Imagens de Boa Vista
No sábado, na avenida Jaime Brasil, um dos centros comerciais da cidade, uma mulher com excesso de peso, saia branca curtíssima e botas de couro vermelhas chama a atenção às 10 horas da manhã.
............
Um coral formado por 140 crianças e adolescentes indígenas, moradores de comunidades de outro município, apresenta canções em wapichana no Palácio da Cultura durante a 1ª Mostra de Música Canta Roraima. São aplaudidos de pé.
Na frente do palco, uma indiazinha morta de sono, está como se diz no norte, "pescando um tambaqui". Entre um bocejo e uma fechada de olhos, a menina quase dorme enquanto canta.
............
A mulher sai da igreja, come um salgadinho, lava as mãos e volta para a missa, demonstrando como é limpinha. A água que tira a sua sujeira, por sinal, é a água benta dos fiéis. É ou não vandalismo religioso?
quinta-feira, dezembro 15, 2005
segunda-feira, dezembro 12, 2005
Da Série Ouvidos na Rua: o maior cachê do Brasil
O governo estadual promoveu uma feira agropecuária em um parque de exposições que fica nas redondezas de Boa Vista. Além dos bois e carneiros, umas das atrações mais esperadas era o show de Zezé de Camargo & Luciano. A dupla cantou neste domingo à noite.
A vontade do boa-vistense de assisti-los de graça provocou filas literalmente quilométricas, com as pessoas demorando até duas horas para concluir um trecho feito geralmente em 15 minutos. E isso tanto na ida como no retorno.
Por azar, a instalação elétrica da feira não agüentou a produção do show da dupla.
Hoje pela manhã, ao chegar na lanchonete ao lado do trabalho em busca de um café da manhã rápido, ouço os comentários dos freqüentadores:
- Rapaz, os caras receberam R$ 300 mil para tocar na exposição.
- É mesmo? E só conseguiram tocar três músicas por conta do problema da energia.
- Com certeza, é o maior cachê do Brasil. Cem paus por música.
- Estou admirado. Tanto remédio que dava para comprar com esse dinheiro.
- Tá vendo? Quem manda não saber cantar. Tu não é um dos filhos de Francisco...
O governo estadual promoveu uma feira agropecuária em um parque de exposições que fica nas redondezas de Boa Vista. Além dos bois e carneiros, umas das atrações mais esperadas era o show de Zezé de Camargo & Luciano. A dupla cantou neste domingo à noite.
A vontade do boa-vistense de assisti-los de graça provocou filas literalmente quilométricas, com as pessoas demorando até duas horas para concluir um trecho feito geralmente em 15 minutos. E isso tanto na ida como no retorno.
Por azar, a instalação elétrica da feira não agüentou a produção do show da dupla.
Hoje pela manhã, ao chegar na lanchonete ao lado do trabalho em busca de um café da manhã rápido, ouço os comentários dos freqüentadores:
- Rapaz, os caras receberam R$ 300 mil para tocar na exposição.
- É mesmo? E só conseguiram tocar três músicas por conta do problema da energia.
- Com certeza, é o maior cachê do Brasil. Cem paus por música.
- Estou admirado. Tanto remédio que dava para comprar com esse dinheiro.
- Tá vendo? Quem manda não saber cantar. Tu não é um dos filhos de Francisco...
terça-feira, dezembro 06, 2005
A vida continua
Aos poucos, a rotina volta. Nunca ao normal, isso é impossível, mas volta.
A vida anda e as certezas tornam-se raras. As que sobram, bem, é preciso duvidar se vamos viver muito tempo ou se tudo acaba amanhã.
Enquanto isso, trabalho, muito trabalho. E processo nas costas do Estado, por colocar incapazes nas ruas para tomar conta da insegurança.
Aos poucos vou retomar as visitas aos amigos blogueiros.
Beijos a todos.
Aos poucos, a rotina volta. Nunca ao normal, isso é impossível, mas volta.
A vida anda e as certezas tornam-se raras. As que sobram, bem, é preciso duvidar se vamos viver muito tempo ou se tudo acaba amanhã.
Enquanto isso, trabalho, muito trabalho. E processo nas costas do Estado, por colocar incapazes nas ruas para tomar conta da insegurança.
Aos poucos vou retomar as visitas aos amigos blogueiros.
Beijos a todos.
quinta-feira, dezembro 01, 2005
Lições
A morte de alguém próximo, além de dor, traz outras lições. Para mim, as mais importantes estão sendo valorizar cada momento passado com a família e perceber que é preciso passar mais tempo com ela.
Outra lição é mais uma confirmação sobre a fragilidade da vida.
Acima de todas elas, confirmo outra: pelos que ficaram e choram, é preciso continuar vivendo, caminhando em frente, mesmo sem saber o que nos espera na próxima esquina. Afinal, escreveu Fernando Pessoa, "viver não é preciso".
A morte de alguém próximo, além de dor, traz outras lições. Para mim, as mais importantes estão sendo valorizar cada momento passado com a família e perceber que é preciso passar mais tempo com ela.
Outra lição é mais uma confirmação sobre a fragilidade da vida.
Acima de todas elas, confirmo outra: pelos que ficaram e choram, é preciso continuar vivendo, caminhando em frente, mesmo sem saber o que nos espera na próxima esquina. Afinal, escreveu Fernando Pessoa, "viver não é preciso".
terça-feira, novembro 29, 2005
Imagine a PM matando seus parentes
Imagine acordar às quatro da madrugada ouvindo gritos desesperados na casa ao lado. Imagine perguntar a um rapaz e duas moças com os rostos desfigurados pela dor o que houve e receber como resposta que houve uma desgraça e a Força Tática da Polícia Militar matou Sandro Borges, seu primo de apenas 16 anos.
Imagine levar a sua afilhada, irmã de Sandro, até o 1° DP e depois até o Pronto Socorro dizendo-lhe apenas que o menino levou um tiro e está internado. Imagine seu choro ao ouvir a confirmação da morte pela bala da PM.
Imagine ligar para a mãe do rapaz pedindo para vir ao Pronto Socorro e somente lá, frente a frente, informá-la da morte do filho primogênito.
Imagine a solidão de ser o primeiro da família a ver na "pedra", embrulhado em um saco plástico negro o corpo rígido de seu primo, notar os buracos causados pela bala no braço esquerdo e no tórax, perceber sua palidez, lembrar que o viu na barriga da mãe, das muitas vezes que o carregou no colo, de como falava muito e alto, de sua extroversão, da sua paixão pela informática.
Imagine ter de comunicar a morte aos tios, dividir a responsabilidade de falar com a polícia técnica e ouvir, uma hora e meia depois, o rapaz que o acordou de madrugada dizer que ainda não havia conseguido prestar queixa.
Imagine entrar na casa de seus avós maternos às sete horas da manhã para comunicar-lhes, malditas lágrimas incontidas, que a PM chegou para apartar uma briga sem o devido preparo e atirou para cima, acertando Sandro, que estava escorado no parapeito da pizzaria, bem longe da confusão.
Agora, tente ouvir os gritos desesperados da avó e visualizar o avô caindo no sofá, em estado de choque. Avance um pouco no tempo e tente entender o que dois supostos investigadores da Força Tática tanto insistem em querer conversar com o médico legista, ouvi-los dizer ao pai do rapaz que sabem de sua dor e lamentam o ocorrido.
Abra um parêntese para ouvir e ver o pai do menino lembrando de cada frase dita no seu último encontro, na sexta-feira 25, de como se tratavam, das gírias do filho, de seu tão próprio "valeu, men!", das noites jantando juntos, das confidências, de como quer justiça.
Feche o parêntese, espere seis horas pela liberação do corpo, providencie o velório, tente comer um pouco apenas para não cair de fraqueza, vá até o local da cerimônia e note como o menino era querido pelos colegas de escola e festa. Perceba a estupefação no rosto de dezenas de adolescentes, ouça seu choro, seus questionamentos sobre a ação da polícia, olhe no outro lado da rua, sentado na calçada, ainda desesperado, o rapaz que o levou até o Pronto Socorro e conta ter sido fechado três vezes pelo carro da PM, que não queria que levassem o corpo para ser atendido.
Abra novo parênteses e ouça, na segunda-feira 28, o comandante da PM dizer que há sempre várias versões em todo caso, todas sempre contraditórias, mas a "concreta" é a contada pelos seus subordinados. Tente distinguir aonde vai parar o inquérito da corporação e note as nuances de tendenciosidade.
Enterre seu primo, console seus familiares, ouça as palavras dos amigos antes de fecharem a cova, a voz desesperada do pai. Volte para casa e converse com seu avô, escrivão e delegado de polícia na época do Território Federal de Roraima. Imagine o esforço que ele faz, prostrado na cama, para murmurar que na segunda seguinte iria com o menino checar preços de computadores para presenteá-lo. Acrescente a isso que aquele domingo fatídico era para ser um dia de festa e passeio familiar no sítio de amigos para comemorar o nascimento, no mesmo dia, de mais uma prima de Sandro.
Agora, resuma tudo isso no desconforto trazido pela realidade da morte, na estúpida esperança do retorno da normalidade, de que tudo foi um sonho, na lembrança recorrente de momentos passados juntos com o menino, quando ele falava bobagens ou quando parava ouvir histórias de adultos. Acrescente o medo de que algo assim atinja outros parentes e está o formado o quadro das famílias de Sandro, chamado em casa de Taffarel e na rua de Ômega.
Depois de todo este esforço, lembre que este é o terceiro ou quarto caso de morte envolvendo policiais civis e militares neste ano e pense para onde vai todo o dinheiro investido na capacitação destas pessoas.
Imagine acordar às quatro da madrugada ouvindo gritos desesperados na casa ao lado. Imagine perguntar a um rapaz e duas moças com os rostos desfigurados pela dor o que houve e receber como resposta que houve uma desgraça e a Força Tática da Polícia Militar matou Sandro Borges, seu primo de apenas 16 anos.
Imagine levar a sua afilhada, irmã de Sandro, até o 1° DP e depois até o Pronto Socorro dizendo-lhe apenas que o menino levou um tiro e está internado. Imagine seu choro ao ouvir a confirmação da morte pela bala da PM.
Imagine ligar para a mãe do rapaz pedindo para vir ao Pronto Socorro e somente lá, frente a frente, informá-la da morte do filho primogênito.
Imagine a solidão de ser o primeiro da família a ver na "pedra", embrulhado em um saco plástico negro o corpo rígido de seu primo, notar os buracos causados pela bala no braço esquerdo e no tórax, perceber sua palidez, lembrar que o viu na barriga da mãe, das muitas vezes que o carregou no colo, de como falava muito e alto, de sua extroversão, da sua paixão pela informática.
Imagine ter de comunicar a morte aos tios, dividir a responsabilidade de falar com a polícia técnica e ouvir, uma hora e meia depois, o rapaz que o acordou de madrugada dizer que ainda não havia conseguido prestar queixa.
Imagine entrar na casa de seus avós maternos às sete horas da manhã para comunicar-lhes, malditas lágrimas incontidas, que a PM chegou para apartar uma briga sem o devido preparo e atirou para cima, acertando Sandro, que estava escorado no parapeito da pizzaria, bem longe da confusão.
Agora, tente ouvir os gritos desesperados da avó e visualizar o avô caindo no sofá, em estado de choque. Avance um pouco no tempo e tente entender o que dois supostos investigadores da Força Tática tanto insistem em querer conversar com o médico legista, ouvi-los dizer ao pai do rapaz que sabem de sua dor e lamentam o ocorrido.
Abra um parêntese para ouvir e ver o pai do menino lembrando de cada frase dita no seu último encontro, na sexta-feira 25, de como se tratavam, das gírias do filho, de seu tão próprio "valeu, men!", das noites jantando juntos, das confidências, de como quer justiça.
Feche o parêntese, espere seis horas pela liberação do corpo, providencie o velório, tente comer um pouco apenas para não cair de fraqueza, vá até o local da cerimônia e note como o menino era querido pelos colegas de escola e festa. Perceba a estupefação no rosto de dezenas de adolescentes, ouça seu choro, seus questionamentos sobre a ação da polícia, olhe no outro lado da rua, sentado na calçada, ainda desesperado, o rapaz que o levou até o Pronto Socorro e conta ter sido fechado três vezes pelo carro da PM, que não queria que levassem o corpo para ser atendido.
Abra novo parênteses e ouça, na segunda-feira 28, o comandante da PM dizer que há sempre várias versões em todo caso, todas sempre contraditórias, mas a "concreta" é a contada pelos seus subordinados. Tente distinguir aonde vai parar o inquérito da corporação e note as nuances de tendenciosidade.
Enterre seu primo, console seus familiares, ouça as palavras dos amigos antes de fecharem a cova, a voz desesperada do pai. Volte para casa e converse com seu avô, escrivão e delegado de polícia na época do Território Federal de Roraima. Imagine o esforço que ele faz, prostrado na cama, para murmurar que na segunda seguinte iria com o menino checar preços de computadores para presenteá-lo. Acrescente a isso que aquele domingo fatídico era para ser um dia de festa e passeio familiar no sítio de amigos para comemorar o nascimento, no mesmo dia, de mais uma prima de Sandro.
Agora, resuma tudo isso no desconforto trazido pela realidade da morte, na estúpida esperança do retorno da normalidade, de que tudo foi um sonho, na lembrança recorrente de momentos passados juntos com o menino, quando ele falava bobagens ou quando parava ouvir histórias de adultos. Acrescente o medo de que algo assim atinja outros parentes e está o formado o quadro das famílias de Sandro, chamado em casa de Taffarel e na rua de Ômega.
Depois de todo este esforço, lembre que este é o terceiro ou quarto caso de morte envolvendo policiais civis e militares neste ano e pense para onde vai todo o dinheiro investido na capacitação destas pessoas.
sábado, novembro 26, 2005
Tempo, onde estás que não te vejo?
Tempo pouco, muito trabalho. De manhã, tarde e noite. E hoje, sábado.
Boa Vista hoje está quente, mas choveu no começo da semana.
Começou na quinta a Feira do Empreendedor do Sebrae. Empresário de Roraima e Amazonas, estrutura bacana, muita coisa para se ver no parque Anauá.
Na praça do Centro Cívico, trabalhamos desde quinta, eu e Zanny, cada um na sua área, no primeiro arraial Boa Vista Junina Fora de Época.
Na sexta (28), teve de tudo: grupo folclórico venezuelano, quadrilhas juninas, a banda de reggae Guybraz e as de rock Mr. Jungle, Garden e Lepthos. Devem agradecer à Zanny, que insistiu que o nome da festa, "São João dos Ritmos", deveria justificar-se na variedade de estilos musicais. A noite terminou com forró, claro.
Na frente de uma das barracas de alimentação, a pergunta do senhor:
- Amanhã vai ter?
- O que?
- Amanhã vai ter festa?
- Claro, a partir das sete da noite. Amanhã tem boi-bumbá, com o pessoal do Garantido.
- E vai ser de graça?
Penso se ele notou que é uma festa pública, no meio de uma praça.
- Sim, senhor. Aqui não se paga nada
- Vai ter carne de boi de graça?
- Hã?
Jovens descendentes dos índios da região passeiam pela praça. No rosto e na pele, a origem declarada. No pescoço, um colar de sementes amazônicas. Na orelha, um brinco de ouro. Adoro estas imagens.
Na Ilha do Forró, um palco afastado, capoeira com o grupo Angola Palmares, músicas e teatro cristãos com os jovens do Jocum e forró pé-de-serra com a banda Xaxado da Paraíba. De fato, em vários anos cobrindo as festas municipais, nunca vi tanta diversidade.
Agora, tempo de voltar ao trabalho, sem hora extra, mas rezando para adiantar algo ou a segunda vai ser curta de novo.
Visito quando der.
Tempo pouco, muito trabalho. De manhã, tarde e noite. E hoje, sábado.
Boa Vista hoje está quente, mas choveu no começo da semana.
Começou na quinta a Feira do Empreendedor do Sebrae. Empresário de Roraima e Amazonas, estrutura bacana, muita coisa para se ver no parque Anauá.
Na praça do Centro Cívico, trabalhamos desde quinta, eu e Zanny, cada um na sua área, no primeiro arraial Boa Vista Junina Fora de Época.
Na sexta (28), teve de tudo: grupo folclórico venezuelano, quadrilhas juninas, a banda de reggae Guybraz e as de rock Mr. Jungle, Garden e Lepthos. Devem agradecer à Zanny, que insistiu que o nome da festa, "São João dos Ritmos", deveria justificar-se na variedade de estilos musicais. A noite terminou com forró, claro.
Na frente de uma das barracas de alimentação, a pergunta do senhor:
- Amanhã vai ter?
- O que?
- Amanhã vai ter festa?
- Claro, a partir das sete da noite. Amanhã tem boi-bumbá, com o pessoal do Garantido.
- E vai ser de graça?
Penso se ele notou que é uma festa pública, no meio de uma praça.
- Sim, senhor. Aqui não se paga nada
- Vai ter carne de boi de graça?
- Hã?
Jovens descendentes dos índios da região passeiam pela praça. No rosto e na pele, a origem declarada. No pescoço, um colar de sementes amazônicas. Na orelha, um brinco de ouro. Adoro estas imagens.
Na Ilha do Forró, um palco afastado, capoeira com o grupo Angola Palmares, músicas e teatro cristãos com os jovens do Jocum e forró pé-de-serra com a banda Xaxado da Paraíba. De fato, em vários anos cobrindo as festas municipais, nunca vi tanta diversidade.
Agora, tempo de voltar ao trabalho, sem hora extra, mas rezando para adiantar algo ou a segunda vai ser curta de novo.
Visito quando der.
segunda-feira, novembro 21, 2005
Ouvidos na rua: declaração de amor
No saguão do aeroporto de Boa Vista, depois de uma noite na balada, um casal de amigos e eu comemos alguma coisa enquanto o sol nasce. Ele fala de vários assuntos e comenta sobre o amor. Ela retruca algo sobre ele ser muito seco no relacionamento e olha para a rua. Ele, estudante de química da Universidade Federal de Roraima, passional na vida e na ciência, lhe diz:
- O meu amor por ti não é químico e nem físico, é natural.
Ela continua olhando para a rua e eu, fascinado com a frase, lhe pergunto o que achou de tal declaração de amor. Ela me olha e diz:
- Hã? Declaração de amor? Que declaração de amor? Não ouvi nada. Estava olhando para a rua...Dá para repetir?..
No saguão do aeroporto de Boa Vista, depois de uma noite na balada, um casal de amigos e eu comemos alguma coisa enquanto o sol nasce. Ele fala de vários assuntos e comenta sobre o amor. Ela retruca algo sobre ele ser muito seco no relacionamento e olha para a rua. Ele, estudante de química da Universidade Federal de Roraima, passional na vida e na ciência, lhe diz:
- O meu amor por ti não é químico e nem físico, é natural.
Ela continua olhando para a rua e eu, fascinado com a frase, lhe pergunto o que achou de tal declaração de amor. Ela me olha e diz:
- Hã? Declaração de amor? Que declaração de amor? Não ouvi nada. Estava olhando para a rua...Dá para repetir?..
quinta-feira, novembro 17, 2005
Retrato íntimo
Gotas de euforia
escorrem pelo corpo dos amantes.
Com olhos semi-abertos,
o que vêem pela frente é tudo,
menos real.
Mãos firmes, temerosas, rápidas, lentas.
Viajam nos sentidos.
O movimento e o quarto trancado
aceleram a respiração.
A pele brilha, rostos se contraem.
Para um deve estar próximo o ápice.
Palavras obscenas são ditas.
Juramentos sem nexo são feitos.
As bocas se abrem, unhas pedem carne.
Os corpos se enroscam e as mãos
estão tomadas pelo suor.
Bendito suor.
O coração bate mais forte,
o ato fica mais intenso.
Em segundos, um deles
conhecerá um pouco do paraíso.
Making Of: texto velho, das antigas, literalmente do século passado.
segunda-feira, novembro 14, 2005
Histórias de índio: lançamento musical
Agosto de 2001. Há quase um mês em São Paulo, embarco para Florianópolis para passar uns dias na ilha enquanto não sai o resultado da prova anual promovida pelo Estadão para incluir no seu programa de treinamento estudantes de jornalismo no último ano do curso ou recém formados.
De Floripa, saio direto para a Penha, ciceroneado por Rodrigo, irmão de minha amiga Carla Cavalheiro. Gente muitíssimo boa, o guri, que nunca havia me visto na vida, aceitou o encargo de me mostrar um pouco do litoral de Santa Catarina.
Rodrigo é professor de oceanografia e surfista, daqueles que gosta de morar na beira da praia para pegar onda toda manhã. Bom guia turístico, ele sabe que a Penha não é o melhor local para divertir-se à noite. Por isso, atravessa alguns municípios e vamos cair em Balneário Camboriú, acompanhados pelo Gaúcho, seu colega de faculdade.
Em Balneário, olhando os out-doors, ficamos sabendo que rola num bar uma festa com uma banda que Rodrigo conhece de nome. A casa está lotada para ouvir o roquenrol d?Os Chefes. Bom show, gente bonita, o público e os músicos muito animados. De repente, Os Chefes tocam uma canção em inglês e todos acompanham. Olho para os lados e fico admirado com a resposta do pessoal. Será que é um lançamento, uma música que estourou durante a minha viagem? ? penso, sem conseguir identificar a melodia.
De volta a Roraima, meses depois pego emprestado um CD com os grandes sucessos de uma banda e ouço a música de Balneário Camboriú. O que eu pensava ser uma novidade era na verdade Roadhouse Blues, do The Doors, lançada em 1970.
Santo desconhecimento musical, culpa de uma vida cheia de salsa, merengue, calipso, vallenato, rancheras e outros ritmos mais latinos. A parte boa é que no Grammy Latino consigo perceber as bobagens que o pessoal do SBT fala de vez em quando.
Agosto de 2001. Há quase um mês em São Paulo, embarco para Florianópolis para passar uns dias na ilha enquanto não sai o resultado da prova anual promovida pelo Estadão para incluir no seu programa de treinamento estudantes de jornalismo no último ano do curso ou recém formados.
De Floripa, saio direto para a Penha, ciceroneado por Rodrigo, irmão de minha amiga Carla Cavalheiro. Gente muitíssimo boa, o guri, que nunca havia me visto na vida, aceitou o encargo de me mostrar um pouco do litoral de Santa Catarina.
Rodrigo é professor de oceanografia e surfista, daqueles que gosta de morar na beira da praia para pegar onda toda manhã. Bom guia turístico, ele sabe que a Penha não é o melhor local para divertir-se à noite. Por isso, atravessa alguns municípios e vamos cair em Balneário Camboriú, acompanhados pelo Gaúcho, seu colega de faculdade.
Em Balneário, olhando os out-doors, ficamos sabendo que rola num bar uma festa com uma banda que Rodrigo conhece de nome. A casa está lotada para ouvir o roquenrol d?Os Chefes. Bom show, gente bonita, o público e os músicos muito animados. De repente, Os Chefes tocam uma canção em inglês e todos acompanham. Olho para os lados e fico admirado com a resposta do pessoal. Será que é um lançamento, uma música que estourou durante a minha viagem? ? penso, sem conseguir identificar a melodia.
De volta a Roraima, meses depois pego emprestado um CD com os grandes sucessos de uma banda e ouço a música de Balneário Camboriú. O que eu pensava ser uma novidade era na verdade Roadhouse Blues, do The Doors, lançada em 1970.
Santo desconhecimento musical, culpa de uma vida cheia de salsa, merengue, calipso, vallenato, rancheras e outros ritmos mais latinos. A parte boa é que no Grammy Latino consigo perceber as bobagens que o pessoal do SBT fala de vez em quando.
sexta-feira, novembro 11, 2005
Da série Redatores da Fronteira: Ontem e hoje
Ygara Cauã é o pseudônimo de um companheiro que diz ainda sentir alguma coisa por um amor de seu passado e ao mesmo tempo quer mantê-lo bem longe. Aliás, tão longe que foi embora para o planalto central. Vá entender esse povo.
ONTEM E HOJE, MAS E DAÍ?
Por Ygara Cauã
Te amar foi algo que sempre desejei, e consegui
Não te amar foi algo que nunca quis, mas sempre temi
Te perder foi algo que não sonhei, mas vivi
Quando te perdi, foi tudo que não quis
Hoje sigo em frente, mesmo me achando feliz
Olho para trás e te vejo, talvez nem mais te ame
Quem sabe apenas só queira te ver, talvez...talvez
Só para sentir o que não existe mais
Sonho com você quase todas noites, e que ninguém me reclame
Amo sem querer, apenas deixo o coração bater mais
E sem dúvida deixo tudo só para te ter mais uma vez
Ainda que de nada possa valer, só quero poder te dizer
Mais uma vez, te amo e sinto que sempre te amarei
Nem sei se isso é o certo, mas dentro de mim parece ser o que espero
Mas nem que queira, e você nem foi demais
Foi eu que esperei e sonhei demais, mas não me arrependo
Sigo com a garganta embargada, a voz camuflada
Sonho tudo que não se sonha mais
Mas o que fazer se nada se faz mais
Bem que ensaio e no fim acabo dando só uma risada
Sem medo devo reconhecer que te amo
E quem sabe devo ser o responsável pelos erros
Tolo, sozinho procurei encontrar
Na fome de amar só quis acertar
Ainda que no fundo só queria estar ao teu lado
Sei que tudo agora é mais que um sonho, um belo pesadelo
Vivido todas as noites
Não choro, não nego, não temo
Aceito, disfarço, e ainda saio de lado
Tenho só um leve sorriso, que te dou de graça
Como meu amor, que hoje não tem graça
Mas você nem gosta de poesia, e nem eu gosto de você
Só te amo, mas não te quero
Só quero uma chance, de acordar ao teu lado
Ter teus cabelos desgrenhados ao meu lado
Te olhar com os olhos enlaçados
Te amar ainda que mal amado
Te amo!
Ygara Cauã é o pseudônimo de um companheiro que diz ainda sentir alguma coisa por um amor de seu passado e ao mesmo tempo quer mantê-lo bem longe. Aliás, tão longe que foi embora para o planalto central. Vá entender esse povo.
ONTEM E HOJE, MAS E DAÍ?
Por Ygara Cauã
Te amar foi algo que sempre desejei, e consegui
Não te amar foi algo que nunca quis, mas sempre temi
Te perder foi algo que não sonhei, mas vivi
Quando te perdi, foi tudo que não quis
Hoje sigo em frente, mesmo me achando feliz
Olho para trás e te vejo, talvez nem mais te ame
Quem sabe apenas só queira te ver, talvez...talvez
Só para sentir o que não existe mais
Sonho com você quase todas noites, e que ninguém me reclame
Amo sem querer, apenas deixo o coração bater mais
E sem dúvida deixo tudo só para te ter mais uma vez
Ainda que de nada possa valer, só quero poder te dizer
Mais uma vez, te amo e sinto que sempre te amarei
Nem sei se isso é o certo, mas dentro de mim parece ser o que espero
Mas nem que queira, e você nem foi demais
Foi eu que esperei e sonhei demais, mas não me arrependo
Sigo com a garganta embargada, a voz camuflada
Sonho tudo que não se sonha mais
Mas o que fazer se nada se faz mais
Bem que ensaio e no fim acabo dando só uma risada
Sem medo devo reconhecer que te amo
E quem sabe devo ser o responsável pelos erros
Tolo, sozinho procurei encontrar
Na fome de amar só quis acertar
Ainda que no fundo só queria estar ao teu lado
Sei que tudo agora é mais que um sonho, um belo pesadelo
Vivido todas as noites
Não choro, não nego, não temo
Aceito, disfarço, e ainda saio de lado
Tenho só um leve sorriso, que te dou de graça
Como meu amor, que hoje não tem graça
Mas você nem gosta de poesia, e nem eu gosto de você
Só te amo, mas não te quero
Só quero uma chance, de acordar ao teu lado
Ter teus cabelos desgrenhados ao meu lado
Te olhar com os olhos enlaçados
Te amar ainda que mal amado
Te amo!
quinta-feira, novembro 10, 2005
Um ano
Hoje completo um ano de namoro com a Zanny
12 meses de convivência quase diária
12 meses de risos e conversas
De momentos tensos e momentos felizes
Um ano de muita luta e algumas conquistas
De mudanças literais e comportamentais
De muita reza contra o mau-olhado
De muita surpresa com os comentários alheios
De vadiação nas madrugadas
De meus sermões e os seus "eu sei"
De piadas feitas para deixá-la sem graça
De mostrar que o mundo pode ser visto de outras formas
De muito salsa, pop e reggae
De teatro e dança,
De poesia e arte para alimentar a alma
De sexo e rock and roll para acalmar o corpo
Afinal, ninguém é santo nesta terra.
12 meses de morenidade
12 meses de olhos castanho-claros que ela jurava serem negros
(Vá entender esse tipo de daltonismo que ela tem)
De rir de seus medos e constrangimentos
De constrangê-la para rir.
De inventar diálogos absurdos
E esquecê-los antes que virem textos humorísticos
Perdendo a chance de ganhar dinheiro com eles (arg!!)
12 meses de pensar que cada dia será um bom dia (ou não).
De muitos e-mails e postagens
E alguns indesejáveis quilinhos a mais.
Hoje completo um ano de namoro com a Zanny
12 meses de convivência quase diária
12 meses de risos e conversas
De momentos tensos e momentos felizes
Um ano de muita luta e algumas conquistas
De mudanças literais e comportamentais
De muita reza contra o mau-olhado
De muita surpresa com os comentários alheios
De vadiação nas madrugadas
De meus sermões e os seus "eu sei"
De piadas feitas para deixá-la sem graça
De mostrar que o mundo pode ser visto de outras formas
De muito salsa, pop e reggae
De teatro e dança,
De poesia e arte para alimentar a alma
De sexo e rock and roll para acalmar o corpo
Afinal, ninguém é santo nesta terra.
12 meses de morenidade
12 meses de olhos castanho-claros que ela jurava serem negros
(Vá entender esse tipo de daltonismo que ela tem)
De rir de seus medos e constrangimentos
De constrangê-la para rir.
De inventar diálogos absurdos
E esquecê-los antes que virem textos humorísticos
Perdendo a chance de ganhar dinheiro com eles (arg!!)
12 meses de pensar que cada dia será um bom dia (ou não).
De muitos e-mails e postagens
E alguns indesejáveis quilinhos a mais.
sexta-feira, novembro 04, 2005
Ressurgindo das cinzas, a quase esquecida série Redatores da Fronteira
A seguir, poemas de amor, alegria e vida de Adilia Quintelas, cantora, compositora e mulher apaixonada que descubriu no seu atual amor que a poesia é como a vida: sempre há algo novo a ser descoberto.
Sorriso entre sorrisos
Transparente e preciso
Preciso esse sorriso
Precisamente o teu!
..........
Luz plena
Manhã serena
Verdes campos onde passeio meus olhos
Nada mais doce para se beijar
Que essa brisa que vem do olhar
........
Porta aberta
Rua deserta
Lua meia.
.....................
Meu coração está em paz
Minha alma está em luz
Meu corpo está em mais...mais...mais...
A seguir, poemas de amor, alegria e vida de Adilia Quintelas, cantora, compositora e mulher apaixonada que descubriu no seu atual amor que a poesia é como a vida: sempre há algo novo a ser descoberto.
Sorriso entre sorrisos
Transparente e preciso
Preciso esse sorriso
Precisamente o teu!
..........
Luz plena
Manhã serena
Verdes campos onde passeio meus olhos
Nada mais doce para se beijar
Que essa brisa que vem do olhar
........
Porta aberta
Rua deserta
Lua meia.
.....................
Meu coração está em paz
Minha alma está em luz
Meu corpo está em mais...mais...mais...
quinta-feira, novembro 03, 2005
Pensamentos de feriado...
Quarta, dia dos finados: ?Zanny, lembrando do post da Nanda e vendo o homem que vende açaí e buriti na bicicleta, pensei que a luta contra o peso é injusta. Veja bem: são muitos contra dois. É a pessoa e sua vontade de emagrecer contra o sedentarismo, a preguiça, a falta de tempo para malhar, as calorias da comida, a televisão e a idéia de que amanhã é o melhor dia para começar os exercícios. É muito difícil viver assim?.
...Notícias de quinta:
Lasanha causa intoxicação em 70 policiais argentinos
Quem manda querer mordomia? Deviam estar a pão e água para ficarem alertas durante a 4ª Cúpula das Américas.
Quarta, dia dos finados: ?Zanny, lembrando do post da Nanda e vendo o homem que vende açaí e buriti na bicicleta, pensei que a luta contra o peso é injusta. Veja bem: são muitos contra dois. É a pessoa e sua vontade de emagrecer contra o sedentarismo, a preguiça, a falta de tempo para malhar, as calorias da comida, a televisão e a idéia de que amanhã é o melhor dia para começar os exercícios. É muito difícil viver assim?.
...Notícias de quinta:
Lasanha causa intoxicação em 70 policiais argentinos
Quem manda querer mordomia? Deviam estar a pão e água para ficarem alertas durante a 4ª Cúpula das Américas.
segunda-feira, outubro 31, 2005
Uma reunião
Trabalho, vendas de comerciais, sites informativos, blogues, postagens, comentários, parcerias, colaborações além-mar via internet.
Risadas, sociedade, comportamento, mulheres, paixões desmentidas, reações de dúvida, cerveja, surrealismo, espanto, profissão, relatos sobre o passado e especulações sobre o futuro.
Conversa fiada, conversa séria, análise de mercado, análise de caráter, lembranças, interrupções e novas histórias. Dentro da piscina, um casal fala de sexo, parece, só que bem baixinho.
Frissons, encontros na metrópole, desencontros na cidadezinha, economia e finanças, primeiro emprego, primeiro calote, primeiro e último dia de batente.
Três pessoas, três estados, três formações, três sotaques, três copos, três idades, três filhos um, dois filhos outro, nenhum o último. Uma moça nada cada vez mais rapidamente. Dadaísmo remember.
Nova vida, novos desafios, nova bebida, garçom. Vamos misturar lúpulo com guaraná e ver no que vai dar. Beatles, Janis, quase 10 horas. Já é tarde. Do céu à casa, mulheres e namorada chegando. Lá vão eles, rindo da ficção e da realidade, provocadores, zueiros, bem na linha de frente.
Trabalho, vendas de comerciais, sites informativos, blogues, postagens, comentários, parcerias, colaborações além-mar via internet.
Risadas, sociedade, comportamento, mulheres, paixões desmentidas, reações de dúvida, cerveja, surrealismo, espanto, profissão, relatos sobre o passado e especulações sobre o futuro.
Conversa fiada, conversa séria, análise de mercado, análise de caráter, lembranças, interrupções e novas histórias. Dentro da piscina, um casal fala de sexo, parece, só que bem baixinho.
Frissons, encontros na metrópole, desencontros na cidadezinha, economia e finanças, primeiro emprego, primeiro calote, primeiro e último dia de batente.
Três pessoas, três estados, três formações, três sotaques, três copos, três idades, três filhos um, dois filhos outro, nenhum o último. Uma moça nada cada vez mais rapidamente. Dadaísmo remember.
Nova vida, novos desafios, nova bebida, garçom. Vamos misturar lúpulo com guaraná e ver no que vai dar. Beatles, Janis, quase 10 horas. Já é tarde. Do céu à casa, mulheres e namorada chegando. Lá vão eles, rindo da ficção e da realidade, provocadores, zueiros, bem na linha de frente.
sexta-feira, outubro 28, 2005
quarta-feira, outubro 26, 2005
Firmeza
Ele disse:
- Não sei o motivo de tanta desconfiança nessa minha nova idéia. Tem tudo para ser um sucesso. Você sabe muito bem que o que eu quero, eu consigo.
Ela, delicadamente, sem querer magoá-lo, explicitou suas razões:
- Amor, eu só me preocupo contigo. Se você fizer isso com tanta determinação como a dieta e os exercícios que precisas para perder essa barriga, vai ser o maior desastre da história.
Ele ficou refletindo enquanto tomava uma cerveja e comia mais um pedaço de lasanha.
segunda-feira, outubro 24, 2005
Invasão roqueira
Expulsos pela vizinhança, que chamou a polícia para dar um jeito na zoeira da bateria e das guitarras, bandas e público deixaram na sexta (21) o bar Tribos do Rock, no bairro Liberdade, zona oeste de Boa Vista, e decidiram tomar de assalto o pequeno palco da praça do vizinho bairro Pricumã, a uns dois quilômetros de distância.
Com um som improvisado e muita disposição, as bandas apresentaram-se para um grupo de aproximadamente 80 pessoas, de idades variadas e bastante vontade de ouvir rock na praça, completamente vazia até a chegada dos invasores.
Entre 22 e uma da manhã, tocaram, entre as que me lembro o nome, as bandas Mr. Jungle, Sheep e LN3. Quem passava em frente à praça, logo parava e dizia surpreso "que não estava sabendo do show" e "que estava gostando muito da idéia". Da vizinhança, pouco a pouco apareciam caras novas, surpresas com a movimentação.
As apresentações da Mr. Jungle e da LN3 priorizaram as composições próprias e a turma do gargalo acompanhou as letras mais conhecidas. Na verdade, havia esse pedaço do público, a menos de um metro das bandas, e o que estava a uns 10 metros, bebendo e conversando.
Mr. Jungle: uma das bandas de sábado
O abastecimento de bebidas, doces e salgados para os esfomeados ficou por conta da loja de conveniências do posto de gasolina atrás do palco. Outros já chegaram na festa improvisada com o seu garrafão de vinho, gelo e copos de plástico para manter-se devidamente hidratados.
O bom de o som ser basicamente plugar e cantar, sem muita equalização para fazer, é que os intervalos entre as bandas eram mínimos. Mas a clareza dos vocais não foi essas coisas. Coisas aceitáveis numa invasão de praça para fazer roquenrol e movimentar a cena musical roraimense.
Sobre a hora exata do fim da farra, os que ficaram até o final e foram consultados na outra noite, no show de Tributo a Pink Floyd, não souberam definir com certeza. Mas parece que passou fácil das 2h30 da madrugada.
Para a próxima sexta, segundo foi dito, o encontro está marcado para cedo no Tribos do Rock, lá pelas 17h. Assim haverá tempo para ouvir muita música até que bata o toque de silêncio das dez da noite. E já houve quem falasse também em ocupar novamente a praça do Pricumã.
Expulsos pela vizinhança, que chamou a polícia para dar um jeito na zoeira da bateria e das guitarras, bandas e público deixaram na sexta (21) o bar Tribos do Rock, no bairro Liberdade, zona oeste de Boa Vista, e decidiram tomar de assalto o pequeno palco da praça do vizinho bairro Pricumã, a uns dois quilômetros de distância.
Com um som improvisado e muita disposição, as bandas apresentaram-se para um grupo de aproximadamente 80 pessoas, de idades variadas e bastante vontade de ouvir rock na praça, completamente vazia até a chegada dos invasores.
Entre 22 e uma da manhã, tocaram, entre as que me lembro o nome, as bandas Mr. Jungle, Sheep e LN3. Quem passava em frente à praça, logo parava e dizia surpreso "que não estava sabendo do show" e "que estava gostando muito da idéia". Da vizinhança, pouco a pouco apareciam caras novas, surpresas com a movimentação.
As apresentações da Mr. Jungle e da LN3 priorizaram as composições próprias e a turma do gargalo acompanhou as letras mais conhecidas. Na verdade, havia esse pedaço do público, a menos de um metro das bandas, e o que estava a uns 10 metros, bebendo e conversando.
Mr. Jungle: uma das bandas de sábado
O abastecimento de bebidas, doces e salgados para os esfomeados ficou por conta da loja de conveniências do posto de gasolina atrás do palco. Outros já chegaram na festa improvisada com o seu garrafão de vinho, gelo e copos de plástico para manter-se devidamente hidratados.
O bom de o som ser basicamente plugar e cantar, sem muita equalização para fazer, é que os intervalos entre as bandas eram mínimos. Mas a clareza dos vocais não foi essas coisas. Coisas aceitáveis numa invasão de praça para fazer roquenrol e movimentar a cena musical roraimense.
Sobre a hora exata do fim da farra, os que ficaram até o final e foram consultados na outra noite, no show de Tributo a Pink Floyd, não souberam definir com certeza. Mas parece que passou fácil das 2h30 da madrugada.
Para a próxima sexta, segundo foi dito, o encontro está marcado para cedo no Tribos do Rock, lá pelas 17h. Assim haverá tempo para ouvir muita música até que bata o toque de silêncio das dez da noite. E já houve quem falasse também em ocupar novamente a praça do Pricumã.
quinta-feira, outubro 20, 2005
Pedidos
Foi assim, depois de algumas horas de conversas e risos, de falar sobre super-heróis e direitos humanos. Foi ao acaso, numa vontade crescente e reprimida para evitar pedidos ou gestos impensados. A festa já havia acabado, a madrugada era senhora.
- Posso te beijar?
- Pensei que nunca fosses pedir.
Foi assim, uma vontade de pular no desconhecido, um mergulho em águas profundas. Riam, enquanto pensavam no que o outro devia estar pensando. Àquela hora, somente os ladrões e os boêmios ainda perambulavam pelas ruas do velho bairro. Entraram na casa e brincaram de escrever poemas na pele do outro, com tintas de desejo e versos de descoberta.
- Estamos indo longe demais. Você não acha?
- Não. Vamos até onde você quiser.
Quando o sol decidiu voltar a reinar, mágoas, alegrias, surpresas e desconcertos estavam muito longe do ponto de partida, dos velhos limites do que se era horas atrás. E para todos os fins, para todos os outros e até para eles, o tempo tornou-se senhor de verdades que nunca foram ditas ou admitidas até mesmo entre amigos íntimos.
terça-feira, outubro 18, 2005
Numa tarde de muito trabalho (por incrível que pareça):
- Sinônimo de produto?
- Mercadoria.
- Hum...para melancia?
- Melão!
......
- Como é que eu coloco que tal categoria recebeu um aumento de R$ 500?
- Aumento, ora.
- Não, é sobre um abono.
- Então é um bônus mensal.
- Ou então um abônus mensal.
.......
- O termo "vilão" era aplicado aos pagãos que vinham das vilas antigamente.
- Então lá na Vila Olímpica tem um monte de vilãos também?
- Sinônimo de produto?
- Mercadoria.
- Hum...para melancia?
- Melão!
......
- Como é que eu coloco que tal categoria recebeu um aumento de R$ 500?
- Aumento, ora.
- Não, é sobre um abono.
- Então é um bônus mensal.
- Ou então um abônus mensal.
.......
- O termo "vilão" era aplicado aos pagãos que vinham das vilas antigamente.
- Então lá na Vila Olímpica tem um monte de vilãos também?
segunda-feira, outubro 17, 2005
Depois do amor
Romântica, ela disse, aninhada no colo de seu amado:
- Meu dengo, depois que a gente faz amor, fico um tempão rememorando, lembrando de cada beijo que te dei e ganhei de ti. E tu, ficas pensando em que?
Rápido e estupidamente sincero, ele respondeu:
- Ah, num monte de coisas. Agora mesmo tava pensando que vou ter de acordar bem cedinho para não pegar fila no lava-jato.
Enquanto ela se vestia furiosamente para ir embora, ele tentava entender se havia dito alguma bobagem falando a verdade.
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