quarta-feira, junho 30, 2010

Viagens ao Interior de Roraima


Gosto de ir a outros lugares, mas não gosto nada do processo de organização e deslocamento até o destino. Se pudesse, compraria passagem no sistema de tele-transporte, no estilo do X-Man Noturno: evaporar num canto e surgir em outro.

Por conta disso, quando junta viajar obrigado para o Interior de Roraima mais trabalho, meu humor fica péssimo até a hora em que já estamos no meio da estrada. Aí, não tendo mais jeito, observo o mundo para passar o tempo.

Semana passada estive em Alto Alegre, a 89 km de Boa Vista. A cidade foi construída numa área de selva, bem diferente do cerrado onde cresceu a Capital.

O asfalto até o município de Alto Alegre é bipolar: metade está novo e bem sinalizado. O restante é esburacado, remendado e perigosamente sem sinalização. Ou seja, bom para acidentes noturnos.

Chegamos lá por volta de 18h30 e ainda estava claro. No meio da RR 209, três mulheres caminhavam, fazendo da estrada a sua pista de amagrecimento.

A cidade é uma das mais bonitas do Interior. Diferentemente de Mucajaí, a 55 km de Boa Vista, e um bocado de outras, Alto Alegre é limpa. As ruas, pelo menos as centrais, têm calçadas e não parecem sempre as vias de uma cidade do velho oeste, com a lama vermelha cobrindo tudo.

O que eu mais gosto lá é a praça. Arborizada, cheia de banquinhos, me lembra a de Guasipati, onde cresci: um local para conversar a qualquer hora do dia. Infelizmente todas as lâmpadas estavam desligadas na sexta, dando um ar de abandono ao local.







Como Guasipati nos anos 1980, Alto Alegre enfrenta os problemas da lonjura. Quem não possui antena parabólica fica sem ver TV e a cidade tem poucos pontos de internet, basicamente em órgãos públicos. A novidade é que recentemente instalou-se lá uma empresa de telefonia celular. Quem já aderiu à Claro, diz que o sinal falha mais que tudo, mas já é alguma coisa.



A cidade é pequena e agradável. Dá até vontade de viver lá, não fossem essas questões de conectividade e outras oportunidades de crescimento. Apesar disso, há quem adore e nem pense em sair de lá. Um deles é o professor Yakaw, tio do indiozinho mais bonito de Roraima, vulgo meu filho. “Em Alto Alegre não tem nada longe e todos acabam se conhecendo”, me explicou o negão, docente há 20 anos no município. 

Como já disse, Alto Alegre é igualzinha à Guasipati de minha infância. Talvez até menor.


quinta-feira, junho 24, 2010

Coisas do Twitter
 
Entre uma coisa útil e outra, tenho perdido muito tempo de meu dia no Twitter. O troço é viciante mesmo. A parte boa é que de vez em quando redijo uma frase interessante ou engraçada (acho eu).

Aqui, algumas delas, como foram tuitadas ou com leves alterações.

1. Se você nunca leu Gabo Márquez, José Saramago ou Conan, O Cimério, por favor, para de me seguir. Não temos nenhum tweet em comum.


2. Bem,ninguém deixou de me seguir. Isso quer dizer que todos já leram Gabo Márquez, José Saramago ou Conan, O Cimério. Feliz pela boa companhia.



3. Os deputados de Roraima continuam firmes na sandice de investir na criação de novos municípios. Se os atuais estão quebrados, o que será dos novos?

4. Peraí... 3 pelo preço de 1? RT @gilvancostarr Sistema FAERR/SENAR contrata repórter para TV, Rádio e Impresso.

5. Os VTs do PSDB nacional avisam: quem tem história, faz a diferença. Por isso que vejo a Era do Gelo 1,2 e 3 com livro de arqueologia ao lado.

Vou destacar estas, pois não são minhas e merecem ser vistas com atenção. São frases do livro O Amor nos Tempos do Cólera

6. "Aprovecha ahora que eres joven para sufrir todo lo que puedas, que estas cosas no duran toda la vida." (Gabo Márquez, sobre dores de amor)

7. “Lo único que me duele de morir es que no sea de amor.” (Gabriel Gárcia Márquez)

quarta-feira, junho 23, 2010

Defeituoso

Depois que o pemoncito Edgarzinho nasceu não consigo encontrar o meu botão de “f*¨º-$#!” em português, espanhol, pemón ou inglês. 

Estou perdendo oportunidades por conta disso. Ou o encontro logo ou mando instalar um com os comandos em outro idioma.

terça-feira, junho 22, 2010

Apenas o necessário


Enquanto me quebro todo pagando absurdos aumentos no IPTU e taxas de coleta de lixo e de iluminação que aumentam a cada ano, pelo menos a literatura me dá alegrias. A mais nova é ter sido um dos 37 selecionados para o e-book " Apenas o Necessário", da Editora Novitas. 

No meio do povo, apenas uma conhecida: a gaúcha Ana Mello, autora de minicontos.

Eis a minha única, até agora, boa notícia da semana.

Ah, por acaso você, que entra neste blog e não comenta nada, já visitou também o meu outro projeto: o blog Cultura de Roraima? Não? Vai lá, poxa. Deixa um comentário e, se quiser, me manda um e-mail com alguma colaboração.

Inté, que a tendinite tá detonando tudo.

quarta-feira, junho 16, 2010

Notas sobre junho (para não esquecer no futuro)


1. A maldita tendinite continua. Acho que vou trocar a mão direita por uma nova. Basta arranjar uma de meu modelo.

2. Quando chove, chove. Quando esquenta, esquenta e muito em BV. O clima está ficando doido.

3. O Brasil jogou ontem com os meus primos da Córeia do Norte. Como os coreanos perderam, o castigo será ter que beber um litro de urânio enriquecido.

4. Edgarzinho deu um susto ontem. Escondeu-se em um guarda-roupa, chamou por mim bem baixinho (papai...), ninguém o viu e todo mundou pirou buscando o moleque. A preta velha Zanny quase morre de pavor tentando encontrá-lo. Eu dei a volta na casa, saí por um portão e entrei pelo outro e nada (Ah, Edgar, se tu estás me ouvindo e não respondes ao meu chamado, vais ver!). Na segunda volta à casa, o encontraram, sorrindo, dentro do armário, comemorando o primeiro grande susto na mãe, pai, tia, prima Elenita e vó Maria José. Ainda bem que dona Neide não estava por lá.

5. Lembre-te: Edgarzinho saiu à noite pelo portão da casa de minha cumadi Érica Figueiredo e me deu um novo susto. Dei-lhe uma chamada. Nâo contei para Zanny.

6. Tenho que caminhar mais para desfazer o perfil de jabulani.

E agora, respeitável público que não comenta nada neste blog, mando do fundo do blog uma postagem que hoje, 16 de junho, completa cinco anos de publicada originalmente:

Verborragia

Cuspiu na minha cara, dei-lhe um soco. A polícia chegou junto, levou os dois. Mas ele não fez nada. É tudo culpa da oposição. É uma intriga para desestabilizar o país. Chamem um substantivo qualquer e verão como ele aceita suborno. Mensadão, corrigiu o nobre deputado, já de olho no meu bolso e passando uma caneta Mont Blanc para assinar o cheque. Obrigado, prefiro ver uma partida de futebol.

Yes, habemus soccer, beach e estivas em geral. O que? Não! Sul-americanos sim, mas latinos, não. Isso é coisa de cucaracho, dizem nossos primos dos EUA. E se é bom para eles, é bom para nós. Ou não? Mas ter economias em dólar é melhor que ser bacana em real. Na real.

Gringo, eu? Não. Globalizado, antenado, pós-moderno. Tucano? Petista? Ah, pára com isso, eu sou é brasileiro. Eu sou o melhor de meu país, me ensinou um publicitário. Sou cidadão, sim. Não, esse papo de ecologia, respeito aos direitos das minorias e desenvolvimento sustentável é coisa de reacionário, de quem está vendendo a nação para o estrangeiro. Eu quero é progresso e se for preciso derrubar umas árvores, que mal tem?

Ei, esconde esse jornal e essa revista e não deixa ninguém ver a reportagem mostrando que passei a mão naquela grana. O que diriam de mim, senhor? Perdoa esses pecadores que insistem em xeretar a vida alheia. Aliás, se falar mal de algum amigo vai ter. Vai rolar a festa. Ok, separa um filetinho, muito bem. Vamos, sempre em frente.

segunda-feira, junho 14, 2010

Relatório da 4ª reunião ordinária do Colegiado de Literatura, Livro e Leitura


Os trabalhos da 4ª reunião começaram no dia 31 de julho à tarde, em Brasília, com pauta livre. Os membros do colegiado que já haviam chegado decidiram focar na discussão do projeto de lei que cria o Fundo Pró-leitura. Diversos pontos foram do projeto foram debatidos e anotados para questionar os representantes do Ministério da Cultura na terça. Os trabalhos neste dia terminaram às 19h.

O segundo dia começou com alteração da pauta definida anteriormente para adequação à pauta do Conselho Nacional de Política Cultura.

Os trabalhos começaram com uma explanação sobre o Fundo Nacional de Cultura, o Pró-cultura. Esta etapa durou toda a manhã e foi feita juntamente com os membros do Colegiado das Culturas Populares.

Alguns detalhes do Fundo Pró-cultura:

   1. São oito áreas temáticas, conforme regimento interno da Comissão Nacional do Fundo Nacional de Cultura.
   2. A 6ª área é a do Livro, Leitura e Literatura.
   3. Cada área terá um comitê técnico de incentivo à cultura.
   4. Um dos órgãos deste comitê é consultivo e será formado por 4 representantes do MinC, 3 da sociedade civil (sendo 1 de nosso colegiado e dois do CNPC, e mais 3 especialistas ou criadores, cujos nomes serão definidos pelo MinC.
   5. Após eleição, feita à tarde, ficou definido que a vaga prioritária do Colegiado de Literatura, Livro e Leitura (CLLL) no futuro comitê técnico de incentivo à cultura de nosso setor será de Mileide Flores, representante da regional Nordeste. A suplência ficou com João de Castro, representante da cadeia Criativa e escritor do Pará.
   6. Após muita discussão, decidiu-se encaminhar ao CNPC uma proposta na qual todas as vagas do comitê ficarão com representantes do Colegiado de  Literatura, Livro e Leitura.
   7. Neste segundo cenário, as três vagas da sociedade civil ficarão assim, com os respectivos titulares e suplentes: Juracy Saraiva (sul) e Nêmora Rodrigues(sul) representando a cadeia mediadora; João de Castro (norte) e Edgar Borges (norte) pela cadeia criativa; e Mileide Flores (nordeste) e Gláucio Pereira (sudeste) pela cadeia produtiva.
   8. Esta proposta de segundo cenário será debatida internamente no Ministério da Cultura. Caso não seja aprovada, ficarão apenas Mileide e João.


A tarde começou com uma apresentação da proposta da nova lei de direitos autorais.

O Ministério quer ampliar a discussão sobre o tema e nesta segunda-feira (14 de junho) colocou o anteprojeto para consulta pública  por 45 dias no site www.cultura.gov.br, a exemplo do Marco Civil da Internet.

Quem quiser saber mais notícias sobre o assunto, pode acessar o blog do Direito Autoral e fazer a sua leitura da lei.


Parte da tarde foi dedicada a duas eleições, a do comitê técnico de incentivo à cultura, já relatada e a do representante do Colegiado no plenário do CNPC. Como titular e suplente ficaram Nilton Bobato, da regional Sudeste, e Izaura Castro, representante regional Centro-oeste.

Após os processos de indicação dos nomes para o comitê do Fundo e para o CNPC, começaram as discussões sobre a redação do projeto de lei do Fundo Pró-leitura. Os membros do colegiado apresentaram suas sugestões ao pessoal do MinC.

Nilton Bobato ficou como relator das propostas. O tempo curto e a saída da maioria dos integrantes do colegiado para o embarque de volta aos seus estados prejudicaram o debate. Por isso, talvez haja uma reunião extraordinária em julho.

quarta-feira, junho 09, 2010

Esse tal de junho...

O mês começou bacana, com este cronista a trabalho em Brasília, na quarta reunião ordinária do Colegiado de Literatura, Livro e Leitura do CNPC (Conselho Nacional de Política Cultural). Tempo de labutar e de trocar idéias com o povo das demais regiões. Detalhes sobre o encontro vou postar ainda esta semana.

A viagem, apesar de legal, não conta como notícia boa de junho. Cheguei lá no DF no dia 31 de maio e por isso vou creditá-la nas boas coisas do mês passado.

Junho, no entanto, não ficará prejudicado.  Logo na primeira semana duas boas notícias apareceram na parte literária de minha vida.

A primeira é que meu miniconto “Cruzamento” foi publicado na Seção Área Livre digital da Revista Continuum, publicação do Instituto Itaú Cultural.

A outra é que também estou na edição 160 da revista eletrônicas de micronarrativas Veredas, relativa a junho, com o miniconto “Cordas”.


Poema visual de Jacira Fagundes

Há duas chances de boas notícias engatilhadas. Uma em um concurso local de poesias e outra em um prêmio de jornalismo. Os dois parece que vão anunciar os resultados nesta sexta. Aí, dependendo do resultado, pode ter renda extra na aldeia.

E renda é o que está faltando, principalmente depois que chegou a conta do IPTU, que aumentou uns 70%, 80% em relação ao ano passado. Isso sem contar o aumento da Taxa de Coleta de Lixo, já paga em maio.

Junho poderia ter passado sem esse prejuízo financeiro. Aí dava para comprar e talvez até ganhar presente do dia dos namorados.  A paulada do imposto não vai me deixar, mais uma vez, ter calma e paz. Do jeito que vai a fome do leão municipal, estadual e federal, fico a cada dia mais parecido com o personagem da música La Sucursal del Cielo, do cantor Ricardo Arjona:
“Me sorprendí sumando ceros a una cuenta
Víctima del impuesto sobre la renta
Y me olvide de las pequeñas cosas”.

Ah, para mudar de assunto: crie um blog chamado Cultura de Roraima & afins. Vou focar nele todos as postagens noticiosas que vinha fazendo neste. No Crônicas da Fronteira ficarão apenas bobagens no estilo “querido diário”, contos, poemas e coisas do cotidiano da fronteira.

Para lá vão avisos de editais, resultados de concursos e temas relacionados. Clica aqui e acessa. Já tem uma postagem sobre o concurso Sesc Roraima de Literatura. Aceito colaborações textuais também.

segunda-feira, junho 07, 2010

Conversa inútil


- Os meus interesses não batem com os teus. Você só me suga, tira meu dinheiro, não me dá atenção. Por tua conta, fico no escuro, sou maltratado, vivo no buraco. Enfim, você só me usa.

Desatento a todo o discurso, o prédio da Receita Federal ficou mudo, como sempre ficava nestas lamúrias de contribuinte.