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terça-feira, março 21, 2017

Os 91 anos de minha avó, dona Maria José

 
Quatro gerações: dona Maria José, sua filha Gracineide, seu neto Edgar e seu bisneto Edgarzinho


Minha vó materna, dona Maria José Torreias Ferreira, completou 91 anos no último dia 15 de março. 

A matriarca da família Borges tem história pra contar.

Dona Maria foi um dos suportes fundamentais que tive em minha juventude, garantindo que pudesse estudar, comer e dormir com tranquilidade. 

Se não fosse ela, talvez nem morasse aqui, talvez não fosse jornalista, com certeza tudo teria bem diferente em minha vida.

A vó nasceu na beira do rio Uraricoera, descendente de um espanhol e uma filha de soldado da borracha que plantavam tabaco naquela região

Veio para Boa Vista ainda pequena, logo depois de ter ficado órfã. Cresceu ali na área central da cidade, numa casinha pertinho de onde fica a loja Brinquedos, na avenida João Pereira Melo, entre a Getúlio Vargas e a Sebastião Diniz. 

Dali descia para pegar água no rio Branco. Tempos diferentes, sem água encanada nem energia elétrica, muito menos botijão de gás para agilizar a preparação da comida

Dona Maria já me disse várias vezes, quando apareço com o papo dos tempos antigos: não sente nenhuma saudade da época do fogão à lenha.

Foi embora bem jovem do que hoje é Roraima e antes era Território Federal do Rio Branco. Acompanhava o marido, seu Edgar Borges Ferreira, que a conheceu logo após ele chegar do Pará. Pelo que me conta, do primeiro encontro ao casamento foi rápido, menos de um ano. 


Dona Maria José e seu Borges


Sobre como surgiu esse encantamento dos velhinhos, bati um papo uma vez com o seu Borges. Aqui tu confere a linda resposta que ele me deu.

Dona Maria morou na beira do rio Tocantins, voltou para o território, trabalhou como costureira a vida toda, em casa e ensinando em locais como a União Operária

Teve cinco filhos tidos e adotados, tomou conta de casa, sempre acordando cedo, dando bronca, aconselhando-nos todo dia, seus filhos, netos e bisnetos, a sermos bons para o mundo e a não olhar apenas para o nosso próprio umbigo.

Dona Maria e seu Borges, que faleceu há alguns anos, são os melhores avós que eu poderia ter escolhido para mim (se acaso tivesse esse poder). 

Este blogueiro, sua chupeta e dona Maria José

Boa parte da parte boa de meu caráter devo ao convívio com a dona Maria. Com ela e seu Borges aprendi na prática cotidiana o poder do amor familiar, da generosidade com os seus e do respeito aos outros.

De dona Maria só tenho uma reclamação: fuma desbragadamente. 

O vício vem da infância, quando acendia os cigarros para a minha bisavó. 

A gente aguenta e reclama sempre do cheiro de fumaça. Ela reclama que nunca vou comprar cigarros para ela. 

E assim vamos vivendo. Afinal, nem tudo são flores na relação avó e neto, né?

quarta-feira, agosto 27, 2008

Manhã de julgamento no STF sobre
a reserva indígena Raposa - Serra do Sol


Frases ditas na manhã pelo advogado-geral do União, José Antônio Dias Toffoli, durante o julgamento do caso Raposa-Serra do Sol no Supremo Tribunal Federal (STF), tendo ao fundo a advogada do CIR (Conselho Indígena de Roraima), Joenia Wapichana,com o rosto pintado.



"Eu não sabia que para ser um estado é preciso ser latifundiário", referindo-se à alegação de que sobrariam poucas terras para o Governo do Estado gerenciar.



"Se a terra é da União é muito mais fácil defender fronteiras do que se fosse de particulares", sobre a questão da fragilidade da soberania nacional, argumento muito usado pela turma contrária à demarcação em área contínua.



"Se houver declaração de independência (na reserva) o Estado vai lá e vai agir".



Frases da advogada Joenia Wapichana, argumentando a favor da demarcação em área contínua:




"Que nossos valores culturais e valores espirituais sejam garantidos na aplicação do artigo da Constituição".



"Vivemos há mais de 30 anos (sic) se arrastando, esperando".



"Somos acusado de ladrões, de invasores dentro de nossa própria terra. Somos caluniados e isso tem que ter um fim".



"O que está em jogo são os 500 anos de colonização. Isso é o que está em jogo. Nós temos a nossa economia e isso não é contabilizado pelo Governo do Estado de Roraima. Somos os maiores criadores de gado".



"Circulam anualmente na terra indígena mais de RS 14 milhões".



Manchetes dos jornais nesta quarta-feira (27)




Roraima Hoje





Raposa Serra do Sol

Destino de Roraima nas "mãos" do STF



Folha de Boa Vista


Supremo começa hoje decidir (sic) sobre demarcação da Raposa Serra do Sol



Para saber mais dos lances locais, clica aqui, na Folha de Boa Vista.

Para saber mais dos lances nacionais,que são os que valem mesmo, pode ser no G1



Mas antes de tudo isso ser visto ou lido, o lado pitoresco do dia 27 de agosto:



Edgar: Filho, hoje é um dia histórico e você vai ficar aí, mamando no peito de sua mãe e depois indo dormir?

O indiozinho fica em silêncio, a boca no peito da mãe, o olhar meio perdido.

Edgar: Vamos, filhão, vai ficar aí?

O indiozinho me olha, meio perdido, como a dizer: vai lá e garante a minha parte. Te vira.


No trabalho, a ligação:


Tana Halu: Ei, seu acomodado, consegui um carro. Vamos pra reserva fazer matéria!

Edgar: (Risada) Fala sério. Tenho um monte de coisa para fazer hoje aqui.

Tana Halu: Pára de ser assim. Hoje é um dia histórico e tu vais ficar atrás de uma mesa, escrevendo release?

Edgar: Ei, cara, mas esse aqui é o meu trampo. Se eu estivesse num jornal, eu iria.

Tana Halu: Tu já foi mais ativo. Hoje só quer saber de ganhar teus milhares de reais mensais sem fazer esforço.

Edgar: Pois é...


E na hora do almoço, depois de ouvir a transmissão no trabalho:



Edgar: Vó, a senhora está perdendo a transmissão do julgamento do caso da Raposa!


Vó Maria José: Isso já tá perdido faz tempo, meu filho.


Edgar: Como assim, vó?


Vó Maria José: Isso tudo é coisa de um bando de índio e branco sem-vergonha. Ninguém vai ganhar nada com isso.

quarta-feira, maio 31, 2017

Ensinando o Edgarzinho a dominar as manhas do dominó e das damas



Eu nunca passei muito tempo com o meu pai. Em parte porque ele sempre trabalhou abrindo e pavimentando estradas longe de casa, em parte porque os meus progenitores se separaram quando tinha uns 6 ou 7 anos de idade e a parada foi tensa nos afastamentos até eles se reconciliarem, mais de uma década depois. 

Lembro que uma das poucas coisas que ele parou para me ensinar foi a escrever os algarismos romanos. Por conta disso era um dos poucos moleques do bairro a entender aquele monte de letrinhas que representavam valores e datas. 

Este ano, quando decidi fazer o mesmo com o Edgarzinho, descobri que ela já conhecia os números romanos. Havia aprendido sobre eles jogando Minecraft no celular...Dei muita risada quando soube e parti para a outra parte de transmitir saberes que havia me proposto: ensinar-lhe dominó e damas. 

Comecei com o dominó, mostrando que os pontinhos se encaixavam até alguém ganhar. Depois partimos para o jogo com os múltiplos de cinco. A minha meta era, na verdade, estimulá-lo a somar mais rapidamente e garantir que o seu pensamento matemático avançasse. No começo ele não curtiu e sempre pedia para voltar a jogar só o de encaixar as pedrinhas com pontinhos iguais.

Sua mamis e eu optamos por reforçar o conhecimento dele na tabuada. Quando percebemos que estava mais seguro, parti novamente para o dominó dos múltiplos de cinco, ajudando ele quando as somas ficavam altas. Resultado: o moleque hoje está uma fera nas somas e cálculos de probabilidades sobre as jogadas que lhe garantem pontos e mais pontos. 

Além da gente em casa, ele já jogou com o avô paterno, seu Juca, e com minha avó, dona Maria José, que aos 91 anos ainda é a rainha familiar do dominó, montando combinações e somando pontos numa velocidade absurda para o que se espera de alguém de sua idade. 


Edgarzinho jogando comigo, sua bisavó Maria José e seu avô Juca. Percebam que ele cresceu tanto que já usa de boas as minhas camisetas...

Outro jogo que decidi ensinar-lhe, aqui pedindo ajuda da mamis Zanny Adairalba, foi o de damas. Esse demorou mais um pouco, sobretudo por exigir mais concentração de sua parte. Mesmo assim, na segunda semana ele já chegou contando que havia jogado com uma colega na escola. Na outra já estava jogando com a avó materna.

Pensando a estratégia para o jogo de damas


Ainda fica nervoso quando está perdendo e nessas horas a gente pega leve, dando aquela chance bacana para ele comer uma ou duas peças e ganhar confiança. Além disso, reforçamos o tempo todo que ele precisa aprender a montar as jogadas na cabeça e meio que prever o que o outro jogador vai fazer.
Assim vamos, fortalecendo os conhecimento do moleque. O próximo passo é ensinar xadrez, mas aí será uma história entre ele e a mãe, porque eu não manjo disso aí.

quarta-feira, janeiro 10, 2018

E chegamos à primeira década de vida do Edgarzinho!


Há dez anos, às 3 da madrugada de um dia como hoje, Zanny me acordou para dizer que a bolsa havia estourado. Lembro que estava dormindo de bruços, com um travesseiro sobre a cabeça e o braço doendo de tanto mexer com martelo e coisas pesadas no dia anterior. Quando comecei a levantar, no estilo flexão de peito, ela me disse para ficar tranquilo, pois achava que ainda ia demorar para começar a sentir contrações. Em algum lugar de nossos HDs tem um vídeo que me mostra voltando a dormir imediatamente… 


O molequinho completa neste 10 de janeiro a sua primeira década

Essa é a primeira lembrança que tenho do dia 10 de janeiro de 2008, data em que o Edgarzinho veio ao mundo. Ou, como mandei por SMS para algumas pessoas, data em que estava nascendo o mais novo indiozinho do lavrado.


Daquela madrugada até hoje se passou exatamente uma década. O mundo mudou quase que totalmente nesse período, para bem e para mal. Edgarzinho, como ser em formação, mudou muito desde então. Eu também. 

Rapel básico para ir se acostumando com os desafios da vida

Nos conhecemos bem e sabemos o que fazer para irritar e fazer rir um ao outro. Sabemos reconhecer nossos tons de ironia e temos conversas nas quais um fala e o outro finge estar interessado… 


Mamis Zanny e papis Edgar com o filhote

Na média geral, tenho sido (ou me esforçado muito para ser) um bom pai, do tipo que está presente quando se precisa estar presente, que briga e abraça, que se esforça e tenta superar suas preguiças e limitações para tentar criar um bom sujeito. 

Brincando de Naruto (ou seria Avatar?) na praia do Caçari



Dominadores da água em ação!
Óbvio que a mamis Zanny me acompanha nesse processo, às vezes com mais afinco que eu em vários (muitos?) setores. Fazemos nossos papéis, misturamos nossas ações e vamos buscando o equilíbrio na formação do menino. Temos nossas falhas, sabemos quais são e buscamos superá-las. Vamos tentando, tentando, tentando.


Em certas ocasiões, damos uma de policial malvado e policial bonzinho para equilibrar e fazer andar o processo. Discutimos muito os nossos pontos de vista sobre o que achamos melhor para o moleque, debatemos o debate e caminhamos a vereda da criação do jeito que achamos melhor: dando-lhe amor e mostrando que fazer o bem sempre é bom, mesmo que o troco nem sempre seja legal. 


Edzinho com a vó paterna Neide e a bisavó Maria José -2017

Ouvindo histórias lidas pela vó materna Alba
Neste dia tão especial para nós, para mim, vamos cortar um bolinho lá na casa de sua bisavó Maria José, mãe de dona Neide, sua vó paterna. Com certeza vamos lembrar de alguns momentos, talvez recontar como foi a agonia de esperá-lo nascer, tão demorado que foi o processo.


Com o primo Saulo Borges

Quiçá diga que me lembro da hora exata em que nasceu: 13h55. E aproveite, como sempre, para contar o motivo de ter gravado o momento: era o horário em que saía de casa para chegar às 14h na UERR, onde trabalhava à época de seu nascimento.


Abraços matutinos e sonolentos
Talvez falemos de como adoramos ir tomar banho de rio e comentemos que desde o ano passado não vamos à praia Grande com receio das mordidas das piranhas que dia sim, dia não, mordem um banhista.

Em Pacaraima, com a amiguinha Liz Camargo

Pode ser que eu repita a história de como ele foi a primeira pessoa com a qual consegui dormir colado noites inteiras, inclusive procurando-o pela cama para mantê-lo por perto, bem oposto ao que fazia com as outras figuras que havia conhecido antes. 

Lanchando com a irmã Lai Dantas

Também existe a chance de contar como em 2017 ele descobriu o mundo dos animes e começou a ler os mangás da Turma da Mônica, mas que ainda tem certa preguicinha para a leitura, o que me chateia, mas enfim… Nesse momento talvez a Zanny fale dos ritmos de cada um e me lembre das inúmeras crises respiratórias que o levaram a ser internado ou ficar de cama em casa desde que nasceu. 

Refazendo a mesna pose de uma foto que fez há uns oito anos com a amiga Isabela Quintelas

Daí eu possivelmente retrucarei algo e passe para uma boa lembrança do ano passado: nossa aventura pelo mundo dos jogos de damas, dominó (mais ao meu lado) e xadrez (uma caminhada com Zanny, Lai – irmã do pequeno-, e a vó Alba). Bem capaz de nessa hora ele pular na conversar e citar o quanto gosta de jogar beyblade (o pião contemporâneo, pra quem não sabe) com os coleguinhas que vez ou outra aparecem lá em casa. 

Talvez não façamos nada disso. Quem sabe o que pode rolar numa festa familiar? É tanta experiência, é tanta vivência que a gente torna rotina e ama na sua cotidianidade que a única certeza destacada é que todos amamos esse molequinho lindo que veio para mudar positivamente a minha, a nossa vida.

Que venham os próximos anos.

P.S.:

Aqui no blog tem um marcador para as postagens nas quais Edzinho é personagem principal ou coadjuvante. Basta clicar aqui e verá tudo o que falei dele desde que nasceu.


Clicando nesse marcador encontrei duas postagens sobre aniversários do pequeno indiozinho: uma sobre os seis anos e outra sobre os cinco. Confere.

quarta-feira, outubro 12, 2011

Boas notícias de outubro: selecionado em concurso nacional

O novo mês trouxe uma boa notícia. Depois de pegar porrada em diversos concursos literários, finalmente fui classificado em um. O aviso chegou neste sábado, 8 de outubro, via Gmail.


Entre 1.672 participantes, fui um dos 40 selecionados para fazer parte da antologia resultante do II Concurso de Poesias Revista Literária – Edição 2011, promovido pelo Portal Revista Literária, com o apoio da Editora Scortecci e do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal.. Só não lembro qual poesia inscrevi. A agenda na qual anotei isso ficou perdida no rio Macacoari, lá no Amapá, conforme já contei nesta postagem.

Não vai ter grana, não vai ter fama, não vai ter troféu. Mas trouxe felicidade, o que em um ano podre como este já é algo bom.

Olha aí a lista com todos os selecionados:

Aline Rocha Rodrigues
Ana Beatriz Cabral
Ana Maria Galdino da Costa
Anna Lisboa
Claudio José da Silva Júnior
Christienne Krassuski Fortes
Cristina Martins Tavares
Douglas Ceccagno
Edgar Jesus Figueira Borges
Francisca Dilma Sousa da Costa
Francisco Conrado Araújo Silva Filho
Gabriela Andrade Vitor
Helena Maria de Souza
Ivan Gagliardi Castilho
Izildo Carlos Alves da Silva
João Elias Antunes de Oliveira
Joés Carlos S. Silva
Kátia Adriano
Lelia Alice Bertanha
Luana Mirella Marques de Lima
Lúcia Lovato Leiria
Maíra Fé Maia Soares
Márcia Maranhão de Conti
Márcia Turi Marques
Marcus Vinicius Borges Oliveira
Maria Angélica Marangoni
Maria Elisa Corrêa Dias
Matheus Ferreira da Rocha
Nealdo Zaidan
Renata Alves Torres Lage
Ricardo Mainieri
Ricardo Nonato Almeida de Abreu Silva
Rogério Alves Dantas
Robson Leandro Soda
Rosana Mendonça Nunes
Sergio Augusto Ferreira Domingues
Sérgio Reinaldo Rosman
Vilma das Graças Ferreira
Wellington Kallil de Campos Alves
Zanny Adairalba

quarta-feira, junho 04, 2014

Sobre o aniversário de hoje

Os Bêbados ou Festejando o São Martinho,  quadro do pintor português José Malhoa

Poderia ser uma orgia de corpos suando outros corpos, de bebida jogada pro alto, com uma banda tocando música no máximo volume, drogas pesadas deixando todo mundo leve, polícia fazendo batida e levando todo mundo preso, mas vai ser apenas uma reunião básica com mamãe, vó Maria José e uns parceiros.

segunda-feira, agosto 19, 2024

Flor de Cayena

 

Cayena é o nome dessa flor na Venezuela. Nunca fiz força para aprender seu nome aqui. Em minha família todos a chamam de papoula e acho que é isso.
Na frente da minha casa lá em Guasipati tínhamos duas ou três variedades. Com certeza tínhamos da cor laranja.
Tinha cayena também em um jarro na varanda da casa de minha vó Maria José, aqui em Boa Vista. Às vezes eu pegava uma e a colocava em sua orelha, para enfeitá-la. Ela ria e agradecia.
Tem um pé de cayena na frente da minha casa. A muda veio da casa de minha vó. Da janela de meu quarto de estudo a vejo todos os dias.
Tem uma cayena no fundo do quintal. A plantamos sobre o local onde enterramos Balu, nosso primeiro cachorrinho.
Tem uma cayena cor de memórias dentro de mim.

quarta-feira, maio 23, 2007

Histórias de amor familiares



Edgar Borges Ferreira, meu avô, é um poeta que nunca fez poesias. Eis a resposta escrita dele à minha pergunta sobre o começo do namoro com minha avó, dona Maria José, na segunda metade da década de 1940. Se alguém me arranjar descrição melhor para um começo de relacionamento, pago um sorvete.

Edgar Neto: começou o namoro de vocês?

Edgar Avô: um primeiro olhar de reconhecimento; um segundo olhar mais desembaraçado; um terceiro olhar totalmente correspondido; um aperto de mãos e a explosão da paixão.

quarta-feira, abril 17, 2024

Meus livros da Coleção Burrinho Feliz

Nesta quinta (18/04) se comemora no Brasil o Dia Nacional do Livro Infantil. Lembrei desta coleção que ganhei dos meus avós maternos, dona Maria José e seu Edgar Borges, quando tinha uns 9 a 10 anos e ainda morava na Venezuela, lá nos distantes anos 1980.  
 

 
Não recordo se me entregaram as obras em alguma viagem que fizeram para nos visitar, se mandaram como encomenda pelos caminhoneiros que transportavam madeira de Boa Vista para o país vizinho e sempre paravam em nossa casa ou se estava de férias e levei daqui para lá.

Só sei que li e reli esses livros dezenas de vezes, entendendo não sei até onde as nuances e significados das frases e palavras em português e divertindo-me neste mundo de fantasia proporcionado pela literatura. Até hoje quando falo “baratinha” lembro da história da dona Baratinha da Silva Só.
Um parênteses para quem ainda não sabe: meu primeiro idioma foi o espanhol e a alfabetização em português foi bem autodidata. Só aos 14 e 8 meses é que comecei a ter aulas na língua de Camões.
Voltando aos livros:
Quando decidimos vir morar no Brasil, a coleção veio junto. Além dos livros da imagem acima, literalmente botei no bagageiro do ônibus uma mala com histórias em quadrinhos e outras publicações. 

Quando atravessamos a fronteira e paramos em Pacaraima, de onde sairíamos no outro dia rumo a Boa Vista, tivemos que caminhar umas dez quadras do terminal rodoviário até a casa de minha tia Suely, onde pernoitaríamos.
Vocês devem saber que papel pesa muito. Bem, no meio do caminho cheio de subidas e descidas acho que me arrependi de estar com tanta coisa na mala, mas o gosto pela leitura me deu forças e não joguei nada fora. Preferiria me desfazer das roupas do que das minhas revistas e livros.
Meus avós já morreram. A lembrança deles, entretanto, me habita pelos bons exemplos e bons presentes que me deram enquanto estavam vivos. Para mim, estes livros são eles me dando carinho quando era criança.
Viva a leitura, viva quem incentiva os outros a ler, viva o livro infantil.