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segunda-feira, outubro 19, 2015

Muita plata pra pouco efeito



Sobre o repasse de R$ 322 mil que a Prefeitura de Boa Vista​  fez para a turma das motos organizar dois dias de festa particular cara no estacionamento de um shopping, só tenho a dizer três coisas:

1. R$ 322 mil dividido por dois é igual a R$ 161 mil por dia. Está na média dos repasses para esses eventos. A Marcha para Jesus deste ano, por exemplo, levou R$ 150 por um único dia.

2. Cada cidade e cada estado têm a gestão cultural que merecem e pela qual lutam.

3. Para os fazedores de cultura que acham bacana esse tipo de repasse direto, fica a questão: já pensaram nessa grana repassada pra gente via editais focados nos segmentos, com bolsas e prêmios para quem apresentasse as melhores propostas, independente de pressão política ou amizades?

(Sim, isso foi uma indireta para todos os gestores da área cultural de minha timeline)

Somente meu grupo, que faz ações de baixo custo no segmento Literatura, com apenas 10% da grana do encontro das motos organizava uns seis meses de sarau em Boa Vista, distribuía livros de autores regionais, pagava cachê pros poetas e outros artistas convidados, fortalecia a cena das Letras e organizava encontros literários que, a médio e longo prazo, trariam mais efeito para o desenvolvimento sócio-econômico de Boa Vista que meras noites de festa.

Pronto, falei. Boa segunda pós-rock a todos.


  
Prefeitura fez convênio e liberou verba para 'Encontro Internacional de Motos'.

Presidente do 'Roraima Moto Clube' disse que 'tudo foi feito na legalidade'.

Marcelo Marques Do G1 RR

Publicação do convênio foi divulgado no Diário do Município (Foto: Reprodução/) 
 
Publicação do convênio foi feita no Diário do Município
 
(Foto: Reprodução)
 
O 9º Encontro Internacional de Motos de Alta Cilindrada gerou polêmica nas redes sociais devido a um convênio da Prefeitura de Boa Vista, por meio da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura (Fetec). O objetivo era repassar recursos financeiros para apoiar o evento, organizado pela 'Associação dos Motociclistas Roraima Moto Clube'. O 'valor total estimativo' era de R$ 332 mil, segundo o extrato de termo de convênio.
Em nota, a prefeitura disse que 'a proposta é fomentar o turismo em Roraima, em especial, na capital'. O presidente do 'Roraima Moto Clube', Cézar Rivas, disse que 'são críticas sem sentido', referindo-se aos comentários contrários ao valor do convênio.
Os shows ocorreram na sexta-feira (16) e sábado (17) no estacionamento de um shopping da cidade e o alto valor dos ingressos para a festa, parcialmente custeada pelo município, causou 'estranheza', segundo Bebeco Pojucam, conselheiro estadual de Cultura.
No Diário Oficial do Município do dia 13 de setembro foi publicado o extrato de convênio entre a Prefeitura de Boa Vista e o Roraima Moto Clube em que foi firmado o repasse de R$ 332 mil para o 9º Encontro Internacional de Motos. A publicação do convênio viralizou na web.
Nas redes sociais, internautas reclamavam do alto preço para assistir ao evento. Para o primeiro dia, conforme divulgado, os ingressos custavam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Na segunda noite, que teve a banda carioca 'O Rappa' como atração principal, o primeiro lote tinha ingressos por R$ 160 (inteira) e R$ 80 (a meia). Para o segundo lote, o valor chegou a R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia).
"Todo repasse para a cultura é bem-vindo. Mas com dinheiro público temos de ter cuidado. Se a prefeitura pagou para o evento acontecer, a entrada deveria ter um valor popular ou gratuito, pois o dinheiro é público. É injusto pagar duas vezes pelo show. A verba investida é nossa. O município investe para divulgar a cidade e atrair turistas. Concordo com o investimento, mas discordo da maneira como é feito", reclama Pojucam, que também é produtor musical.
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Internautas criticaram valor cobrado pelo show (Foto: Reprodução/Facebook)Internautas criticaram valor de convênio para realização de evento (Foto: Reprodução/Facebook)
Ainda de acordo com ele, não houve uma atenção adequada para as bandas locais em razão da inexistência de uma proposta que atendesse aos grupos musicais.
"Não houve discussão. Ou se aceitava ou não. Cada banda do estado tem um valor e algumas deixaram de tocar porque não teve acordo vantajoso e não ofereceram condições. Se o grupo já tem um valor próprio, não se respeita isso. Pagam uma única quantia para todas as bandas", critica.
Um cantor de Boa Vista disse lamentar o município gastar um valor 'salgado' para trazer uma atração nacional.
"Que traga alguém de fora e dê condições para as pessoas irem ao show. Estavam cobrando R$ 200 na última noite, quando cantou 'O Rappa'. Ainda teve a questão do atraso. Quem pagou para assisitir ao grupo musical, deve reclamar. Não podemos deixar isso acontecer. É bater na nossa cara e beijar", opina o artista, que pediu para não ser identificado.
Embora a maioria dos internautas tenha criticado o alto preço dos ingressos, houve aqueles que defenderam o valor cobrado.
'Moto Clube' diz não querer polemizar
O presidente do 'Roraima Moto Clube', Cézar Rivas, disse estar ciente dos comentários negativos que estão circulando nas redes sociais.

"Entendemos que são críticas sem sentido. O município dispõe de verbas para o turismo e a cultura, aplicando da forma correta. Não vamos polemizar a respeito disso. As pessoas falam e as informações se multiplicam sem conhecimento de causa. Não entraremos neste mérito [polêmica] porque temos a certeza de que fizemos tudo dentro da legalidade", afirma.
Rivas não informou quanto a banda 'O Rappa' recebeu para o show no sábado. Ele disse apenas que irá prestar contas à prefeitura. "Independentemente da polêmica, o evento foi um sucesso", conclui.
Prefeitura diz que convênio foi de R$ 300 mil
Em nota, a Prefeitura de Boa Vista esclareceu que o convênio firmado foi de R$ 300 mil. "A proposta é fomentar o turismo em Roraima, em especial, na capital. O 'Encontro Internacional de Motos de Alta Cilindrada' trouxe turistas de outros estados e países a Boa Vista, movimentando a economia da cidade, com hotéis lotados e restaurantes ocupados", diz a prefeitura.

Sobre os artistas locais, o Executivo municipal destaca ser 'o maior contratante de Roraima, com pagamento de cachê bem acima dos valores aplicados em eventos privados'. Ainda segundo a nota, são contratados artistas para arraial, carnaval, aniversário da cidade, e, recentemente, para o 'Festival dos Pioneiros', sem contar os apoios a diversos eventos na cidade.

A Prefeitura de Boa Vista conclui reforçando ainda que a pessoa que se sentir lesada por atrasos ou outros fatores, pode procurar os órgãos de defesa do consumidor


sexta-feira, dezembro 12, 2014

Check-list cultural da depressão



Em dezembro de 2014, as coisas estavam assim:

1.       Casa da Cultura: fechada
2.       Intendência: fechada
3.       Centro Multicultural da Orla: fechado
4.       Teatro Carlos Gomes: fechado
5.       Museu Integrado de Roraima: fechado
6.       Biblioteca municipal: fechada
7.       Biblioteca estadual: só funciona em horário comercial e não abre aos finais de semana... Quase fechada, então.
8.       Galeria do anfiteatro do parque Anauá: fechada
9.       Bibliotecas dos municípios: quase todas fechadas
1.   Prédio antigo da Secretaria Estadual de Educação: abandonado

sexta-feira, outubro 03, 2014

Da possível gestão cultural no futuro governo de Roraima e meus medos sobre ela



Duas coisas que venho pensando há dias e quero compartilhar antes de domingo:

A campanha está acabando e eu li muita bobagem e muita coisa interessante escrita pelos eleitores dos candidatos aos cargos majoritários.

Percebi um ponto em comum: damos, me incluo, muita importância a quem vai ficar nos postos de governador e presidente e acabamos sem  fazer uma análise mais apurada do tipo de congresso que o Brasil precisa. Os senadores e deputados federais (e os estaduais também) são os nomes que de fato mandam no país. Qualquer reforma, qualquer lei, qualquer iniciativa  dos gestores passa pela câmara e pelas assembleias.

Então, para que votar em pessoas que não estão comprometidas com um Brasil melhor, mais justo, menos opressor? Escolher ruralistas, fundamentalistas religiosos, gente que compra voto descaradamente, gente que é parlamentar há décadas e nunca apresentou projetos ou defendeu ideias relevantes, representantes do grande capital e outras linhas afins não vai ajudar nada na construção de um país diferente. 

Mas isso é óbvio, né? Tão óbvio que estou com medo que as pessoas esqueçam e reelejam os piores e elejam os mais vazios...

Bem, essa era a primeira coisa. A segunda tem a ver com política cultural. Ou melhor, com as propostas (e a falta delas) de gestão cultural dos candidatos ao governo de Roraima. 

Não vou comentar as propostas de Hamilton (PSOL) para o setor por absoluta falta de conhecimento do que propôs para o setor. Dito isto, vamos para a minha opinião sobre:

Chico Rodrigues, candidato à reeleição pelo PSB: o fato da Secretaria Estadual de Cultura ter ficado sem titular durante quase três dos cinco meses de gestão do atual governador já pode dizer muito sobre a relevância do setor para ele. 

Li um folheto com as suas propostas para a próxima gestão e a única referência a cultura era criar um Fundo Estadual de Cultura. O problema é que ele vai ter que fazer isso de todo jeito, pois faz parte do pacote assinado com o Ministério da Cultura há anos. 

Quer dizer, não apresentou nada de novo, nada de proposta. 

Isso ainda não é o que me incomoda mais em seu governo. Pior mesmo é prever que a Secult continuará inoperante, pensando e atuando como se ainda fosse uma divisão da Secretaria de Educação, sem buscar capilarizar suas ações, ensimesmada nas práticas de gestão que remetem ao antigo Território Federal de Roraima, tempo dos projetos aprovados no balcão para os amigos e compadres. Cadê editais, programas, propostas de antenar-se mais com a linha seguida pelo Governo Federal? 

O que me dói é que participei de tantas ações pressionando o governo pela criação da Secult e deu nisso...
Enfim, vamos para Ângela Portela (PT). Deixaram em minha caixa de correios um folheto com suas propostas. Ela, salvo engano, elencou quatro ou cinco ações para o setor de cultura. Me deu um desânimo quando vi que a mais destacada era fortalecer a lei de incentivo, focada na renúncia fiscal. Quer dizer, mais do mesmo tipo de fazer cultura? O produtor/artista vai ter que continuar a bater perna para conseguir no mercado o apoio aos seus projetos? Vai seguir na linha do que já vem sendo feito há anos?

Ah, sim. As demais propostas estão todas previstas no Plano Nacional de Cultura, discutido, aprovado e sendo tocado pelo Governo Federal.

Mas isso não me incomoda tanto quanto a possibilidade de Ângela colocar à frente da Secult algumas figuras locais que se ligaram ao PT para conseguir cargos e vantagens no setor, mas que nunca atuaram para valer se não fosse para garantir um naco a mais no jantar de gala. Fiquei imaginando a turma montando seus feudos nas verbas da Secult e mantendo a gestão empacada como sempre...mas é claro que isso deve ser má vontade minha, encrenqueiro que sou por não acreditar na boa fé destas pessoas.

Fechando, vamos para Suely Campos (PPS). Confesso que não vi suas propostas, mas como tive contato com ela durante o tempo em que foi vice-prefeita de Boa Vista e lembro dela do tempo em que foi primeira-dama, vou deduzir: deve colocar para gerir o setor aquela turma de gente antiga, que nunca ouvir falar de participação democrática, que pensa em seu grupo primeiro e cobra apoio a toda eleição, que nunca pôs os pés numa conferência de cultura, que ignora o processo que está em andamento no Brasil desde a gestão de Gilberto Gil à frente do MinC. 

Ou seja, de todas as possibilidades, a pior é a Suely e sua turma assumirem o governo. Chega dá arrepios pensar nisso, imaginando o tipo de comportamento que, tomara, não tenham os futuros gestores do setor.

No mais, é isso: não espero muito dos ainda candidatos quando assumirem. E espero estar muito, muito, muito errado em minhas leituras de contexto.

Sobre esses esclarecidos de ocasião

Nunca levantou a voz para reivindicar melhorias coletivas, ganhou verba direta no balcão do governo estadual para fazer suas coisinhas e teve cargos em que não precisava bater ponto.

Agora, quando perdeu os benefícios, vem reclamar da péssima gestão estadual em todas as áreas?

Véi, quem se enquadra nesse quadro não merece um like, muito menos o meu respeito.

quarta-feira, agosto 14, 2013

Notinha sobre o papel do criador no mundo pós-moderno das ações colaborativas

Totalmente bipolar, sou da turma do “vamos fazer juntos, pois juntos é mais gostoso” e a favor da autoria reconhecida, principalmente em trabalhos coletivos. Apoio dar créditos para quem faz e ignorar quem só quer entrar com o nome e ganhar o elogio.

Gosto de parcerias em um jogo de igual para igual, sem locupletações. Sou a favor do remix, do Creative Commons, de compartilhar livremente mas também sou a favor do criador (pelo menos tentar) viver de sua criação, pois ele é o começo de toda manifestação e não pode ser desprezado por tentar valorizar-se, mesmo que seja que isso pareça arcaico, industrial e nada pós-moderno. O criador não morreu. Pelo contrário, é a mola que move o sistema, seja o estabelecido ou o a ser construído.

Também curto toda iniciativa de mídia livre, principalmente as voltadas ao setor cultural, pois é abrindo espaços que mais gente pode ser feliz vivendo de seu trabalho na tal economia criativa.

Para fechar, reforço que sou bipolar e detesto essa onda de “ou você está 100% conosco ou você está contra nós”. Afinal, o mundo não é todo preto ou todo branco. Tem muito área cinza para caminhar.

quinta-feira, junho 06, 2013

Sobre a celebração das mortes de criminosos em Boa Vista

Sim, a criminalidade está alta, todo mundo está com medo de topar com um bandido na rua, de ser assaltado, agredido, morto. Todo mundo quer providências imediatas e a mais bacana sempre parece ser a institucionalização da pena de morte.

Enquanto isso não chega,  quase todo mundo nas redes sociais, principalmente no Facebook, vibra quando a polícia mata, seja em qual situação for, um criminoso. Afinal, “bandido bom é bandido morto”.

Cuidado, muito cuidado. Hoje comemora-se quando os forças policiais matam os (supostos ou confirmados) bandidos durante uma tentativa qualquer de crime ou numa abordagem de recaptura.

E amanhã, se as forças policiais se empolgarem e decidirem exterminar todos os criminosos?  Vão bater palma?

E se depois de amanhã as forças policiais decidirem exterminam quem eles acharem que é criminoso? Vão comemorar?

E se depois disso for a vez de qualquer pessoa desagradável aos olhos das forças policiais? Como vai ser? Gritos de alegria? E se for aquele amigo do peito que você sabe que nunca fez mal a ninguém além dele mesmo quando comia gordura em excesso?

O mundo está violento, repito o óbvio. Mesmo assim é preciso cuidado, muito cuidado, com as manifestações de apoio à violência institucional. Criminalidade não se combate com mais criminalidade, mesmo que pareça a serviço da comunidade.

Lembrem-se, apoiadores da morte, não se trata de defender a ausência de punição para os que desrespeitam a lei. Trata-se de não concordar com o desrespeito à lei.

Afinal, já é suficiente apoiar tacitamente as penas de morte não oficiais vigorantes nas cadeias e nas periferias. Se fazer isso já nos coloca de volta em tempos medievais, aplaudir a morte alheia nos levará à barbárie.

Para fechar, um texto que ilustra o que acontece quando a violência invade nossas vidas,convidada com aplausos ou não: 

"Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

(Trecho do poema No Caminho, com Maiakóvski, de Eduardo Alves da Costa. Leia-o completo aqui.)