Sobre os concursados do governo de Roraima
Com toda a alegria que consegue transmitir por estar cumprindo suas obrigações, o governador Flamarion Portela (licenciado há cerca de um ano do PT , ou como diz o André, vítima de uma expulsão branca, por conta de um suposto envolvimento no Caso dos Gafanhofotos) convocou mil pessoas que havia sido aprovados no concurso público do Estado.
O total de vagas ofertadas no concurso passou das oito mil em diversas áreas. Com validade de dois anos, muitas pessoas têm medo de que o prazo expire e ninguém mais seja chamado.
O medo, a princípio injustificado se Roraima tivesse um histórico político diferente, baseia-se no aparente receio do governo em chamar os profissionais aprovados. As convocações vêm sendo feitas à base de pressão e reclamações, muitas reclamações na mídia.
Vale lembrar que Flamarion tem a seu favor o fato de ter quebrado com uma omissão que durava 12 anos. Os ex-governadores Ottomar Pinto e Neudo Campos (outro citado no escândalo dos servidores-fantasmas) preferiram deixar de lado essa bobagem de cumprir o que determina a lei e montar esquemas de contratações precárias que a Justiça considerou como feitos à medida para uso político-eleitoreiro.
Ao assumir e fazer o concurso, Flamarion ordenou uma limpa de mais de 12 mil nomes nos quadros do funcionalismo estadual, gerando revolta entre os aliados e os demitidos, mas encorpando o discurso do ajuste da máquina governamental ao que manda a Lei.
Mesmo assim, tem-se a impressão de que a coisa não foi bem assim.
Nesta semana, dois dias antes da convocação feita pelo petista licenciado, as informações de reportagem veiculada no jornal Folha de Boa Vista demonstram a quantas anda a vontade do governo em organizar a casa. Ou falta alguém que informe melhor e controle a secretária estadual de Educação, conhecida pela postura firme com que defende seus posicionamentos, na hora das entrevistas ou o concurso foi de fato uma balela.
Na matéria "Concursados denunciam ocupação ilegal de cargos na Educação", algumas pessoas reclamam da demora em serem chamados e da preferência dada a outras que sequer aprovaram no concurso e não teriam a escolaridade necessária para tanto.
Diz a matéria da Folha:
"Não fizemos concurso para quadro de reserva, mas para provimento de vagas", disse Matheus, lembrando que a elaboração do concurso público teve todo um custo para o Estado. "Inclusive, houve gastos com o assessor técnico que elaborou o planejamento por mais de R$ 250 mil, demonstrando a necessidade da contratação para o quadro do Estado", reforçou. "E agora dizem que não tem sequer local de trabalho para esses funcionários".
Aí vem a parte engraçada:
SECRETÁRIA - A Folha procurou a secretária estadual de Educação, Lenir Veras, que informou de início não ter nada a responder. Questionada sobre os direitos que estão pleiteando, ela disse que os concursados têm apenas "expectativa de direito".
Logo em seguida, a paulada:
Quanto à necessidade de mais servidores, Lenir disse que esse número está dentro do orçamento disponível na secretaria, embora tenha afirmado que o cargo sequer exista no quadro atual.
"Esse profissional será muito bem-vindo na secretaria, mas teremos que fazer algumas adaptações já que a função da qual eles fizeram o concurso não existe na secretaria, e acredito que farão mais o papel de assessoria", afirmou.
Sobre ao fato do concurso ter oferecido 201 vagas para essa função, Lenir Veras ressaltou que ela não estava à frente da secretaria e nem participou da comissão que aprovou o planejamento.
"Não sei qual o ânimo da comissão quando elaborou esse número, mas hoje o Estado tem a necessidade de diminuir o número de funcionários e de potencializar os recursos humanos, e uma pessoa fazer o serviço de dez", afirmou.
Ao ser questionada sobre as declarações de que funcionários estavam exercendo ilegalmente o cargo de analista educacional, ela foi incisiva: "Não existe ninguém, porque esse cargo não existe e não vamos inventar cargos para 201 pessoas", afirmou.
Diante das afirmações, ela foi indagada então do porquê de contratar os dez funcionários. "Por respeito à sociedade e à comissão que elaborou o planejamento. Mas que fique claro que não foi por pressão de ninguém e, como já falei, eles estão na expectativa de direito e temos que chamar alguém para dar satisfação à sociedade", frisou.
A matéria é isso. A parte interessante de tudo é esta declaração: "esse cargo não existe e não vamos inventar cargos para 201 pessoas", afirmou (a secretária).
Desorganização? Falta de comunicação entre quem pagou pelo concurso e as secretarias de Planejamento, Administração e Educação? Quem poderá saber, se todos estão satisfeitos com a convocação?
Em tempo, nenhum dos reclamantes na matéria está entre as 10 pessoas que foram convocadas pelo Governo para o tal cargo inexistente.
(este cronista foi um dos convocados. Mas como o salário é muuuiiiiiito baixo e não dá para bancar as contas fixas de cada mês, vai esperar a chamada para o cargo de nível superior em que foi aprovado. Outros jornalistas estão organizando uma campanha judicial para serem chamados rapidamente. Afinal, todas as vagas de Analistas de Comunicação Social estão ocupadas por não-concursados mas o atual governo insiste em falar que precisa primeiro organizar a casa para depois contratar quem vai tomar conta de sua imagem)
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