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segunda-feira, dezembro 02, 2019

Lendo Carrossel Agalopado, de Zanny Adairalba, na Feira Estadual de Ciências de Roraima

No encerramento da XXVII Feira Estadual de Ciências de Roraima, no dia 23 de novembro de 2019, fui ao parque Anauá fazer uma intervenção poética juntamente com os poetas Elimacuxi e Vitor de Araújo (autor das imagens deste vídeo), além do cantor Paulo Segundo (que além de maravilhoso, já interpretou uma música minha em um festival, como podem conferir aqui


Elimacuxi rodopiando feito poesia

Paulo Segundo mostrando seu vozeirão

Vitor de Araújo em estado de poesia


 Li alguns textos e gravamos Carrossel Agalopado, poema que dá nome a um dos livros da poeta Zanny Adairalba

Espero que gostem. 





Na feira também estava o ativista cultural Jonas Banhos e a Barca das Letras, aportando pela oitava ou nona vez em Roraima. Jonas doou livros e DVDs arrecadados para uma escola indígena de Roraima

Para minha posteridade: uma fotinha lendo poesias de Zanny Adairalba

quinta-feira, outubro 17, 2019

Sobre chuvas, preocupações pós-vida e e meus quase livros publicados


Choveu. E muito. Choveu como se não fosse outubro esta semana. Ainda bem, ainda bem. Domingo o ar parecia estar sumindo, muito quente. Aí então choveu como se o mundo fosse desabar, com raios e trovões que fazem Balu, meu cachorro lindo, sair louco pela casa atrás do bicho que está fazendo “bruuuum” em nosso quintal.

Choveu e minhas articulações parecem que enferrujam. Como será o dia em que for mais velho e vá morar em um lugar frio? Chegará esse dia? A da velhice, digo. E se algo acontecer e, de repente, apenas traçando hipóteses, assim que levantar desta mesa eu escorregar lá na varanda molhada pela chuva? E se na queda bater a cabeça numa quina qualquer e tudo acabar ali, de maneira tão boba, tão irrelevante, uma cena improvisada de um filme ruim?

E se acaso morto, já em outra esfera, eu ainda ter consciência do mundo terrenal e ficar pairando por Boa Vista, vendo os desenrolares após a minha partida (partida é um nome bonito para eufemizar algo tão natural como a morte. Melhor que bater as botas, é verdade)? 

Possivelmente não vai acontecer assim, mas e se minha maior preocupação for saber o destino de meus textos não publicados? Ontem ou anteontem ou agora, dependendo de sua relação com o tempo, estava pensando nos livros que ainda não publiquei e deveria ter jogado ao mundo há muito tempo.

O primeiro é de antes de 2010. Seria uma coletânea de crônicas, poemas e contos divulgados inicialmente aqui no blog. E teria ilustrações de um ciclista passeando por todo o livro. A capa também seria um ciclista. Não lembro o nome que lhe daria, mas recordo-me que cheguei a propor à Rosana Santos, que dirigia o setor de cultura do Sesc nesse então, a publicação da obra. Ela pediu para levar a boneca do livro. Aí começou a caminhada sem fim. Demorei para separar o material. Então passei, não me lembro da ordem, para o jornalista Nei Costa ajudar na diagramação (ou revisão, talvez). Acho que antes havia dado ao também jornalista Plínio Vicente para ajudar em algo. 

Por último, sei lá quanto tempo se passou até isso, ficou com a designer Lidiane dos Santos a montagem, o tratamento das imagens (produzidas pelo ilustrador Two, hoje vivendo em local não identificado por mim) e a capa. Ah, essa capa seria uma foto minha numa bicicleta, feita por Zanny Adairalba, à época ocupando o status de namorada. Pelo projeto gráfico da Lidiane ficaria linda depois de trabalhada como se fosse uma pintura. Resumindo: vai e volta, vai e volta, o mundo girou muito, perdi a chance do patrocínio, perdi o arquivo e hoje não sei onde está o material.

O segundo livro seria apenas de poemas. Os textos não sei quando foram escritos, mas a produção começou numa fase difícil para mim, no auge da crise de minhas hérnias. Lembro que pedi para Zanny, já no status de esposa e mãe do Edgarzinho, digitar os textos escritos a mão. Aí a gente instalava o data show e projetava na parede do quarto os poemas para fazer a revisão e diminuir o risco dela ter trocado alguma letra e eu deixar passar. Acho que o ano era 2010, 2011. Foi um tempo difícil para mim, com as dores nos braços limitando muito a minha vida. Livro revisado, cheguei a inscrevê-lo em um ou dois concursos de poesia para livros originais. Não foi selecionado, dei uma nova olhada nos textos e já passei a gostar menos deles, achando-os pouco poéticos, muito “duros”. Larguei em algum lugar digital e esqueci, sem querer, a localização da pasta. Esse livro,vale destacar, foi uma intenção, um devaneio. Diferente da coletânea, não nasceu com possibilidades concretas de ser impresso.

No intervalo entre os dois quase livros veio em 2011 a publicação do Sem Grandes Delongas (se não baixou ainda, é só clicar aqui), uma série de projetos e ações feitas com o Coletivo Caimbé (quem produz sabe o extenuante que é fazer a pré e a pós-produção cultural, sobretudo os registros de memória), o trabalho da vida real, cansaço mental e as dores, tratadas com choques elétricos, gelo, aparelhos desinflamatórios, acupuntura, RPG e, o Santo Graal, os alongamentos no pilates.

O terceiro livro não publicado quase chegou lá no ano passado. Foi escrito totalmente a mão, no silêncio do meu antigo apartamento, com pouca luz e muita reflexão. Escrevia a primeira versão e já passava a limpo o rascunho, mexendo na estrutura caso não me agradasse mais. Depois de ter um monte de poemas prontos, passei para o computador, alterando novamente os textos. Ficou alguns anos parado na gaveta virtual até aparecer um edital do governo do Estado de Roraima prometendo uma grana para publicar cinco livros de autores radicados aqui. Fiz um projeto conforme as regras do edital, imprimi o material, fui selecionado, botei a Zanny (sempre ali, parceirassa) para me assessorar na busca da editora, aguardamos o pagamento e... tomamos calote na veia. A gestão da Suely Campos, governadora da época, não ligou pra gente e desprezou a própria iniciativa. 

Ficamos a ver navios (no final desta postagem quilométrica vou copiar a matéria que saiu no Jornal Folha de Boa Vista com as nossas reclamações em outubro de 2018). Ainda bem, aindaaaaa bem que não levei pra frente uma ideia que me chegou de repente no meio desse processo e que seria bem a minha cara de abestado confiador de que os outros vão sempre honrar seus compromissos: imprimir o livro por conta e gasto próprios, depois receber e ficar elas por elas de boas. Ainda bem que fiquei quieto...

Esse livro de poemas quase impresso em 2018 é o que acho mais bacana de todos, inclusive mais bacana que os contos do Sem Grandes Delongas. Estou pensando em bancar uma impressão independente dele ainda neste 2019, aproveitando que não perdi o arquivo ainda. Tem até prefácio já, feito pela poeta Elimacuxi.

Quantos livros foram até agora? Três. Ok. Não cansado de quase publicar sempre, aproveitei este ano para, no intervalo entre um parágrafo e outro da dissertação, escrever um novo livro de poesias, bem mais curto que o quase livro de 2018. 

Esta semana fiz a revisão dele, cortei uma coisas, mudei outras, arrumei ali, organizei ali. Vou ver se inscrevo ele em alguns concursos. Se nada rolar, tentarei publicar ano que vem. Se não der certo, serão quatro livros quase publicados por mim, o que deve me transformar num dos maiores autores quase publicados de Roraima.

Voltando ao começo do texto, já pensou tudo isso me atormentando numa pós-vida? Que agonia seria, que agonia...

P.S. : O colega escritor Aldenor Pimentel me lembrou lá no grupo de Whatsapp dos Escritores de Roraima que antes do Sem Grandes Delongas tive o e-book Roraima Blues como primeiro livro solo publicado.  Eu acho que em algum momento da redação pensei nele, mas o meu pensamento é meio linear às vezes-quase sempre-já passei vergonha por isso- e disse (ele, meu pensar, ou eu, dono do pensamento?) "estamos falando só dos impressos. Apenas dos impressos, não viaja...". Bem, descartei lá na hora, mas depois dessa observação do Aldenor, acho válido apontar que em 2008 a revista portuguesa Minguante publicou esse livro digital de microcontos. O site saiu do ar, eu não havia pedido nenhuma cópia do material  e apenas anos depois consegui um arquivo com os textos selecionados, mas sem a capa, que pode ser conferida nesta postagem feita por mim à época. Ah, e para variar, não sei em que canto está o arquivo...

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A seguir, a matéria falando sobre o calote do Governo de Roraima. Por desgosto e vã esperança de receber e esquecer o assunto nunca havia falado disso aqui no blog, mas sempre citava por aí nas conversas sobre literatura.

 CARTA DE REPÚDIO


Escritores reclamam de falta de pagamento

Escritores e agentes culturais de Roraima publicaram uma carta de repúdio nas redes sociais reclamando da falta de cumprimento do edital



Escritores e agentes culturais de Roraima publicaram uma carta de repúdio nas redes sociais reclamando da falta de cumprimento do edital l 07/2017 de incentivo e fomento a literatura da Secretaria de Cultura de Roraima.

De acordo com a carta, sete meses após a divulgação do resultado final, o Governo de Roraima ainda não entregou a premiação. A lista dos projetos aprovados foi publicada no Diário Oficial do Estado em fevereiro de 2018. Os autores dos projetos a serem premiados são: Edgar Borges, Eroquês Velho, Aldenor Pimentel, Lindomar Bach e Danilo Santos. O valor total do edital é de R$ 100 mil, sendo R$ 20 mil para cada um dos cinco projetos de livro selecionados para publicação.

“O edital estipula prazo máximo de 30 dias para a premiação, o que ainda não foi feito, ainda que as despesas tenham sido encaminhadas à Sefaz, para pagamento, em abril deste ano, pela Secult” 

Confira na íntegra:

Nota de repúdio

Nós, escritores e coletivos literários abaixo assinados, repudiamos a não entrega da premiação em dinheiro, pelo Governo de Roraima, dos cinco projetos aprovados no Edital N. 07/2017 – Incentivo e Fomento a Literatura, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), cujo resultado final foi divulgado oficialmente por meio da portaria N. 022/2018, de 23 de fevereiro de 2018, publicada no Diário Oficial do Estado de Roraima N. 3186, em 26 de fevereiro de 2018.

Destacamos que o mesmo edital estipula prazo máximo de 30 dias para a entrega da premiação, que, até o momento, sete meses após a divulgação do resultado final, não foi efetuada, ainda que as respectivas despesas tenham sido liquidadas em abril deste ano pela Secult e encaminhadas à Sefaz para pagamento, conforme despacho daquela secretaria.

Repudiamos ainda a postura da Secult, que em ofício, “lavou as mãos” em relação à entrega da premiação, eximindo-se de sua responsabilidade como coordenadora do certame, ao orientar estes escritores a procurarem a Sefaz, com o argumento de que os procedimentos por aquela secretaria “competem somente até a fase da liquidação da despesa”, o que é contraditado pelo próprio edital, cujo texto diz que a Secult pode, intervir mesmo após a entrega da premiação, ao, por exemplo, “acompanhar o desenvolvimento das atividades e, após a conclusão dos trabalhos, verificar o cumprimento das condições fixadas”.

Repudiamos também a desculpa do Governo do Estado de que está impedido de entregar a premiação em razão do bloqueio de suas contas, quando sabemos que o Governo pôde, mas não efetuou o pagamento deliberadamente. Prova disso é que em junho e julho deste ano foi realizado o Arraial do Anauá, quando foram realizadas diversas despesas da área da cultura.

Entendemos que o não investimento dos referidos recursos representará grande perda para o próprio Governo, a literatura e a cultura locais e, principalmente, a população.

Lamentamos tamanho atraso na entrega da premiação em dinheiro, o que apenas reflete o descaso histórico do Governo do Estado com a promoção de políticas culturais, em especial voltadas ao desenvolvimento da literatura e da leitura, enquanto no mesmo período este Governo firmou contrato para a destinação de R$ 89 mil, na modalidade de inexigibilidade de licitação, com o objetivo de adquirir obra artística de um único produtor cultural, autor de dezenas de outras obras, que, desde 2015, foram adquiridas ou estão em processo de aquisição com recursos do Estado, sem contar que a gestão atual abriu inscrições para edital cultural de outro segmento, mesmo alegando não haver recursos para o edital de literatura, cujo resultado já foi divulgado.

Assim, solicitamos a imediata entrega da premiação em dinheiro do Edital N. 07/2017 – Incentivo e Fomento a Literatura, aos projetos que tiveram, pelo próprio Governo do Estado, por meio de processo público de seleção, reconhecidos o mérito cultural e a qualidade técnica, para que se atinjam os objetivos do certame de “disseminar o conhecimento e a cultura do Estado de Roraima, e levar o leitor para novos caminhos”.

Outro lado – A Sefaz (Secretaria de Fazenda) informa que as contas do governo encontram-se bloqueadas, em cumprimento de decisão judicial, o que impede qualquer tipo de pagamento. Tão logo haja o desbloqueio, os pagamentos pendentes serão normalizados de acordo com a disponibilidade de recursos.

terça-feira, agosto 06, 2019

Diário de um mestrando - 17° mês

10.07.19 quarta-feira

Fui hoje à noite na maloquinha da Instituto Insikiran da UFRR para o lançamento do livro "O sopro da vida", do escritor indígena roraimense Kamuu Dan Wapichana, morador de Brasília desde os anos 90.

Antes da sessão de autógrafos teve uma mesa redonda sobre literatura indígena com o Kamuu Dan e os professores/pesquisadores/escritores Celino Raposo e Devair Fiorotti (inclusive para vocês eu recomendo entrar no site deste fantástico projeto dele sobre literatura indígena. Tem livros e dissertações: https://pantonpia.com.br/)

Alguém me fotografou e mandou a foto esperando o autógrafo do Kamuu Dan, mas não sei até agora quem foi.



Ô a coluna curvada bem de leve, do jeito que meu avô Borges era na velhice





Hoje teve a qualificação de mais um colega, o Fernando Yekuana. Não fui, mas fiquei na torcida.








Não foi hoje, mas finalmente montamos na parede da sala as prateleiras da estante. Por enquanto só couberam os meus livros (e isso porque separei um monte de obras para doação e venda. Só ficaram os que fazem ainda algum sentido para mim).



O espaço: antes era um corredor, ficou sem parede na reforma e sempre me provocava com a  possibilidade de utilizá-lo como estante. O quadro dessa negona linda de costas é da artista visual roraimense Georgina Ariane Sarmento


Poquito a poquito, para montar los librito, abriendo los huequito para montar mi "armarito" (portunhol forçado e mal dito para dar métrica




Ainda falta uma prateleira. Não consegui furar a parede lá encima

11.07.19 quinta-feira


UFRR novamente. Reunião de orientação com a professora Leila (mais uma vez pensei, mas não tirei foto com ela para registrar aqui). Definimos o prazo de defesa e coisas a fazer para acelerar o processo, entre elas o envio do material para o MC Frank D'Cristo olhar.


Aparentemente estou com uma leve folga na corrida rumo à defesa. Por conta disso depois de agosto a ideia é focar em produzir artigos para as revistas da vida.





13.07.19 sábado

Amanheceu nublado na baixada do Paraviana. Relatos vindos de outros moradores da cidade apontam que a neblina estava espalhada pela cidade. Uma das coisas boas de acordar bem cedo, mesmo não precisando, e poder ver esse tipo de maravilha e coisa rara de acontecer na nossa quente cidade: 


Dia de quase Londres


Essa moto nunca mais foi vista depois que entrou na neblina


O último nevoeiro que baixou por aqui tem uns quatro anos de acontecido, conforme havia visto recentemente nas lembranças do facebook


19.07.19 sexta-feira

Semana complicada. Andei um pouco desconcentrado, ocupado e dolorido e perdi algumas manhãs de trabalho. Explico:


a) problemas e projetos me deixaram devaneando demais e aí quando focava mesmo já era hora de ir colaborar com a fazedura do almoço. De tarde sempre é para resolver outras coisas.


b) Entre as coisas que me deixaram ocupado esteve a capinação da parte da frente do terreno da casa. O mato já estava me incomodando e não tenho grana para pagar alguém. Então fui eu mesmo capinar, primeiro na parte interna (de boas, apesar de lento. Deve ser a idade pegando pesado comigo já), depois na parte da frente. Aqui teve uma hora que quase desmaio de tanto cansaço, calor e suor. No final, consegui.


c) Essa capinada da frente foi no começo da semana. Fiquei até sexta sentido dores nos braços como não sentia desde que descobri minhas hérnias cervicais e comecei a fazer pilates (muitos meses entre uma coisa e outra, por sinal). Além disso, o pescoço travou como só trava o pescoço de uma pessoa sedentária que faz muitos movimentos repetitivos puxando enxada e ciscador.

Como não conseguia sentar para escrever, me dei folga e fui ler um livro para relaxar. Recentemente havia terminado "E Deus criou o homem", obra bem-humorada do mestre Afonso Rodrigues de Oliveira revisitando o Gênesis bíblico e localizando as ações aqui pelos lavrados de Roraima. Agora peguei "Feliz Ano Velho", de Marcelo Rubens Paiva. Estou gostando muito desse relato abordando como ele reagiu a uma das coisas que mais me apavora na vida: sofrer um acidente e ficar numa cama de hospital.



No meio de minha folga foi na UFRR pegar Bauman e Canclini para dar um plus (ou não dar e deixar sem) na dissertação.

Meu celular, que estava descarregando em velocidade quântica e se recusava a ter a bateria carregada, pifou. Fui obrigado a mexer nas previsões de gastos para comprar outro.

Hoje também fiz uma parada bem legal: a convite da poeta Elimacuxi, fui acompanhá-la numa intervenção poética no abrigo para venezuelanos Santa Tereza, na avenida São Sebastião, lá do outro lado da cidade. Ela me chamou na segunda de noite e topei de cara apresentar alguns poemas. Decidi levar alguns textos meus que fiz em portunhol. Para fechar o combo, ensaiei recitar/cantar uma música que sempre fico assoviando: Pedro Navaja, de Ruben Blades. É uma salsa quase falada, então me pareceu fácil. O resultado está no vídeo deste link. Aplaudam. 






Ah, além de eu e a Eli, também foram os poetas Vitor de Araújo e Zanny Adairalba.


Zanny Adairalba, Edgar Borges, Elimacuxi e Vitor de Araújo

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Obrigado pela leitura da 18a edição do Diário de um Mestrando.
Para ler as anteriores, basta clicar AQUI. Abraços.

segunda-feira, julho 29, 2019

Cantando “por la esquina del viejo barrio lo vi pasar...” no abrigo dos migrantes



 Antes que acabe o mês, uma lembrança: dia 19 de julho fui com a turma de poetas Elimacuxi, Zanny Adairalba e Vitor de Araújo fazer uma intervenção poética no abrigo para venezuelanos migrantes que fica na avenida São Sebastião, bairro Santa Tereza.

Zanny Adairalba, Edgar Borges, Elimacuxi e Vitor de Araújo: poesia no abrigo
Eu, quem me lê e quem me conhece sabe disso, sou mais de colocar as pessoas para falarem poesia do que propriamente ser o falador. Me dá preguiça e desencanto ensaiar a performance. Mesmo assim, quando a Eli me passou mensagem convidando para a intervenção, não tive dúvidas e topei na hora.



Para minha parte, separei uns poemas que havia escrito em portunhol, mexi um pouco para melhorar a sonoridade deles e também falei para a Eli que ia cantar/recitar uma música.

Dito e feito, me arrisquei e meio que cantei pela primeira vez na vida. Bem, na verdade, falei e tentei cantar. Mas não há fraude nisso porque já fui avisando o povo do abrigo sobre não ser cantor.

Escolhi Pedro Navaja, de Ruben Blades, uma música que ouço desde a infância e sempre cantarolo. É meio falada, então achei que não passaria tanta vergonha. Eu acho que não foi. Mas cada um julga conforme seu interesse.




Vou lhes dizer: foi gostoso demais ver o povo cantando a música. Deu uma energizada boa. Tô até pensando em pegar outra música e agregá-la ao meu repertório.

segunda-feira, abril 29, 2019

#02 #CulturaDeRoraima: Lindomar Bach declama cordel de Zanny Adairalba

Registramos o cordelista Lindomar Bach declamando o texto "Calango, a revanche de Pipoca" , de autoria da poeta e cordelista Zanny Adairalba. A leitura aconteceu na edição de abril de 2019 do projeto Coreto Cultural, ação organizada pelo próprio Bach, que também é artista plástico.


   

 A hastag #CulturaDeRoraima serve para nomear a playlist de meu canal no Youtube com os registros que fazemos dos agentes culturais que atuam em Roraima. 

 Cultura de Roraima também é o nome de um blog que mantive ativo entre 2010 e 2018, publicando matérias e colunas sobre a cultura em Roraima: www.culturaderoraima.blogspot.com.br.

quinta-feira, abril 04, 2019

Diário de um mestrando - 13o mês


14.03.19

Os dias têm sido estupidamente quentes e mal aproveitados neste mês de março.

O calor me acaba, deixa sem vontade de estudar. Só penso em ir para a praia (e não vou). Só penso em sair pedalando pelas avenidas, ir para a praia do Caçari, atravessar as praias e me refrescar, como prêmio de melhor esportista amador, na praia dos Gnomos. Não o faço, ou faço menos do que deveria e quero.







 Todos os dias anoto as metas do dia. Todos os dias volto a anotá-las.

Sim, li alguma coisa (bem menos do que deveria).

Sim, hoje isso muda, com certeza. Tenho reunião com a orientadora, professora Leila Baptaglin. A primeira pós qualificação. Separei alguns pontos para discutir. O ritmo deve voltar ao normal.

O que tenho feito então se não tenho estudado como deveria? Quase nada.

Nem a obra avançou neste mês. Este mês só não se perdeu pois fui passear no Lago do Caracaranã e dormimos debaixo dos cajueiros, pegamos bronze, fortalecemos a amizade com Tim, Grazi e Liz. Até gravei uns vídeos para juntar e publicar no Youtube, mas cadê disposição?



Yo, en el lago Caracaranã (Foto: Zanny Adairalba)




Zanny, acordando debaixo dos cajueiros (Foto: Edgar Borges)


Minha avó completa 93 ou 94 anos na sexta. No sábado tem almoço para comemorar a data. O que isso tem a ver com o Diário de um Mestrando? Tudo. Se não fosse o suporte dela e de meu avó ao longo de quase toda a vida que venho vivendo em Roraima, quem sabe o que teria sido de minha vida acadêmica? Ter um apartamento sem pagar aluguel e almoço pronto todo dia quando se chega do trabalho ou da escola/universidade não é para todos. Assim como não é para todos admitir que nem tudo o que se conquistou foi fruto exclusivo do suor e esforço pessoal.


11h36. Vou parar e ir ajudar a Zanny a preparar o almoço. Me diz o Google que a sensação térmica é de 36 graus centígrados, mas sentindo o bafo quente vindo da rua, acho que é o dobro.


22.03.19 Sexta


São mais de 11h. Dediquei a manhã a tomar café, comer bolacha e buscar finalizar um pedaço da dissertação abordando a cena de Rap local. Esta semana foi de buscas e leituras de comentários em redes como o Youtube e Soundcloud.


O que procurava? Saber quantos rappers atuam em Roraima.
O que achei? Uma quantidade muito acima da esperada. Em dois dias e meio localizei mais de 50 rappers em diversos municípios e algumas produtoras de vídeos, bancas, canais de divulgação...


É uma cena bem mais complexa do que parece. Pode não ter o sucesso comercial e midiático que almeja, mas isso não diminui sua extensão. Sobretudo em um estado como Roraima, no qual, apesar de todo o desenvolvimento acumulado na cena artística cultural, ainda tem muito caminho a ser aberto.


Poderia ter sido uma semana bem mais produtiva, mas ontem bateram no meu carro. Estava parado em uma esquina quando a caminhonete amassou a lataria traseira. O motorista desceu, se comprometeu a pagar, o idiota aqui não pegou os dados pessoais, apenas o telefone e saiu cada um para seu lado. Fiz uns orçamentos, liguei pro sujeito e adivinha: um blá-blá-blá imenso sobre eu estar errado, sobre ele estar certo, sobre como a grana tava curta e que ele poderia me ajudar, mas só em muitas parcelas, sobre tudo ter sido minha culpa, sobre só poder pagar no começo do próximo mês se tudo estiver bem...


Gente...que estresse. Se fosse comigo eu tava agoniado querendo me livrar da pessoa, mandando ela logo ir arrumando o carro. Tudo para me soltar desse peso logo. Infelizmente o mundo não é assim...Resultado: vou mais tarde fazer novos orçamentos para decidir se espero pelo sujeito ou eu mesmo faço isso. O pior é que uma das empresas apontou ser um serviço de pelo menos cinco dias.


Cinco dias sem o carro no lugar onde moro, no calor que está fazendo, com as minhas obrigações? Significa dias de muito estresse e correria, principalmente por ter que levar e pegar o Edgarzinho na escola, que fica a uns seis fucking quilômetros de distância...
Enfim...


Avancemos.


25.03.19 segunda


Em ritmo de segunda-feira. Lendo o e-mail da professora Leila com as definições do que vamos acatar da banca. Dor nos olhos (será que os óculos já venceram?). Muito calor. Preguiça. Seis ou sete xícaras de café e ainda com sono. Pensando no conserto do carro e as implicações de ficar sem veículo morando na periferia (ver, antes de reclamar, o conceito original de periferia, plis). Fiz um poema. Quarta de manhã vem o povo para consertar a cerca do vizinho. O João anda sumido e a obra da varanda parou. Meu pai pegou o carro emprestado ontem e me devolveu quase sem gasolina. O que será que tem mais de bom nesse livro do Umberto Eco que peguei semana passada e até agora não abri? Será que quando as chuvas começarem o meu ânimo vai melhorar? Dor de cabeça. Quero deitar, mas deitar não rende.


Muito tarde da noite:




Participei nesta segunda de uma aula da disciplina Literaturas Amazônicas, ministrada pelo professor Roberto Mibielli, do curso de Letras da UFRR. Troquei ideias com os alunos sobre seis microcontos publicados em redes sociais e uma coletânea. 


Acho sempre enriquecedor ouvir as interpretações dos acadêmicos. Me surpreendem. Na atividade de hoje, até o meu filho jogou na roda a sua interpretação de um dos textos. Foi bacana.


Abaixo dois dos textos que limos:

DESFECHO

"E a comeria de novo, sem duvidar um segundo", disse, retirando-se da mesa e deixando só o cheiro da cereja no ar.


INDECISO

E aí ela disse "vem!".
Fiquei naquela: "vou, não vou, vou, não vou...".
Quando decidi ir, ela já estava em outro lugar.
Fiquei, apenas a vontade e a frustração me acompanhando.



27.03.19 quarta

Estou uma preguiça só. Ando puro esse meme aí:




Na verdade não é preguiça, é concentração pouca. Ontem ainda fiz algo para apresentar esta semana à orientadora. Agora de manhã deveria já estar fazendo a segunda coisa que me pediu, pelo menos parte dela para fingir que estou super me esforçando, mas não consigo começar.


O pior é que ontem de madrugada, logo antes de dormir, mil ideias bacanas apareceram para escrever essa parte que agora não sei por onde começar. Fiz até um plano de tomar café e banho mais cedo, sentar e agilizar tudo antes que o povo que ainda não chegou em cada chegasse.
São 8h38 e acho que estou cansado.


Estou, creio, no limite do desconforto provocado pelo calor, pela rotina, pelos inúmeros probleminhas que aparecem sugando a grana que não tenho mais.
Até poemas ando fazendo. Dirão os acadêmicos: em vez de fazer ciência, tái: fazendo textinho poético.


Desse jeito vou acabar...Vou acabar nada. Vou continuar. Partiu agora ativar a playlist de jazz instrumental. Nunca falha na hora de ajudar o cérebro a se aprumar.


15h23 - Fiz algo. Não fiz completo, mas fiz. Custou. Bem muito. Para fazer, sacrifiquei o cochilo. Não está UAU, mas vale algo. E foi quase 85% do que precisava por enquanto. Então tá valendo. Espero. Espero não levar reprimenda da profe por conta de minha aparente procrastinação. Agora é tomar banho e vamos numa reunião de pais e mestres. Afinal, temos várias identidades ao longo do dia.


31.03.19 Domingo




Entre calor e acompanhando mais uma etapa da obra infinita estou desde sexta. Sem condições de sentar e ler alguma coisa para o mestrado.

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Já que chegou até aqui, clique aqui para ler todas as edições do Diário de um mestrando.

sexta-feira, novembro 30, 2018

Diário de um mestrando – 9º mês


Há três meses publiquei pela última vez sobre minhas penas no mestrado. Até cheguei a elaborar o diário no mês seguinte, mas fiquei ou com muito cansaço ou sem computador. Não, não fui tomado por uma doença ou tive o aparelho roubado. Foi bem pior: entrei no modo reforma de casa, um sofrimento que vinha adiando há alguns anos mas que em 2018 decidimos encarar. 


Um pouco de bom humor no status do instagram para aliviar as penas
O resultado foi que passamos, toda a família, a viver entre caixas com as nossas coisas empacotadas, caixas com material que deveria vir em algum momento para a obra, caixas que ninguém sabia o motivo de estarem ali e muito desconforto no lugar onde morávamos, já que nada estava em seu lugar habitual. O nosso cotidiano ficou todo direcionado para acordar, vir na obra, ir nas lojas de material de construção, vir na obra, ir nas lojas, vir na obra, ir nas lojas...

Caixas na casa nova
Fui tudo em um crescente, claro. Talvez o atraso no trabalho tenha rolado pela nossa leve ausência no começo. Mas depois praticamente ficávamos o dia inteiro. Resultado além de estar novamente em casa depois de alguns anos fora? Demorei a entrar no modo “semestre 2018.2”. 

Chegava tão cansado em casa que não tinha disposição para algo além de sentar e ver as imagens da TV passarem ali, sem comunicar muito, sem dizer quase nada. Passei a dormir mais cedo do que nunca havia dormido na vida e a acordar idem. Na verdade, houve noites em que quase não dormi.

Foucault...que leitura difícil
Isso me atormentou muito. Talvez não seja o gênio intelectual das humanas, mas gosto de ir para aula pelo menos com um pedaço do texto lido. Acho um desperdício de tempo e de curso não ter lido o material antes e ficar sem poder discutir os conteúdos. Quer dizer, posso até não discutir por falta de entendimento, mas aí já é outra história.

Um meme que me representou este semestre

Acho que só fui entrar no semestre uns dois meses depois que havia começado. Foi quando limpei a minha velha mesa e abri o computador, li um PDF, mexi no caderno de anotações, me senti um estudante sério novamente. 

Apresentando um texto do Walter Mignolo sobre desobediência epistêmica e descolonialidade na disciplina Seminário de Pesquisa, ministrada pelos professores Adriana Albano e Emerson Carvalho
A colega Valdirene dizendo que desobediência é eu continuar usando bermudas a vida inteira. hahahaha

Tive que fazer jornada dupla para dar conta das leituras atrasadas. Quando terminava de ler o material da próxima semana, começava a ver o que havia sido passado no começo do semestre. Aí então as falas faziam algum sentido.


Quando tudo parecia estar engrenando, logo nos primeiros dias da gente estar curtindo nossa casinha quase nova, Lai, minha enteada, teve uma crise violenta de desmaios e convulsões que durou uns 16 dias. Foram momentos duros. Zanny ficou praticamente morando no hospital e eu fiquei responsável total pela casa, pelo suporte externo a elas e pelo Edgarzinho e seus estudos. 

O bom disso tudo é que aprendi um bocado de coisas de matemática, tipo a multiplicação pelo método da gelosia e a multiplicação pela propriedade distributiva (isso aqui me levou uns dois dias entender).

Agora no dia 25, para completar o quadro de agonias, morreu seu Adair J. Santos, meu sogro, um cara bacana no trato e um escritor também. 

No meio dessa crise no hospital e na vida rolou a eleição... Que desastre o resultado, digo apenas isso...

O banner digital que espalhamos para avisar aos amigos e conhecidos a notícia da morte de seu Adair
Além de tudo o dito acima, rolou um atraso violento também no avanço do texto da qualificação. Não tinha nenhuma condição de parar para ler, analisar e processar o material. Só fui retomar isso agora em novembro. Continuo atrasado e agora um pouco confuso sobre como avançar na questão das categorias de análise. Mas o bom é que a prensa suave que levei da professora Leila, minha orientadora, me tirou do lugar e já fui fazer a entrevista com o sujeito de estudo, o MC Frank D’Cristo. Vou analisar quatro músicas dele para tentar identificar quais elementos ele usa em suas narrativas músicas para construir-se identitariamente. 

MC Frank D'Cristo (Foto: MC 7niggaz)

Eu, concentrado na hora de perguntar as coisas pro Frank (Foto: MC 7niggaz)

Sim, isso mesmo. Construir-se. Sou desses, bem pós-moderno dos Estudos Culturais. 

Dezembro será dedicado a isso e a escrever um artigo para a disciplina...Caraca, só sei os nomes das disciplinas se olhar o caderno...pronto, colei: Arte, Cultura e Identidade, ministrada pelos professores Eduardo Amaro e Tatiana Capaverde. Tenho vontade de usar conceito do Cronotopo, de Mikhail Bakhtin, Baki para os íntimos, mas não sei como. Quer dizer, saber, até sei. Não sei em que. Ainda. 

Bardin e Bakhtin, uma dupla legal

Ah, participei da Semana de Letras da UFRR. Foi minha primeira vez neste tipo de evento. Achei legal e não tão dolorido como pensava. Claro, há de se ter o que falar para ir lá na frente. Essa é a parte dolorida. Ah, sim. Fiz uma comunicação oral sobre minha pesquisa. 
Bueno, que más? Deixa eu lembrar...: reformei a casa, voltei para minha casa, continuamos mexendo na casa, voltei a ler os textos, estou lendo coisas novas além das disciplinas, quase acaba o semestre, acho que aprovei no semestre, falta fazer um artigo para aprovar numa das disciplinas do semestre, estou pedalando sempre que possível, estou lendo sobre categorias e sobre análise de conteúdo para poder avançar no texta da qualificação, a qualificação será em fevereiro, então está logo aí, no virar do mês praticamente, estou cansado algumas muitas vezes, sentindo-me um pouco incapaz, quer dizer, incapaz não, meio lento na verdade.



Mapeando em qual sala ia rolar a parada oral

Uma das mesas do evento

Acho que é isso...dezembro não tem mais aula a partir da próxima semana, ficando com mais tempo livre para agilizar o que deve ser agilizado...


Vou embora. Tchau.