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domingo, dezembro 12, 2021

Identificação ativada: um texto sobre identidade para a revista Cult

Um texto meu foi publicado na revista Cult, na seção Lugar de Fala, um espaço aberto a leitores/colaboradores da publicação, sempre com uma temática distinta. 

O tema de novembro de 2021 foi “a arte e a educação como meios para combater
o racismo”.
Gersika Nascimento, minha colega jornalista da UFRR me avisou, fiquei pensando sobre o assunto e em 13/11 escrevi e mandei. Dois dias depois publicaram, mas eu só fui ver agora em dezembro, quase quatro semanas depois.
 

No texto, uma crônica, relato uma atividade que o Coletivo Caimbé fez numa comunidade da Terra Indígena São Marcos e ajudou a fortalecer a identidade das crianças. Quem quiser ler na revista, pode acessar aqui: https://revistacult.uol.com.br/home/identificacao-ativada/.

Ou poupar tempo e só rolar a tela para ver logo aqui, na fonte do criador. 


Identificação ativada

Era nossa primeira atividade na comunidade Campo Alegre, na Terra Indígena São Marcos, em Roraima. No pequeno malocão cheio de crianças com, no máximo, dez anos de idade, estávamos nós, o pessoal da capital que ia contar histórias e fazer outras atividades lúdicas.
 

Já havia conversado com o tuxaua sobre quais eram as etnias predominantes na comunidade. Campo Alegre, nesse então, era formada sobretudo por famílias Macuxi e Wapichana. Tentando estabelecer um elo com as crianças, falei em nossa apresentação que éramos um coletivo literário chamado Caimbé, mesmo nome da árvore característica do lavrado roraimense, e que eu e um dos meus colegas descendíamos de indígenas como elas e os seus pais.
 

Para estimulá-los a falar alguma coisa antes de começar a contação de histórias, perguntei:
 

—Quem aqui é Macuxi?


Silêncio, olhares curiosos em minha direção e para os coleguinhas. Insisti, talvez não houvesse ninguém nesse dia descendente dessa etnia:


— E quem é Wapichana?


Novo silêncio, o rosto sério nos adultos presentes e o olhar ainda mais curioso nos pequenos. Apelei.


— Quem aqui tem pai ou mãe Macuxi ou Wapichana?


Todas as mãos se levantaram, alguns falaram que o pai era de uma etnia e mãe de outra ou que apenas um dos pais era indígena. Em segundos traçaram toda a genealogia do núcleo familiar. Engatei o discurso de fortalecimento da identidade:


— Ah, que legal saber sobre vocês! E vocês sabiam que se nossa mãe ou pai é indígena, nós também somos, vivendo aqui na comunidade ou lá na cidade? Então me digam: aqui é Macuxi ou Wapichana?


Todas as mãos se levantaram, falei mais algumas coisas, meus colegas deram continuidade às ações e fomos embora depois, rumo à comunidade de Vista Alegre, repetir os trabalhos do projeto Caminhada Arteliteratura. Voltamos para a capital e retornamos duas ou três semanas depois para Campo Alegre. Era um sábado de muito vento e desta vez havia mais crianças. Quis testar se a conversa sobre identidade havia surtido algum efeito e perguntei novamente se havia algum indígena no malocão.


Todas as mãozinhas se levantaram. Sorrindo, olhei para os meus colegas e para os adultos da comunidade e insisti no detalhamento, perguntando sobre quem era de qual etnia. Um garotinho levantou as mãos para identificar-se tanto como Macuxi como Wapichana. Lembrei que na primeira visita ele não havia se identificado como pertencente a nenhum grupo e comentei isso com os adultos.
 

— Ah, ele chegou na casa dele, falou com os pais e desde aquele dia fica por toda a comunidade dizendo “eu sou indígena, eu sou Macuxi, eu sou Wapichana” — contou alguém, sorrindo e acrescentando que outras crianças também haviam começado a identificar-se como pertencentes às etnias.


Quando saímos rumo à próxima comunidade, estava muito feliz. Em uma terra como Roraima, onde até bem pouco tempo era vergonhoso identificar-se como indígena, ver crianças assumindo orgulhosamente essa identidade é um sinal de belas e boas mudanças. De todas as recompensas que me trouxeram as viagens do projeto Caminhada Arteliteratura, essa foi a maior de todas.


 
Edgar Borges é escritor, jornalista e articulador do grupo literário Coletivo Caimbé. Mora em Boa Vista, RR.

 

******

Para saber mais sobre a Caminhada Arteliteratura, projeto cujo nome fazia referência ao neologismo que criamos e fazia parte da antiga denominação do Coletivo Caimbé, basta clicar aqui.  

 

quarta-feira, fevereiro 03, 2021

Teve Sarau da Lona Poética no youtube do Coletivo Caimbé

Fevereiro chegou e com ele teve mais uma edição do Sarau da Lona Poética organizado pelo Coletivo Caimbé. 


O encontro deste mês aconteceu ontem, 2/2/21, no canal do coletivo lá no youtube. 

Apresentei o Sarau juntamente com a poeta Zanny Adairalba, dei risada, me enrolei, cantei nos bastidores, ouvi poemas, fiquei feliz pela presença on-line das pessoas. 

O Sarau da Lona Poética sempre foi isso, desde 2014, quando começamos a fazê-lo: um momento de trabalho literário e um momento de alegrias, muitas alegrias. 

Nesta edição convivemos com Carol Alcoforado, Paulo Segundo, Elimacuxi e Vitor de Araújo, Projeto Geni e o Zeppelin, Anderson Souza e Big Berg. Obrigado a todxs. 

Neste era de distanciamento, esta aproximação é muito bacana. Obrigado novamente. 

 

 Mês que vem tem outra Lona Poética. Compartilhem, inscrevam-se no canal e acompanhem.

quarta-feira, novembro 25, 2020

Vem conferir o Sarau da Lona Poética de dezembro

Oia que maravilha de lindo foi o Sarau da Lona Poética de novembro, uma realização do Coletivo Caimbé que teve como convidados especiais os poetas Francisco Alves e Jacinta Santos, o mestre de capoeira Ongira, do grupo Capoeira Angola Guerreiro de Palmares/RR, e o artista visual Rafael Pinto. 

Dividi a apresentação com a poeta Zanny Adairalba, também articuladora do Coletivo. Foi bonito demais da conta e já estamos nos preparando para o Sarau de dezembro, que também será realizado de forma on-line. 

Aliás, até sair a vacina, tudo o que for nosso será on-line. 

 

A atividade é uma das ações do Coletivo Caimbé, organização social informal criada em 2009 com o propósito de realizar e apoiar ações voltadas ao desenvolvimento do segmento literário em Roraima. 

O grupo já promoveu e foi convidado para ações em todas as regiões do País desde então. Toda essa caminhada cultural está registrada no blog www.caimbe.blogspot.com.br.

 


sexta-feira, novembro 13, 2020

No podcast Direto ao Ponto, falando do Coletivo Caimbé

 Com a poeta Zanny Adairalba, dei uma nova entrevista no final de outubro para o Podcast Direto ao Ponto, do jornalista Luiz Valério.

(Se você não sabia da primeira e ficou curioso, clica aqui)   



Zanny e eu falamos do trabalho do Coletivo Caimbé. Ela cantou e eu li um poema.  

Quer ouvir o Episódio 2 do Podcast Direto ao Ponto sobre Literatura e Poesia na Amazônia?

Então vai nesse link aqui que tem várias opções para ouvir: o próprio site, o spotify, deezer e outros.

 

Eu, mestre de cerimônias no Sarau da Lona Poética de outubro/2020

No dia 15 de outubro rolou o Sarau da Lona Poética como parte da programação do Festival Literário On-line do Sesc Roraima 2020. 

Apresentei sozinho esta edição, que teve a presença litero-poética de Zanny Adairalba, Elimacuxi, Joakin Antônio, Francisco Alves, Eliza Menezes e Vanessa Brandão, companheiros e companheiras de literatura.

O vídeo está disponível no canal do Coletivo Caimbé no Youtube, mas já te poupo caminho e deixo ele aqui:

   

No dia 20 de novembro, em alusão ao dia da Consciência Negra, vamos fazer um novo sarau, agora com transmissão pela página do Facebook do Coletivo Caimbé.  

Curte aqui a página e se liga: sexta-feira, 20 de novembro de 2020, às 19h30, tem Sarau da Lona Poética – edição novembrina. 

quinta-feira, outubro 17, 2019

Sobre chuvas, preocupações pós-vida e e meus quase livros publicados


Choveu. E muito. Choveu como se não fosse outubro esta semana. Ainda bem, ainda bem. Domingo o ar parecia estar sumindo, muito quente. Aí então choveu como se o mundo fosse desabar, com raios e trovões que fazem Balu, meu cachorro lindo, sair louco pela casa atrás do bicho que está fazendo “bruuuum” em nosso quintal.

Choveu e minhas articulações parecem que enferrujam. Como será o dia em que for mais velho e vá morar em um lugar frio? Chegará esse dia? A da velhice, digo. E se algo acontecer e, de repente, apenas traçando hipóteses, assim que levantar desta mesa eu escorregar lá na varanda molhada pela chuva? E se na queda bater a cabeça numa quina qualquer e tudo acabar ali, de maneira tão boba, tão irrelevante, uma cena improvisada de um filme ruim?

E se acaso morto, já em outra esfera, eu ainda ter consciência do mundo terrenal e ficar pairando por Boa Vista, vendo os desenrolares após a minha partida (partida é um nome bonito para eufemizar algo tão natural como a morte. Melhor que bater as botas, é verdade)? 

Possivelmente não vai acontecer assim, mas e se minha maior preocupação for saber o destino de meus textos não publicados? Ontem ou anteontem ou agora, dependendo de sua relação com o tempo, estava pensando nos livros que ainda não publiquei e deveria ter jogado ao mundo há muito tempo.

O primeiro é de antes de 2010. Seria uma coletânea de crônicas, poemas e contos divulgados inicialmente aqui no blog. E teria ilustrações de um ciclista passeando por todo o livro. A capa também seria um ciclista. Não lembro o nome que lhe daria, mas recordo-me que cheguei a propor à Rosana Santos, que dirigia o setor de cultura do Sesc nesse então, a publicação da obra. Ela pediu para levar a boneca do livro. Aí começou a caminhada sem fim. Demorei para separar o material. Então passei, não me lembro da ordem, para o jornalista Nei Costa ajudar na diagramação (ou revisão, talvez). Acho que antes havia dado ao também jornalista Plínio Vicente para ajudar em algo. 

Por último, sei lá quanto tempo se passou até isso, ficou com a designer Lidiane dos Santos a montagem, o tratamento das imagens (produzidas pelo ilustrador Two, hoje vivendo em local não identificado por mim) e a capa. Ah, essa capa seria uma foto minha numa bicicleta, feita por Zanny Adairalba, à época ocupando o status de namorada. Pelo projeto gráfico da Lidiane ficaria linda depois de trabalhada como se fosse uma pintura. Resumindo: vai e volta, vai e volta, o mundo girou muito, perdi a chance do patrocínio, perdi o arquivo e hoje não sei onde está o material.

O segundo livro seria apenas de poemas. Os textos não sei quando foram escritos, mas a produção começou numa fase difícil para mim, no auge da crise de minhas hérnias. Lembro que pedi para Zanny, já no status de esposa e mãe do Edgarzinho, digitar os textos escritos a mão. Aí a gente instalava o data show e projetava na parede do quarto os poemas para fazer a revisão e diminuir o risco dela ter trocado alguma letra e eu deixar passar. Acho que o ano era 2010, 2011. Foi um tempo difícil para mim, com as dores nos braços limitando muito a minha vida. Livro revisado, cheguei a inscrevê-lo em um ou dois concursos de poesia para livros originais. Não foi selecionado, dei uma nova olhada nos textos e já passei a gostar menos deles, achando-os pouco poéticos, muito “duros”. Larguei em algum lugar digital e esqueci, sem querer, a localização da pasta. Esse livro,vale destacar, foi uma intenção, um devaneio. Diferente da coletânea, não nasceu com possibilidades concretas de ser impresso.

No intervalo entre os dois quase livros veio em 2011 a publicação do Sem Grandes Delongas (se não baixou ainda, é só clicar aqui), uma série de projetos e ações feitas com o Coletivo Caimbé (quem produz sabe o extenuante que é fazer a pré e a pós-produção cultural, sobretudo os registros de memória), o trabalho da vida real, cansaço mental e as dores, tratadas com choques elétricos, gelo, aparelhos desinflamatórios, acupuntura, RPG e, o Santo Graal, os alongamentos no pilates.

O terceiro livro não publicado quase chegou lá no ano passado. Foi escrito totalmente a mão, no silêncio do meu antigo apartamento, com pouca luz e muita reflexão. Escrevia a primeira versão e já passava a limpo o rascunho, mexendo na estrutura caso não me agradasse mais. Depois de ter um monte de poemas prontos, passei para o computador, alterando novamente os textos. Ficou alguns anos parado na gaveta virtual até aparecer um edital do governo do Estado de Roraima prometendo uma grana para publicar cinco livros de autores radicados aqui. Fiz um projeto conforme as regras do edital, imprimi o material, fui selecionado, botei a Zanny (sempre ali, parceirassa) para me assessorar na busca da editora, aguardamos o pagamento e... tomamos calote na veia. A gestão da Suely Campos, governadora da época, não ligou pra gente e desprezou a própria iniciativa. 

Ficamos a ver navios (no final desta postagem quilométrica vou copiar a matéria que saiu no Jornal Folha de Boa Vista com as nossas reclamações em outubro de 2018). Ainda bem, aindaaaaa bem que não levei pra frente uma ideia que me chegou de repente no meio desse processo e que seria bem a minha cara de abestado confiador de que os outros vão sempre honrar seus compromissos: imprimir o livro por conta e gasto próprios, depois receber e ficar elas por elas de boas. Ainda bem que fiquei quieto...

Esse livro de poemas quase impresso em 2018 é o que acho mais bacana de todos, inclusive mais bacana que os contos do Sem Grandes Delongas. Estou pensando em bancar uma impressão independente dele ainda neste 2019, aproveitando que não perdi o arquivo ainda. Tem até prefácio já, feito pela poeta Elimacuxi.

Quantos livros foram até agora? Três. Ok. Não cansado de quase publicar sempre, aproveitei este ano para, no intervalo entre um parágrafo e outro da dissertação, escrever um novo livro de poesias, bem mais curto que o quase livro de 2018. 

Esta semana fiz a revisão dele, cortei uma coisas, mudei outras, arrumei ali, organizei ali. Vou ver se inscrevo ele em alguns concursos. Se nada rolar, tentarei publicar ano que vem. Se não der certo, serão quatro livros quase publicados por mim, o que deve me transformar num dos maiores autores quase publicados de Roraima.

Voltando ao começo do texto, já pensou tudo isso me atormentando numa pós-vida? Que agonia seria, que agonia...

P.S. : O colega escritor Aldenor Pimentel me lembrou lá no grupo de Whatsapp dos Escritores de Roraima que antes do Sem Grandes Delongas tive o e-book Roraima Blues como primeiro livro solo publicado.  Eu acho que em algum momento da redação pensei nele, mas o meu pensamento é meio linear às vezes-quase sempre-já passei vergonha por isso- e disse (ele, meu pensar, ou eu, dono do pensamento?) "estamos falando só dos impressos. Apenas dos impressos, não viaja...". Bem, descartei lá na hora, mas depois dessa observação do Aldenor, acho válido apontar que em 2008 a revista portuguesa Minguante publicou esse livro digital de microcontos. O site saiu do ar, eu não havia pedido nenhuma cópia do material  e apenas anos depois consegui um arquivo com os textos selecionados, mas sem a capa, que pode ser conferida nesta postagem feita por mim à época. Ah, e para variar, não sei em que canto está o arquivo...

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A seguir, a matéria falando sobre o calote do Governo de Roraima. Por desgosto e vã esperança de receber e esquecer o assunto nunca havia falado disso aqui no blog, mas sempre citava por aí nas conversas sobre literatura.

 CARTA DE REPÚDIO


Escritores reclamam de falta de pagamento

Escritores e agentes culturais de Roraima publicaram uma carta de repúdio nas redes sociais reclamando da falta de cumprimento do edital



Escritores e agentes culturais de Roraima publicaram uma carta de repúdio nas redes sociais reclamando da falta de cumprimento do edital l 07/2017 de incentivo e fomento a literatura da Secretaria de Cultura de Roraima.

De acordo com a carta, sete meses após a divulgação do resultado final, o Governo de Roraima ainda não entregou a premiação. A lista dos projetos aprovados foi publicada no Diário Oficial do Estado em fevereiro de 2018. Os autores dos projetos a serem premiados são: Edgar Borges, Eroquês Velho, Aldenor Pimentel, Lindomar Bach e Danilo Santos. O valor total do edital é de R$ 100 mil, sendo R$ 20 mil para cada um dos cinco projetos de livro selecionados para publicação.

“O edital estipula prazo máximo de 30 dias para a premiação, o que ainda não foi feito, ainda que as despesas tenham sido encaminhadas à Sefaz, para pagamento, em abril deste ano, pela Secult” 

Confira na íntegra:

Nota de repúdio

Nós, escritores e coletivos literários abaixo assinados, repudiamos a não entrega da premiação em dinheiro, pelo Governo de Roraima, dos cinco projetos aprovados no Edital N. 07/2017 – Incentivo e Fomento a Literatura, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), cujo resultado final foi divulgado oficialmente por meio da portaria N. 022/2018, de 23 de fevereiro de 2018, publicada no Diário Oficial do Estado de Roraima N. 3186, em 26 de fevereiro de 2018.

Destacamos que o mesmo edital estipula prazo máximo de 30 dias para a entrega da premiação, que, até o momento, sete meses após a divulgação do resultado final, não foi efetuada, ainda que as respectivas despesas tenham sido liquidadas em abril deste ano pela Secult e encaminhadas à Sefaz para pagamento, conforme despacho daquela secretaria.

Repudiamos ainda a postura da Secult, que em ofício, “lavou as mãos” em relação à entrega da premiação, eximindo-se de sua responsabilidade como coordenadora do certame, ao orientar estes escritores a procurarem a Sefaz, com o argumento de que os procedimentos por aquela secretaria “competem somente até a fase da liquidação da despesa”, o que é contraditado pelo próprio edital, cujo texto diz que a Secult pode, intervir mesmo após a entrega da premiação, ao, por exemplo, “acompanhar o desenvolvimento das atividades e, após a conclusão dos trabalhos, verificar o cumprimento das condições fixadas”.

Repudiamos também a desculpa do Governo do Estado de que está impedido de entregar a premiação em razão do bloqueio de suas contas, quando sabemos que o Governo pôde, mas não efetuou o pagamento deliberadamente. Prova disso é que em junho e julho deste ano foi realizado o Arraial do Anauá, quando foram realizadas diversas despesas da área da cultura.

Entendemos que o não investimento dos referidos recursos representará grande perda para o próprio Governo, a literatura e a cultura locais e, principalmente, a população.

Lamentamos tamanho atraso na entrega da premiação em dinheiro, o que apenas reflete o descaso histórico do Governo do Estado com a promoção de políticas culturais, em especial voltadas ao desenvolvimento da literatura e da leitura, enquanto no mesmo período este Governo firmou contrato para a destinação de R$ 89 mil, na modalidade de inexigibilidade de licitação, com o objetivo de adquirir obra artística de um único produtor cultural, autor de dezenas de outras obras, que, desde 2015, foram adquiridas ou estão em processo de aquisição com recursos do Estado, sem contar que a gestão atual abriu inscrições para edital cultural de outro segmento, mesmo alegando não haver recursos para o edital de literatura, cujo resultado já foi divulgado.

Assim, solicitamos a imediata entrega da premiação em dinheiro do Edital N. 07/2017 – Incentivo e Fomento a Literatura, aos projetos que tiveram, pelo próprio Governo do Estado, por meio de processo público de seleção, reconhecidos o mérito cultural e a qualidade técnica, para que se atinjam os objetivos do certame de “disseminar o conhecimento e a cultura do Estado de Roraima, e levar o leitor para novos caminhos”.

Outro lado – A Sefaz (Secretaria de Fazenda) informa que as contas do governo encontram-se bloqueadas, em cumprimento de decisão judicial, o que impede qualquer tipo de pagamento. Tão logo haja o desbloqueio, os pagamentos pendentes serão normalizados de acordo com a disponibilidade de recursos.

segunda-feira, setembro 30, 2019

Diário de um mestrando - 19° mês

05.09.19 quinta-feira

Entreguei uma cópia da dissertação para o sujeito de pesquisa olhar. MC Frank D'Cristo me pediu três semanas para ler com calma o trabalho e emitir suas opiniões. Damos assim início a mais uma etapa do trabalho, conforme a metodologia prevista. 

08.09.19 sábado

Há 30 anos, no meio do processo da redemocratização, em um dia como hoje, nasceu a Universidade Federal de Roraima, conhecida carinhosamente por UFRR ou apenas "A Federal".





Ando pelos seus corredores desde 1993, 1994, como voluntário em projetos de alfabetização, aluno de cursos de extensão, discente de Jornalismo e Sociologia, funcionário concursado e mestrando em Letras.

Aqui tive amores, fiz desafetos, encontrei conhecimento, organizei meus primeiros eventos culturais, aprendi muito sobre vários temas, me fiz gente e encontrei meu rumo profissional.

Vi a UFRR crescer, tanto na quantidade de prédios como na diversidade de cursos de graduação, especialização, mestrados e doutorados.

De portas abertas para os povos indígenas, para a população de baixa renda, para os alunos das escolas publicas e para os migrantes brasileiros e estrangeiros, a UFRR, com todos os defeitos que pode ter, é a instituição responsável pela expansão dos horizontes de muita gente (menos os daqueles que são muito tapados e acham que formar -se na universidade pública é só entrar na sala, aprovar a disciplina, pegar o canudo e, formados já, apoiar ações políticas que visam justamente acabar com tudo o que usufruíram ...mas enfim, né?).

Viva a UFRR, viva a educação pública superior gratuita, viva a diversidade e que venham outras dezenas de anos dessa forma.

12.09.19  quinta

Dia de ir ver arte e cultura na UFRR. Hoje tem comemoração dos 30 anos e a a poeta-patroa Zanny Adairalba vai receber um certificado de honra ao mérito pela sua contribuição à cultura local. Além disso, vão interpretar uma música dela no espetáculo Mulheres Roraimando.









13.09.19 sexta


Terminei e mandei um artigo para avaliação da comissão editorial do e-book "Relações identitárias e intertextuais", que deve ser lançado ainda este ano pelos professores Tatiane Capaverde e Eduardo Amaro. Tomara que seja escolhido e fortaleça o Lattes. 

Enquanto o MC Frank D'Cristo não me devolve o trabalho, vou ocupando meu tempo: fui a um abrigo de migrantes falar poesia com os poeta Elimacuxi Vitor de Araújo e Lindomar Bach. Mais detalhes escrevi no blog do Coletivo Caimbé.  








17.09.19 terça

Teve uma mostra das produções acadêmicas do PPGL. Os alunos veteranos (e alguns egressos) e os professores do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRR falaram sobre suas pesquisas para os novatos. Eu também fui e até fiz uma arte com a fotinha que fizeram de mim. 


Só bochecha


Mais um ângulo das bochecas



Colega Vanessa Brandão


Colega Juscelino Raposo


Professor Fábio de Carvalho



Colega egressa Marcela Ulhoa


Professor Roberto Mibielli


Colega Carolina Barreto

20.09.19 sexta

Estive na escola estadual Maria das Neves Resende para conversar com os alunos. Falei de mim, de minha distante juventude, de literatura, de vida em geral. E também assisti a duas esquetes que a turma montou baseando-se em contos de minha autoria. Vamos ocupando com arte os dias enquanto não tenho o retorno do MC Frank. 




23.09.19 segunda

MC Frank D'Cristo fez a devolutiva do trabalho. Leu o que deu e disse que gostou do que viu. Até brincou dizendo que sei mais sobre ele do que ele mesmo. Vamos agora acrescentar algumas partes teóricas das quais senti falta em algum momento desses últimos dias. 


27.09.19 sexta

Inscrevi uma proposta no III Seminário de Estudos Linguísticos e Literários do PET Letras da UFRR. Vamos ver se rola uma comunicação oral. 





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Obrigado pela leitura da 19a edição do Diário de um Mestrando.
Para ler as anteriores, basta clicar AQUI. Abraços.


sexta-feira, abril 19, 2019

Registros sobre o que já ganhei com a literatura


O fato de eu não ser um escritor profissional (minha subsistência é garantida pelo emprego de funcionário público) ou um escritor focado em ser escritor
profissional (passo semanas sem produzir textos literários e meses sem participar de editais, concursos ou prêmios, muito menos submetendo livros a editoras), bem, esses fatos nublam a minha visão sobre o quanto já ganhei escrevendo.

Muitas vezes me perguntaram se a profissão de escritor dava para pagar pelo menos parte das contas, se havia ganhado algo com literatura. De meu suposto lugar de fala, descrito acima, falei que não. Na verdade, ia além, demostrando ingratidão com a vida: respondi várias vezes que nunca ganhei nada escrevendo. Exagerando, errei. Ganhei sim e muito.

Tentarei resumir isso a seguir, como uma espécie de registro confessional para que não volte a falar nunca ter recebido nada escrevendo ou trabalhando com contos, crônicas e poemas (essa descrição aqui é para distingui-los dos textos jornalísticos que me sustentam desde o ano de 1998, quando comecei a trabalhar como repórter).

Vamos aos fatos:

1.    Viagens: participei de bienais, feiras de livros, eventos literários e debates sobre política cultural nos estados Amazonas, Amapá, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Em Roraima conheci várias comunidades indígenas e trabalhei nos municípios de Pacaraima, Alto Alegre, Boa Vista, Cantá, São João da Baliza e Bonfim. Quem lê viaja e quem escreve também. 

2.    Plata. Sim, plata. Várias vezes ganhei grana como escritor, como organizador de atividades focadas em literatura, livro eleitura, como parecerista, como palestrante e até apenas como participante. Ganhei algum dinheiro também em concursos, prêmios e editais. Consegui pagar contas, economizar, comprar coisas que estavam faltando para a casa e coisas que queria comprar apenas por querer. A grana da literatura me sustentou ou sustenta? Não, mas já ajudou um bocado.

3.    Trófeus, certificados livros e afins: no momento tudo o que é meu está encaixotado. Em alguma caixa estão esses objetos citados acima, deixando claro que houve retorno do mundo para mim, sim.

4.    Amizades, risadas e bebidas: desde moleque, o ato de escrever (e de ler) sempre trouxe boas pessoas ao meu convívio. Aprendi um bocado com a diversidade de pensamentos que carregavam, ri muito, me emocionei muito. São amigos e parceiros presencialmente perto, alguns bem longe, outros nunca vistos cara a cara, mas sempre disponíveis nas redes digitais. Gente que já me convidou para atividades que renderam boas conversas, renda e conhecimento. Gente boa.

5.     Beijos na boca e na bochecha: considerem que escrevo textos desde a adolescência. Considerem que sempre tive a sorte de tropeçar com gente sensível à arte e à literatura. Considerado e anotado? Então... Beijo na boca é algo que se deve levar em conta na hora de fazer o levantamento daquilo que se ganhou ao longo da carreira. Por sinal, o beijo mais importante foi o que consegui da moça que depois virou minha minha esposa, encantada - digo eu - com as minhas poesias e prosas. Este beijo e atos afins resultaram em meu filho, luz de meus dias, P do meu samba, senhor de mim, dono do beijo na bochecha mais gostoso do mundo.

Então é isso. Eis o resumo de minhas conquistas como escritor e agente cultural da área literária. Se algum leitor um dia tropeçar comigo em algum lugar e me ouvir dizer que nunca ganhei nada como escritor, faça o favor de jogar o link em minha cara.

Obrigado, de nada.

sexta-feira, maio 05, 2017

Sobre o Sesc Literatura em Cena 2017: foi bonito, foi...

A penúltima semana de abril foi legal, muito legal. Participei como autor convidado da primeira edição do Sesc Literatura em Cena, organizado pelo Sesc Roraima. 

O evento aconteceu no ginásio do Sesc Mecejana, aqui mesmo em Boa Vista e teve participação dos autores de livros de prosa e poesia Zanny Adairalba, Elimacuxi, Francisco Alves e Eroquês Velho, entre outros. 

 (A programação completa tu confere no banner desta postagem).

Foi uma semana de reencontrar os amigos, papear sobre a vida e literatura, dar risada, conversar com o público e sair do ginásio quase todas as tardes para ir comprar amendoim na feira do produtor, que fica ao lado Sesc.
 


Escritor  Bruno Garmatz


Foto cheia da ressonância cultural. Em pé: escritor Bruno Garmatz, músico e coordenador de cultura do Sesc Cláudio Moura, escritores Edgar Borges, Zanny Adairalba e Elimacuxi, professora de literatura Mirella Miranda e escritores Francisco Alves e Ricardo Dantas. Agachados, os contadores de histórias Anderson Souza e Moacir  Monte.



Aula de ioga no final do Literatura em Cena: Elimacuxi e seu aluno Edgarzinho Borges Bisneto



Só figuras lá trás: Anderson Souza, Francisco Alves, Zanny Adairalba e Moacir Monte



Parte dos livros, o meu no meio, que estavam à venda no estande da Máfia do Verso


Galera cansada no final de um dia de trabalho no evento hahahaha

Só assim para encontrar esses dois contadores de histórias: Moacir Monte e Anderson Souza


No último dia, integrei uma mesa redonda com Elimacuxi e Francisco Alves. Nosso tema foi “Prosa e poesia: da rua à academia”, discutindo ações e produções culturais no Estado e mundo afora.

 













 


Além disso, na noite do encerramento, reativei o papel de MS, ou Mestre de Saraus. Foi a primeira ação do ano do Coletivo Caimbé, desta vez em parceria com o grupo Máfia do Verso.



 





 


Foi legal ouvir o pessoal expressando-se. Dá até vontade de sair do ciclo de férias em que o Caimbé entrou, mas o momento é de tocar ações focadas em outras áreas.

 Deixo aqui meus agradecimentos pelo convite à turma da Coordenação de Cultura do Sesc Roraima, especialmente ao chefe do setor, o músico e administrador Cláudio Moura.

Do evento, ficou uma consequência bacana para mim: criei coragem para me coçar e ir atrás de publicar meu primeiro livro de poemas. Vai se chamar, provisoriamente, "Incertezas no meio do mundo" e terá entre 40 e 43 textos. 


Espero que alguns leitores do blog comprem quando sair.