segunda-feira, dezembro 13, 2004

Um Pemón na estrada

De Tabatinga, uma outra fronteira


Se fosse de barco, demoraria 3 dias para chegar aqui. Mas nada que um investimento numa passagem de avião não resolva para ser possível cobrir 1.105 km em linha reta em duas horas e meia. Por água, a distância sobe para 1.607, segundo o portal da cidade. Somando com o trecho de ônibus de Boa Vista a Manaus (mais ou menos 800 km), já fiz quase dois mil km. Ou seja, tô rodado.
Tabatinga é abafada, como todas as cidades amazônicas. Tem moto-táxis que rodam sem capacete, tem contrabando de um monte de produtos que vão para Letícia, a cidade a lado, como importação (ou seja, mais baratos) e voltam sem pagar impostos. O comércio de confecções é agitado. O porto também. Muitos índios pobres na beira do mar vendem farinha que trazem em "baldes" feitos de palmeiras. É outro mundo, o que me lembra que se metade do que o poder público alega investir fosse usado para melhorar a qualidade de vida das pessoas chegasse até elas, o mundo estaria melhor.
A passagem para Iquitos, a próxima parada, custa 50 dólares por barco, numa viagem que demora 12 horas. Tem uma empresa de aviação que faz a rota duas vezes por semana, mas não descobri o preço.
O barco sai às 5 da manhã. Tomara que não vire. Afinal, ainda não sei nadar e ainda quero chegar em Floripa para comer peixe na beira do mar...
Esta é a terceira cidade fronteiriça que conheço. Em todas, por coincidência, há uma grande concentração de indígenas. Mas aqui é difícil saber quem é colombiano, peruano ou brasileiro. Sei que todos são índios pelos traços, principalmento o nariz adunco. Isso me lembra como o conceito de nação e país é abstrato, mais ocidental de que outra coisa.
Me sinto no entroncamento do fim do mundo, mas próximo ao teto do mundo.

(Aos amigos que vão me ler e tem seus blogs e fotologs, vai ser complicado retribuir a gentileza. Mas espero que continuem mandando força positiva.)


Nenhum comentário: