Mostrando postagens com marcador amizade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador amizade. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, abril 16, 2018

Uma trilha de bike do Caçari à Praia do Encontro


Sabe quando você passa anos sem fazer uma parada que gostava muito e aí um dia você fica feliz porque conseguiu voltar a fazê-la, mesmo que não seja na intensidade de antes? Então, essa foi a sensação deste domingo, quando depois de mais dez anos (talvez 12 ou 13) voltei a pegar na bicicleta para fazer uma trilha. 

Quem é leitor antigo  deve se lembrar das minhas hérnias, surgidas há um tempão apenas para me fazer sentir muita dor e abandonar certos bons hábitos como o de pedalar. 

Recentemente decidi parar de ligar tanto para a dor na cervical para investir mais no prazer que é pegar a bicicleta para sair de noite e pedalar por aí. Até na UFRR já fui por estes dias, bem no estilo “sou estudante e vou pegar sol ardente, mas tô de boas”. 

Noite sim, noite não, semana sim, semana não, faço uma pedalada com fins emagrecedores. Acho que deve dar uns 12 km e cerca de 50 minutos. Vou na manha, pelas ciclovias (coisa que não havia quando eu só tinha a bike para me deslocar), subo umas ladeiras, fico ofegante, sinto o vento no rosto e chego feliz em casa para estudar em paz. 

A vontade de fazer uma trilha nasceu ao perceber que tem gente vindo de carro pela margem do rio Branco, saindo do Iate Clube, e chegando na praia do Encontro na maior tranquilidade (clica aqui se tu ainda não viu o vídeo que fiz lá neste verão de 2018). Conversei com o Timóteo e falei que devia ser uma boa fazer isso de bike. Ele topou a trilha, mas disse que as pedras iam gerar sofrimento e talvez até pneus furados, sugerindo então a trilha do Caçari. 

Essa trilha eu fiz muitas vezes antes de aparecerem as hérnias e as dores. Tenho boas lembranças dela, mas poucas fotos. Era o tempo de introdução ao mundo digital, quando ainda era raro alguém ter uma câmera digital. Sei que em algum lugar devo ter fotos guardadas de um desses passeios, mas não imagino onde. 

Enfim, na tarde do domingo passado (ontem, 15 de abril de 2018, para ser bem exato) peguei a bike, coloquei no carro, fui até a casa do Timóteo e saímos pedalando rumo ao banho do Caçari. Pra vocês terem noção, a última vez que fiz esse caminho a avenida Getúlio Vargas era só piçarra. Hoje é asfaltada, com quatro pistas, tem canteiro central e iluminação. 

Chegando no balneário, empurramos as bicicletas até a parte da areia dura, atravessamos o Cauamé (aqui me lembrei do estresse que é não ter sapatilha de ciclista para não ter que ligar se o tênis se molha) e nos enfiamos no meio do lavrado. 


Na praia do Caçari (Foto: Timóteo Camargo)


´Timóteo rumo ao ponto onde atravessamos o Cauamé para entrar na trilha

Saudades tinha eu de pedalar fora do asfalto (Foto: Timóteo Camargo)

Vimos que se o Cauamé tá baixo, baixo, baixo, o Branco tem uns pedaços que parecem ser de um deserto. Os caras dos carros tracionados se aproveitam disso para ir barranco abaixo e curtir muito isso. Eu só brinquei que ia me jogar de bike pelo barranco, mas não arrisquei me lançar. Tenho amor à minha pele. 


Vou-num vou-vou-num fui que não sou doido de me jogar do barranco para cair no areal que virou o rio Branco (Foto: Timóteo Camargo)

Avançamos até a parte em que a trilha começou a fechar e decidimos voltar para ir pedalando até a praia do Encontro. O Timóteo me gravou gentilmente com sua mão-drone e estabilizou o vídeo com os aplicativos que tem no celular. Vê aí a vegetação e percebe como saímos de uma mata para entrar no lavrado novamente. 



O que ainda tem de água no Cauamé vai ziguazeando pelo leito até chegar no Branco. Nos também fomos fazendo isso até chegar lá. 

Depois de um banho bem legal na praia do Encontro (talvez o último desta temporada, pois hoje já começou a chover do ano, ficando nublado o dia todo, sinal do fim do verão) pegamos as bikes e voltamos. A ideia era fazer novas trilhas para ir preparando o corpo para aventuras mais pesadas, mas não sei se vai rolar. Com o fim do verão, chuva é coisa que cai sem avisar, estragando programas tão legais como ir pedalar com os amigos. 


Bikes na praia do Encontro: provavelmente a última ida do verão

sexta-feira, junho 09, 2017

Conquistando as piscinas naturais da Serra Grande

Hoje vou falar de uma ecoaventura que fiz nos distantes dias 20 e 21 de maio deste longo ano de 2017. Preparem-se para acompanhar cada gota de suor que soltei na jornada. 

O eco-passeio exigiu um bocado de esforço físico: em companhia de cinco amigos subi a Serra Grande, uma montanha que fica no município do Cantá (RR) e que há muito tempo queria encarar.

Esta minha ecotrip (acho que acabaram os termos aos quais consigo adicionar “eco”) começou com o convite do casal Timóteo e Graziela Camargo. Com eles e Ricardo “Biro” Guimarães, Júlio Fraulob e Marcelo Engelhardt encarei uma trilha e pedras escorregadias no meio da mata até conquistar (olhe aí a petulância do trilheiro) a Serra Grande. Ou pelo menos, mais da metade dela, bem na parte que interessa, com as piscinas que parecem infinitas e uma cachoeira delícia de tomar banho e bater fotos.

 A caminhada começou no sítio Água Fria, que fica na zona rural da vila Serra Grande Dois. Para chegar nesse lugar saímos de Boa Vista, pegamos a BR 401 e entramos na RR 206, passamos pela sede do município do Cantá (a 32 km de BVB) e avançamos mais uns 20 ou 30 km em estrada de picarra e terra batida. 

Sítio Água Fria, o começo de tudo

A divisão


Depois que dividimos as coisas de uso comum para carregar nas mochilas, começamos a caminhar. Logo de cara tivemos que atravessar um igarapé. Como não queria molhar os tênis logo nos primeiros 20 metros da jornada, avancei pela margem um pouco e passei pulando pedras. 


Primeiras puladas sobre as pedras


A umidade estava bem alta e logo comecei a suar muito. Sorte que tinha uma garrafa de água congelada comigo e isso ia matando a sede. O caminho começou fácil, mas logo foi ficando complicado, com troncos no meio da trilha e muitas pedras para pular e subir usando mãos e pernas. Me lembrou a etapa final da subida ao monte Roraima, que encarei há muitos anos, no auge de minha forma física, e na qual fiz “crec” no joelho esquerdo na descida. 


Primeiros passos na trilha


Primeiro terço: o cansaço já está batendo



Abaixa que tem árvore no meio

Pula que tem pedra pra subir


Mãos e pés na subida


Como o ritmo da turma estava bem puxado, houve momentos em que me faltou fôlego. Coisas da idade (naqueles dias indo para os 40, agora tendo 41) e do sedentarismo (naqueles dias caminhando cinco km por noite e passando uma semana sem fazer nada). 

A sorte é que cada momento apareciam córregos para pegar água bem gelada e jogar no rosto, aliviando a agonia do cansaço e o calor da mata fechada. E foi no meio da mata que almoçamos paçoca com banana e suco de cajá (ou taperebá, não lembro mais. Só lembro que serviu para recuperar forças e descansar). 


Almocinho no restaurante Trilha da Serra




Como estamos na temporada das chuvas, há muitas oportunidades para refrescar-se no meio do caminho, dando um mergulho para espantar o calor ou apenas pegando água para molhar o rosto. 


Subimos usando GPS, mas a certa altura saímos da rota e fomos parar no pé de uma parede gigante de pedra. Quando vi aquilo pensei: caraca...será que dá para subir isso sem escorregar? Por sorte, lá no topo (amplia a foto que dá para ver a silhueta do povo) estavam duas pessoas. Começamos a falar com elas na base do grito, perguntando se a trilha era por ali e elas responderam que não, que dava numa cachoeira, mas que não era o caminho correto. Demos meia volta e entramos na trilha correta, eu aliviado pela subida em vão que não fizemos…



Sente o tamanho da pedra que ainda bem que não subimos. Lá, na altura da nuvem, estavam duas pessoas

No meio dessas subidas que nunca acabavam, há percursos no meio do leito de pedra do rio que só aparece no inverno. Dele já dá para ver o rio Branco às nossas costas.

O rio Branco lá trás...e ainda tem chão (ou rio) para subir



Leito do rio que se forma na época das chuvas


Escultura de pedras perto da chegada


Finalmente, depois de sair de 110 metros de altitude e fazer quase quatro horas e 3,15 Km de caminhada, finalmente chegamos ao nosso destino, a 514 metros.  Mas não sem antes pular por cima de mais pedras para não molhar os tênis nos riachos e escorregar várias vezes por conta do limo no caminho. 


O gráfico mostrando nosso trajeto

No ponto de chegada, entre 10 e 20 pessoas já estavam instaladas em redes e barracas e tomando banho nas piscinas naturais mais altas. Por isso, depois de montar acampamento, descemos um pouco a serra e tomamos banho em outro ponto. Ainda bem que a visão de “piscina no horizonte infinito” também se via nelas. A água fria que desce do topo da serra nos ajudou a recobrar as energias e ficar muito bem. No meu caso, acrescentei muito alongamento para evitar dores musculares no dia seguinte. 


Piscina do infinito, uma das recompensas por tanto esforço

Tinha dois tipos de peixinhos na piscina. Como subiram é o mistério

Pose zen deste cronista, para ficar blasé na fotos




 Fizemos a montagem das barracas em dois pontos bem próximos: numa ficamos eu, Graziela e Timóteo. Debaixo da outra lona abrigaram-se Júlio, Marcelo e Biro. Nessa montamos o fogão e a iluminação a base de lâmpadas LED alimentadas por uma bateria de motocicleta, garantindo iluminação padrão “casa” para a janta (pão com linguiça frita), o mate e a conversa. O espaço ficou tão bom que o povo das vizinhanças veio esquentar água com a gente e lá pelas 23h rolou até um momento comunitário. 





Antes da noite chegar e depois do banho, fomos curtir o final da tarde na pedra, vendo o sol iluminar o lavrado, o rio Branco e colorir de laranja a mata da serra. Fiz algumas fotos e aí a bateria de meu celular acabou, mas não antes de enviar lá de cima umas fotos via Whastapp para casa.

A recompensa: o lavrado todo à vista, com o rio Branco em primeiro plano. 

Parece foto posada, mas estávamos mesmo curtindo a visão


Julio, Marcelo, Edgar, Timóteo, Graziela e Biro

Sente a luz linda que tínhamos nessa tarde


O sorriso na cara de quem já escorregou muito na subida
 Quando escureceu e os insetos começaram a incomodar, voltamos para as barracas e providenciamos a janta. Choveu um pouco e quando passou decidimos voltar para a pedra para tomar vinho e ouvir música nas caixas de som com bluetooth que o grupo levou. 

Preparando o jantar


Do ponto onde estávamos, víamos à noite os carros saírem de Mucajaí e atravessarem os 50 km da BR 174 rumo a Boa Vista, cuja iluminação se projetava por detrás da serra. Como era sábado, deduzi que o povo estava vindo curtir as baladas na capital. 


Os demais trilheiros foram chegando e daqui a pouco a roda tinha umas quinze pessoas conversando e ouvindo música. O bom momento, com muito vento frio, acabou quando recomeçou a chover, parando logo em seguida. Como já estava bem tarde, fui deitar e parte do povo ficou celebrando a natureza. 


As chuvas voltaram de madrugada, minha rede começou a molhar dos lados, deixando-me à procura da melhor posição para voltar a dormir. Na verdade, só ficou seca a parte do meio. Até o lençol molhou na brincadeira e não parava de chover, molhando tudo ainda mais… A noite mal dormida foi o grande momento ruim do passeio.

Quando amanheceu, lanchamos, tomei banho e lá pelas 9h, 9h30, começamos a descer. Sabe aquele ditado de “para baixo todo santo ajuda”? Pura conversa. Quase todo mundo escorregou e se ralou um pouco na descida. 

Como estava bem úmido, suei bem mais do que na subida. A certa parte, minha pernas tremiam pelo esforço e os tornozelos e joelhos começaram a doer...quando encontrávamos uma parte reta para caminhar, agradecia pelo descanso. Como já estava indo para casa, nem me preocupava mais em pular as partes com riacho. Passava direto. 

Tirando a chuva me incomodou à noite e esse cansaço, não tenho nada de ruim para contar. Valeu muito a pena sair do conforto de casa para curtir a Serra Grande na companhia desse grupo bom de pessoas. 

(É claro que nessa semana não fiz nada de exercícios, dando tempo para que as pernas se recuperassem.)

sexta-feira, maio 05, 2017

Sobre o Sesc Literatura em Cena 2017: foi bonito, foi...

A penúltima semana de abril foi legal, muito legal. Participei como autor convidado da primeira edição do Sesc Literatura em Cena, organizado pelo Sesc Roraima. 

O evento aconteceu no ginásio do Sesc Mecejana, aqui mesmo em Boa Vista e teve participação dos autores de livros de prosa e poesia Zanny Adairalba, Elimacuxi, Francisco Alves e Eroquês Velho, entre outros. 

 (A programação completa tu confere no banner desta postagem).

Foi uma semana de reencontrar os amigos, papear sobre a vida e literatura, dar risada, conversar com o público e sair do ginásio quase todas as tardes para ir comprar amendoim na feira do produtor, que fica ao lado Sesc.
 


Escritor  Bruno Garmatz


Foto cheia da ressonância cultural. Em pé: escritor Bruno Garmatz, músico e coordenador de cultura do Sesc Cláudio Moura, escritores Edgar Borges, Zanny Adairalba e Elimacuxi, professora de literatura Mirella Miranda e escritores Francisco Alves e Ricardo Dantas. Agachados, os contadores de histórias Anderson Souza e Moacir  Monte.



Aula de ioga no final do Literatura em Cena: Elimacuxi e seu aluno Edgarzinho Borges Bisneto



Só figuras lá trás: Anderson Souza, Francisco Alves, Zanny Adairalba e Moacir Monte



Parte dos livros, o meu no meio, que estavam à venda no estande da Máfia do Verso


Galera cansada no final de um dia de trabalho no evento hahahaha

Só assim para encontrar esses dois contadores de histórias: Moacir Monte e Anderson Souza


No último dia, integrei uma mesa redonda com Elimacuxi e Francisco Alves. Nosso tema foi “Prosa e poesia: da rua à academia”, discutindo ações e produções culturais no Estado e mundo afora.

 













 


Além disso, na noite do encerramento, reativei o papel de MS, ou Mestre de Saraus. Foi a primeira ação do ano do Coletivo Caimbé, desta vez em parceria com o grupo Máfia do Verso.



 





 


Foi legal ouvir o pessoal expressando-se. Dá até vontade de sair do ciclo de férias em que o Caimbé entrou, mas o momento é de tocar ações focadas em outras áreas.

 Deixo aqui meus agradecimentos pelo convite à turma da Coordenação de Cultura do Sesc Roraima, especialmente ao chefe do setor, o músico e administrador Cláudio Moura.

Do evento, ficou uma consequência bacana para mim: criei coragem para me coçar e ir atrás de publicar meu primeiro livro de poemas. Vai se chamar, provisoriamente, "Incertezas no meio do mundo" e terá entre 40 e 43 textos. 


Espero que alguns leitores do blog comprem quando sair.