alimento e ninguém sabe que horas o bebê vai nascer, previu a mamãe.

Lembro que meus pais já estavam no hospital quando chegamos, naquela aflição do primeiro neto, resultado do único filho. O velho Juca ficou o tempo todo do lado de fora e só entrou depois que confirmaram que o menino estava vivo, bem e no berço. Um avô covarde a gente descobre assim...

Resumidamente, foi assim que rolou, exatamente numa quinta como hoje, a quinta dos cinco anos.

Muita água já passou por debaixo da ponte dos Macuxis, muita chuva já molhou o quintal. O menino é bom, bate palma pra ele, como se canta na roda de capoeira.


Primeiros dias

Tem um humor próprio: há dias em que já abre os olhos sorrindo-me, noutros não me quer, só à mãe, noutros já acorda perguntando onde estou. Sorri por nada como se o mundo dependesse disso e fica de cara feia na mesma rapidez. É capaz de largar a comida que passou horas pedindo para ficar desenhando no computador de onde vai, literalmente, expulsar a mãe pois o seu desenho é muito importante, é seu trabalho e não é legal que o atrapalhemos.

Fiz-lhe um blog no wordpress que alimentei durante a gravidez e nos primeiros meses de nascido. Depois o transformei em dois marcadores das Crônicas da Fronteira (Edgar Bisneto e Paternidade). Mais homenagem que isso só se dedicar-lhe o próximo livro de contos que teimo em tentar escrever.

 Gasto com ele mais do que gastei comigo a vida toda e alimento a piada:

- Se um dia ele me dizer 'tu nunca fez nada por mim ou tudo o que tenho foi fruto de meu trabalho', jogo-lhe na cara as faturas da escola, plano de saúde e afins.

Nossa relação é bipolar: tem dias em que ele só quer estar perto de mim e eu quero paz, noutros sou eu que busco sua atenção e ele só me responde com 'uhus' e 'espera, pai, espera'.

Adoro quando começamos a discutir conceitos sobre animais, dinossauros, universo e outras coisas que ele vê na TV ou estudou na escola. Adoro mais quando lhe pergunto “tem certeza” e ele me olha, vira para a esquerda e diz “tenho”. O meu pequeno homem, cheio de energia para fazer o seu mundo.

Adoro ser pai desse moleque. É meu grande amor e não tenho nenhuma vontade de dividir este sentimento com outros filhos. Um é bom e suficiente, ainda mais em um mundo no qual faltará água em breve.

Meu lado racional nessa relação é dominante: não fantasio um mundo perfeito com ele. Seu nascimento me trouxe perrengues a gerenciar todos os dias e a sensação de que sempre será uma corrente de responsabilidade a não me deixar voar arbitrariamente por aí. Dito de outra forma: ser pai me traz tanta alegria quanto limitações. E eu odeio tudo o que me limita (menos ele, fique claro).

Para fechar, que hoje tem bolo e adoro bolo, repito: adoro ser pai desse indiozinho e descobrir o mundo com ele.

quinta-feira, junho 24, 2010

Coisas do Twitter
 
Entre uma coisa útil e outra, tenho perdido muito tempo de meu dia no Twitter. O troço é viciante mesmo. A parte boa é que de vez em quando redijo uma frase interessante ou engraçada (acho eu).

Aqui, algumas delas, como foram tuitadas ou com leves alterações.

1. Se você nunca leu Gabo Márquez, José Saramago ou Conan, O Cimério, por favor, para de me seguir. Não temos nenhum tweet em comum.


2. Bem,ninguém deixou de me seguir. Isso quer dizer que todos já leram Gabo Márquez, José Saramago ou Conan, O Cimério. Feliz pela boa companhia.



3. Os deputados de Roraima continuam firmes na sandice de investir na criação de novos municípios. Se os atuais estão quebrados, o que será dos novos?

4. Peraí... 3 pelo preço de 1? RT @gilvancostarr Sistema FAERR/SENAR contrata repórter para TV, Rádio e Impresso.

5. Os VTs do PSDB nacional avisam: quem tem história, faz a diferença. Por isso que vejo a Era do Gelo 1,2 e 3 com livro de arqueologia ao lado.

Vou destacar estas, pois não são minhas e merecem ser vistas com atenção. São frases do livro O Amor nos Tempos do Cólera

6. "Aprovecha ahora que eres joven para sufrir todo lo que puedas, que estas cosas no duran toda la vida." (Gabo Márquez, sobre dores de amor)

7. “Lo único que me duele de morir es que no sea de amor.” (Gabriel Gárcia Márquez)

segunda-feira, junho 07, 2010

Conversa inútil


- Os meus interesses não batem com os teus. Você só me suga, tira meu dinheiro, não me dá atenção. Por tua conta, fico no escuro, sou maltratado, vivo no buraco. Enfim, você só me usa.

Desatento a todo o discurso, o prédio da Receita Federal ficou mudo, como sempre ficava nestas lamúrias de contribuinte.

terça-feira, maio 18, 2010

Som



Balbuciou alguma coisa parecida com “acho que isso não está certo”, mas logo calou, respondendo aos beijos do melhor amigo de seu marido.

segunda-feira, julho 13, 2009

Som



Balbuciou alguma coisa parecida com “acho que isso não está certo”, mas logo calou, respondendo aos beijos do melhor amigo de seu marido.

quinta-feira, junho 25, 2009

Boa Vista ficando mais velha



Há quase 119 anos, num distante 9 de julho, o governador do Amazonas
(àquela tempo, Roraima era parte do gigantesco Estado do Amazonas), Augusto Ximenes de Villeroy, elevou a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo da Boa Vista do Rio Branco, pertencente ao Município de Moura, à categoria de Município. Na década de 1930 é que passou a chamar-se definitivamente Boa Vista. Naquela época, tudo chegava por barco.




O desembarque era feito no
porto do cimento, aí onde fica o banco de areia na parte central da foto, feita nas primeiras décadas do século passado. Subindo o barranco, chegava-se à sede da fazenda que originou a cidade. Na sequência, fechando o triangulo, à esquerda ficava a Igreja Matriz e à direita a Intendência. A cidade, pequenina, acabava logo em seguida.


A foto colorida tem uns dois anos de feita e é do fotojornalista Tiago
Orihuela. No lugar do porto do cimento, a Orla Tauamanan, erguida sobre o antigo barranco. Sobreviveram daquela época alguns prédios, entre eles a sede da fazenda e a igreja Matriz. A cidade, como se percebe, cresceu um bocado, principalmente na década de 1980, quando milhares de garimpeiros baixaram por aqui atrás de ouro e diamante.
Mas isso é outra história, para outro post.




E nunca diga que o blog Crônicas da Fronteira é somente diversão para
gente desocupada. Aqui nois fala de história também.


É vero que também falamos bobagens com jeito de coisa séria. Por isso, aproveitando o gancho, vai no Orkut e te liga nas comunidades mais importantes dos últimos tempos:


Eu leio Crônicas da Fronteira (que pelo nome você pode deduzir o tema, inteligente leitor) e Eu conheço/adoro o Edgarzinho (Não é sobre mim. Ninguém gosta de mim a ponto de fazer comunidade amorosa. É sobre o meu filhotinho índio. Dele sim, todo mundo gosta. Até quem não gosta de mim.)


quarta-feira, junho 10, 2009

Quarta, 10 de junho de 2009


Um ano e cinco meses.



Objeto de meu pleno amor, causador das minhas dívidas, ausência das minhas eternas dúvidas.

quinta-feira, março 26, 2009

Mais uma dose

Lembro-me como se fosse agora, como se tivesse acontecido no começo desta frase. Era uma da manhã e o bar estava quase vazio. A luz amarela realçava a fumaça dos cigarros e tornava os ocupantes das demais mesas seres desfocados.

Pedi mais uma dose. O dono do boteco disse que estavam fechando. Pedi mais uma dose. Ele repetiu a ladainha:

- Estamos fechando. Já é quarta-feira e até eu tenho que acordar cedo.

E eu perguntei alguma coisa sobre a vida dele? Ele por acaso não tinha percebido que um homem bebendo até de madrugada no meio da semana só possui três opções de vida: estar desempregado e depressivo, ser um bebum assumido (com ou sem grana) ou então sofrer do mal do amor não correspondido?

- Mais uma dose, por faaavoor, repeti, enfatizando bem a última palavra da frase.

De cara feia, o dono do bar não trouxe a dose e sim a conta. E eu pedi a conta? Se por acaso eu tivesse preocupado em pagar estaria pedindo mais uma?

Depois disso, só lembro de ver o seu João, 55 anos, havia 20 à frente de seu boteco, estirado no chão. Igualzinho às cenas de cinema, o sangue escorria de sua cabeça partida por mim com a cadeira de ferro que ele insistia em não trocar por outra mais confortável. Depois veio a polícia, a fuga, a prisão, a condicional, um novo amor, uma nova decepção e mais uma dose.

Lembro-me como se fosse agora...

terça-feira, março 24, 2009

Rotina


Um dia, acordou cansado da vida que levava. Decidiu não tomar o café de sempre, na cadeira de sua casa de sempre e foi comer na pastelaria duas esquinas à frente. Encontrou lá a que seria o seu feliz amor se acaso ela soubesse que o destino os havia definido como amantes eternos.

Ela não sabia e não se preocupou em saber. Estava demais ocupada rindo com o seu amor concreto e presente.

Nessa manhã, e em muitas outras até o último de seus dias, ele continuou cansado da vida que levava.

terça-feira, abril 22, 2008

Matemática


Preciso de um amor. Ando solitário demais, disse, aparentando aflição.


Mas você vive trocando de amor. Foram quatro nos últimos meses, retrucou o amigo. E lembra que sempre foi você quem decidiu terminar para ficar sozinho.


Pois é, gosto dos números e amores ímpares, falou, enquanto olhava sério para o copo à sua frente.

terça-feira, abril 15, 2008

Coragem


- Alô, a Bruna está?


Agora vou falar para ela como a acho bonita e gostosa. Quer dizer, gostosa não vou falar. Pode ficar chateada se falar tão claramente a verdade, mas que ela é um pedação de morena, ah, isso ela é. Vou convidá-la para ir tomar um sorvete no final do expediente e vamos ver o que rola. Ah, se ela deixar vamos de beijo na boca hoje. Aliás, que droga de beijo na boca. Eu quero é beijar o cangote dela, morder suas costas, passar a mão no bumbum, sentir todos os seus cheiros, tomar banho pelado, fazer o mundo girar até de manhã. Ai, Deus, se ela topar, hoje vou te dar um alô no paraíso e volto logo em seguida pra terra. Hum, se ela soubesse como esse sorriso e esses olhos me encantam...aposto que ela sente a minha vontade de beijá-la cada vez que a vejo passar por...


- Oi, é a Bruna!


- Oi, Bruna. É o Davi. Tô te ligando para lembrar que hoje é o último dia de entregar as freqüências do pessoal de teu setor. Falou? Abraços. Tchau...


terça-feira, abril 08, 2008

O trio

Chegaram os dois juntos, após acordar que aquela situação não era mais suportável, e disseram à menina:


- Seguinte, esse papo de lábios compartidos, tipo a música do Maná, não é legal. Agora você ter de escolher um dos dois para ficar!


- Verdade, não dá para ficar nessa situação. Ou ele ou eu! Nada mais de ficar dividindo teu tempo entre os dois.


A moça, linda, olhos amendoados negros, cabelo no meio das costas, boca daquelas que geram imediatamente a vontade de beijar, fez uma careta de desgosto, bebeu um pouco mais de seu guaraná com açaí e disse, docemente:


- Que tal ficarmos juntos, os três, ao mesmo tempo?


Silêncio...


Um cochicho, cabeças balançando e a réplica dos rapazes:


- Só se for com chantily e morango...

quinta-feira, setembro 27, 2007

Paixões afiadas

Depois de passar semanas negando, não teve como esconder que estava amando. E era uma paixão feroz, daquelas que deixam marcas, que arroxeiam.
A sorte dela era sua pele morena, menos sensível às marcas que se destacam nas moças brancas depois de uma sessão amorosa mais exaltada.


Para seu azar, entretanto, sua melanina estava dissolvida na mistura do pai negro e a mãe branca. Sendo assim, as marcas da paixão eram visíveis no seu ombro direito naquela manhã de quinta, expondo-a às piadas e perguntas indiscretas dos colegas.

Obviamente, nada que a faça desistir de seu amor de unhas mal cortadas e dentes afiados.

segunda-feira, maio 21, 2007

Amores fumantes


Ela perguntou, em tom já visivelmente irritado:

- Você não está mesmo percebendo nada de diferente em mim?

Ele, preparando-se para o pior, respondeu hesitante com outra pergunta:

- Éééé... alguma coisa de maquiagem ou nas roupas?

Mostrando seus cabelos, ela disse:

- Se você prestasse mais atenção em mim, teria percebido que fiz mechas na cor tabaco! Mas você não olha direito!

Para livrar-se de qualquer pena, ele contra-atacou:

- Meu amor, é claro que tinha percebido. Tava só brincando contigo. Vem cá pra te fumar todinha, vem...

quinta-feira, maio 17, 2007

Amor com capuccino


Ela disse, chateada:

- Não consigo esquecer dele. E não é por achá-lo lindo, pela elegância que transborda ou pela forma sempre gentil com que me tratou.
- É pelo sexo então?
- Não. Adorava fazer sexo com ele, mas também adorava ficar apenas sentindo o seu coração bater.
- É pelo dinheiro, pelos presentes?
- Pára com isso. Sou mulher de depender de homem para ter alguma coisa? Sou rica de terceira geração.

Irritado, ele perguntou:

- Pô, então o que é que esse sujeito tem de tão especial?

Suspirando, ela respondeu:

- Ai, acho que é por causa daquele maldito capuccino expresso que ele me entregava na cama todo dia ao acordar...

segunda-feira, março 19, 2007

Discussões de amor


No final da briga, quase certo de que aquele era o fim do relacionamento, ele não resistiu e tentou fazer um último e desesperado apelo para não ser abandonado:

- Meu amor, você quer mesmo me deixar?
- Quero! Sai da minha vida!
- Meu amor, que poderá te fazer feliz e te entender como eu? Eu, que conheço como a palma de minha mão cada estria e celulite de teu corpo?

(Deixo aí o espaço dos comentários para que cada um escreva o final da história: vocês acham que isso é apelo que se faça?)

................
19 de março, dia de São José. Reza a tradição católica, herança da colonização nordestina no Estado de Roraima, que neste dia sempre chove. E se chover, é sinal de que o inverno será generoso com os agricultores. Neste ano, quase não acontece, mas choveu às 17h30 em Boa Vista. E assim sempre foi nos anos anteriores, dando ao povo o mesmo crédito que se dá aos serviços de meteorologia.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Estudando lembranças


Estou fazendo um trabalho sobre memória, coletando recordações de idosos sobre o cotidiano de Boa Vista. Nunca fiz nada parecido, nunca havia lido sobre a parte teórica de entrevistar pessoas e conseguir delas relatos sobre como era a sua vida quando jovens.

Tenho que ler Agnes Heller, Éclea Bosi e Michael de Certeau para começar. Já passei pela primeira, estou com Bosi. Gosto do que leio, é instigador, quase poético.

De repente, não sei como, viajo para 1992, volto para 1990, retorno a 1992/93, relembrando cenas aparentemente desconexas, mas que se relacionam e trazem à minha mente meninas das quais gostei quando era um garotinho de 13, 14 anos.

Lembro de um beijo dado com os rostos entre os vidros da janela da sala de aula, lembro que a prima da garota beijada deixou de falar comigo, lembro que era ela quem eu de fato queria beijar; ela o sabia, mas a outra se adiantou...
Uma era loira e outra tinha cabelos negros. Todos estávamos na sétima série. Logo depois fui embora da cidade. No primeiro ano que passei no Brasil, a catira, que é como chamamos na Venezuela as mulheres loiras, morreu atropelada. 

Um ano depois, quando fui visitar minha antiga cidade, fui na casa da morena deixar meus pêsames e ela não foi cortês comigo, pediu que fosse embora se já havia terminado, parece que ainda estava chateada comigo. Qual é o nome dela, meu Deus? Só me lembro que era branca, também faz aniversário no dia 4 de junho, como eu e era prima de um grande colega meu à época. Putz, como é que o cara se chamava mesmo?.. Juan Carlos Gonzales, me relembra uma anotação em um velho caderno.

Lembro de outra menina da sétima série. Lembro que a olhava demoradamente, apesar de lembrar que sempre olhava um monte de garotas demoradamente. Aliás, timidez é uma porcaria. A gente só olha; conversar, que é bom, nada. Quando tentamos, que conversa ridícula costuma sair. Essa menina era morena clara, cabelos claros, irmã de um colega desses que a gente encontra na praça de cidades pequenas para conversar sobre o nada. Qual era o nome deles?

Lembro que nos primeiros anos em que estava morando aqui, me contaram que ela havia sido atropelada. Ela e a menina loira que me beijou pela janela da sala de aula estavam juntas no acidente. Três anos depois de ter vindo morar aqui, nos encontramos na rua da Alcaldia de Guasipati. Ela lembrou do meu nome. Eu, apenas de seu rosto. Trocamos duas palavras e tchau. 

Aliás, sempre fui horrível para guardar nomes. Mesmo o daquelas meninas que me chamaram a atenção quando eu era um moleque que se encantava a cada semana por uma pessoa diferente.