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terça-feira, junho 30, 2009

Mulher do Garimpo: um retrato da Boa Vista do século passado


Roraima tem muitos escritores e vários já abordaram a história da formação deste pedaço quente de chão. Uma dessas pessoas foi Nenê Macaggi, que chegou por estas bandas no começo do século passado, foi garimpeira, morou com os índios, escreveu livros e montou família. Há uns três ou quatro anos, sua história foi contada em um documentário.


O Palácio da Cultura, localizado na Praça do Centro Cívico, leva o seu nome.(foto tirada deste site)
Ah, aqui a ficha do livro, dificílimo de ser encontrado: A mulher do garimpo – O Romance do Extremo Sertão Norte do Amazonas. Manaus: Imprensa Oficial do Estado do Amazonas, 1976.

A cópia de onde tirei o texto pertence ao escritor Adair Santos, que foi amigo de D. Nenê e é avô do indiozinho que manda na minha maloca. O material ajuda a montar o cenário da pequenina e modorrenta Boa Vista daquele tempo. Boa leitura e se for copiar não esquece do
crédito de D. Nenê.


BOA VISTA DO RIO BRANCO

I


Boa Vista do Rio Branco, pouco acima da linha do Equador que ladeava a formosa Serra Grande, perto de Santa Maria do Boiaçu, ficava na margem direita do alto-Rio Branco e era cercada pelas Serras Pelada, Grande, Malacacheta, Moça e Murupu. Distava de Manaus quinhentas e quarenta e seis milhas.

Vilarejo até 1926, pequenina e triste, possuía na ocasião regular número de habitantes.

A primeira penetração do Vale se havia dado entre 1500 e 1700, quando o Branco tinha o nome de Paraviana ou Kuluêne, por causa da tribo dos Paravianas que desceu o Uraricoera e veio se instalar perto de Boa Vista.

Em 1725 Frei Salvador, monge carmelita, a fim de concentrar os índios para pacificá-los, fundou a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Rio Branco, hoje cidade de Boa Vista, construindo a Igrejinha local onde se achava agora a Matriz, perto do rio.

Mais tarde, em 1774, Pereira Caldas, Governador do Grão-Pará,
mandou construir, na boca do Itacutu, o Forte de São Joaquim, ampliando o povoamento do Vale e fazendo expulsar os espanhóis da região. Depois, em 1766, houve um conflito com os holandeses, sendo o famoso Ajuricaba, acusado de trair a Pátria.

Em 1789, o Coronel Lobo D’Almada, então Governador da Capitania de São José do Rio Negro, trouxe as primeiras reses para os lavrados do Rio Branco, fundando a fazenda de São Bento, no Uraricoera, perto da embocadura do Itacutu, formador do Rio Branco.

Em 1839 deu-se a invasão dos ingleses, quando já o Amazonas era Província. Atrevidamente os orgulhosos invasores ensinaram a língua inglesa ao gentio, incutindo-lhe que o Rio Branco pertencia à Inglaterra. Frei José dos Inocentes foi encarregado de expulsá-los, resultando daí a Questão de Limites com a Guiana Inglesa, possessão da Inglaterra, que durou anos e anos, sendo eles afinal expulsos do Forte pelo Alferes Paulo Saldanha.

Em julho de 1890, a sede da Freguesia, possuindo duzentos habitantes, foi elevada à categoria de Município, com o nome de Boa Vista do Rio Branco, tendo então dois milhões, cento e quarenta e um mil trezentos e dezesseis limitando-se: ao Norte e Leste, com a Venezuela, pelos Montes Roraima (dois mil oitocentos e setenta e cinco metros de altura) e Caburaí (fronteira com a Guiana Inglesa) e pelo Rio Maú; ao Sul, com a cidade de Moura, pelos Rios Catrimâni e Anauá. E sua faixa de fronteira se alongava por novecentos e cinqüenta e oito quilômetros, com a Venezuela e por no
vecentos e sessenta e quatro com a Guiana Inglesa.




Fazenda Boa Vista e Igreja Matriz, 1905 (Acervo PMBV). Atrás do fotógrafo ficava o Porto do Cmento.


II


O povoamento do Rio Branco muito se deve aos cidadãos Inácio Lopes de Magalhães, que fundou a primeira escola em Boa Vista e da qual foi depois professor o tão querido Velho Mota, ou melhor, João Capistrano da Silva Mota; Sebastião Diniz, Fábio Leite, Carlos Mardel de Magalhães e Professor Diomedes Souto Maior.

Banhava a cidade o Rio Branco, formado pelo Itacutu, vindo da Serra do Pacaraima e pelo Uraricoera, oriundo da junção do Santa Rosa com o Maracá, os quais rodeavam a extensíssima Ilha de Santa Rosa Ou Maracá.

Município bastante rico, ficava Boa Vista quase completamente isolada de Manaus no verão, quando então o rio impossibilitava, pela seca, a navegação em grande parte. E sendo a água o único elo existente entre as duas cidades, ficava a população carecendo do necessário, pois raríssimo era o motor que se atrevia a subir e descer o perigoso rio.

O solo do Município tinha setenta por cento de planalto e trinta por cento de área montanhosa, salientando-se a Cordilheira do Parima, continuação dos Andes, com a Serra do Parima, a mil e cinqüenta e um metros de altitude e a do Tepequém, com mil e quatrocentos metros.

Muito espalhada, com poucas casas de alvenaria e inúmeras de taipa, cobertas de palha de buriti ou inajá. Sem árvores, sem praças e sem flores. Prédios velhos e feios. Quintais abertos e abandonados, sem uma horta ou jardinzinho. Só um bangalô, à distância, embelezando a paisagem. Nenhum grupo escolar, sendo raras suas escolas, regidas por professores primários. Sem cais e as margens do rio terríveis para a atracação das embarcações.

Ruas estreitas e barrentas e no centro da cidade um coreto coberto de palha. Nenhuma indústria. Comércio regular e população igual à das cidades interioranas: curiosa, maledicente, hospitaleira, alegre e amiga de festas e piqueniques.

A Igreja, bonitinha e bem conservada. Os dois únicos prédios novos e modernos, obra de Frei Gaspar, irmão leigo beneditino, pertenciam a uma comunidade estrangeira da Baviera: eram a Prelazia e o Hospital Nossa Senhora de Fátima, servida por dezesseis Madres Missionárias alemãs beneditinas. Como não havia médicos, Madre Radegundes, farmacêutica, operava. Eram elas as únicas pessoas que vendiam leite e verduras à cidade. O prédio da Prefeitura, de cons
trução antiga, era interessante, com uma franjinha e um colar de mosaicos azulados. Mas os fundos eram cobertos de palha e davam para o rio. A cadeia, exígua e frágil, agarrava-se

desesperadamente aos fundos da Prefeitura, como a pedir-lhe que não a desamparasse senão morreria estatelada no chão.

Todo o policiamento era feito por três guardas municipais, com uniforme de camisa cáqui, calça de mescla e cinturão. Freqüentemente, de fuzil na mão, um ou dois deles levavam os presos para cortar lenha e capinar as ruas. Mal alimentados e maltratados, os sentenciados trabalhavam por dois mil réis diários, com comida.

O Mercado, paupérrimo. A matança de gado era livre. A carne não faltava e não havia fiscalização nas duas ou três reses que matavam por dia para o consumo da população.
O Quartel, na única praça sem adorno, era, parece mentira! Coberto de palha! A praça chamava-se Praça da Bandeira. E o Município fazia fronteira com dois países estrangeiros!
Perto do Quartel havia um campo de aterragem eventual de aviões. O Comandante dali devia estar em um quartel na fronteira brasíleo-venezuela ou guianense e não em Boa Vista, a dias de viagem das mesmas, visto como ainda não havia aviões e muito menos da FAB, anos mais tarde denominada Mãe de Boa Vista.

Ao redor da cidade, mato raso e cajuais de frutos saborosíssimos. O vinho de buriti, maravilhoso sempre, era vendido no Reis e no Chico Benício. E coalhada, longe, numa casinha isolada. O leite, ótimo, sem a mistura triste da água, mas escasso. Poucas frutas, mas todas excelentes. Ovos? Galinhas? Porcos? Outra criação doméstica? Cousa rara ali, sem mesmo se saber porque, pois espaço havia de sobra.

Nenhum cinema. Um clube, Os Caiçaras, de madeira, onde o pessoal se divertia. Nenhuma farmácia particular. E nem luz elétrica funcionando, com força motriz tão perto... e a escassa que havia só era acesa à chegada de personalidades de Manaus. E em cada canto de rua, baiúcas e bares repletos de bebidas e de jogadores.

E as autoridades, então? O Juiz de Direito, Dr. Vinitius, inteligente, bondoso e empreendedor, era dono de motor, no qual viajava e comerciava, de sociedade com o sogro, prestigioso político local e de coração grande: era o fazendeiro Homero Cruz. O Prefeito era caçador-pescador-fazendeiro e político temido e poderoso. Também tinha o coração largo e era tremendamente hospitaleiro. O Delegado de Polícia era miudinho, padeiro e vendedor de máquinas de costuras. E assim por diante...

quinta-feira, outubro 27, 2011

Sarau comemora natalício de Carlos Drummond de Andrade

A plataforma baixa da Orla Taumanan será palco da celebração em Boa Vista dos 109 anos de nascimento do poeta, cronista, contista e tradutor Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores nomes da literatura brasileira. O sarau comemorativo começa às 17h30 do próximo domingo, 30 de outubro, e está sendo organizado pelo Coletivo Arteliteratura Caimbé.

As pessoas podem participar apenas ouvindo, mas o ideal é que cada uma leve um livro ou poema de Drummond e leia um pouco para os demais presentes, compartilhando o que mais gosta da obra do escritor. Nos intervalos das leituras será feita a audição de textos do poeta que foram gravados por atores.

“Nossa intenção é de que cada um declame seu texto preferido de Drummond e celebre o nascimento dele, que ocorreu no dia 31 de outubro de 1902, em Itabira, Minas Gerais. Portanto, traga seus poemas preferidos, sua bebida gelada, seus amigos, parentes e o que mais desejar e vamos festejar”, convida a contista Ágda Santos, uma das organizadoras do evento em parceria com Edgar Borges, integrante do Coletivo Arteliteratura Caimbé.

Em várias cidades brasileiras haverá atividades comemorando o “Dia D` Drummond”, marcado para segunda. A antecipação em Boa Vista atende às particularidades da cidade, explica Edgar: “é mais fácil as pessoas deixarem a sua casa um domingo à tarde para uma confraternização com outros leitores do poeta que esperar que façam isso na segunda, dia de trabalho, estudo e outros afazeres.”

 “Vi que muitas cidades iam comemorar o nascimento de Drummond e nasceu daí a vontade de realizar algo também aqui, já que conheço muita gente que gosta dele. Por isso fiz a proposta de parceria ao Coletivo Caimbé, que topou organizar o sarau”, conta Ágda, que escreve contos, poemas e crônicas no blog Papel de Sêmica.

     “Algumas pessoas já falaram que vão levar vinho para brindar o Dia D. Essa é a intenção: beber, literal e metaforicamente, Drummond, autor de poemas que estão no imaginário coletivo, como o mais que conhecido ‘José’”, afirma Edgar.  Este é o segundo sarau do Coletivo Caimbé neste mês. Na semana passada, durante a VI Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Roraima, ajudou a organizar um encontro de cordelistas e declamadores de poesias. As fotos desta e outras atividades estão disponíveis no blog do grupo.

O POETA - Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira MG, em 31 de outubro de 1902. Estudou na cidade natal, em Belo Horizonte e em Nova Friburgo (RJ). Começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, em BH, onde conheceu adeptos do movimento modernista mineiro.


Formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Trabalhou também no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962.

Entre outras obras, publicou Alguma poesia (1930), Brejo das almas (1934), Sentimento do mundo (1940), José (1942) e A rosa do povo (1945). Morreu no Rio de Janeiro RJ, em 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.

sexta-feira, maio 08, 2020

Diário da Covid-19: rotinas, lives e aquele desconforto de dois meses distanciado do mundo

Sábado, 02.05

Osvaldo voltou para o seu galho. Me lembra uma música do Nicola de Bari esse seu vaivém pelo mundo. (Sim, música de velho. Nicola de Bari me relembra meus pais e um disco que tínhamos quando vivíamos na Venezuela). 

Saí para correr eram 6h30 e o céu estava bem nublado. 


Vi milho na avenida de barro, a chuva me pegou e dei um pique violento para voltar à casa. No meio da corrida lembrei das aulas de educação física na escola primária. Nunca fui bom de pique e sempre era o último a chegar. 




Chuvisca e do conforto de minha casa penso nas filas na frente das agências da Caixa Econômica Federal. Desde ontem, pelas fotos que vi nos grupos, tem gente esperando para sacar a grana do auxílio emergencial. Tenho sorte de não precisar disso. Poderia alegar meritocracia, como muitos, mas não. Sei que tive sorte de ter apoio para poder estudar em paz.  

Balu, fiel companheiro das manhãs. Quem vê, não sabe o quanto me perturba querendo me lamber na hora das flexões. 



Almas sebosas fizeram um card espalhando que havia mais contaminados em Roraima pela Covid-19 do que o número real oficial. O pessoal no grupo dos jornalistas comentou, perguntou e só de noite a galera da comunicação do governo se coçou para arrumar. Antes tarde do que nunca.

Dia de filme em família. O ator é o amoreco da Zanny, Will Smith. "Focus" tem cenas rodadas em Buenos Aires e eu reconheço algumas locações por conta da viagem para lá em...2017, 2018...Faz tanto tempo. Aproveito e explico/digo para Edgarzinho que os autores de certa música que toca no filme é a banda Rolling Stones. 


 
Domingo, 03.05

Oswaldo (com W, como sugeriu a Vanessa), voou. 

Finais de semana são dias longos quando não se tem para onde ir. Zanny desde ontem à tarde está chapiscando o muro. É minha poeta-pedreira ou é pedreira-poeta? De noite, depois da labuta na obra, botou um vídeo no Youtube com a Regina Lima cantando um xote que compôs. Minha compositora-pedreira-pedrita. 

E eu? De uma cadeira para outra. Incomodado com o calor e dores na cervical e nos braços não faço nada além do normal obrigatório. Não varri nem passei pano e o banheiro só lavo segunda ou terça agora. Era pra gente ter ido no APT arrumar, mas não rolou disposição. Só achei forças para ver uns vídeos sobre o uso das serras tico-tico. Está na hora da gente mexer na que compramos há meses e nunca testamos. 

Sobre planos e 2020: 


A agonia de não ter o que fazer me fez fazer o que há meses queria: fui do lado de casa, peguei um pedaço de cerâmica e pintei. Passei o tempo e me diverti. Acho que nasce um novo Basquiat.



Segunda, 04.05.20

Oswaldo não voltou para o seu galho. 

Preguiça + frio= sem coragem para sair cedo de casa e ir correr. Melhor puxar a nêga para dormir no meu peito. 

Morreu o cantor e compositor Aldir Blanc. Motivo: Covid-19. Hoje é dia de ouvi-lo muito, sobretudo Catavento e Girassol. Aldir se soma a outros 7.025 mortos até ontem no Brasil por conta do coronavírus. Norte e Nordeste registram maior número de mortes e contaminados. Roraima tem 806 casos confirmados e 11 mortes. Até ontem eram 32 pessoas internadas. Enquanto uns morrem, o que o presidente fez? Foi para manifestação em BSB a seu favor e a favor de um golpe de estado. Levou a filha pequena e bandeiras dos EUA e de Israel (subserviência que fala?) para o protesto. 


Que merda o Brasil fez? Que merda o brasil (assim, minúsculo mesmo) continua fazendo?

Jornalistas foram agredidos. O mundo político e social reage, mas o bolsonarismo não recua. Em Roraima o povo acha que jornalista deve apanhar também. Basta ser da Globolixo ou e qualquer veículo que não elogie o genocida. Todo mundo é especialista em pauta e cobertura agora.

Me diverti: fiz uma live no instagram com o Timóteo. Era para ser 20 minutos apenas e a primeira hora passou voando. Só percebemos quando o sistema do IG nos expulsou. Voltamos e ficamos quase outra hora. Algumas pessoas queridas ficaram nos acompanhando em nosso papo de boteco. Ah, sim. Não falamos de nada e falamos de tudo. Tipo aquela série de humor do Seinfeld. 



Terça, 05.05.2020

Acordei animado para ir correr, tipo umas cinco horas. Murchei quando vi que tava garoando. Só parou de chover lá pelas 9h. Saco.

Oswaldo, o viajante, voltou para seu galho. Ou será que é outro, um primo, um sósia, um irmão gêmeo? 

Oswaldo tá lá, meditando, e dois periquitos e outro passarinho no maior converse na árvore dele (ou nossa?). 

Dia de pintar cerâmica. Fiz mais uma de manhã. Acho que foi esse esforço que me deixou com dor de cabeça. 

Tarde meio quente. Trabalho remoto eu, Zanny mexendo com as mudinhas de pitanga, Edgarzinho já fez as tarefas e fica conversando com a vovó Alba sobre o jogo de celular.

Chegou e-mail de uma revista dizendo que tive um poema selecionado para a próxima edição on-line. Fiquei contente. 

Vanessa passou um som cantado em espanhol dum cantor daqui, o Murilo Modesto. Fui ouvir o EP todo e gostei. Eu passei sons que falam de migração para várias pessoas. Hoje teve música que só nos inbox da vida.

Corri de noite na escuridão da rua de barro. Minhas pernas doeram e faltou ar. Não rendeu. Não rende quase nunca.

Lua cheia na rua de barro

Pintamos, Edgarzinho e eu, cerâmicas.

13 mortos por Covid-19 em Roraima 

Quarta, 06.05.2020

Balu me acordou, Oswaldo amanheceu no galho do abacateiro, choveu até umas 9h, 10h. Pesquisei concursos literários, discuti a relevância musical de Los Hermanos com a Vanessa, trabalhei quase sem net à tarde, vi uns vídeos de matemática com Edgarzinho (minha memória de peixinho dourado para números continua a mesma). Fechei com o Timóteo para fazer uma live de noite.

Live do ano

Fizemos a live. Matamos um pouco a saudade e fizemos o povo rir um pouco. Ficou numa média de 10 a 12 pessoas, mas repetíamos para o público que eram 10 mil. Faltou energia no final e rolaram efeitos especiais. A Jéssica mandou prints pra a gente lembrar como foi. 









Quinta, 07.05.2020

Fui dormir umas 23h30. Acordei não sei que horas, mas quando cansei de tentar voltar a dormir, eram 5h06. Corri. Não queria, mas manhãs sem chuva serão raras. No grupo dos jornalistas, Cyneida compartilha matéria sobre a idiotice de um general da operação Acolhida. O cara prega a imunidade de rebanho.   

Quero, mas não consigo produzir literatura. Fico a manhã toda entre o Whatsapp e as redes sociais conversando e vadiando. A casa toda está em slow. Sobretudo o Edgarzinho, aproveitando a TV nova que lhe comprei com suas economias de mesada e outras granas recebidas dos avós durante meses. (Receber um produto em casa nunca mais será simples: eu peguei a caixa na varanda com todo o cuidado do mundo e Zanny limpou até os pés do aparelho, mesmo tendo chegados embrulhados. Desconfiança nunca é demais.).

Estou cansando da situação, do todo. Ontem a Isadora me perguntou como andavam as coisas e lhe disse:

Entre a felicidade de ter um emprego em que posso fazer trabalho remoto, a agonia de ver meia Boa Vista ignorando a pandemia e a ansiedade de ver tudo isso passar e poder fazer compras sem achar que vou pegar e passar a doença para minha mulher e filho. Ah, e com saudades de minha mãe e avó, que não visito há quase 50 dias ou por aí.
Basicamente assim ando.

De tarde, no grupo dos escritores, ficamos sabendo que a filha da Jacinta teve Covid-19 e está em recuperação. Febres intensas e outros sintomas durante dias, conta. Assustador. Fez um poema sobre isso. 



Estamos todos quebrando sem querer.

Às 18h, Oswaldo não estava na árvore. A noite está fria. Edgarzinho usa meu gorro dos Andes e boto uma manga comprida pela primeira vez no inverno. Minha mãe não atende a ligação, o vizinho prepara uma carne cheirosa que só e bebo uma cerveja na varanda. A noite e a vida ainda continuam. Vejo mais um capítulo da série Peaky Blinders, algo curto no Youtube e vou dormir.  

Sexta, 08.05.2020

É madrugada, acordo, chove, como, Zanny faz yoga, Edgarzinho e dona Alba dormem. Temos conforto, mas isso não impede o desconforto. Como será o retorno à normalidade? Quando será o retorno à normalidade? E digo normalidade porque acredito que não melhoraremos enquanto mundo. Falimos. Somos um país binário e quem está no centro é para sentir-se superior (mesmo não havendo centro que dure duas chuvas). Sabe a cabeça pesando? Sabe o tempo pesando? São nove semanas assim já. Domingo é dia das mães e eu, que nunca liguei para datas assim, morro de vontade de passar o dia com a minha velhinha, de pedir a benção de minha avó Maria José. Comemos, temos o que comer, mas isso não impede outras fomes. Somos mais que um estômago, mais que necessidades físicas. Ontem teve forró em alguma das casas por trás da nossa. O povo não aceita ficar quieto, isolado. Roraima é fronteira, terra de ninguém, terra de oportunidades. Lembro que um perfil de humor no instagram me bloqueou porque comentei que estava fazendo piadas xenofóbicas com venezuelanos e a questão do auxílio emergencial. Replicou dizendo que era crítica social. Respondi dizendo que não e apontei a outra piada do dia, homofóbica. Ganhei block... Roraima, terra onde gente se apropria de referências indígenas para repetir o discurso opressor. Quantos casos teremos hoje registrados? Essa nossa curva deveria estar caindo, mas somos irresponsáveis, somos semideuses vacinados contra tudo e contra todos depois de tantos anos de dengue, malária, paludismo, viroses sem nome e sem destino. Choveu de tarde, apareceram umas goteiras onde não havia goteiras. Um dia, quando a pandemia baixar, chamarei o rapaz que fez o conserto das outras goteiras. Quando será que voltaremos à normalidade? O que será a nova normalidade? Estou cansado deste diário e pode ser que seja o último, pode ser que não. Leila disse para ler A peste, de Camus. Baixei no celular, baixe no computador, mas tenho preguiça de ler muito em PDF. A peste, apeste, peste. São quase 18h, termina mais uma semana de trabalho remoto, minhas costas doem e não vou revisar o que escrevi hoje. Quem ler, que ache os erros. Zanny, preta linda, fez bolo e eu fiz suco de limão. 

Oswaldo não dormiu, mas amanheceu no abacateiro. E pegou chuva o dia todo.


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Este é o oitavo registro dos meus dias de quarentena e distanciamento social durante a pandemia da covid-19. Tem outras postagens aqui.


Se você também está escrevendo sobre isso, deixa o link nos comentários que quero saber dos teus dias.

domingo, janeiro 02, 2022

Minha retrospectiva 2021

Finalmente acabou 2021. A pandemia não, mas quase não se liga mais pra isso nas festas.
Pelo menos nas festas de Natal e Ano Novo...Acabou 2021, que venha 2022. Em algumas semanas vou tomar minha terceira dose da vacina, mas isso é futuro e hoje vim escrever de passado, do meu passado, de meu 2021 resumido em números e anotações. Bora então, falar de músicas, exercícios, podcasts, literatura e audivisual. Viagens não, não teve viagens, exceto as dentro de minha cabeça. Visitas quase não teve também. Não estamos tão rigorosos como em 2020, mas ainda estamos bem isolados. Não sei, do meu lado, o quanto é misantropia, preguiça e receio de contaminação.  Enfim, avancemos: 


Música e podcast


Sou movido a música. Ouço quase tudo sem reclamar. Isso desde que era molequinho na Venezuela, nossa TV nunca funcionava e um rádio a pilha e emissoras AM nos acompanhavam o dia inteiro em casa. O silêncio, ou a falta de música ambiente, me dá agonia e desconcentra se estou trabalhando. 


Em 2020 (ou 2019) incorporei um hábito às caminhadas e corridas: ouvir música. Antes não fazia isso. Preferia ouvir o som das ruas ou da praia. Brincava dizendo que essa era minha forma de meditar. Mas aí comecei a escutar canções e é mais gostoso assim, dá até ritmo. Aí, em 2021 dei outra incorporada: ouvir podcasts enquanto ia caminhar. Juntei isso com ouvi-los durante as atividades de casa e teve dias em que dispensei as músicas para prestar atenção em gente falando sobre diversos temas. O Spotify pegou os dados de tudo o que ouço e fez a retrospectiva. Salvei, mas só agora percebi que a listagem dos podcasts não está na pasta. Então não vou poder mostrar. Fora isso, ficou assim:





Teve uma fase do ano em que não queria ouvir nada de letra, aí fui atrás dos sons instrumentais, versões ou composições originais, coisa de vários continentes. Foi legal. Dá espaço para pensar em nada enquanto se ouve o som.E só comentando o artista Yordano: além de ser um excelente letrista, este velhinho é o meu som preferido enquanto lavo os banheiros da casa. Por essas e outras é o terceiro ano seguido em que entra nos meus mais escutados.


Atividades físicas

Desde o ano passado estou basicamente apenas caminhando. O joelho doeu uma


vez que tentei correr e não tive coragem de arriscar uma lesão. Bicicleta peguei poucas vezes, apesar de ter gente como o Marcos me chamando o tempo todo para ir pedalar fora da cidade, sobretudo. Mas a preguiça é maior. O Strava fez um levantamento de quantas horas me exercitei este ano. Ele é falho, no entanto: em várias ocasiões esqueci de ativar o aplicativo e também sempre esqueço de ligá-lo quando vou caiacar com o Timóteo. 

Ah, e aí também não anota todas as flexões de braço que fiz em 2021. hehehe

 




Esses meses com números maiores são os que incluem as pedaladas. Qualquer saída já eleva muito a quilometragem. 

Leituras

Fiz duas listas este ano, anotando tudo o que lia de HQ e livros. Isso não inclui, obviamente, matérias jornalísticas, postagens de blogs e redes sociais (mesmo literárias) e artigos ou outro tipo de material científico. Quantitativamente li pouco, mas foram boas leituras e isso é o que conta. Sobretudo pensando que leio mais durante o dia e que esta não é minha única ocupação. Bora lá, ver as HQs e livros:

HQs

1. Loving Dead - Stefano Raffaele
2. Star Wars: Academia Jedi - Jeffrey Brown
3. Mulheres no cárcere - Mariana Hasse e Natália Madureira Ferreira
4. Rua 24 - Hipácia Caroline.
5. As aventuras de Tintim: Rumo à lua - Hergé
6. As aventuras deTintim: explorando a lua - Hergé
7. O chifre do rinoceronte: uma aventura de Spirou e Fantasio - Franquin
8. 4 aventuras de Spirou e Fantasio - Franquin
9. A vida oculta de Fernando Pessoa - André F. Morgado e Alexandre Leoni
10. Crise nas infinitas terras - parte 3
11. Grande sertão: veredas. João Guimarães Rosa. Roteiro de Guazzelli e artes de Rodrigo Rosa


LIVROS

1. Contos do Rio - Machado de Assis
2. Mulher vestida de sol - Ariano Suassuna
3. Mecejana: ontem, hoje e sempre - Lindomar Neves Bach
4. É a vida. Microcontos de risadas, amor e morte - Gabriel Alencar
5. Meu mundo e o que eu vejo - Eliza Menezes
6. Amazônia caribenha: memória e história. O trajeto e o desdobramento em outras narrativas históricas de uma família nordestina para Roraima - Reginaldo Gomes de Oliveira.
7. Versos de beira-rio para quem gosta de sonhar - Zanny Adairalba
8. Sem anos de solidão: uma autobiografia literária - José Vilela de Moraes
9. Auto da Compadecida - Ariano Suassuna
10. Makunaimã taanii/ Presente de Makunaima - Kamuu Dan
11. Meia Pata - Ricardo Dantas
12. Panthalassa ou Aconchego-me sobre metralhadoras - Isadora Salazar.
13. Ainda estavam lá - André Ricardo Aguiar, Adriano Salvi e Marcio Markendorf
14. O sol no caminho - Sérgio Bernardo
15. tudo o que leva consigo um nome - Francisco Mallmann
16. Leão de chácara- João Antônio
17. . Sobre a escrita: a arte em memórias - Stephen King
18. Aquarela bang - Isadora Salazar
19. O jogo da Democracia - Aldenor Pimentel


 De todo o material que li, o mais impactante foi a adaptação da obra de Guimarães Rosa. Após lê-la, fui ouvir podcasts e ver vídeos sobre o autor e Grande Sertão: Veredas por quase duas semanas. Além disso, me inspirou a textualizar histórias que há muito vinha tentando escrever e não conseguia. 

Nas minhas redes sociais posto fotos das capas dos livros assim que termino de ler. É outra narrativa lá, complementar a esta. 

Audiovisual

Como não saio e não gosto de me exercitar à noite, acabo vendo muito vídeo quando o sol vai embora. A lista é enorme, como se ficasse o dia todo na TV, mas é basicamente o que se vê durante uma hora e meia a duas horas por dia. Mais do que isso, fico com sono e já comeco a cochilar no sofá. 

DOCUMENTÁRIOS

1. Amarelo: é tudo pra ontem. (Fred Ouro Preto)
2. El asqueroso pasado de Londres | BBC Extra
3. This's pop T1
4. Mestres do Universo: salvando Eternia  - aftershow
5. Filmes que marcaram época T2, T3
6. Mussum - um filme do cacildis (Susanna Lira)
7. Axé . Canto do povo de um lugar (Chico Kertész)
8. Nos Bastidores de Trese
9. Clichês de Hollywood: O Cinema Como Você Sempre Viu (Sean Doherty, Ricky Kelehar, Alice Mathias )
10. Juanes: origen (Kacho López Mari)
11. CineMagia: A História das Videolocadoras de São Paulo (Alan Oliveira)


SÉRIES LIVE ACTION

1. Modern family T 11
2. The Young Waĺlander  T 1
3. American Gods T 1, T 2, T 3
4. Fleabag T1, T2
5. The Office T 1, T 2, T 3, T 4, T 5, T 6, T 7, T 8, T 9
6. Carnival Row T 1
7. Brooklin Nine Nine T 7
8. Profecia do inferno T 1
 

SÉRIES ANIMADAS

1. Invencible T1
2. Mestres do Universo: salvando Eternia T 1 parte 1 e parte 2
3. Entrelinhas pontilhadas
4. Archer T 12
5. . Força queer T1
6. He-Man e os Mestres do Universo T1
7. Departamento de conspirações T 1
8. Arcane - league of legends T1
9. Super Crooks T 1
10. Trese T 1

FILMES
1. Nunca convide o seu ex (Ryan Eggold)
2. Selvagens (Oliver Stone)
3. Zona de combate (Mikael Håfström)
4. O Tigre Branco (Ramin Bahrani)
5. Abaixo de zero/Bajo cero (Lluis Quilez)
6. Missão no mar vermelho (Gideon Raff)
7. Rede de espiões/wasp network (Olivier Assayas)
8. Nova ordem espacial (Jo Sung-hee)
9. Batman:alma de dragão (Sam Liu)
10. É o fim (Seth Rogen)
11.Sicário - terra de ninguém (Denis Villeneuve)
12. A força da natureza (Michael Polish)
13. Holmes & Watson (Etan Cohen)
14. Hellboy: espada das tempestades (Tad Stones, Phil Weinstein)
15. Amor e monstros (Michael Matthews)
16. Redemption (Steven Knight)
17. Army of the dead: invasão em Las Vegas (Zack Snyder)
18. Highlander (Russell Mulcahy)
19. Era uma vez em Hollywood (Quentin Tarantino)
20. Yesterday (Danny Boyle)
21. A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata (Mike Newell)
22. Hellboy: o espírito de fantasma (Victor Cook)
23. Major Grom contra o Dr. Peste (Oleg Trofim)
24. Como virei super-herói (Douglas Attal)
25. Rock em Cabul (Barry Levinson)
26. Michael Clayton (Tony Gilroy)
27. O último mercenário (David Charhon)
28. A vigilante do amanhã/Ghost in the shell (Rupert Sanders)
29. Entre facas e segredos (Rian Johnson)
30. Amor com data marcada (John Whitesell)
31. Dor e glória (Pedro Almodóvar)
32. Alvo duplo (Walter Hill)
33. Dez anos de pura amizade (Jamie Linden)
34. Sociedade da Justiça: Segunda Guerra Mundial (Jeff Wamester)
35. Memórias póstumas de Brás Cubas (André Klotzel)
36. Pegando fogo (John Wells)
37. Caçadores de trolls: a ascensão dos titãs (Guillermo del Toro)
38. The Witcher - lenda do lobo (Han Kwang II)
39. Batman, o longo dia das bruxas parte 1 ( Chris Palmer)
40. Ascensão do cisne negro (Magnus Martens)
41. Neruda ( Manuel Basoalto)
42. A rosa venenosa (Francesco Cinquemani, George Gallo)
43. O autor (Manuel Martin Cuenca)
44. A livraria (Isabel Coixet)
45. Zumbilândia: atire duas vezes (Ruben Fleischer )
46. Kate (Cedric Nicolas-Troyan )
47. O lado bom da vida (David O. Russell)
48. O culpado (Antoine Fuqua)
49. O âncora: a lenda de Ron Burgundy (O âncora: a lenda de Ron Burgundy)
50. Venom (Andy Serkis, Ruben Fleischer)
51. Black is beltza (Fermin Muguruza)
52. Peçanha contra o  animal (Vini Videla)
53. Um casal improvável (Jonathan Levine)
54.  Meu ano em Nova Iorque (Philippe Falardeau)
55. Exército de ladrões: invasão da Europa (Matthias Schweighöfer)
56. Vingança e castigo (Jeymes Samuel)
57. A outra eu (Julián Gaviria)
58.  Alerta vermelho (Rawson Marshall Thurber)
59. A inacreditável história do milho gigante ( Aldenor Pimentel)
60. Apenas amigos (Roger Kumble )
61. Lokillo - o novo normal (Julián Gaviria)
62. Ninguém entra, ninguém sai (Hsu Chien)
63. Imperdoável (Nora Fingscheidt)
64. Te prego lá fora - Porta dos fundos Rodrigo Van Der Put, Thiago Martins, Pavão)
65. Duna (Denis Villeneuve)
66. Não Olhe para Cima (Adam McKay)
67. O ataque dos cães (Jane Campion)

Depois de uma live com a Elimacuxi, Timóteo Camargo e Júnior Guimarães comecei a incluir o nome dos diretores dos filmes. Assim evito confusões entre filmes com títulos muito parecidos. 

Tem muita porcaria nos filmes, sobretudo pq já estou cansado quando vou ver TV e não aguento coisa densa, mas mesmo nas porqueras há umas paradas bacanas, menos "A rosa venenosa". Esse com certeza foi o pior filme que terminei de ver este ano...

É que nessas listas todas acima só entraram livros, séries e filmes que consegui terminar. O que larguei pelo meio não contei. Tudo para esquecer as tentativas frustradas.

Bem, finalizando, para guardar para a posteridade, uma lista com todas as seleções em que me dei bem em 2021 na área literária, ganhando estímulos para seguir escrevendo prosa e poesia. Estou com uma ideia de juntar todos os textos selecionados e montar um e-book, aglutinando tudo num canto só. O que acham?

Vamos lá: 


1.    A Folhinha Poética, calendário literário muito bacana, selecionou dois poemas meus, Temporal e Navegação, para ilustrarem dias de março de 2023
2.    A 26a edição da Revista Literalivre trouxe uma crônica minha chamada Entre angústias, rotinas, lágrimas, atos e silêncios  
3.    A Revista Traços publicou em sua segunda edição o foto poema Em certos amanheceres.
4.    A 27a edição da Revista Literalivre trouxe um conto meu chamado Cantarolar.
5.    A 28a edição da Revista Literalivre trouxe uma crônica minha chamada Sobre amanheceres chuvosos.
6.    Na terceira edição da Revista Traços saiu a crônica Organizado, organizadinho.
7.    A primeira edição da revista Toma aí um poema, do podcast de mesmo nome, saiu com o meu poema Há esperança.
8.    O poema Há esperança também foi selecionado para leitura no podcast Toma aí um poema.
9.    A Valittera, revista literária dos acadêmicos de letras da UEMS, selecionou meu conto Ano-novo para publicação. O material deve sair no primeiro semestre de 2022.
10.    O poema Tudo bem? foi selecionado para publicação em versão e-book e impressa da antologia poética "GEOPOLÍTICA AMBIENTAL", do podcast Toma Aí Um Poema.
11.    O poema Agosto amanhecido foi publicado no e-book resultante do 2o Concurso de Poesias do Colei – 2021.
12.    A 30a edição da Revista LiteraLivre saiu com o meu conto Sabores da noite passada.
13.    A 1ª Mostra Picuá de Literatura publicou um e-book com o conto Livro de amor e o poema Medos, monstros e lama.
14.     Ainda na 1ª Mostra Picuá de Literatura o conto Livro de amor ficou em segundo lugar na categoria prosa/escrita. Não conta como premiação minha, mas vale lembrar que os atores do Criarte Teatral ficaram em primeiro interpretando os meus textos nas categorias  Performance Poesia e Prosa.
15.    Tive uma proposta de lançamento de livros e rodas de conversa aprovada e participei do Festival Literário De Roraima/Boa Vista Sesc 2021.
16.    O poema Há normalidade ficou em primeiro na categoria literatura da Mostra Cultural do IX Forint do IFRR.
17.    A revista Cult publicou em sua seção on-line Lugar de Fala o meu texto Identificação ativada, uma prosa sobre literatura e identidade indígena.

 

 


Fora isso aí acima, este ano lancei o meu primeiro livro de poemas, intitulado Incertezas no meio do mundo; traduzi para o espanhol o livro Versos de beira-rio para quem gosta de sonhar, de Zanny Adairalba; fiz uma série de lives conversando com artistas no primeiro semestre; fui avaliador de projetos de extensão na área literária na UFRR e no IFRR e finalizei 2021 elaborando um projeto de pesquisa para um eventual doutorado. Estou muito mais magro e saudável, apesar da esofagite ainda persistir, que em janeiro de 2021 e acho que 2022 pode ser bom, apesar de tudo. Nada, nada, em outubro vamos nos livrar dessa desgraça que está na presidência. 

Ah, uma coisa que não posso deixar de lembrar: em janeiro me coloquei a meta de escrever um texto por dia, no gênero que fosse. Assim exercitaria a criatividade literária. Não deu para fazer todo dia, mas foi bom assim mesmo: foram 108 publicações no que chamei de diário litero-pessoal de 2021. Nele incluí poemas, contos, crônicas, textos memorialísticos e tudo o mais que escrevi. A média é de uma publicação a cada 3,3 dias se for levado em conta apenas o que inseri no arquivo, mas está falha. 

É que no meio do ano, após ler um livro de hai-kais do Sérgio Bernando, fiquei tão inspirado que comecei a me arriscar na poesia japonesa mesmo sem saber fazer as contagens de sílabas poéticas... Enfim, fiz mais de 70 haikais já e estou pensando em fazer o lançamento desse material em um livro artesanal ou pocket. Falta só a grana para bancar a produção. 

Ainda sobre o diário litero-pessoal, quem tem como nome de arquivo "2021, será que", a intenção era lançá-lo em formato de e-book, mas desisti. Vou apenas tentar imprimir para lembrar no futuro de como vivi em 2021. 

Ah, também fui parecerista de projetos de extensão na Universidade Federal de Roraima e no Instituto Federal de Roraima. 

É isso. Esse foi o resultado positivo de 2021. Como grandes tristezas pessoais tenho as dores das mortes de minha avó materna dona Maria José Torreias em janeiro e a do meu cachorrinho Balu em julho. Como tristeza coletiva, as centenas de mortes causadas pela pandemia de coronavírus. O restante é bobagem da jornada da vida, superável e aguentável. 


Vamos pra 2022, esperando que tudo corra bem. 

Ah, aqui tem o link para outras retrospectivas (achei que tinha mais, mas me enganei): 

2020

2016

2015

2011

2010

 

sexta-feira, janeiro 03, 2020

Diário de um mestrando - 22° mês - o final da saga


Acabou. Finalmente defendi a dissertação (Quer dizer, finalmente não, visto que defendi dois meses antes do prazo regulamentar). Acho que posso disser: finalmente me livrei da dissertação (Na verdade, também não posso. Depois da dissertação vem a parte das correções, impressão, capa dura, essas coisas que ainda não fiz).

Enfim, é dia 3 de janeiro de 2020 e a defesa aconteceu em 18 de dezembro de 2019. Como foi eu vou contar agora.

Mas antes: obrigado a quem acompanhou aqui no blog o relato de minha jornada acadêmica durante os últimos 22 meses. Olhando agora parece que tudo foi menos difícil do que pareceu, mas na perspectiva o couro sempre dói menos, né?

Eu poderia escrever agora somente o dia da defesa, mas não...vamos seguir a linha do tempo em janeiro, pois nada aparece do nada. 

Bora lá, aos acontecidos: 

O mês começou com o Programa de Pós-graduação em Letras divulgando os defensores da dona Dirce. O trio formado por mim, Vanessa Brandão e Jackson Félix (coincidentemente todos somos jornalistas infiltrados na área de Letras) estava sendo orientado por professores que haviam deixado o programa por conta de outros programas. Se entrassem o ano na categoria de professores colaboradores do PPGL, este perderia pontos na avaliação da Capes. Ou seja, aceleramos as pesquisas por conta disso.

Felizmente (ou não), eu sofro de agonia se fico sem fazer nada tendo o que fazer (mas só se for algo intelectual. As demandas físicas adio de boa). Então já estava com o meu material pronto praticamente no final de outubro e não tive grandes problemas. Os colegas defenderam nos dias 13 e 16 e eu fiquei para 18 de dezembro.






 Antes das defesas teve um evento do PPGL intitulado "IV Jornadas de Estudos Literários", realizado de 4 a 6 de dezembro no bloco I da UFRR. Apareci lá em um dos dias e foi bacana. Boa parte da turma atual do mestrado estava lá. 






No dia da defesa da colega Vanessa  Brandão, o Facebook me mandou esta lembrança bem bacana de um tempo em que sabia que queria fazer mestrado, mas não sabia o que nem como pesquisar: 







Por sinal, essa foi a primeira dissertação que li inteira na vida. Adorei esse tema. 

Fui prestigiar a Vanessa e dar-lhe apoio moral. Conversamos muito durante o mestrado, lhe dei muito conselho, passei vários links para ela analisar se valiam a pena serem incluídos no trabalho, li seu material conforme ia avançando e no final ajudei com a revisão gramatical (e um pouco de conteúdo também). 





Vanessa durante a sua defesa

Professores da banca. Em primeiro plano, a minha orientadora, doutora Leila Baptaglin

Como não era eu quem estava tenso no dia, aproveitei para fazer umas brincadeiras com as fotos que bati durante a defesa: 


Pense numa nota que demorou a sair. Ninguém aguentava mais a expectativa

Não foi isso que minha professora disse, obviamente, mas que o gestual das mãos dela me lembrou alguém querendo esganar outro, me lembrou

No final, Vanessa saiu com um belo 10 pelo seu trabalho. De noite teve comemoração com damorida na galeria do Jaider Esbell, seu sujeito de estudo. Comi que só e só não comi mais porque faltou espaço na barriga

Não sei se foi nesse dia ou depois, mas fotografei em algum corredor da UFRR esta Nota de Repúdio ao professor Ruben Pessoa. Parece que foi ele quem entrou com recurso para cancelar o processo seletivo para refugiados e imigrantes na UFRR. Não tenho trato com ele,mas vez ou outra uma postagem dele aparece em alguns grupos de facebook dos quais faço parte. Sempre com o discurso antipetismo-comunismo-lulismo do mal.




Não fui na defesa do Jackson por motivos de estar praticando a minha apresentação para não ficar dizendo "ahhhhhhh...beeeeem...ehhhhhhh" a todo momento na minha defesa. 

Na véspera da defesa fui tomar uma cerveja de boas na lagoa na casa do Timóteo Camargo. Nada madrugador, apenas para poder contar no futuro que estava tenso e fui relaxar bebendo. Só que na verdade não estava tenso. Nadica. Afinal, a defesa é uma cerimônia apenas e o trabalho, que é o que vale, já estava na mão da banca havia mais de um mês para leitura e avaliação. A nota, na minha cabeça, já estava quase fechada e não seria minha agonia a responsável pela sua definição. 

Dito isto, lembrei que tive dois estranhos momentos de aflição no período pré-defesa: dois sonhos/pesadelos sem lógica nenhuma. Em um deles alguém me dizia, não lembro se era a professora Leila, que o trabalho estava incompleto porque não havia entrevistado alguém. E eu ficava "como assim? Fulano devia ser entrevistado? Meu Deus, a defesa tá logo ali!". 

O segundo momento foi quase um metasonho: eu acordava, via as horas e pensava: "carai, não vai dar tempo de comer, tomar banho e chegar no horário. Vou me dar mal". E saía voado em direção à porta do quarto. Acho que o sonho acabou aí, mas seria engraçado eu perder a defesa por conta de acordar tarde justamente no dia mais importante do ano. Logo eu, que às vezes é quem acordo os passarinhos. 


Continuando: a vontade mesmo era mandar mensagem pra dissertação dizendo isso aqui: 


Mas claro que não fiz. Dia 18 de dezembro estava de pé bem cedinho, bem pimpão às 5h33 da madrugada. 





 O café veio antes do sol nascer: 



Imagens da chegada na UFRR. Esse é o parlatório: 



Dezembro é tempo de caju:  



Praticamente abrindo as portas do bloco I:



Chegamos cedo demais e não havia ninguém no PPGL que nos entregasse as chaves da sala 133. Pensa, pensa, pensa e vambora para um dos laboratórios do curso de Artes Visuais, morada acadêmica da professora Leila: 



A defesa estava marcada para as 8h30, ou 9h30 lá em Porto Alegre, de onde a professora Dulce Mazer, uma das integrantes da banca, ia acompanhar a defesa via skype. 


 E começou. Ou melhor, comecei. Falei, falei, falei...A intenção era usar menos de 20 minutos dos 30 disponíveis. Nos ensaios cheguei a falar tudo em 17 minutos, mas no dia bati, se me lembro bem, uns 24 minutos de apresentação. 



Além dos professores Vilso Santi e Leila Baptaglin, a plateia teve a presença dos amigos lindos Timóteo Camargo (camiseta vermelha) e Gérsika Nascimento, autora dessa imagem, também minha colega de trabalho na UFRR. 



E falei...

Falei...



Ouvi...



Ouvi...

E ouvi até finalmente sair a nota da defesa: um 10 que encheria minha família de orgulho se alguém da família estivesse lá. 

No final, na foto feita por Timóteo Camargo, o registro final da defesa: eu, meu sorriso de nota 10 e até que enfim quase acabou e os professores Dulce, Vilso e Leila. 




 Depois da defesa fui comemorar comendo uma paçoca de carne no lanchinho em frente ao bloco I. 




Quando cheguei em casa, Zanny e Edgarzinho haviam enchido uns balões do Batman para me receber. E o Balu (iti malia!) veio entregar uns na minha mão





Basicamente foi isso. Rolou o almoço em casa, uns parabéns no grupo dos orientandos da professora Leila, fui dormir, acordei e já no final da tarde, para não deixar passar batido, escrevi isto aqui no instagram e  no facebook (Tem um vídeo no facebook mostrando a leitura da nota, mais uma gentileza do Timóteo. Clica aqui para ver a postagem): 

Habemus maestria!
Cheguei hoje inteiro e mentalmente são ao final do mestrado, uma jornada intelectual que havia muitos anos desejava fazer.
Obrigado a todos aos que ligaram e mandaram mensagens desejando que tudo corresse bem na defesa da pesquisa. Deu. Não esqueci nada, não faltou energia elétrica e os professores não tiraram meu couro (Isso é muito importante destacar).
Inclusive quero dizer que a nota do trabalho foi 10.Obrigado a todo mundo que colaborou, direta ou indiretamente, para que a dona dissertação fosse concluída. É um tanto de gente que chega encheu uma página lá nos agradecimentos do trabalho. Muita gente, muita gente. Escrever um trabalho científico pode parecer um ato solitário, mas se o entorno não for solidário a parada não anda, não sai.
Depois digo mais. Hoje o lance é basicamente registrar que a partir de agora sou a versão local autorizada do mestre dos magos: baixinho, gordinho, com cabelo branco e comprido. Mas quem quiser pode me chamar de Batman do PPGL.



Agora estou fazendo os ajustes pedidos pelos professores. Dia 8 de janeiro terei a possivelmente última reunião com a professora Leila e aí virá a etapa de imprimir, botar a capa dura, fazer a cópia digital e passar tudo para o PPGL. 

Estou pensando em fazer um ou dois artigos, pelo menos, com o material e ver se publico em algum lugar. Já sei que em 2020 sai, com um artigo meu, um e-book intitulado Relações Identitárias e Intertextuais. Vou ver se consigo fazer outra coisa na área. 

Ah, antes de fechar, trago para cá os agradecimentos que fiz na parte pré-textual da dissertação. Que sejam públicos e lidos por muita gente, pois muita gente fez parte desta caminhada de quase dois anos, com uma tenebrosa reforma de casa e muitas idas ao hospital no meio. 



Agradecimentos

À minha família, pelas inúmeras colaborações diretas e indiretas que me permitiram chegar no mestrado e concluir mais esta etapa formativa: Zanny (companheira e poesia), Edgarzinho e Lai (filhos), Gracineide e Juca (pais), Dona Maria José (avó) e seu Edgar Borges Ferreira (avô, in memorian). Sandra e John (tios) e Sângela (prima/afilhada), valeu por estarem sempre aí, a postos para o que se precisar. 

À professora Leila Adriana Baptaglin, melhor orientadora que poderia ter tido nesta jornada. Muito obrigado mesmo e nos vemos (quiçá) em outra etapa. 

Ao MC Frank D’Cristo, meu sujeito de pesquisa, parceiro de arte, representante do gueto boa-vistense. Que tua jornada seja sempre de crescimento e ascenção, bródi.  

À família Camargo (Timóteo, Graziela e Liz). Valeu pelas horas de risadas e diversão que ajudaram a diminuir o estresse deste mestrado. 

À Universidade Federal de Roraima, meu local de trabalho e de formação acadêmica desde as graduações em Jornalismo e em Sociologia. Que possas sempre continuar prestando um bom serviço e fornecendo educação pública superior de qualidade e gratuita aos teus alunos. 

Aos colegas da turma 2018.1 do PPGL, pelos cafés nos intervalos e no meio das aulas, pelas risadas e pelos incômodos. De alguma forma, (quase) todos somaram. 

Aos professores com os quais tive aula no PPGL: Déborah Freitas, Devair Fiorotti, Roberto Mibielli, Tatiane Capaverde, Lisiane Machado, Maurício Zouein, Eduardo Amaro, Emerson Carvalho, Adriana Albano, Ivete Silva e Vilso Santi.  A todos também cabe uma parte deste latifúndio chamado dissertação. 

Aos demais rappers que acrescentaram conteúdo a este trabalho: 7niggaz, Pérez, Gabriel White e quem por ventura tenha esquecido. Máximo respeito por todos.


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É isso, gente, valeu pela leitura. Quem chegou somente nesta última edição e quer saber como foram os demais meses precisa apenas clicar aqui e ler, ler, ler e ler este Diário de um Mestrando. 

Abraços.