Toda vez que chego na maloca, o Edgarzin se esconde. Eu finjo que nunca sei onde ele está e que me assusto quando surge de seus esconderijos e faz, bem alto, "BUUUU!!!!". Somente depois desse ritual lúdico é que conversamos, nos abraçamos, beijamos etc.
Numa noite dessas, após todo o ritual, ele veio:
- Papai, o que você trouxe?
- Nada, filho. Só o meu amor por você.
- Amor?
- É, filho, meu amor por você.
- Hum...
Deu um tempinho, olhou por cima da mochila, fez cara de pesquisador e mandou ver no questionamento:
- Papai, mas é amor de brinquedo ou amor de amor só?
- Filho...filho...papai...Ed...Edgarzinho...Filho...acorda, filho...papai...filho, tá na hora de ir pra escola...Ediiiiii...filho...acorda, papai, tá na hora...
(Ideia genial)
- Filho, hoje é dia de levar brinquedos pra escolinha, lembra? O dragão verde de duas cabeças já acordou, tomou banho, escovou os dentes e está na mesa, te esperando. Você quer levá-lo?
(Edgarzin, olhos fechados, sorri e balança a cabeça, arrastando-a sobre o travesseiro)
- Então levanta, filho, que está na hora...Ed? Papai? Edgarzinho...Edgarzinho...levanta, bebê...filho...bora, filho, vamos nos atrasar. Ed?..
Em anos passados produzi alguns vídeos para o quadro Outro Olhar, veiculado na TV Brasil. Foi sobre isso que falei em janeiro para o programa O Público na TV, que passa toda quinta-feira às 20h, horário de Brasília, na TV Brasil.
Te convido a ver o programa número 20, com o tema "As estratégias para contemplar a diversidade cultural do país". Olha a sinopse:
Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Este é o mapa do Brasil que alguns
telespectadores dizem ver na TV pública. Nesta edição do programa da
Ouvidoria, o público vai saber como o Jornalismo trabalha para ampliar a
visibilidade das diversas regiões do Brasil e quais as dificuldades que
tem que superar.
Em uma reportagem, os bastidores do quadro de
jornalismo colaborativo "Outro Olhar", do Repórter Brasil, que mostra a
notícia pelo olhar do cidadão. Na programação, as estratégias para
contemplar a diversidade cultural do país. A pluralidade das regiões na
TV Brasil será tema desta e da próxima edição de O Público na TV.
A editora Geração Editorial fez em 2011 um concurso de minicontos e dois textos meus foram escolhidos para parte da antologia em e-book Geração em 140 caracteres.
Confere aí o livro, que coloquei no Issuu para leitura. Depois tem o link para baixar o pdf.
Os meus textos, "Expediente produtivo" e "Compaixão", estão na página 62.
Interessados em comprar o meu livro de minicontos Sem Grandes Delongas, o primeiro do gênero publicado na região Norte, podem fazer seus pedidos no e-mail edgarjfborges@gmail.com. Já com o envio pelos Correios sai a R$ 20,00 a unidade.
23 dias sem escrever no blog. Talvez ninguém tenha sentido falta. Afinal, ninguém reclamou...
O fato é que só criei coragem para sentar e digitar algo por conta de meu próximo aniversário de moradia em terras brasileiras. Dia 3 de fevereiro, nesta sexta-feira, completo 21 anos fora da Venezuela.
Lembro que cheguei de Guasipati em um domingo quente, como todas as segundas, terças, quartas, quintas , sextas e domingos de fevereiro. A rua da nossa casa ainda não era pavimentada (isso aconteceria um ano depois, com a prefeitura primeiro colocando paralelepípedos. O asfalto só veio em 2010), e a poeira invadia todos os espaços da casa, da alma, da vida.
Acho que em alguma postagem já falei sobre isso, mas não consegui achá-la. As dores nas costas também não ajudam na concentração necessária para buscar com calma esse material para colocar o link de referência. E vamos combinar, inexistente leitor, que você não ia clicar nele.
Inexistente leitor é um termo interessante, né? Talvez seja errado. Talvez seja melhor inexistente leitor comentarista. Não que eu possa ser a palmatória do mundo. Quando posso/consigo/me lembro de visitar blogs dos conhecidos e desconhecidos, nem sempre comento.
Bom, mas o foco hoje é falar dos 21 anos de minha vida em Roraima. Ando de mau humor com a vida e a vida me retribui da mesma forma. Devo esclarecer que o problema começou com ela. Eu sempre a aceitei do jeito que vinha, acreditando que o amor à vida começa achando que tudo poderia ficar pior mas está bom mesmo assim.
A vida, no entanto, tem sido sacana. Sabe aquela namorada ou namorado que você, inexistente leitor ou leitora, curte pra caramba mas ele ou ela só te bota guampa (bá, termos gaúchos saindo, tchê!) e mesmo assim você continua babando? Então...esses somos eu e a vida. Eu ali, quieto, fazendo de tudo para querê-la e ela ali, fazendo mal a quem só lhe quer bem.
“Ai, como estás dramático!”, pensarás, caro inexistente. “Vai ser feliz, olha o que você conseguiu, o que você é, o que você tem e tals”, acrescentarás, explicitando e denunciando tuas leituras de livros de autoajuda.
A conta não se equilibra, respondo-te, seco, com vontade de aceitar como válida a máxima “a grama do vizinho é sempre mais verde”.
Para resumir minha decepção com vida, fico com a parte financeira. Afinal, o bolso e o cartão são as partes do corpo, depois da coluna, pescoço e braços, que mais doem em mim há uns dois anos. E como o corpo é uma organicidade, a dor de um vai gerando dor no outro, em um ciclo vicioso que só não me joga na depressão porque não tenho tempo nem espírito para ficar depressivo.
Ok, o foco são os 21 anos de Roraima...já contei como foi a viagem da Venezuela para cá? Nunca? Não vai ser hoje também. Minha coluna já começou a chiar, reclamando dessa história de fazer postagens longas em um computador que não está ergonomicamente ajustado para minha situação de portador de três hérnias, lordose e outro troço que agora esqueci.
Vou desafiar a dor e continuar, mas em tópicos, citando algumas coisas boas que fiz nestes 21 anos.
1.Terminei o ensino fundamental, médio (com uma reprovação e várias recuperações), duas graduações e uma especialização. 2.Escrevi um livro digital, outro impresso, publiquei em vários países, em vários jornais, revistas, sites e blogs. 3.Amei algumas mulheres de bem e de mal, não todas as que gostaria, não todas as que me atribuem, não todas as que poderia. 4.Tive um filho que me surpreende com suas frases poéticas e assusta quando tem crises respiratórias.
(Vou mudar o foco da lista, enfiando coisas ruins também.)
5.Estudei muito mas não me foquei em coisas mais produtivas, como um concurso público para um emprego que pagasse bem. Ou capacitação para abrir um negócio. 6.Ganhei em 2010 o diagnóstico de 3 hérnias e outras coisas ruins na coluna. Isso me deixou com pouca margem para trabalhar tranquilo e ganhar grana afim de bancar o elemento do item número 4. 7.Viajei para alguns lugares interessantes. 8.Pedalei em alguns lugares interessantes. 9.Fiz trilha em alguns lugares interessantes. 10.Conheci algumas pessoas interessantes e muita gente com a qual não vale a pena conviver (passo mal só de estar no mesmo espaço). 11.Virei representante da turma da literatura da região Norte junto ao Ministério da Cultura, integrei o sindicato dos jornalistas de Roraima, fui do Diretório Central do Estudantes da UFRR, montei um coletivo literário, fiz teatro. 12.Nesses 21 anos sofri muito com o calor de Roraima. Essa foi uma constante. Calor me irrita. Neste fevereiro, além da alta temperatura, apareceu a poeira de vários meses sem chuva. A cidade está horrível. 13.Senti muito tédio. 14.Abri este blog, no qual é possível, para o desocupado leitor inexistente, achar boa parte de minha vida registrada em fotos, comentários, links, matérias de jornal e postagens. 15.Fiz o bem como ativista da cultura e da literatura. Quero fazer mais, mas fazer o bem custa caro em tempo e em dinheiro. 16.Ganhei alguns prêmios literários, de jornalismo e até de cinema. 17.Ganhei muitos desafetos. 18.Escrevi para ti, meu leitor inexistente.
Bem, podeira falar de outras coisas mas não estou com vontade, tempo e concentração. O lance era apenas deixar registrado no blog que sexta-feira, 3 de fevereiro, completo 21 anos de Roraima. Vou comemorar indo pro samba, pro rock e para onde os (poucos mas seguros) amigos me levarem.
O Coletivo Arteliteratura Caimbé pode conquistar o prêmio Anu de Ouro, concedido pela Central Única das Favelas
O projeto Caminhada Arteliteratura, desenvolvido em comunidades indígenas de Roraima, foi escolhido a melhor iniciativa social desenvolvida no ano passado em nosso estado. A indicação foi da própria comunidade, que votou na ação e ajudou o Coletivo Arteliteratura Caimbé a conquistar o prêmio Anu de Ouro, concedido pela Central Única das Favelas (Cufa).
A Caminhada Arteliteratura agora está concorrendo na categoria destaque nacional do prêmio Anu. A escolha é por votação on-line até 28 de janeiro e qualquer pessoa pode ajudar o projeto roraimense. O processo é simples: após acessar o site www.votenopremioanu.com.br, aparecerá uma relação em ordem alfabética de todos os estados do Brasil. Localize “Roraima”, selecione “Caminhada Arteliteratura” e vote. Tudo isso demora menos de um minuto e contribui para a boa imagem do Estado.
“Conseguir ser escolhidos como destaque nacional será importante para todas as pessoas que trabalham com cultura, literatura, comunidades indígenas e desenvolvimento social. Vai mostrar que somos um estado com projetos e ações positivas focadas nas minorias étnicas, exibindo positivamente a imagem de Roraima lá fora. Por isso, pedimos a todos que votem em nossa ação”, afirma o jornalista e escritor Edgar Borges, integrante do coletivo Caimbé e coordenador do projeto.
A Caminhada Arteliteratura começou no ano passado, levando escritores, artistas e centenas de livros para implantação de bibliotecas comunitárias nas comunidades indígenas Campo Alegre, Vista Alegre (em Boa Vista), Boca da Mata, Sorocaima I e Sorocaima II (em Pacaraima). Além delas, as atividades foram realizadas em Palmares (Pernambuco), Novo Lino (Alagoas) e as comunidades ribeirinhas Carmo do Macacoari, São Tomé e Foz do Macacoari (Amapá). Todo esse trabalho beneficiou mais de 1.000 crianças, jovens e adultos e está registrado no blog www.caminhadaarteliteratura.blogspot.com.
A Caminhada Arteliteratura implementa bibliotecas comunitárias nas comunidades indígenas
“Distribuímos livros de autores roraimenses e nacionais, fizemos oficinas de artes e montamos uma caravana com escritores locais, interiorizando a literatura produzida no Estado de uma forma que nunca havia sido feita nas comunidades de Roraima. Este ano daremos continuidade às ações. Para isso já estamos conversando com as lideranças, com organizações indígenas e órgãos públicos”, diz Edgar. Além dele, participaram das atividades a poeta Zanny Adairalba, o contador de histórias Tana Halú e a ativista cultural Heloísa Brito, todos integrantes do Coletivo Caimbé.
O prêmio Anu de Ouro reconhece não apenas a Caminhada Arteliteratura, mas todo o trabalho voluntário
O projeto teve a participação especial do artista plástico José Napoleão (de Minas Gerais) e do arte-educador Jonas Banhos (Amapá). De Roraima, viajaram às comunidades Roberto Mibielli (poeta e professor universitário de Letras), Eroquês Gaudério (poeta), Bebeco Pojucan (produtor musical), Alexia Linke (escritora e contadora de histórias), Pablo Albernaz (músico e antropólogo), Marcelo Seixas (fotógrafo) e Adilson Brilhante (fotógrafo), ambos integrantes do Fotoclube Roraima.
“O prêmio Anu de Ouro reconhece não apenas a Caminhada Arteliteratura, mas todo o trabalho voluntário focado em arte e literatura que iniciamos em 2009, realizando ações em diversos municípios de Roraima. É uma honra que dividimos com os amigos e parceiros que encontramos ao longo desses anos”, encerra Edgar. O blog do Coletivo, com registro desses trabalhos, é o www.caimbe.blogspot.com e o perfil no Twitter é o www.twitter.com/coletivocaimbe.
Quero agradecer o teu voto, caro amig@, parceir@ e caminhante literári@.
Agradeço também aos companheiros de imprensa, que sempre nos ajudam a divulgar as nossas ações. Vocês são muito legais e bacanas!
Conforme o site da Cufa, a entrega do prêmio Anu será no dia 28 de fevereiro de 2012 no Theatro Municipal do estado do Rio de Janeiro.
Antes disso tem outra etapa, a nacional:
“Os vencedores estaduais estarão automaticamente participando da etapa Nacional. Nesta fase, que se inicia em 07 de Janeiro de 2012, através de voto popular pelo site www.premioanu.com.br, onde cada um dos internautas poderão votar em três das vinte e sete iniciativas concorrentes, e as 3 ações que obtiverem o maior número de votos serão considerados os 'Projetos destaques de 2011' .”
Quer dizer, estamos bem mas podemos chegar ainda mais longe. Para isso, contamos novamente com o teu voto e o de teus amigos, amores, conhecidos e afins. Anota aí na agenda:
“Dia 7 de janeiro: entrar no site www.premioanu.com.br para votar na Caminhada Arteliteratura e mais dois projetos”.
Abraços gerais e que 2012 seja do bem, de janeiro a dezembro!
Vamos lá, fazer o tradicional balanço das coisas que me lembro que aconteceram neste ano que parecia não ter fim.
Diferentemente de 2010, não vai rolar mês a mês (clica aqui para ver como foi no ano passado).
Vou dividir no bloco das coisas boas e das coisas ruins/estressantes e encher de links para quem ler e quiser mais detalhes.
Antes de começar, dá play nessa música do Engenheiros do Hawaii. Ela representa um pouco das motivações para a jornada literária que fiz este ano. Vai lendo e ouvindo que lá embaixo vamos mudar a batida, certo?
O bom de 2011
Costumo relembrar que perdi uns dez anos de minha vida focado apenas no trabalho como jornalista, prestando assessoria a instituições e pessoas e deixando de olhar por mim.
Em 2009, quando a faixa dos 30 já havia passado, acordei e decidi retomar algumas das vontades que tinha até começar a trabalhar na área. Juntei uns amigos, troquei ideias e montamos o Coletivo Arteliteratura Caimbé para trabalhar com arte e literatura.
Pois bem, 2010 foi um ano de muitas ações bacanas, de muito trabalho recompensador. Juntando isso com função de representante da região Norte no Colegiado Setorial de Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura, o balanço foi proveitoso.
Posso dizer que nunca trabalhei tanto com literatura como em 2011: desenvolvi, junto com a turma do Coletivo e outros parceiros, as ações do projeto Caminhada Arteliteratura nas comunidades indígenas Boca da Mata, Sorocaima II, Vista Alegre e Campo Alegre (todas em Roraima), Palmares (Pernambuco), Novo Lino (Alagoas), Foz do Macacoari, São Tomé e Carmo do Macacoari (Amapá). No embalo, aproveitei para conhecer Recife e Macapá.
No Colegiado Setorial, entre outras coisas, dei minha contribuição para a formatação final do Plano Nacional de Cultura, peça fundamental para os rumos do setor nos próximos 10 anos. Aqui dá para baixar os documentos e conhecer mais sobre o tema.
Este foi o ano que até sambinhas fiz. O blues aqui é de outros anos mas nunca havia sido colocado na internet. Aproveitei um dia que a conexão estava boa e postei.
Ah, lá com o Coletivo Caimbé realizamos, além da Caminhada, outras ações.
Vou destacar o Poesia na Praça, que comemora o Dia Nacional da Poesia. Este ano aconteceu na avenida Jaime Brasil, no Centro de Boa Vista. Apareceu um bocado de gente bacana para ler poemas.
Outra parada bacana foi o sarau do Dia D' de Drummond, já no segundo semestre. Talvez em 2012 rolem outros. Vai depender de uma parceria que ainda não está fechada para garantir o suporte.
Olha esse vídeo sobre o sarau que foi feito pela poeta Zanny Adairalba, parceira de coletivo:
Na área da produção e veiculação de textos, emplaquei uns no projeto #RotaFel, que mapeou cidades com textos. Aqui você vai pro link e ainda olha os demais escritores que participaram desta história.
Ah, sim, teve também a publicação de dois poeminhas no fanzine OrFel #1. Adorei as artes que o pessoal fez para ilustrá-los.
De forma geral, chamo essas publicações e premiações de minhas #PequenasFelicidades, aquelas pelas quais vale a pena esperar para acontecer.
Devo ter passado por outros momentos bons, mas com certeza ficaram registrados somente em meu perfil no twitter. E aquele lá, entre tuitadas e retuítadas, é um mundo parelelo que não dá para acompanhar fácil.
O ruim e estressante de 2011
Ok. Se a música lá de cima estiver rolando ainda, volta e dá um pause/stop.
A vez é desta aqui, que sintetiza furiosamente as minhas coisas ruins e estressantes de 2011. Nunca gostei muito dela, mas como ganhei um CD do Nando Reis por estes dias e a dita cuja está no meio, parece que foi feita para 2011.
O destaque é um estresse que vem lá de 2010: a velha cervical problemática. Comecei o ano sendo obrigado a ficar deitado no chão o máximo de tempo possível, usar um colar cervical o tempo todo, escrever o mínimo possível, dirigir somente até o fisioterapeuta e a acupunturista e sentir dor, muita dor, cada vez que fizesse outra coisa. Basta acrescentar que, por recomendação médica, passei 5 meses sem poder carregar meu filho.
Fecho 2011 sentindo muitas dores na cervical e braços cada vez que faço trabalho pesado ou digito muito.
Já no final do ano, de quase aleijado passei a aleijadinho.com, visitando semanalmente a clínica de RPG e deixando lá parte do salário. Ficar em pé muito tempo? Nem pensar. E o médico já me disse: é para o resto da vida. Ou seja, lá pelos 50 devo estar uma beleza...(óbvia análise: levo este problema para 2012).
Fosse só eu o doentinho, até que a vida iria bem, mas descobrimos lá na aldeia que o meu indiozinhho é alérgico ao mundo, principalmente se houver ácaros por perto. Isso mais uma asma mais gripes que parecem nunca sumir é igual a internações, idas constantes aos médicos e tensão o tempo todo (óbvia análise 2: levo este problema para 2012).
Outro estresse foram os problemas financeiros. Baixa na renda familiar, contas que aparecem do nada, negócios que geram dívidas em vez de boas coisas, negócios que geram angústia em vez de felicidade.
Um dos destaques fica por conta da mudança de carro.
No meio do ano, uma semana antes de viajar ao Amapá para fazer as atividades literárias, o antigo quebrou. Gastei os tubos para consertá-lo e vendi por quase nada.
Entrei nas economias de alguns anos e comprei um seminovo. O fulano logo depois me engoliu a grana ao passar por uma revisão. Fiquei um tempão sem carro nos dias mais quentes de Roraima e ainda por cima caí no prejuízo. Agora está rodando bem.
Esse prejú do carro e outras coisas me quebraram as pernas e impediram de ir ao Rio de Janeiro participar de um evento muito legal da Funarte sobre política cultural.
Seria um dos expositores, falando sobre o projeto Caminhada Arteliteratura, mas não deu e fiquei apenas na vontade. Não foi 100% ruim pois me chamaram para trabalhar na XXI Feira de Livros do Sesc no mesmo período. Ou seja, ocupei meu tempo e não pensei tanto no encontro.
Fechando os destaques, fico com o lançamento de meu livro Sem Grandes Delongas. Sei, você pensará: como é que teu livro pode ficar na parte dos estesses? Ele não deveria estar no topo das coisas boas de 2011? Deveria, mas se você pensou assim, com certeza não leu este post falando sobre o primeiro lançamento do livro em Roraima, o que aconteceu e chamando para a segunda tentativa (que ainda bem que se concretizou).
Resumindo tudo: no dia 11 de novembro ia rolar, mas não chegaram a tempo os livros. O material, 72 exemplares, para ser bem exato, chegou só no dia 14 ou 15.
A editora Novitas, lá do Rio Grande do Sul, contratada por mim para fazer a edição de 1.000 exemplares do material, me disse (antes do dia 11) que um problema na Receita Federal teria impedido o envio de todos os livros, mas que mandaria pelos Correios uma parte (esses que chegaram depois da data) enquanto resolvia toda a questão.
Enfim, tristezas recolhidas, remarquei lançamento para o 25 de novembro, vendi vários na noite, distribui outros em locais de Boa Vista, amigos de fora do Estado já me compraram seus exemplares e já postei alguns para bibliotecas comunitárias lá do Amapá.
Devo ter uns 10 livros lá em casa.
Tudo estaria bem se os demais exemplares já tivessem chegado na minha aldeia. Lamentavelmente para mim isso ainda não aconteceu. O dono da editora me disse que tiveram uns problemas jurídico-burocráticos que estão impedindo que enviem os livros. Enquanto isso, fico aqui, no aguardo, no aguardo, no aguardo de que resolvam a vida deles lá e agilizem a vida minha aqui (perdi uns negócios por conta disso...).
Essa história dos livros é um estresse que vou, a julgar pela proximidade com o final de semana de transição de ano, levar também para 2012 ((óbvia análise 3).
Resultado:
Não curto este período de final de ano por ser o momento simbólico de fazer as contas e checar como foi o passado recente, projetando logo um futuro menos ruim. Na coluna dos resultados, somando os estresses com uns consertos que ainda não fiz lá na estrutura da oca, a conta ficou vermelha.
Mesmo assim, se você ler isto antes da virada, te desejo um 2012 melhor que este ano. Se ler depois, mesma coisa.
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.
(A poesia completa pode ser lida neste blog, chamado Poesia Latina. A parte que me interessa é essa, já que 2012 tá vindo e a caminhada da vida deve continuar.)