segunda-feira, janeiro 31, 2005

Reflexões de segunda

Quem zomba do perigo é valente ou idiota?
Quem foge do perigo, é covarde ou precavido?
E se, em vez de zombar ou de fugir, o fulano fingir que não é com ele, como pode ser definido?

sexta-feira, janeiro 28, 2005

A morena desce a ladeira

Lá vem a morena, descendo a ladeira. Pensativa, como todos os dias a esta hora, enquanto olha o rio no final da rua e parece relembrar praias, festas, a adolescência bem vivida.
É mais um final de tarde, final de expediente. Pena que hoje é feriado e ela não vai receber nenhum extra pelo serviço. Mas isso agora já passou. Quem sabe da próxima?
A morena já dobrou a esquina. Do outro lado, olhares a seguem. Ninguém sabe assobiar para conseguir chamar a sua atenção. De repente, de trás do balcão surge um megafone. Passa de mão em mão e quando alguém descobre como usá-lo, ela já está distante, passando em frente à casa dos padres. E apesar de o mundo estar quase perdido, ainda há respeito pelos representantes da religião.
E então, como se fosse um passe de mágica, no mesmo momento em que a morena abre o portão de sua casa e olha para trás, o sol parece concentrar sua luz somente nela, ofuscando quem a acompanhou em pensamento.
É hora de esperar o final de outra tarde na ladeira.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Betão, o roqueiro light

Betão, metaleiro dos pesados, leitor de revistas de rock que sempre trazem alguém na capa fazendo pose de malvado, guitarrista solo de uma banda, devorador de madrugadas e inimigo das duplas sertanejas desde que tinha uns 9, 10 anos de idade, está mudado.
Não, o cabelo continua o mesmo. Também não engordou. Nenhuma nova tatuagem foi acrescentada às...(ih, o Betão é maus mas mora com os pais ainda e teve uma criação rígida. Por isso nunca quis tatuar-se).
A mudança foi mais profunda. No início, pensou-se em algo conjuntural, talvez apenas uma reação ao fim do namoro de três anos com Luciana, que o despachou depois de uma noite em que divergiram sobre ir a um show-tributo ao Megadeth ou assistir ao DVD novo do Alexandre Pires.
- Eu? Curtir essa porcaria de pagode? Parece que você não me conhece!!!
Pegou um pé na bunda por excessiva grosseria.
Depois do período da fossa e de muitas ligações para ver se reengatava o namoro, Betão desbundou. Aproveitou os shows da banda para descontar o tempo que esteve amorosamente preso. Bastava alguma garota olhá-lo por uns três minutos e ele já tratava de encostar a sua Fender Stratocaster na, segundo suas palavras, escolhida da noite.
Na faculdade, Betão aproveitou sua popularidade como roqueiro e orador da turma para dar uns apertos nas coleguinhas.
Até aí, ninguém estranhava nada. Mas o pior, quer dizer, a grande mudança no comportamento do moço ainda estava a chegar.
Um dia, Betão descobriu que no rock sempre apareciam as mesmas meninas e ele não estava mais a fim de repetir as mesmas bocas.
Pelos links do fotolog de sua banda, que se uniam a outros e outros e outros, chegou no log da Turma do Pagode. O novo paraíso.
Betão, agora fazendo questão de ser chamado de Roberto, passou a freqüentar a quarta, a quinta, a sexta e às vezes, a sexta do pagode dos bares da cidade. A bebida dentro dos limites, como bom roqueiro natureba. E entre foras e chega mais meu bem, salvavam-se todas as noites. Até aí, o seu comportamento foi considerado uma reação natural, como se fosse a descoberta tardia de um novo mundo, com letras de axé pedagógico, do tipo "encaixa, encaixa, encaixa..."
Mas o melhor ainda estava a caminho.
Uma manhã de janeiro, depois de voltar de outra cidade, onde havia tocado no final de semana, Betão chegou no seu trabalho (apenas uma parada antes de chegar ao estrelato nacional e à grana boa do show bussines, conforme diz), ligou seu computador e, como de costume, pôs um CD para rodar.
Pouco a pouco, a sala foi sendo tomada pelos acordes do disco ao vivo de Bruno e Marrone. Peraí, isso aí é Bruno e Marrone, aqueles de "dormi na praça", perguntaram os colegas, espantados. Betão, quer dizer, Roberto, apenas sorriu e até disse qual era a sua música preferida.
Depois que três dos colegas receberam alta do psiquiatra, que conversou com Roberto para que o mesmo evitasse dar esses sustos nos amigos, outros dois deram entrada no hospital. O motivo? Espanto quando ouviram, saindo das caixas de som de Betão, "Imortal", de Sandy e Júnior.
Há suspeitas que Roberto tenha sido hipnotizado, abduzido, seduzido por alguma componente das comunidades das quais faz parte no Orkut. Ou que sua nova paixão seja uma daquelas jovens demais para serem exibidas.
No mais, rola na internet um e-mail com uma fotografia do Betão, vestido com uma camiseta do Linki Park, comprando um disco do B´roz.

segunda-feira, janeiro 24, 2005

As noites de Luisa

Luisa reza para que ainda seja madrugada fora de seu quarto. Mas a luz que atravessa as brechas da porta e da janela não aponta para isso. É hora de sair da hibernação. A duras penas consegue deixar a cama. O corpo parece pesar o dobro do comum, a cabeça dói, a boca está como um deserto. Esse é o preço de uma noite de farra.
A empregada da família a olha estranhamente. Pergunta como amanheceu. Luisa não responde. Sempre achou que a mulher é muito intrometida. Come lentamente o seu café da manhã enquanto lê uma revista semanal e fica sabendo das notícias da semana passada.
Os pais estão trabalhando e a irmã mais velha deve estar na faculdade, na sua queridinha aula de medicina. Às vezes ela fica insuportável, contando como as professoras a elogiam pelo seu desempenho. Luisa não acredita muito na irmã. Sempre desconfiou de tanta aplicação e boas notas no colégio.
Dizem que frutas são o melhor alimento para quem pensa em recuperar-se de uma noitada. Ainda bem que há vários melões na geladeira. Comer enquanto ouve lounge é um dos passatempos preferidos da garota. No chat mais popular da cidade, já começa a fazer os contatos para a noite de hoje, que ninguém é tão mole que precise de repouso para farrear.
No começo da tarde, Luisa está assistindo ao seu seriado favorito quando o primo Beto chega para carregar uns móveis e levá-los para a loja de seu pai. Luisa sorri e lembra de quando eram mais jovens, lá pelos 13, 14 anos. A mãe dela quase os pegou em atos impróprios, daqueles que lembram casos de presidentes dos EUA, só que em situações invertidas. Não fosse aquela mesa coberta por uma toalha gigantesca, sob a qual ela escondeu o primo, a mãe teria estranhado a cabeça da filha tão fixa no colo do sobrinho.
Mas essas histórias são águas passadas, lembra, enquanto beija a bochecha do primo, de casamento marcado com uma amiga de infância. Ao sair, Beto pergunta se está tudo confirmado para a noite. Claro que sim, responde a menina, no mesmo local, mas com uma banda diferente, tocando blues a noite toda. Amanhã mudamos o ritmo e caímos no samba, complementa.
Já está anoitecendo quando Luisa chega da academia. Uma hora de leitura do Código Tributário que lhe garanta uma boa nota na prova do curso de direito e outra para o curso de italiano.
Pronto, Luisa está preparada para mais uma noitada na boate que a contratou como relações públicas. Conforme contaram suas amigas, não há melhor maneira de conhecer o homem com que ela vai namorar nas próximas horas. Mas isso só depois de dançar muito, que a festa promete.


sexta-feira, janeiro 21, 2005

Dá novíssima série Apropriações indébitas:

"Tóóóóíiiiinnnnnnnn."

Avery, zombando nas Crônicas da Fronteira do pobre protagonista do post Cenas românticas, de 26 de novembro de 2004 , desprezado pela sua namorada-mulher-amante mesmo depois de preliminares cheias de estilo.


quarta-feira, janeiro 19, 2005

Frases para serem ditas neste começo de ano por quem estiver apertado de grana

(pensadas depois de ler ontem O Malfazejo)


- Vai ao IPTU que te pariu!!
- Vai dar esse ISS em outro lugar, seu Imposto de Renda babaca!!
- Ô, seu filho da Serasa, te lasca!!
- Ei, vai ver se estou plantando IPVA na esquina.
- Ei! É! Tu mesmo, seu juros duma figa!!!


(Aceito contribuições para aumentar o estoque de ofensas)

terça-feira, janeiro 18, 2005

Imagem, segundo eles, é tudo

Quem acompanhou o diário de bordo sobre a viagem ao Peru agora tem a chance, se estiver a fim, claro,de ver algumas fotos nos fotologs de meus comparsas fotógrafos Tiago Orihuela e Bruno Garmatz.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Reflexões do mundo pop

"Até os monstros precisam de ar."

Smithers, do seriado Os Simpsons , para seu chefe, Sr. Burns, que estava assustado ao descobrir que a sua Liga do Mal havia se transformado em esqueletos empoeirados depois de anos trancafiada em uma sala ao lado de seu gabinete.
A Liga iria atacar Lisa Simpson, editora de um jornal alternativo que atacava o império jornalístico que o odiado dono da usina nuclear de Springfield havia montado para conquistar a simpatia da população da cidade.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Desgosto

Queria falar sobre o lançamento de uma coletânea musical feita na noite de quarta-feira pelo Sesc Roraima, integrando num único CD os grandes nomes da música local.
Depois lembraria do Nei Costa tomando quase um barril inteiro de choppe e devorando quase um quilo de queijo derretido na chapa depois do show.
Talvez, nessa vontade de mostrar para vocês a poesia dos compositores destas bandas, até colocasse letra de músicas como Roraimeira, o hino extra-oficial de Roraima; Canto das Pedras, uma declaração de amor a esta terra quente e muitas vezes injusta; ou Cidade do Campo, outra canção do tipo.
Mas o desconto no meu salário dobrou neste começo de ano, deixando-me preocupado com o futuro econômico da família e levando-me a pensar que vou ter de cortar coisas importantes na minha vida, como a Tv por assinatura ou a compra de minha futura bicicleta de 24 marchas e amortecedores em tudo o que seriam os canos de metais leves.
E ainda espero o desconto de imposto de renda aprovado pelo, como bem me avisou minha avó no dia da votação presidencial e eu não dei ouvidos, sapo barbudo do Lula.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

O fim dos bons tempos

Então...a fantasia tem data certa para acabar.
Depois de quase um mês atravessando cinco estados brasileiros e dois países vizinhos, está na hora de voltar para casa e a rotina de trabalho-faculdade (só daqui a algumas semanas)-academia-televisão, apenas para parafrasear Renato Russo em "Eduardo e Mônica".
Na bagagem,fotos, bugigangas e muitas lembranças visuais de praias, montanhas nevadas, cidades históricas, viajantes e gente bonita. Tudo o que se precisa para encarar o cotidiano que não tem momento certo para acabar novamente.
Acredito que quem nunca viaja, pelo menos quando o faz, deve tratar de fazer algo diferente. Assim, fica a lembrança e a certeza de que o investimento em saúde mental valeu a pena.
E ainda é possível bolar frases de camisetas como esta: Estive em Floripa e não me lembrei de você. Afinal, tinha coisas mais importantes para fazer.

Que venha o dia-a-dia.

segunda-feira, janeiro 03, 2005

A natureza no dia 3 de janeiro de 2005

Devido à tsunami na Ásia, o número de mortos até esta segunda-feira (algo em torno de 150 mil pesssoas) equivale a mais da metade da população de Roraima, apenas para servir de referência.

No Rio Grande do Sul, 20 municípios estão em situação de emergência por causa da seca que atinge as regiões norte e nordeste do Estado.

Em Santa Catarina, dois tornados arrebentaram 70 casas em Cricíuma, sul do estado. Uma mulher morreu de enfarte quando viu a passagem de um deles.

A chuva castigou Floripa à noite.

Na semana passada, um dia antes de minha entrada no Brasil, um temporal havia alagado Corumbá.

Em Boa Vista, muitos cursos d'água são focos de transmissão de malária.

É a Terra cobrando o seu tributo dos homens e avisando que nem tudo pode ser usado à vontade sem que haja cobrança de algum tipo de imposto.

domingo, janeiro 02, 2005

Histórias rotineiras

Um dia ela retornou ao seu lar, depois de muitos anos viajando por terras estranhas, de costumes diversos, de línguas a se aprender e conhecer.
Mas seus amigos agora eram outros, sua vida era outra. O mundo estava mudado.
No começo, a redaptação, a alteração de costumes, as dficuldades.
Se ela já era diferente quando havia partido, neste novo tempo o era muito mais.
Às noites, frio e calor conforme as estações passavam.
Sem histórias válidas para sua situação, reconquistou o conhecido e dominou os imprevistos.
Um dia, acordou e percebeu como uma vida distinta tomava conta dela. E gostou do que viu.