terça-feira, janeiro 31, 2006

Situações


Estava tão mal no mercado que quando tentou vender a alma, ainda teve que devolver algum ao comprador.
..........

Era um esforçado. A vida lhe deu limões e ele fez limonada para vender, mas não havia açúcar ou adoçante caindo do céu.
.........

Anunciou no jornal: procuro amor e trabalho. Sem experiência comprovada.
.........

Saiu correndo quando viu o rapaz com quem havia marcado um encontro às escuras. Conta que foi espanto a primeira vista.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Dias de janeiro

Ocupado.
Cansado.
Estudando, depois do fim da greve da universidade.
Sem dinheiro (Quando se é assalariado e o pagamento sai antes do prazo, o mês fica mais longo...)
Sem tempo para sonhar, apenas trabalho e leituras de sociologia das organizações, planejamento urbano e formação sócio-econômica da Amazônia.
Fechando mais um informativo de meu local de trabalho.
Vendo a chuva cair em dias inesperados.
Agora no orkut.
Pensando.
Cancelando, por enquanto, os encontros da Confraria Lúpulo com Guaraná, formada pelos Três Mosquiteiros (Nei Costa, Luiz Valério e eu) e Dona Dartanhã (Zanny Adairalba).



A Confraria

terça-feira, janeiro 17, 2006

Roraima blues

Entra sem avisar, muda a estação da rádio, me leva da bossa nova ao blues, do samba ao rock n' roll. Sorri, pareço um tonto, perco os sentidos ao entrar em seus olhos e notar a diferenças da vida.
Conversa comigo em uma língua estranha - não há dicionário para traduzir seu efeito. Morde minha orelha e diz que vinho bom é vinho quando se ama. Toco suas costas e conto cada poro com a boca. É uma conta sem fim.

De seus dedos, tocando-me, parece sair música. Danço o ritmo que ela quer. A angústia de sua chegada é como a angústia da partida.

Rio, choro, grito, maldigo seu efeito em mim. Não sou mais homem. Sou criança pedindo atenção, pássaro sem asas, sonhador rogando por imaginação.

Esfrega-se em mim e penso que Deus é justo, mesmo sem acreditar em divindades. Um riso em meu peito é um roce na pouca paz que ainda me resta. Depois me aperta, ajudando-me a não fugir de minha condenação. Fecho os olhos e acho que enfim sou feliz enquanto rabisca sua poesia para marcar em mim seu território. E a madrugada vira manhã, tarde, noite, infinito.

De repente, alma entregue, corpo submerso, navego, flutuo, deslizo até o vulcão. Queimo, rio, é janeiro e acho que chove lá fora.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Espirituosa

Ligeiramente cambaleante, depois de ser medicada para normalizar a pressão, que estava em 20 x 10, dona Maria José me diz na saída do hospital, quando a pego pelo braço para irmos até o carro:

- Eu estou bem. Não sei pra que tanta gente me segurando como se eu fosse cair.

- Quer dizer que a senhora está bem? Então vai caminhando até chegar em casa. É só pegar o retão da avenida e pronto.

Língua afiada, mente rápida e corpo cansado, minha avó responde:

- Meu filho, eu iria, mas o médico insistiu que devo repousar...

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Aperfeiçoamento



Ao reler seus antigos textos, ele comentou:

- Nossa, como mudei meu estilo de escrever!

Ela não percebeu o auto-elogio implícito na frase e deixou escapar, enquanto assistia a um vídeo-documentário:

- Para mal ou pior?

Um estranho e emburrado silêncio tomou conta da casa por algumas horas.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Oníricos


Na mesma cidade, numa noite qualquer, duas pessoas com pouca amizade sonharam uma com a outra. Acharam absurdas as cenas e riram quando amanheceu e o sol os encontrou em suas camas, distantes vários quilômetros.

Dias depois, encontraram-se numa festa. Nunca trocaram mais de três palavras, o tradicional "olá, como vai?", e não foi neste dia que tudo mudou.
Na mente de cada um, a pergunta: o que aconteceria se contasse o seu sonho ao outro?

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Mens sana in corpore sano

Depois de alguns meses, concluí a leitura de Pasajes de la Guerra Revolucionaria, coletânea de artigos escritos por Ernesto Che Guevara sobre o combate contra o regime batistiano em Cuba.
Encaro agora o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa.
E quando dá tempo, pega minha megahipersuperbike de alumínio com amortecedores frontais e vou preparando o corpo para as primeiras trilhas deste ano.
E você, o que está lendo?

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Metas para 2006


Agora que o ano começou, a euforia de um monte de pessoas já diminuiu e os carnês do IPTU, do IPVA e da escola particular de muito fulano já estão sendo impressos, causando pavor no orçamento, agora sim vale a pena estabelecer metas realistas a cumprir nos próximos dozes meses:

1) Concluir o curso de sociologia. Depois, farei como FHC e me tornarei presidente do Brasil, criando uma nova moeda, derrotando o PT em toda eleição e privatizando o que restar de empresa pública.
2) Reatar laços com algumas pessoas que deixei para trás nos últimos dois anos, especialmente, e cuja convivência me fazia bem. Mas se elas não quiserem, que se danem. Até hoje me virei muito bem sozinho sem elas.
3) Conseguir publicar o meu livro de crônicas e poesias. Já tem o patrocínio no esquema (Salve o Sesc Roraima!) e falta só o Nei entregar a boneca impressa para fazer os últimos ajustes.
4) Comprar um imóvel e construir ou alugar, transformando-me em um miniempresário do setor imobiliário.
5) Reduzir ou pelo menos conter o avanço dos quilos a mais. Essa sim é uma briga entre o corpo e a mente.

Cinco é um bom número. Mais do que isso é exagero. Alguém me lembre delas em dezembro, please.