Sábado, 18/4
Ambicioso, corri 5,5 km. Quero chegar aos seis.
Temeroso, vou mudar minha rota dos quilômetros finais. Para fechar essa distância estou entrando nas ruas com casas e gente caminhando ou pedalando. Vou me jogar na direção do rio. Tem pedras soltas, a volta é toda subindo, mas não tem risco de aspirar o Coronavírus de ninguém.
Ontem, pela primeira vez na vida, participei de uma vídeo conferência. Foi para cantar parabéns ao Rodrigo, no RJ. Tinha gente de toda parte na sala. Parecia festa presencial mesmo.
Edgarzinho acordou chorando, com saudades da irmã, que está em Brasília. Deu uma pena do bichinho... Zanny me contou depois que ontem ficaram de madrugada conversando um tempão. Saudade em tempos de covid-19.
Leitura de contos:
A Cyneida postou no facebook as escalada dos casos confirmados oficialmente (sempre bom falar "oficialmente" para não achar que é só isso) e eu compartilhei, pedido que a galera ficasse em casa o máximo que pudesse. Como tinha uma charge de vários coronavírus dando a faixa de melhor funcionário do mês ao Bolsonora, o Marlen não se conteve e veio defender a honra do presidente, dizendo que os midiavírus e os esquerdavírus estavam tentado derrubá-lo blá blá blá. Oh, Marlen... que dó dessa cegueira...
Ainda no facebook: havia recebido semana passada um pedido de amizade de um cara publicitário que já foi apresentador de programas de TV. Vi em seu perifl que virou cantor gospel, fã de deus, com canal e tal. Aceite. Depois vi que se declara apoiador do Bozo. Desfiz a amizade virtual. Não sou obrigado a lidar com gente que nunca aprendeu a interpretar o Novo Testamento.
Ainda no Facebook (e já pensando em parar de ver postagens nele): o Nei, meu primeiro editor, se declarou ontem fã do Bozo também e diz que há uma campanha contra ele por cometer muito sincericídio.. Oh, Nei... essas companhias com quem tu anda. Essas leituras tortas...
Final da tarde: cavamos buracos para replantar arvores frutíferas.
Noite: ameaça chover, chuvisca, venta forte e eu escrevo, gravo, edito e publico um poema no youtube. Depois vou assistir a um documentário no History Channel: O Mundo Sem Ninguém - América Latina.
Domingo, 19.04
Amanhece bem mais frio que ontem. Faço os comentários no texto do Rodrigo e devolvo seu material. Ouço jazz, a melhor música para escrever. Ócio. Almoço. Cochilo. Replantio de ipê e uma ciriguela no quintal da frente. Tomatinhos e goiabeira no quintal de trás. Tentativa de caminhar. Chuvisco. Retorno pela metade. A visão: muita gente vindo do rumo do balneário Curupira.
O gado foi pra rua hoje pedir golpe militar, fim da quarentena e Deus acima de todos
Segunda, 20/05
5h10. Levantei empolgado (não confundir com levantei rapidamente). A ideia era fazer bem cedinho minha corridinha. Uns 5,7 km, rumo aos 6km. Tudo escuro. No banheiro, vento frio entra pela janela. Vamos nessa, exercitar para não surtar. Abro a porta da cozinha e bah: está garoando, chão molhado, isso não vai parar tão cedo e não tem meta que valha uma gripe em tempos de coronavírus.
Acabou a tapioca e o queijo, acabou meu café da manhã. Vou ter que sair para o super, ver gente, passar pelo risco da contaminação. Que agonia. Não vou, não.
Não são nem seis horas e já vi no grupo dos jornalistas gente compartilhando vídeos de gente que apoia a volta da ditadura. Na verdade, não abri o vídeo porque me dá preguiça abrir vídeos, mas a Cyneida veio logo abaixo descendo a ripa em estava fazendo isso e dizendo que jornalista compactuar com quem atenta contra a democracia é uma vergonha. Fadinha sensata. O outro lá, um idiota .
7h10 fui tentar correr. O céu abriu e decidi não perder a chance, mas parece que choveu mais do que havia pensado. A avenida de barro já bloqueou a passagem lá encima. Não tem como atravessar essas poças sem meter o pé na água (exatamente o que aconteceu com um homem que tentou atravessar de bicicleta, atolou e, para não cair, teve que botar o pé no meio da lama).
Voltei, tentei fazer a rota rumo ao rio, mas também já criou poças de lama em todo lugar. Tenho que criar outro trecho em que não haja gente circulando.
Depois de muitoooos anos organizamos um álbum de fotografias do Edgarzinho. Da barriga da mãe até seus três, quatro anos de idade. No embalo, achei umas fotos que havia mandado imprimir para meus álbuns:
20h44. Pedimos e comemos pizza, está chovendo muito, um cabo de fibra ótica rompeu e muita gente está sem wi-fi. Vi nas redes o meme do bolsonaro fazendo sexo oral no pau invisível do mercado, li que hoje ele disse que não é coveiro para ficar comentando as mortes pela covid-19. Li no Twitter várias pessoas comentando que teria dito também ser ele a constituição do Brasil. Narcisista genocida.
Chove e eu não lembro mais quando foi a última vez que peguei o carro para ir a algum lugar que não fosse um supermercado.
Terça, 21/04
É feriado na quarentena. Dia de novamente ficar em casa de mansinho.
Converso desde ontem um tantão com Marilena sobre jornalismo, jornalistas, orientações políticas e posicionamentos ideológicos. Converso um tanto também com a Vanessa, mas sobre literatura e abordagens do personagem. Igualmente falando sobre livros, Rodrigo me confirma ter recebido o e-mail com minhas notas sobre seu romance.
Arrumei o álbum de fotos de uma viagem que fiz a Floripa há uns 10 anos. Não toquei no computador para nada, até porque nada havia de internet para tocar de manhã.
Terminei de ler os contos do livro Faca e fui ler um encadernado do Conan. Cérebro trabalhando (ou fugindo).
Pensei em correr de noite, mas...naaaa. Não tenho força mental para isso ainda.
Mais um dia de chamada de vídeo para falar com a minha mãe. Parece que vivemos em outro país.
Quarta, 22.04.
Acordo antes dos pássaros, faço uma rota nova de corrida, passo pano na casa, troco mensagens e emails de trabalho muito antes do meu horário normal, muito antes do horário normal dos outros. Penso nas pessoas que vi chegarem às 7h nas obras aqui do bairro, os riscos que estão passando se não usarem EPIs, penso em como estou privilegiado por poder teletrabalhar em casa.
Meu sentimento de culpa judaica-cristã por esse pseudoprivilégio esmorece quando o Greick joga no grupo do trampo que há planos de não pagarem os nossos reajustes devidos nos próximos dois anos. Que venha a inflação comendo tudo. Que paguemos nós, o elo mais fraco do executivo, a conta do governo. Que os bancos e todo o sistema financeiro sejam poupados, amém.
Descobri que a Raphaela também tá fazendo um diário de quarentena. O dela se chama Diário de uma Ansiosa e esta semana estava já segundo capítulo.
Manaus está um caos e já começaram a fazer valas comuns por lá para acelerar o enterro do pessoal.
No trabalho teve novidade, com a turma agora tendo que gravar matérias para a rádio. Então, pela primeira vez na vida, mexi com isso. Foi até legal. Só gostaria de ter sido avisado que íamos começar a atuar nessa área.
Tô pegando bomba no meu curso de inglês. Errei ontem e hoje muitas vezes o lance de colocar o S nos verbos e fiquei sem vidas. Mas agora acho que entendi. Amanhã não me pegam, espero.
Quinta, 23.04.
6h. Tem quatro pássaros de três espécies no abacateiro. Um deles está desde terça no mesmo lugar, todo mofino. E não tem como a gente chegar lá.
Tem dias em que me sinto vazio.
11h23. O passarinho está vivo e não mumificado, como achávamos. Mas não se move.
20h22. O passarinho ainda está lá, vivo e imóvel.
O coronavírus segue sua jornada assassina no Brasil e as autoridades liberando um monte de coisa para o povo se aglomere mais.
Em Brasília, Moro ia deixar o ministério, mas acabou ficando.
No grupo da família compartilharam um meme desses do gabinete do ódio dizendo que foi só o ministro novo assumir e os casos já quase negativado. Tive que printar os dados do próprio ministério e reforçar o óbvio:
Sexta, 24.05
Sextou em Brasília. Sérgio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça de manhã e falou um monte do Bolsonaro. De tarde foi o Bolsonaro que falou um monte dele. Da fala do Bozo, fiz uma "cobertura" comentada no twitter, acompanhei outras, vi uma cacetada de memes durante todo o dia, ri dos seguidores do bolsonazi dizendo traídos e findei a tarde pensando: briguem, moder focas, briguem.
Agora, algo mais próximo: o passarinho continua no mesmo galho há dias. Não se mexe para nada, mas continua vivo. Achamos que pode ser um tipo de pássaro Gandhi ou pássaro Buda em estado de meditação plena.
O dólar bateu na casa dos R$ 6,91 nas casas de câmbio de São Paulo.
O coronavírus continuou na ativa, mas ficou ofuscado hoje pela briga de casal Moro-Bolso.
O Moro não foge ao seu hábito e liberou material para o Jornal Nacional mostrando que o Bolsonaro queria mesmo um novo chefe para a Polícia Federal para poder controlar as investigações. E também mostrou um print de sua afilhada de casamento pedindo-lhe paciência até o final do ano, quando viraria ministro do STF. Briguem, moder focas, briguem.
Teve muto meme hoje. Acho digno deixar alguns aqui para rir nos anos vindouros (tão bonito escrever "vindouros"):
Hoje fui atrás de saber há quanto tempo estamos em quarentena. Na primeira edição deste diário da Covid-19 vi que no dia 16.03 o Edgarzinho foi liberado das aulas e que dia 20.03 foi quando comecei no teletrabalho. Ou seja, faz quase 40 dias que meu filho não sai para canto nenhum e que eu não vejo a minha mãe pessoalmente.
No grupo dos jornalistas aparecem os passadores de pano do bozo, justificando a troca do delegado geral e do ministro e ignorando as alegações de interferência. Pior raça, essa a dos passadores de pano da extrema direita.
Sábado, 25.05.
Acho que fui dormir antes das 22h ontem. No começo do filme novo do ator que faz o Thor já estava perdendo cenas inteiras entre um piscar e outro. Resultado: cochilei e meia-noite acordei disposto que só, mas consegui dormir de novo. Aí às 4h estava tentando dormir na rede da varanda. Não consegui e lá pelas 5h decidi fazer o café da manhã. O gás acabou. Agora tenho que esperar até sete para fazer o pedido e estou morrendo de vontade de tomar alguma bebida quente.
O passarinho continua no galho.
O gás chegou. São quase 8h. Finalmente posso fazer café ou chá e só porque não tem nada na geladeira e as compras que fizemos ontem pelo celular só chegam mais tarde.
Se você também está escrevendo sobre isso, deixa o link nos comentários que quero saber dos teus dias.
Ambicioso, corri 5,5 km. Quero chegar aos seis.
Temeroso, vou mudar minha rota dos quilômetros finais. Para fechar essa distância estou entrando nas ruas com casas e gente caminhando ou pedalando. Vou me jogar na direção do rio. Tem pedras soltas, a volta é toda subindo, mas não tem risco de aspirar o Coronavírus de ninguém.
Ontem, pela primeira vez na vida, participei de uma vídeo conferência. Foi para cantar parabéns ao Rodrigo, no RJ. Tinha gente de toda parte na sala. Parecia festa presencial mesmo.
Edgarzinho acordou chorando, com saudades da irmã, que está em Brasília. Deu uma pena do bichinho... Zanny me contou depois que ontem ficaram de madrugada conversando um tempão. Saudade em tempos de covid-19.
Leitura de contos:
A Cyneida postou no facebook as escalada dos casos confirmados oficialmente (sempre bom falar "oficialmente" para não achar que é só isso) e eu compartilhei, pedido que a galera ficasse em casa o máximo que pudesse. Como tinha uma charge de vários coronavírus dando a faixa de melhor funcionário do mês ao Bolsonora, o Marlen não se conteve e veio defender a honra do presidente, dizendo que os midiavírus e os esquerdavírus estavam tentado derrubá-lo blá blá blá. Oh, Marlen... que dó dessa cegueira...
Ainda no facebook: havia recebido semana passada um pedido de amizade de um cara publicitário que já foi apresentador de programas de TV. Vi em seu perifl que virou cantor gospel, fã de deus, com canal e tal. Aceite. Depois vi que se declara apoiador do Bozo. Desfiz a amizade virtual. Não sou obrigado a lidar com gente que nunca aprendeu a interpretar o Novo Testamento.
Ainda no Facebook (e já pensando em parar de ver postagens nele): o Nei, meu primeiro editor, se declarou ontem fã do Bozo também e diz que há uma campanha contra ele por cometer muito sincericídio.. Oh, Nei... essas companhias com quem tu anda. Essas leituras tortas...
Final da tarde: cavamos buracos para replantar arvores frutíferas.
Noite: ameaça chover, chuvisca, venta forte e eu escrevo, gravo, edito e publico um poema no youtube. Depois vou assistir a um documentário no History Channel: O Mundo Sem Ninguém - América Latina.
Domingo, 19.04
Amanhece bem mais frio que ontem. Faço os comentários no texto do Rodrigo e devolvo seu material. Ouço jazz, a melhor música para escrever. Ócio. Almoço. Cochilo. Replantio de ipê e uma ciriguela no quintal da frente. Tomatinhos e goiabeira no quintal de trás. Tentativa de caminhar. Chuvisco. Retorno pela metade. A visão: muita gente vindo do rumo do balneário Curupira.
O povo lá na sala vendo a live do Roberto Carlos. O ano acabou e não notamos.
O gado foi pra rua hoje pedir golpe militar, fim da quarentena e Deus acima de todos
Segunda, 20/05
5h10. Levantei empolgado (não confundir com levantei rapidamente). A ideia era fazer bem cedinho minha corridinha. Uns 5,7 km, rumo aos 6km. Tudo escuro. No banheiro, vento frio entra pela janela. Vamos nessa, exercitar para não surtar. Abro a porta da cozinha e bah: está garoando, chão molhado, isso não vai parar tão cedo e não tem meta que valha uma gripe em tempos de coronavírus.
Acabou a tapioca e o queijo, acabou meu café da manhã. Vou ter que sair para o super, ver gente, passar pelo risco da contaminação. Que agonia. Não vou, não.
Não são nem seis horas e já vi no grupo dos jornalistas gente compartilhando vídeos de gente que apoia a volta da ditadura. Na verdade, não abri o vídeo porque me dá preguiça abrir vídeos, mas a Cyneida veio logo abaixo descendo a ripa em estava fazendo isso e dizendo que jornalista compactuar com quem atenta contra a democracia é uma vergonha. Fadinha sensata. O outro lá, um idiota .
7h10 fui tentar correr. O céu abriu e decidi não perder a chance, mas parece que choveu mais do que havia pensado. A avenida de barro já bloqueou a passagem lá encima. Não tem como atravessar essas poças sem meter o pé na água (exatamente o que aconteceu com um homem que tentou atravessar de bicicleta, atolou e, para não cair, teve que botar o pé no meio da lama).
Voltei, tentei fazer a rota rumo ao rio, mas também já criou poças de lama em todo lugar. Tenho que criar outro trecho em que não haja gente circulando.
Depois de muitoooos anos organizamos um álbum de fotografias do Edgarzinho. Da barriga da mãe até seus três, quatro anos de idade. No embalo, achei umas fotos que havia mandado imprimir para meus álbuns:
2008, Edgarzinho tinha dois meses de vida |
2008, almoçando com os jornalistas Luiz Valério e Tana Halu |
Talvez 2009, tendo conversas místicas no Beto Carrero World |
Talvez 2009, mostrando o peitinho sexy em Floripa |
Com Jonas Banhos, da Barca das Letras, em Brasília. 2009-2010 |
20h44. Pedimos e comemos pizza, está chovendo muito, um cabo de fibra ótica rompeu e muita gente está sem wi-fi. Vi nas redes o meme do bolsonaro fazendo sexo oral no pau invisível do mercado, li que hoje ele disse que não é coveiro para ficar comentando as mortes pela covid-19. Li no Twitter várias pessoas comentando que teria dito também ser ele a constituição do Brasil. Narcisista genocida.
Bolsonoristas fizeram memes mais ofensivos e o povo ria que só, apenas para lembrar |
Chove e eu não lembro mais quando foi a última vez que peguei o carro para ir a algum lugar que não fosse um supermercado.
Terça, 21/04
É feriado na quarentena. Dia de novamente ficar em casa de mansinho.
Converso desde ontem um tantão com Marilena sobre jornalismo, jornalistas, orientações políticas e posicionamentos ideológicos. Converso um tanto também com a Vanessa, mas sobre literatura e abordagens do personagem. Igualmente falando sobre livros, Rodrigo me confirma ter recebido o e-mail com minhas notas sobre seu romance.
Arrumei o álbum de fotos de uma viagem que fiz a Floripa há uns 10 anos. Não toquei no computador para nada, até porque nada havia de internet para tocar de manhã.
Terminei de ler os contos do livro Faca e fui ler um encadernado do Conan. Cérebro trabalhando (ou fugindo).
Pensei em correr de noite, mas...naaaa. Não tenho força mental para isso ainda.
Mais um dia de chamada de vídeo para falar com a minha mãe. Parece que vivemos em outro país.
Só assim que a gente se vê agora |
Quarta, 22.04.
Acordo antes dos pássaros, faço uma rota nova de corrida, passo pano na casa, troco mensagens e emails de trabalho muito antes do meu horário normal, muito antes do horário normal dos outros. Penso nas pessoas que vi chegarem às 7h nas obras aqui do bairro, os riscos que estão passando se não usarem EPIs, penso em como estou privilegiado por poder teletrabalhar em casa.
Meu sentimento de culpa judaica-cristã por esse pseudoprivilégio esmorece quando o Greick joga no grupo do trampo que há planos de não pagarem os nossos reajustes devidos nos próximos dois anos. Que venha a inflação comendo tudo. Que paguemos nós, o elo mais fraco do executivo, a conta do governo. Que os bancos e todo o sistema financeiro sejam poupados, amém.
Descobri que a Raphaela também tá fazendo um diário de quarentena. O dela se chama Diário de uma Ansiosa e esta semana estava já segundo capítulo.
Manaus está um caos e já começaram a fazer valas comuns por lá para acelerar o enterro do pessoal.
No trabalho teve novidade, com a turma agora tendo que gravar matérias para a rádio. Então, pela primeira vez na vida, mexi com isso. Foi até legal. Só gostaria de ter sido avisado que íamos começar a atuar nessa área.
Tô pegando bomba no meu curso de inglês. Errei ontem e hoje muitas vezes o lance de colocar o S nos verbos e fiquei sem vidas. Mas agora acho que entendi. Amanhã não me pegam, espero.
Quinta, 23.04.
6h. Tem quatro pássaros de três espécies no abacateiro. Um deles está desde terça no mesmo lugar, todo mofino. E não tem como a gente chegar lá.
A gente bate palma e grita e ele se mexe de leve. Não está mumificado pelo sol ainda, mas até quando resistirá? |
Tem dias em que me sinto vazio.
11h23. O passarinho está vivo e não mumificado, como achávamos. Mas não se move.
20h22. O passarinho ainda está lá, vivo e imóvel.
O coronavírus segue sua jornada assassina no Brasil e as autoridades liberando um monte de coisa para o povo se aglomere mais.
Em Brasília, Moro ia deixar o ministério, mas acabou ficando.
No grupo da família compartilharam um meme desses do gabinete do ódio dizendo que foi só o ministro novo assumir e os casos já quase negativado. Tive que printar os dados do próprio ministério e reforçar o óbvio:
Não se confiem dessas imagens que o povo do bolsonaro manda fazer. Tenham cuidado. Não tem caso caindo, não é invenção da mídia e não vai ter respirador para todos. Em uma pesquisa rápida dá para saberem quantas enganações os caras inventam e compartilham em memes como este.
Sexta, 24.05
Sextou em Brasília. Sérgio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça de manhã e falou um monte do Bolsonaro. De tarde foi o Bolsonaro que falou um monte dele. Da fala do Bozo, fiz uma "cobertura" comentada no twitter, acompanhei outras, vi uma cacetada de memes durante todo o dia, ri dos seguidores do bolsonazi dizendo traídos e findei a tarde pensando: briguem, moder focas, briguem.
Agora, algo mais próximo: o passarinho continua no mesmo galho há dias. Não se mexe para nada, mas continua vivo. Achamos que pode ser um tipo de pássaro Gandhi ou pássaro Buda em estado de meditação plena.
O dólar bateu na casa dos R$ 6,91 nas casas de câmbio de São Paulo.
Eu, nos stories lembrando que o Bozo taí em boa parte graças aos isentões e aos que disseram que estavam votando pela recuperação da economia |
O coronavírus continuou na ativa, mas ficou ofuscado hoje pela briga de casal Moro-Bolso.
O Moro não foge ao seu hábito e liberou material para o Jornal Nacional mostrando que o Bolsonaro queria mesmo um novo chefe para a Polícia Federal para poder controlar as investigações. E também mostrou um print de sua afilhada de casamento pedindo-lhe paciência até o final do ano, quando viraria ministro do STF. Briguem, moder focas, briguem.
Teve muto meme hoje. Acho digno deixar alguns aqui para rir nos anos vindouros (tão bonito escrever "vindouros"):
Este eu compartilhei no FB |
Essa frase é minha |
Meu conselho, vendo a coragem do povo em demostrar sua burrice e vendo alguns fanáticos emputecidos com os supostos movidos da saída do Moro |
Sou pessimista. Nada vai melhorar. Preparem os bolsos e corações |
Hoje fui atrás de saber há quanto tempo estamos em quarentena. Na primeira edição deste diário da Covid-19 vi que no dia 16.03 o Edgarzinho foi liberado das aulas e que dia 20.03 foi quando comecei no teletrabalho. Ou seja, faz quase 40 dias que meu filho não sai para canto nenhum e que eu não vejo a minha mãe pessoalmente.
No grupo dos jornalistas aparecem os passadores de pano do bozo, justificando a troca do delegado geral e do ministro e ignorando as alegações de interferência. Pior raça, essa a dos passadores de pano da extrema direita.
Sábado, 25.05.
Acho que fui dormir antes das 22h ontem. No começo do filme novo do ator que faz o Thor já estava perdendo cenas inteiras entre um piscar e outro. Resultado: cochilei e meia-noite acordei disposto que só, mas consegui dormir de novo. Aí às 4h estava tentando dormir na rede da varanda. Não consegui e lá pelas 5h decidi fazer o café da manhã. O gás acabou. Agora tenho que esperar até sete para fazer o pedido e estou morrendo de vontade de tomar alguma bebida quente.
O passarinho continua no galho.
O gás chegou. São quase 8h. Finalmente posso fazer café ou chá e só porque não tem nada na geladeira e as compras que fizemos ontem pelo celular só chegam mais tarde.
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Este é o sexto registro dos meus dias de quarentena e distanciamento social durante a pandemia da covid-19. Tem outras postagens aqui.