Eu nunca passei muito tempo com o meu pai. Em parte porque
ele sempre trabalhou abrindo e pavimentando estradas longe de casa, em parte
porque os meus progenitores se separaram quando tinha uns 6 ou 7 anos de idade
e a parada foi tensa nos afastamentos até eles se reconciliarem, mais de uma
década depois.
Lembro que uma das poucas coisas que ele parou para me
ensinar foi a escrever os algarismos romanos. Por conta disso era um dos poucos
moleques do bairro a entender aquele monte de letrinhas que representavam
valores e datas.
Este ano, quando decidi fazer o mesmo com o Edgarzinho, descobri
que ela já conhecia os números romanos. Havia aprendido sobre eles jogando
Minecraft no celular...Dei muita risada quando soube e parti para a outra parte
de transmitir saberes que havia me proposto: ensinar-lhe dominó e damas.
Comecei com o dominó, mostrando que os pontinhos se
encaixavam até alguém ganhar. Depois partimos para o jogo com os múltiplos de
cinco. A minha meta era, na verdade, estimulá-lo a somar mais rapidamente e
garantir que o seu pensamento matemático avançasse. No começo ele não curtiu e
sempre pedia para voltar a jogar só o de encaixar as pedrinhas com pontinhos
iguais.
Sua mamis e eu optamos por reforçar o conhecimento dele na
tabuada. Quando percebemos que estava mais seguro, parti novamente para o
dominó dos múltiplos de cinco, ajudando ele quando as somas ficavam altas.
Resultado: o moleque hoje está uma fera nas somas e cálculos de probabilidades
sobre as jogadas que lhe garantem pontos e mais pontos.
Além da gente em casa, ele já jogou com o avô paterno, seu
Juca, e com minha avó, dona Maria José, que aos 91 anos ainda é a rainha familiar
do dominó, montando combinações e somando pontos numa velocidade absurda para o
que se espera de alguém de sua idade.
Edgarzinho jogando comigo, sua bisavó Maria José e seu avô Juca. Percebam que ele cresceu tanto que já usa de boas as minhas camisetas... |
Outro jogo que decidi ensinar-lhe, aqui pedindo ajuda da mamis Zanny Adairalba, foi o de damas. Esse demorou mais um pouco, sobretudo por exigir mais concentração de sua parte. Mesmo assim, na segunda semana ele já chegou contando que havia jogado com uma colega na escola. Na outra já estava jogando com a avó materna.
Pensando a estratégia para o jogo de damas |
Ainda fica nervoso quando está perdendo e nessas horas a
gente pega leve, dando aquela chance bacana para ele comer uma ou duas peças e
ganhar confiança. Além disso, reforçamos o tempo todo que ele precisa aprender
a montar as jogadas na cabeça e meio que prever o que o outro jogador vai
fazer.
Assim vamos, fortalecendo os conhecimento do moleque. O próximo
passo é ensinar xadrez, mas aí será uma história entre ele e a mãe, porque eu
não manjo disso aí.