Hoje vou falar de uma ecoaventura que fiz nos distantes dias 20 e 21 de maio deste longo ano de 2017. Preparem-se para acompanhar cada gota de suor que soltei na jornada.
O eco-passeio exigiu um bocado de esforço físico: em companhia de cinco amigos subi a Serra Grande, uma montanha que fica no município do Cantá (RR) e que há muito tempo queria encarar.
Esta minha ecotrip (acho que acabaram os termos aos quais consigo adicionar “eco”) começou com o convite do casal Timóteo e Graziela Camargo. Com eles e Ricardo “Biro” Guimarães, Júlio Fraulob e Marcelo Engelhardt encarei uma trilha e pedras escorregadias no meio da mata até conquistar (olhe aí a petulância do trilheiro) a Serra Grande. Ou pelo menos, mais da metade dela, bem na parte que interessa, com as piscinas que parecem infinitas e uma cachoeira delícia de tomar banho e bater fotos.
A caminhada começou no sítio Água Fria, que fica na zona rural da vila Serra Grande Dois. Para chegar nesse lugar saímos de Boa Vista, pegamos a BR 401 e entramos na RR 206, passamos pela sede do município do Cantá (a 32 km de BVB) e avançamos mais uns 20 ou 30 km em estrada de picarra e terra batida.
Depois que dividimos as coisas de uso comum para carregar nas mochilas, começamos a caminhar. Logo de cara tivemos que atravessar um igarapé. Como não queria molhar os tênis logo nos primeiros 20 metros da jornada, avancei pela margem um pouco e passei pulando pedras.
A sorte é que cada momento apareciam córregos para pegar água bem gelada e jogar no rosto, aliviando a agonia do cansaço e o calor da mata fechada. E foi no meio da mata que almoçamos paçoca com banana e suco de cajá (ou taperebá, não lembro mais. Só lembro que serviu para recuperar forças e descansar).
Como estamos na temporada das chuvas, há muitas oportunidades para refrescar-se no meio do caminho, dando um mergulho para espantar o calor ou apenas pegando água para molhar o rosto.
Subimos usando GPS, mas a certa altura saímos da rota e fomos parar no pé de uma parede gigante de pedra. Quando vi aquilo pensei: caraca...será que dá para subir isso sem escorregar? Por sorte, lá no topo (amplia a foto que dá para ver a silhueta do povo) estavam duas pessoas. Começamos a falar com elas na base do grito, perguntando se a trilha era por ali e elas responderam que não, que dava numa cachoeira, mas que não era o caminho correto. Demos meia volta e entramos na trilha correta, eu aliviado pela subida em vão que não fizemos…
No meio dessas subidas que nunca acabavam, há percursos no meio do leito de pedra do rio que só aparece no inverno. Dele já dá para ver o rio Branco às nossas costas.
Finalmente, depois de sair de 110 metros de altitude e fazer quase quatro horas e 3,15 Km de caminhada, finalmente chegamos ao nosso destino, a 514 metros. Mas não sem antes pular por cima de mais pedras para não molhar os tênis nos riachos e escorregar várias vezes por conta do limo no caminho.
No ponto de chegada, entre 10 e 20 pessoas já estavam instaladas em redes e barracas e tomando banho nas piscinas naturais mais altas. Por isso, depois de montar acampamento, descemos um pouco a serra e tomamos banho em outro ponto. Ainda bem que a visão de “piscina no horizonte infinito” também se via nelas. A água fria que desce do topo da serra nos ajudou a recobrar as energias e ficar muito bem. No meu caso, acrescentei muito alongamento para evitar dores musculares no dia seguinte.
Antes da noite chegar e depois do banho, fomos curtir o final da tarde na pedra, vendo o sol iluminar o lavrado, o rio Branco e colorir de laranja a mata da serra. Fiz algumas fotos e aí a bateria de meu celular acabou, mas não antes de enviar lá de cima umas fotos via Whastapp para casa.
Quando escureceu e os insetos começaram a incomodar, voltamos para as barracas e providenciamos a janta. Choveu um pouco e quando passou decidimos voltar para a pedra para tomar vinho e ouvir música nas caixas de som com bluetooth que o grupo levou.
Do ponto onde estávamos, víamos à noite os carros saírem de Mucajaí e atravessarem os 50 km da BR 174 rumo a Boa Vista, cuja iluminação se projetava por detrás da serra. Como era sábado, deduzi que o povo estava vindo curtir as baladas na capital.
Os demais trilheiros foram chegando e daqui a pouco a roda tinha umas quinze pessoas conversando e ouvindo música. O bom momento, com muito vento frio, acabou quando recomeçou a chover, parando logo em seguida. Como já estava bem tarde, fui deitar e parte do povo ficou celebrando a natureza.
As chuvas voltaram de madrugada, minha rede começou a molhar dos lados, deixando-me à procura da melhor posição para voltar a dormir. Na verdade, só ficou seca a parte do meio. Até o lençol molhou na brincadeira e não parava de chover, molhando tudo ainda mais… A noite mal dormida foi o grande momento ruim do passeio.
Quando amanheceu, lanchamos, tomei banho e lá pelas 9h, 9h30, começamos a descer. Sabe aquele ditado de “para baixo todo santo ajuda”? Pura conversa. Quase todo mundo escorregou e se ralou um pouco na descida.
Como estava bem úmido, suei bem mais do que na subida. A certa parte, minha pernas tremiam pelo esforço e os tornozelos e joelhos começaram a doer...quando encontrávamos uma parte reta para caminhar, agradecia pelo descanso. Como já estava indo para casa, nem me preocupava mais em pular as partes com riacho. Passava direto.
Tirando a chuva me incomodou à noite e esse cansaço, não tenho nada de ruim para contar. Valeu muito a pena sair do conforto de casa para curtir a Serra Grande na companhia desse grupo bom de pessoas.
(É claro que nessa semana não fiz nada de exercícios, dando tempo para que as pernas se recuperassem.)
O eco-passeio exigiu um bocado de esforço físico: em companhia de cinco amigos subi a Serra Grande, uma montanha que fica no município do Cantá (RR) e que há muito tempo queria encarar.
Esta minha ecotrip (acho que acabaram os termos aos quais consigo adicionar “eco”) começou com o convite do casal Timóteo e Graziela Camargo. Com eles e Ricardo “Biro” Guimarães, Júlio Fraulob e Marcelo Engelhardt encarei uma trilha e pedras escorregadias no meio da mata até conquistar (olhe aí a petulância do trilheiro) a Serra Grande. Ou pelo menos, mais da metade dela, bem na parte que interessa, com as piscinas que parecem infinitas e uma cachoeira delícia de tomar banho e bater fotos.
A caminhada começou no sítio Água Fria, que fica na zona rural da vila Serra Grande Dois. Para chegar nesse lugar saímos de Boa Vista, pegamos a BR 401 e entramos na RR 206, passamos pela sede do município do Cantá (a 32 km de BVB) e avançamos mais uns 20 ou 30 km em estrada de picarra e terra batida.
Sítio Água Fria, o começo de tudo |
A divisão |
Depois que dividimos as coisas de uso comum para carregar nas mochilas, começamos a caminhar. Logo de cara tivemos que atravessar um igarapé. Como não queria molhar os tênis logo nos primeiros 20 metros da jornada, avancei pela margem um pouco e passei pulando pedras.
Primeiras puladas sobre as pedras |
A umidade estava bem alta e logo comecei a suar muito. Sorte que tinha uma garrafa de água congelada comigo e isso ia matando a sede. O caminho começou fácil, mas logo foi ficando complicado, com troncos no meio da trilha e muitas pedras para pular e subir usando mãos e pernas. Me lembrou a etapa final da subida ao monte Roraima, que encarei há muitos anos, no auge de minha forma física, e na qual fiz “crec” no joelho esquerdo na descida.
Primeiros passos na trilha |
Primeiro terço: o cansaço já está batendo |
Abaixa que tem árvore no meio |
Pula que tem pedra pra subir |
Mãos e pés na subida |
Como o ritmo da turma estava bem puxado, houve momentos em que me faltou fôlego. Coisas da idade (naqueles dias indo para os 40, agora tendo 41) e do sedentarismo (naqueles dias caminhando cinco km por noite e passando uma semana sem fazer nada).
A sorte é que cada momento apareciam córregos para pegar água bem gelada e jogar no rosto, aliviando a agonia do cansaço e o calor da mata fechada. E foi no meio da mata que almoçamos paçoca com banana e suco de cajá (ou taperebá, não lembro mais. Só lembro que serviu para recuperar forças e descansar).
Almocinho no restaurante Trilha da Serra |
Como estamos na temporada das chuvas, há muitas oportunidades para refrescar-se no meio do caminho, dando um mergulho para espantar o calor ou apenas pegando água para molhar o rosto.
Subimos usando GPS, mas a certa altura saímos da rota e fomos parar no pé de uma parede gigante de pedra. Quando vi aquilo pensei: caraca...será que dá para subir isso sem escorregar? Por sorte, lá no topo (amplia a foto que dá para ver a silhueta do povo) estavam duas pessoas. Começamos a falar com elas na base do grito, perguntando se a trilha era por ali e elas responderam que não, que dava numa cachoeira, mas que não era o caminho correto. Demos meia volta e entramos na trilha correta, eu aliviado pela subida em vão que não fizemos…
Sente o tamanho da pedra que ainda bem que não subimos. Lá, na altura da nuvem, estavam duas pessoas |
No meio dessas subidas que nunca acabavam, há percursos no meio do leito de pedra do rio que só aparece no inverno. Dele já dá para ver o rio Branco às nossas costas.
O rio Branco lá trás...e ainda tem chão (ou rio) para subir |
Leito do rio que se forma na época das chuvas |
Escultura de pedras perto da chegada |
Finalmente, depois de sair de 110 metros de altitude e fazer quase quatro horas e 3,15 Km de caminhada, finalmente chegamos ao nosso destino, a 514 metros. Mas não sem antes pular por cima de mais pedras para não molhar os tênis nos riachos e escorregar várias vezes por conta do limo no caminho.
O gráfico mostrando nosso trajeto |
No ponto de chegada, entre 10 e 20 pessoas já estavam instaladas em redes e barracas e tomando banho nas piscinas naturais mais altas. Por isso, depois de montar acampamento, descemos um pouco a serra e tomamos banho em outro ponto. Ainda bem que a visão de “piscina no horizonte infinito” também se via nelas. A água fria que desce do topo da serra nos ajudou a recobrar as energias e ficar muito bem. No meu caso, acrescentei muito alongamento para evitar dores musculares no dia seguinte.
Piscina do infinito, uma das recompensas por tanto esforço |
Tinha dois tipos de peixinhos na piscina. Como subiram é o mistério |
Pose zen deste cronista, para ficar blasé na fotos |
Fizemos a montagem das barracas em dois pontos bem próximos: numa ficamos eu, Graziela e Timóteo. Debaixo da outra lona abrigaram-se Júlio, Marcelo e Biro. Nessa montamos o fogão e a iluminação a base de lâmpadas LED alimentadas por uma bateria de motocicleta, garantindo iluminação padrão “casa” para a janta (pão com linguiça frita), o mate e a conversa. O espaço ficou tão bom que o povo das vizinhanças veio esquentar água com a gente e lá pelas 23h rolou até um momento comunitário.
Antes da noite chegar e depois do banho, fomos curtir o final da tarde na pedra, vendo o sol iluminar o lavrado, o rio Branco e colorir de laranja a mata da serra. Fiz algumas fotos e aí a bateria de meu celular acabou, mas não antes de enviar lá de cima umas fotos via Whastapp para casa.
A recompensa: o lavrado todo à vista, com o rio Branco em primeiro plano. |
Parece foto posada, mas estávamos mesmo curtindo a visão |
Julio, Marcelo, Edgar, Timóteo, Graziela e Biro |
Sente a luz linda que tínhamos nessa tarde |
O sorriso na cara de quem já escorregou muito na subida |
Preparando o jantar |
Do ponto onde estávamos, víamos à noite os carros saírem de Mucajaí e atravessarem os 50 km da BR 174 rumo a Boa Vista, cuja iluminação se projetava por detrás da serra. Como era sábado, deduzi que o povo estava vindo curtir as baladas na capital.
Os demais trilheiros foram chegando e daqui a pouco a roda tinha umas quinze pessoas conversando e ouvindo música. O bom momento, com muito vento frio, acabou quando recomeçou a chover, parando logo em seguida. Como já estava bem tarde, fui deitar e parte do povo ficou celebrando a natureza.
As chuvas voltaram de madrugada, minha rede começou a molhar dos lados, deixando-me à procura da melhor posição para voltar a dormir. Na verdade, só ficou seca a parte do meio. Até o lençol molhou na brincadeira e não parava de chover, molhando tudo ainda mais… A noite mal dormida foi o grande momento ruim do passeio.
Quando amanheceu, lanchamos, tomei banho e lá pelas 9h, 9h30, começamos a descer. Sabe aquele ditado de “para baixo todo santo ajuda”? Pura conversa. Quase todo mundo escorregou e se ralou um pouco na descida.
Como estava bem úmido, suei bem mais do que na subida. A certa parte, minha pernas tremiam pelo esforço e os tornozelos e joelhos começaram a doer...quando encontrávamos uma parte reta para caminhar, agradecia pelo descanso. Como já estava indo para casa, nem me preocupava mais em pular as partes com riacho. Passava direto.
Tirando a chuva me incomodou à noite e esse cansaço, não tenho nada de ruim para contar. Valeu muito a pena sair do conforto de casa para curtir a Serra Grande na companhia desse grupo bom de pessoas.
(É claro que nessa semana não fiz nada de exercícios, dando tempo para que as pernas se recuperassem.)