Gosto do som desses caras. Totalmente non sense, só falam de carros, bebida e alta velocidade. Mas é quase um blues texano.
Em 2001 quase vi um show do Marcelo Nova em Sampa, mas isso é tema de outro post se tiver coragem até sexta.
Foi no longínquo 2001 que rolou o primeiro Fest Rock, o antecessor do Sesc Fest Rock, evento que na próxima semana entra na quarta edição. O encontro dos roqueiros foi uma iniciativa comandada por Siddhartha Brasil, vocalista da banda Garden, e Alexandre Horta, guitarrista à época da LN3 (acho que é isso, a banda mudou de nome duas vezes antes de entrar definitivamente no cemitério).
Durante três noites, pelos menos 15 bandas passaram por um palco montado numa quadra de futsal no complexo poliesportivo Ayrton Senna, ao lado da falecida sorveteria Gela Goela. Centenas de pessoas prestigiaram a festa. E aqui é interessante ressaltar que poucas bandas sobreviveram à passagem do tempo. Pela minha memória, apenas a Garden e a Mr. Jungle ficaram daquela época, sendo que a última conta hoje apenas com o vocalista Manoel Vilas-boas como integrante remanescente. As duas, por sinal, estão na programação deste ano.
Capa do Cd da banda Garden
2001 era uma época mais pop-rock para quase todas as bandas. Hoje, Boa Vista é dominada pela linha do rock acelerado, na linha do Fresno/CPM 22/outras coisas do gênero. É claro que entre elas há quem arrisque algo diferente dessa linha. Mas isso quem viver
Assim como boa parte das bandas sumiu e outras tantas apareceram, muita coisa mudou na cidade e nas pessoas. Eu, por exemplo, fazia as vezes de assessor de imprensa da Mr. Jungle, que tinha, além de Manoel, a back-vocal Adilia Quintelas (hoje morando em Florianópolis), os guitarristas Rhayder Abensour (atual banda Iekoana) e Adriano Joseph (não sei onde anda), o baixista Dante Alighieri (isso mesmo, como o autor da Divina Comédia) e o batera Rhayner Abensur. Estes dois últimos também estão na Iekoana.
À época, trabalhava na assessoria de comunicação da Prefeitura de Boa Vista, ainda não havia iniciado o curso de sociologia e nem pensava em ter um filho. Pesava alguns quilos a menos e ainda não sabia dirigir carro. Também trabalhava menos do que hoje, tinha poucos cabelos brancos e quase nada de rugas.
Era um tempo bom, propício ao surgimento de bandas intessantes. O último grande movimento roqueiro em Roraima havia rolado na década de 1980, durante a explosão nacional do rock. De lá até
Depois de sete anos, até a memória muda. Na minha idade, é difícil lembrar bem do que rolou há tanto tempo. Recordo apenas que encontrei muitos colegas e ficávamos sentados na grama, do lado de fora da quadra, vendo as apresentações, criticando as ruins e elogiando as boas (tanto as bandas como as mulheres).
A apresentação da Mr. Jungle, na avaliação das pessoas com quem conversei depois, foi uma das melhores do festival. A formação da época investia em quatro ou cinco músicas próprias e covers de O Rappa, Capital Inicial, U2 e The Beatles para animar seus shows. O que fez a diferença naquela noite foi a interpretação dos clássicos dos garotos de Liverpool. O som fez a turma presente encher a quadra e dançar muito, fazer o coro e pedir bis. Foi um show muito bom.
Manoel, que continuou na Mr. Jungle
O tempo passou, às vezes lento, às vezes rápido. Bandas sumiram e muitas outras surgiram, especialmente às vésperas do Sesc Fest Rock. Amadurecida, a atual coordenação do festival decidiu privilegiar neste ano aquelas que já tinham alguma trajetória ou historinha para contar. Neste ano, há rock para todos os gostos, incluindo aí a galera que nunca vai a um show local mas vai pintar no ginásio do Sesc apenas para ver as atrações nacionais. Que seja. Melhor assim que pintar num show de forró.
IV Roraima Sesc Fest Rock
A turma do rock já começa a separar as melhores roupas pretas para a IV edição do Roraima Sesc Fest Rock. De
Além das 14 bandas locais, que navegam por vários estilos de rock (para quem não gosta e não sabe: apesar de parecer, nem toda banda toca igual e nem todo roqueiro é metaleiro), o festival vem com atrações nacionais este ano: Forgotten Boys, Marcelo Nova e Dr. Sin.
Nas edições anteriores, o festival foi realizado dentro do espaço multicultural do Sesc Centro. Como ficou pequeno para o público com o passar dos anos, a coordenação decidiu realizar o Fest Rock no ginásio do Mecejana, que tem capacidade para 4 mil pessoas.
Outra novidade é o site oficial do Festival. Aqui você podem encontrar fotos das bandas, o histórico do evento, a programação, ou seja, tudo o que um fã de rock precisa saber para desfrutar do maior festival de rock de Roraima. Aliás...do único festival de rock de Roraima.
Eu estive em todos, incluindo no Fest Rock, que deu origem ao Sesc Fest Rock. Mas isso é história para outras postagem, se criar coragem e me lembrar do ano certo.
Veja aí a programação e busque na net que você acha rapidim, rapidim os sites onde a galera local deixa as letras, perfis e mp3 das bandas. No You Tube, com as tags Sesc Fest Rock, você acha algumas apresentações das bandas.
11 de julho
21h HCL
21h Belinni
22h Sheep
23 Somero
23h40 Mezatrio (AM)
0h20 MrJungle
1h Forgotten Boys
12 de julho
21h Alt F4
21h40 Arroto do Sapo
22h20 A Coisa
23h Iekoana
23h40 Filomedusa (AC)
0h20 Veludo Branco
1h Marcelo Nova
13 de julho
19h Temerus
19h40 ST Seven
20h20 Several Bulldogs
21h Klethus
21h40 Nekrost (AM)
22h30 Dr. Sin
Sobre o que tem acontecido
Participação em congresso de comunicação, sendo mediador e participante de mesas redondas e ministrando oficinas de assessoria. E sem ganhar um cent, apenas por currículo... a que ponto cheguei, Senhor...
Ainda do VII Intercom norte 2008: em todas as mesas e palestras que assisti, uma conclusão comum: jornalistas e estudantes precisam preparar-se mais para poder falar de cultura, meio ambiente, cidadania e tecnologia. Ou seja, em tudo...
Choros, lágrimas e raiva de jovens e outros não tão jovens.
O bebê faz os ensaios para engatinhar. A platéia aguarda ansiosa a estréia.
Um indiozinho de 8 kilos e 400 gramos...pura carne macia e socada, feita paçoca.
Finais de semana curtos, semanas longas, noites reduzidas, tempo sumido.
Viradas na cama, ao estilo ninja pemón, com a agilidade de um guerreiro shaolin...
O 13º tá chegando...chegando...chegando...ué, já foi?
Certeza 1: as mulheres são as repórteres mais capazes que atuam no jornalismo local.
Certeza 2: estou cansando de viver ficando cansado.
Certeza 3: se o neném acorda, bota mais 15, 30 minutos, que é hora de brincar mais uma vez com a paixão de minha vida.
Greves de professores, reajustes obtidos, decisões judiciais, estudantes reclamões.
Guerras políticas
Certeza 4: ter um filho é bom, ruim é a conta que vem com ele.
Escreva de supetão, não edite muito, seja sincero ao menos uma vez na vida, coma a metade de algo e ofereça o restante a alguém. Ouça os outros. Ignore as maldades da vida. Se aparecer no jornal que gente poderosa e bem de vida é pedófila, indigne-se um pouco, mas se o seu humor for ácido, faça piadas. Não custa nada e demonstra um pouco de inteligência.
Ouça blues, ouça soul, ouça MPB, faça amor ouvindo música suave. Seja roquenrol na vida e sweet na cama. Alguém pode gostar disso e querer fazer de você a pessoa da cama dela. Acredite também no impossível, acredite que políticos podem ser honestos até certo ponto e que os pontos finais na verdade podem ser vírgulas que somam fatos e fatores.
Conheça o novo, seja novo. Ria com o seu filho, faça o seu filho rir. Apaixone-se numa quinta-feira como se fosse a última semana de sua vida. Faça loucuras, faça planos, cumpra seus planos, por mais caretas que sejam. A vida é sua, a vida é agora.
Olhe o fim da tarde, admire o céu alaranjado, pense como é bom ter um céu cinza pela manhã. Aposte na loteria e ore de vez
Saia com os amigos, ligue para os amigos. Se eles não te ligarem, respeite a vontade deles. Sinta saudade de seus amigos, mantenha-se informado sobre os seus inimigos. Faça ao menos um desafeto na vida. São eles que te fazem ser melhor.
Se der, anote números relativos e trabalhe com os absolutos. Aprenda a fazer regra de três. Ao menos uma vez, seja infiel para poder criticar quem o é. Não seja invejoso. Copie o que os outros têm de bom. Quem ganha com isso é você.
Ligue para o seu amor, mesmo que ele, o seu amor, não saiba que você o considera assim. Use programas livres, comente ao passar por um blog, mesmo que não tenha gostado da leitura. Seja paciente, quem ganha com isso é o coração. E se der tempo, caminhe sozinha ou sozinho na praça ouvindo música.
Vai rolar nos próximos dias o Intercom 2008, um encontro de pesquisadores de comunicação.
Como vou participar mediando uma mesa que vai discutir mídia e cultura e ministrando uma oficina, me pediram um perfil profissional em 250 caracteres e mandei esse aqui, estourado em 30 espaços:
Jornalista e sociólogo, pós-graduado em Assessoria de Comunicação. Desde 1998 atua como repórter e cronista. Foi Assessor de Comunicação da Prefeitura de Boa Vista. Professor na Faculdade Atual da Amazônia, é assessor da Universidade Estadual e da Federação de Teatro de Roraima.
Depois fiquei pensando que poderia ter enviado este aqui, um cadinho mais curto:
Jornalista, sociólogo, blogueiro e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, cargo que exerceu na Prefeitura de Boa Vista. Professor na Faculdade Atual da Amazônia, assessora a Universidade Estadual e a Federação de Teatro de Roraima.
Daí, surtei e comecei a fazer perfis mais humanizados. Saíram estes aqui. Qual você escolheria se fosse da comissão do Intercom?
1)
Jornalista desde 1998, blogueiro desde 2004 e sociólogo desde 2006, no momento é professor. Já tentou jogar futebol e ser ator. Nunca passou mais de um mês longe de casa. Escreve poemas e crônicas. Tem contas a pagar e dívidas a receber. É geminiano.
2)
Leitor e escritor de prosa e poesia. Índio urbano amazônico. Lida com a realidade mas prefere a ficção. Pai novo. Trabalha para o stablishment. Gosta de arte, de olhar o horizonte e de pessoas bonitas. Tenta ensinar o pouco que sabe. Bom ouvinte.
3)
Tem dupla nacionalidade. Gosta de García Marquéz e Pessoa. Lê jornais todo dia. Filho único. Pai. Jornalista. Sociólogo. Professor. Blogueiro. Adora olhos castanho-claros, música e comédias. Quer aprender a tocar violão e gaita. Cronista.
4)
Filho e pai. Angustiado vez ou outra. Operário intelectual. Gosto de frio e trabalho com informação em tripla jornada. Adoro ócio, peixe assado, HQs, música e chuva.
5)
Humano, falho e perecível. De passagem. Gosto de histórias e beijos. Proletário.
Não, seu moço, não há nada que você possa fazer. A vida é assim mesmo e a razão diz que pode piorar. Quem sabe o senhor consiga sair dessa pra uma melhor, mas quem sabe não. Afinal, o moço já viu chuva cair sem molhar? Tudo é conseqüência, mas sempre precisa de um pouco de ação para criar a reação. É simples, facinho, facinho, mais do que sentar na praça ao meio-dia.
Seu moço, fique assim não. Deus tá vendo que é do mundo e não do céu isso que tanto lhe aperreia. Quem sabe se você rezar um pouco não solucione? Mas também é aquilo que minha senhora mãe dizia: se não der, ou não faz ou insiste até dar. A história é ser persistente, não ter medo de cara feia e parar de se apaixonar pela primeira cara bonita que aparecer na sua frente.
Seu moço, pare com isso. Veja que as horas não estão para tanto. O senhor já percebeu que em outras partes desse nosso mundo as pessoas se entristecem por tristezas de verdade e não por essa que o senhor inventou? Já pensou se não fosse assim? Era tanta gente se consultando para deixar de ser criativo, para deixar de ser inventor. Aprenda com elas, seu moço, aprenda um pouco que mudar nunca fez mal a ninguém.
É verdade, o senhor tem razão. Tem dias que o mundo, mesmo com o maior sol, parece que fica cinzão, feito restos de madeira queimada. Se assoprar, as cinzas voam, né? Mas se deixar quieto, se assentam e endurecem. Daí tem que fazer força se quiser mexer com elas. O senhor sabe, aqui nas minhas bandas a vida pode não ser tão agitada como a sua, mas é vida e a gente tenta aprender todo dia um pouquinho mais. Tentar não custa nada, né?
O senhor já viu como o sol bate naquela árvore? Sabia que ela precisa dele todo dia, mesmo sendo esturricada no verão? Acho que o senhor tem que ver se precisa de alguma coisa que lhe bem mesmo lhe fazendo mal. O senhor não é árvore, é? Como não é, pode se mexer se perceber que não faz tanta falta. Eu não acho legal ficar queimado, prefiro a sombra.
Falaram que o mundo ia acabar. E os boa-vistenses acreditaram:
O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) emitiu um alerta para o Governo de Roraima, sobre a previsão de fortes chuvas vindas da Guiana, para esta segunda (19). Imagens emitidas por satélites e verificadas pela equipe de meteorologia do Sipam, reforçaram a preocupação quanto ao volume de chuvas previsto, acima do normal.
Liberado do serviço, fui fazer fiado na praça, xinguei meu chefe, chamei de gostosa a menina que é gostosa mesmo, fiz barbeiragem e atravessei sinal fechado. Não foi nada extremo de minha parte. Quase todo mundo estava assustado ontem.
“Vai para casa ficar com a mamãe. Vai ser forte”, disse a filha ausente.
“Vai ser um furacão”, contou o açougueiro.
“Tromba d’água? Precisa ver a tromba de meu namorado quando falo com meus amigos”, lamentou-se a menina.
“Ouvi falar que nevou no sul do estado”, falou a moça.
“É bom fazer logo as compras do supermercado”, avisou minha avó.
“Dizem que vai cair muito raio”, comentou um colega.
“Cara, o vento vai chegar a
“Alguém me ligou e disse que alguém ligou para ele dizendo que varias casas caíram com o vento”, confirmou o vizinho.
“Isso é coisa dos ingleses. O tufão vem da Guiana. Os caras querem invadir”, disse o camelô.
“Os arrozeiros que chamaram a tromba d’água”, comentou o índio.
“Pajelança na reserva. Tudo para estragar o desenvolvimento de Roraima”, declarou o deputado.
“Porra, só fiquei sabendo disso quando cheguei no trabalho. Gastei gasolina em vão”, reclamou meu amigo.
“É bom uma tarde de folga para agilizar outras coisas”, afirmou um conhecido.
“Vou pedalar. Raios não caem em quem tem fé”, disse eu.
Quando chegou o aviso desmentindo o fim do mundo, ninguém mais estava ligado nas notícias:
O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) negou agora há pouco pelo telefone, que tenha feito alerta de tromba d’água
Segundo o técnico que emitiu o alerta, a chuva prevista pelo sistema foi esta que terminou agora há pouco na Capital. O Sipam afirma ainda que estes alertas são comuns e que houve “equívoco” na sua interpretação.
Aí, já era tarde. Tudo o que não era para fazer havia sido feito. Parecia a música do Paulinho Moska:
Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?
Ia manter sua agenda
De almoço, hora, apatia?
Ou esperar os seus amigos
Na sua sala vazia?
Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?
Corria pr'um shopping center
Ou para uma academia?
Pra se esquecer que não dá tempo
Pro tempo que já se perdia?
Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?
Andava pelado na chuva?
Corria no meio da rua?
Entrava de roupa no mar?
Trepava sem camisinha?
Meu amor
O que você faria?
O que você faria?
Abria a porta do hospício?
Trancava a da delegacia?
Dinamitava o meu carro?
Parava o tráfego e ria?
Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?
Será que a menina gostosa ficou com raiva ou gostou?..
Conversa reservada
Matemática
Preciso de um amor. Ando solitário demais, disse, aparentando aflição.
Mas você vive trocando de amor. Foram quatro nos últimos meses, retrucou o amigo. E lembra que sempre foi você quem decidiu terminar para ficar sozinho.
Pois é, gosto dos números e amores ímpares, falou, enquanto olhava sério para o copo à sua frente.
- Alô, a Bruna está?
Agora vou falar para ela como a acho bonita e gostosa. Quer dizer, gostosa não vou falar. Pode ficar chateada se falar tão claramente a verdade, mas que ela é um pedação de morena, ah, isso ela é. Vou convidá-la para ir tomar um sorvete no final do expediente e vamos ver o que rola. Ah, se ela deixar vamos de beijo na boca hoje. Aliás, que droga de beijo na boca. Eu quero é beijar o cangote dela, morder suas costas, passar a mão no bumbum, sentir todos os seus cheiros, tomar banho pelado, fazer o mundo girar até de manhã. Ai, Deus, se ela topar, hoje vou te dar um alô no paraíso e volto logo em seguida pra terra. Hum, se ela soubesse como esse sorriso e esses olhos me encantam...aposto que ela sente a minha vontade de beijá-la cada vez que a vejo passar por...
- Oi, é a Bruna!
- Oi, Bruna. É o Davi. Tô te ligando para lembrar que hoje é o último dia de entregar as freqüências do pessoal de teu setor. Falou? Abraços. Tchau...
O trio
Chegaram os dois juntos, após acordar que aquela situação não era mais suportável, e disseram à menina:
- Seguinte, esse papo de lábios compartidos, tipo a música do Maná, não é legal. Agora você ter de escolher um dos dois para ficar!
- Verdade, não dá para ficar nessa situação. Ou ele ou eu! Nada mais de ficar dividindo teu tempo entre os dois.
A moça, linda, olhos amendoados negros, cabelo no meio das costas, boca daquelas que geram imediatamente a vontade de beijar, fez uma careta de desgosto, bebeu um pouco mais de seu guaraná com açaí e disse, docemente:
- Que tal ficarmos juntos, os três, ao mesmo tempo?
Silêncio...
Um cochicho, cabeças balançando e a réplica dos rapazes:
- Só se for com chantily e morango...
Atores mostram diversidade teatral de Roraima
A I Mostra de Esquetes da Federação de Teatro de Roraima foi um espetáculo da diversidade artística do Estado. Grupos e atores de Boa Vista, Mucajaí e São João da Baliza encantaram, assustaram, fizeram rir e prenderam a atenção de cerca de duzentas pessoas que estiveram no Galpão Multicultural do Sesc Centro no último final de semana.
Os grupos encenaram textos de criação própria e de autores com William Shakespeare e Thiago de Mello. De São João da Baliza veio o Grupo Reverbel, que apresentou três esquetes de autoria própria. O monólogo do Juquinha, um dos textos do Reverbel, abordou a dupla personalidade de um garotinho no estilo que os cinéfilos chamam de terrir (terror e risos). A encenação, que teve direito a “abertura” de buraco na orelha com uma furadeira e sangue falso no palco, espantou adultos e crianças.
Na outra ponta da interação infantil, a turma do grupo Criart Teatral teve que improvisar para encaixar no texto da esquete de domingo as intervenções da gurizada. Em um debate entre dois palhaços, um deles perguntou o que era mais forte que a água. Da platéia, cheia de certeza, uma menininha respondeu, cheia de certeza: o gelo, que congela a água. Risos na platéia e texto pra frente, que há atores à espera na coxia.
A mostra teve de tudo. Teatro mudo, com o Lo Combia Teatro de Andanzas; monólogos de Shakespeare e Giuseppe Ghiaroni encenados pelo Téo Artes, de Mucajaí; dramas existenciais com o ator Taylor; comédia escrachada no texto As Beatas, do grupo Malandro é o Gato; e alegorias sociais na discussão criada entre uma cozinheira e uma tartaruga pelo A Bruxa Tá Solta.
Também houve interpretação de poesias de Eliakin Rufino e Thiago de Mello, na atuação musical das crianças e jovens do Criart Teatral; bate-papo surreal no parapeito entre uma suicida e a sua vizinha, na interpretação das atrizes da Cia. do Lavrado; e até uma hipotética volta de Jesus Cristo para um sermão em Boa Vista, representada pela turma da Cia. Arteatro.
Para a realização da Mostra, a Federação de Teatro de Roraima, formada atualmente por seis grupos de Boa Vista, contou com o apoio do jornal Roraima Hoje, do Governo de Roraima, Sesc, Sesi e Amazônia Regional. Este foi o primeiro grande evento da Fetearr, que também realiza bimestralmente o Banquete Teatral, atividade que leva encenações teatrais gratuitas às praças de Boa Vista.
Quer ver as fotos? Procura no Orkut, nas páginas da Federação de Teatro e do presidente, Marcelo Perez.
Desconexões
Em nome de Deus fazemos tudo, até a guerra. Guerra é o sobrenome de um deputado estadual ou federal de Roraima. Roraima existe ou é ficção? Ficção é que todos gostam de ver no cinema. Só tem um cinema na cidade de Boa Vista. Apartamento com vista para o mar ou vista para o rio? Rio de ti e da tua zombaria. Zum, zum, zum, capoeira mata um.
Um morto na manchete, dois na contracapa do jornal. Jornalismo: lecionando em duas turmas à noite. A noite que nos une é a antítese da manhã que nos separa. Antes separados pela manhã de que por manha. Amanhã será um novo igual dia.
Dia sim, diga não. Não, ainda não chegou o cartão corporativo. Faz corpo ativo e escala o meu corpo reativo. Montanhas e serras não podem nos separar da Venezuela. Venezuela: Chávez, pirulin, central de ar, pen-drive, notebooks. Onde ficou, Americanas, meu note? Anote bem, viu? Viu aquilo, foi tão rápido que não deu de ver. Ver para crer, credores.
Credite na minha conta, Banco do Borges, o BB.com. Com tu ou sem tu, tanto faz, deposite na alma. Alma como soul, sou o que pretende ser. E se não somos mais, o que mais podemos ser senão seres com utopias findas. Fim de semana? Me liga, a gente desmarca.
"Queridos compatriotas:
Prometi na última sexta-feira, 15 de fevereiro, que a próxima reflexão abordaria um tema de interesse para muitos compatriotas. Este artigo adquire esta forma de mensagem.
Chegou o momento de postular e eleger o Conselho de Estado, seu presidente, vice-presidentes e secretário.
Desempenhei o honroso cargo de presidente por muitos anos. Em 15 de fevereiro de 1976 foi aprovada a Constituição Socialista por voto libre, direto e secreto de mais de 95% dos cidadãos com direito de voto. A primeira Assembléia Nacional foi constituída em 2 de dezembro do mesmo ano e elegeu o Conselho de Estado e a sua Presidência. Antes, exerci o cargo de primeiro-ministro durante quase 18 anos. Sempre dispus das prerrogativas necessárias para levar adiante a obra revolucionária com o apoio da imensa maioria do povo.
Conhecendo o meu estado crítico de saúde, muitos no exterior pensavam que a renúncia provisória ao cargo de presidente do Conselho de Estado, em 31 de julho de 2006, que deixei nas mãos do primeiro-vice-presidente, Raúl Castro Ruz, era definitiva. O próprio Raúl, que ainda ocupa o cargo de Ministro das Forças Armadas Revolucionárias por méritos pessoais, e os demais companheiros da direção do Partido e do Estado, foram resistentes a considerar-me afastado de meus cargos, apesar de meu precário estado de saúde
Era incômoda minha posição frente a um adversário que fez de tudo para se desfazer de mim, e em nada me agradava comprazê-lo.
Mais adiante pude alcançar novamente o domínio total da minha mente, a possibilidade de ler e meditar muito, obrigado pelo repouso. Me acompanharam as forças físicas suficientes para escrever por muitas horas, as quais compartilhei com a reabilitação e os programas pertinentes de recuperação. Um elementar sentido comum me indicava que esta atividade estava ao meu alcance. Por outro lado, me preocupo sempre, ao falar da minha saúde, em evitar ilusões que no caso de um desenlace adverso, trariam notícias traumáticas ao nosso povo no meio da batalha. Prepará-lo, psicológica e politicamente, para minha ausência, era minha primeira obrigação após tantos anos de luta. Nunca deixei de assinalar que não se tratava de uma recuperação "isenta de riscos".
Meu desejo sempre foi cumprir o dever até o último sopro. É o que posso oferecer.
"A meus queridos compatriotas, que me deram a imensa honra de me eleger recentemente como membro do Parlamento, em cujo seio devem ser adotados acordos importantes para nossa Revolução, comunico que não aspirarei e nem aceitarei - repito - não aspirarei e nem aceitarei o cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante-chefe."
Em breves cartas dirigidas a Randy Alonso, diretor do programa 'Mesa Redonda' da televisão nacional, que foram divulgadas por minha solicitação, foram incluídos discretamente elementos da mensagem que hoje escrevo, e nem sequer o destinatário das mensagens conhecia meu propósito.
Confiei em Randy porque o conheci bem quando ele era estudante universitário de Jornalismo, e me reunia quase todas as semanas com os principais representantes dos alunos, que já eram conhecidos como o coração do país, na biblioteca da ampla casa de Kohly, onde se abrigavam. Hoje, todo o país é uma imensa universidade.
Parágrafos selecionados da carta enviada a Randy em 17 de dezembro de 2007:
"Minha mais profunda convicção é de que as respostas aos problemas atuais da sociedade cubana - que possui uma média educacional próxima de 12 graus, quase um milhão de pessoas com ensino superior completo e a possibilidade real de estudo para seus cidadãos sem nenhuma discriminação - requerem mais soluções para cada problema concreto do que as contidas em um tabuleiro de xadrez.
Nenhum detalhe pode ser ignorado, e não se trata de um caminho fácil, se é que a inteligência do ser humano em uma sociedade revolucionária prevalece sobre seus instintos.
Meu dever elementar não é me perpetuar em cargos, ou impedir a passagem de pessoas mais jovens, mas fornecer experiências e idéias cujo modesto valor provém da época excepcional que pude viver. Penso como (Oscar) Niemeyer que é preciso ser conseqüente até o final".
Carta de 8 de janeiro de 2008:
"Sou decididamente partidário do voto unido (um princípio que preserva o mérito ignorado). Foi o que nos permitiu evitar as tendências de copiar o que vinha dos países do antigo bloco socialista, entre elas a figura de um candidato único, tão solitário e ao mesmo tempo tão solidário com Cuba.
Respeito muito aquela primeira tentativa de construir o socialismo, graças à qual pudemos continuar o caminho escolhido. Tinha muito presente que toda a glória do mundo cabe em um grão de milho.
Trairia minha consciência ocupar uma responsabilidade que requer mobilidade e entrega total quando não estou em condições físicas de oferecer isso. Explico sem dramaticidade.
Felizmente nosso processo conta ainda com quadros da velha-guarda, junto a outros que eram muito jovens quando começou a primeira etapa da Revolução. Alguns quase crianças se incorporaram aos combatentes das montanhas e depois, com seu heroísmo e suas missões internacionalistas, encheram de glória o país. Contam com autoridade e experiência para garantir a substituição.
Dispõe igualmente nosso processo da geração intermediária que aprendeu conosco os elementos da complexa e quase inacessível arte de organizar e dirigir uma revolução.
O caminho sempre será difícil e exigirá o esforço inteligente de todos. Desconfio dos caminhos aparentemente fáceis da apologética, ou da autoflagelação como antítese. É preciso se preparar sempre para a pior das hipóteses.
Ser tão prudentes no êxito quanto firmes na adversidade é um princípio que não pode ser esquecido. O adversário a derrotar é extremamente forte, mas o mantivemos longe durante meio século.
Não me despeço de vocês. Desejo apenas lutar como um soldado das idéias. Continuarei a escrever sob o título 'Reflexões do companheiro Fidel'. Será mais uma arma do arsenal com o qual se poderá contar. Talvez minha voz seja ouvida. Serei cuidadoso.
Obrigado
Fidel Castro Ruz
18 de fevereiro de 2008"