sábado, abril 25, 2020

Diário da Covid-19: pássaros meditando e já são mais de 40 dias na quarentena

Sábado, 18/4

Ambicioso, corri 5,5 km. Quero chegar aos seis. 

Temeroso, vou mudar minha rota dos quilômetros finais. Para fechar essa distância estou entrando nas ruas com casas e gente caminhando ou pedalando. Vou me jogar na direção do rio. Tem pedras soltas, a volta é toda subindo, mas não tem risco de aspirar o Coronavírus de ninguém. 

Ontem,  pela primeira vez na vida, participei de uma vídeo conferência. Foi para cantar parabéns ao Rodrigo, no RJ. Tinha gente de toda parte na sala. Parecia festa presencial mesmo. 

Edgarzinho acordou chorando, com saudades da irmã, que está em Brasília. Deu uma pena do bichinho... Zanny me contou depois que ontem ficaram de madrugada conversando um tempão. Saudade em tempos de covid-19.

Leitura de contos: 



A Cyneida postou no facebook as escalada dos casos confirmados oficialmente (sempre bom falar "oficialmente" para não achar que é só isso) e eu compartilhei, pedido que a galera ficasse em casa o máximo que pudesse.  Como tinha uma charge de vários coronavírus dando a faixa de melhor funcionário do mês ao Bolsonora, o Marlen não se conteve e veio defender a honra do presidente, dizendo que os midiavírus e os esquerdavírus estavam tentado derrubá-lo blá blá blá. Oh, Marlen... que dó dessa cegueira...

Ainda no facebook: havia recebido semana passada um pedido de amizade de um cara publicitário  que já foi apresentador de programas de TV. Vi em seu perifl que virou cantor gospel, fã de deus, com canal e tal. Aceite. Depois vi que se declara apoiador do Bozo. Desfiz a amizade virtual. Não sou obrigado a lidar com gente que nunca aprendeu a interpretar o Novo Testamento. 

Ainda no Facebook (e já pensando em parar de ver postagens nele): o Nei, meu primeiro editor, se declarou ontem fã do Bozo também e diz que há uma campanha contra ele por cometer muito sincericídio.. Oh, Nei... essas companhias com quem tu anda. Essas leituras tortas...

Final da tarde: cavamos buracos para replantar arvores frutíferas. 

Noite: ameaça chover, chuvisca, venta forte e eu escrevo, gravo, edito e publico um poema no youtube. Depois vou assistir a um documentário no History Channel: O Mundo Sem Ninguém - América Latina. 

Domingo, 19.04

Amanhece bem mais frio que ontem. Faço os comentários no texto do Rodrigo e devolvo seu material. Ouço jazz, a melhor música para escrever. Ócio. Almoço. Cochilo. Replantio de ipê e uma ciriguela no quintal da frente. Tomatinhos e goiabeira no quintal de trás. Tentativa de caminhar. Chuvisco.  Retorno pela metade. A visão: muita gente vindo do rumo do balneário Curupira. 

O povo lá na sala vendo a live do Roberto Carlos. O ano acabou e não notamos.


O gado foi pra rua hoje pedir golpe militar,  fim da quarentena e Deus acima de todos



Segunda, 20/05

5h10. Levantei empolgado (não confundir com levantei rapidamente). A ideia era fazer bem cedinho minha corridinha. Uns 5,7 km, rumo aos 6km. Tudo escuro. No banheiro, vento frio entra pela janela. Vamos nessa, exercitar para não surtar. Abro a porta da cozinha e bah: está garoando, chão molhado, isso não vai parar tão cedo e não tem meta que valha uma gripe em tempos de coronavírus.

Acabou a tapioca e o queijo, acabou meu café da manhã. Vou ter que sair para o super, ver gente, passar pelo risco da contaminação. Que agonia. Não vou, não.

Não são nem seis horas e já vi no grupo dos jornalistas gente compartilhando vídeos de gente que apoia a volta da ditadura. Na verdade, não abri o vídeo porque me dá preguiça abrir vídeos, mas a Cyneida veio logo abaixo descendo a ripa em estava fazendo isso e dizendo que jornalista compactuar com quem atenta contra a democracia é uma vergonha. Fadinha sensata. O outro lá, um idiota .

7h10 fui tentar correr. O céu abriu e decidi não perder a chance, mas parece que choveu mais do que havia pensado. A avenida de barro já bloqueou a passagem lá encima. Não tem como atravessar essas poças sem meter o pé na água (exatamente o que aconteceu com um homem que tentou atravessar de bicicleta, atolou e, para não cair,  teve que botar o pé no meio da lama).



Voltei, tentei fazer a rota rumo ao rio, mas também já criou poças de lama em todo lugar. Tenho que criar outro trecho em que não haja gente circulando. 

Depois de muitoooos anos organizamos um álbum de fotografias do Edgarzinho. Da barriga da mãe até seus três, quatro anos de idade. No embalo, achei umas fotos que havia mandado imprimir para meus álbuns:

2008, Edgarzinho tinha dois meses de vida

2008, almoçando com os jornalistas Luiz Valério e Tana Halu

Talvez 2009, tendo conversas místicas no Beto Carrero World  
Talvez 2009, mostrando o peitinho sexy em Floripa


Com Jonas Banhos, da Barca das Letras, em Brasília. 2009-2010

20h44. Pedimos e comemos  pizza,  está chovendo muito, um cabo de fibra ótica rompeu e muita gente está sem wi-fi. Vi nas redes o meme do bolsonaro fazendo sexo oral no pau invisível do mercado, li que hoje ele disse que não é coveiro para ficar comentando as mortes pela covid-19. Li no Twitter várias pessoas comentando que teria dito também ser ele a constituição do Brasil. Narcisista genocida. 

Bolsonoristas fizeram memes mais ofensivos e o povo ria que só, apenas para lembrar

Chove e eu não lembro mais quando foi a última vez que peguei o carro para ir a algum lugar que não fosse um supermercado. 

Terça, 21/04

É feriado na quarentena. Dia de novamente ficar em casa de mansinho.

Converso desde ontem um tantão com Marilena sobre jornalismo, jornalistas, orientações políticas e posicionamentos ideológicos. Converso um tanto também com a Vanessa, mas sobre literatura e abordagens do personagem. Igualmente falando sobre livros, Rodrigo me confirma ter recebido o e-mail com minhas notas sobre seu romance. 

Arrumei o álbum de fotos de uma viagem que fiz a Floripa há uns 10 anos. Não toquei no computador para nada, até porque nada havia de internet para tocar de manhã. 

Terminei de ler os contos do livro Faca e fui ler um encadernado do Conan. Cérebro trabalhando (ou fugindo).



Pensei em correr de noite, mas...naaaa. Não tenho força mental para isso ainda. 

Mais um dia de chamada de vídeo para falar com a minha mãe. Parece que vivemos em outro país. 

Só assim que a gente se vê agora


Quarta,  22.04.

Acordo antes dos pássaros, faço uma rota nova de corrida, passo pano na casa, troco mensagens e emails de trabalho muito antes do meu horário normal, muito antes do horário normal dos outros. Penso nas pessoas que vi chegarem às 7h nas obras aqui do bairro, os riscos que estão  passando se não usarem EPIs, penso em como estou privilegiado por poder teletrabalhar em casa. 

Meu sentimento de culpa judaica-cristã por esse pseudoprivilégio esmorece quando o Greick joga no grupo do trampo que há planos de não pagarem os nossos reajustes devidos nos próximos dois anos. Que venha a inflação comendo tudo. Que paguemos nós, o elo mais fraco do executivo, a conta do governo.  Que os bancos e todo o sistema financeiro sejam poupados, amém. 

Descobri que a Raphaela também tá fazendo um diário de quarentena. O dela se chama Diário de uma Ansiosa e esta semana estava já segundo capítulo.

Manaus está um caos e já começaram a fazer valas comuns por lá para acelerar o enterro do pessoal. 



No trabalho teve novidade, com a turma agora tendo que gravar matérias para a rádio. Então, pela primeira vez na vida, mexi com isso. Foi até legal. Só gostaria de ter sido avisado que íamos começar a atuar nessa área. 

Tô pegando bomba no meu curso de inglês. Errei ontem e hoje muitas vezes o lance de colocar o S nos verbos e fiquei sem vidas. Mas agora acho que entendi. Amanhã não me pegam, espero.

Quinta, 23.04.

6h. Tem quatro pássaros de três espécies no abacateiro. Um deles está desde terça no mesmo lugar, todo mofino. E não tem como a gente chegar lá.

A gente bate palma e grita e ele se mexe de leve. Não está mumificado pelo sol ainda, mas até quando resistirá?

Tem dias em que me sinto vazio.

11h23. O passarinho está vivo e não mumificado, como achávamos. Mas não se move. 

20h22. O passarinho ainda está lá, vivo e imóvel. 

O coronavírus segue sua jornada assassina no Brasil e as autoridades liberando um monte de coisa para o povo se aglomere mais. 



Em Brasília, Moro ia deixar o ministério, mas acabou ficando. 

No grupo da família compartilharam um meme desses do gabinete do ódio dizendo que foi só o ministro novo assumir e os casos já quase negativado. Tive que printar os dados do próprio ministério e reforçar o óbvio:

Não se confiem dessas imagens que o povo do bolsonaro manda fazer. Tenham cuidado. Não tem caso caindo,  não é invenção da mídia e não vai ter respirador para todos. Em uma pesquisa rápida dá para saberem quantas enganações os caras inventam e compartilham em memes como este.

Sexta, 24.05

Sextou em Brasília. Sérgio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça de manhã e falou um monte do Bolsonaro. De tarde foi o Bolsonaro que falou um monte dele. Da fala do Bozo, fiz uma "cobertura" comentada no twitter, acompanhei outras, vi uma cacetada de memes durante todo o dia, ri dos seguidores do bolsonazi dizendo traídos e findei a tarde pensando: briguem, moder focas, briguem. 

Agora, algo mais próximo: o passarinho continua no mesmo galho há dias. Não se mexe para nada, mas continua vivo. Achamos que pode ser um tipo de pássaro Gandhi ou pássaro Buda em estado de meditação plena. 

O dólar bateu na casa dos R$ 6,91 nas casas de câmbio de São Paulo. 

Eu, nos stories lembrando que o Bozo taí em boa parte graças aos isentões e aos que disseram que estavam votando pela recuperação da economia

O coronavírus continuou na ativa, mas ficou ofuscado hoje pela briga de casal Moro-Bolso.

O Moro não foge ao seu hábito e liberou material para o Jornal Nacional mostrando que o Bolsonaro queria mesmo um novo chefe para a Polícia Federal para poder controlar as investigações. E também mostrou um print de sua afilhada de casamento pedindo-lhe paciência até o final do ano, quando viraria ministro do STF. Briguem, moder focas, briguem.

Teve muto meme hoje. Acho digno deixar alguns aqui para rir nos anos vindouros (tão bonito escrever "vindouros"): 

Este eu compartilhei no FB

Essa frase é minha




Meu conselho, vendo a coragem do povo em demostrar sua burrice e vendo alguns fanáticos emputecidos com os supostos movidos da saída do Moro 




Sou pessimista. Nada vai melhorar. Preparem os bolsos e corações 

Hoje fui atrás de saber há quanto tempo estamos em quarentena. Na primeira edição deste diário da Covid-19 vi que no dia 16.03 o Edgarzinho foi liberado das aulas e que dia 20.03 foi quando comecei no teletrabalho. Ou seja, faz quase 40 dias que meu filho não sai para canto nenhum e que eu não vejo a minha mãe pessoalmente. 

No grupo dos jornalistas aparecem os passadores de pano do bozo, justificando a troca do delegado geral e do ministro e ignorando as alegações de interferência. Pior raça, essa a dos passadores de pano da extrema direita. 

Sábado, 25.05.

Acho que fui dormir antes das 22h ontem. No começo do filme novo do ator que faz o Thor já estava perdendo cenas inteiras entre um piscar e outro. Resultado: cochilei e meia-noite acordei disposto que só, mas consegui dormir de novo. Aí às 4h estava tentando dormir na rede da varanda. Não consegui e lá pelas 5h decidi fazer o café da manhã. O gás acabou. Agora tenho que esperar até sete para fazer o pedido e estou morrendo de vontade de tomar alguma bebida quente. 

O passarinho continua no galho.

O gás chegou. São quase 8h. Finalmente posso fazer café ou chá e só porque não tem nada na geladeira e as compras que fizemos ontem pelo celular só chegam mais tarde.


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Este é o sexto registro dos meus dias de quarentena e distanciamento social durante a pandemia da covid-19. Tem outras postagens aqui.

Se você também está escrevendo sobre isso, deixa o link nos comentários que quero saber dos teus dias.

quarta-feira, abril 22, 2020

Noite de inverno - um vídeo poema

No sábado passado ventou forte e chuviscou. Avisos do inverno, pensei. Sentado na varanda de trás, escrevi, gravei, editei e carreguei o poema no youtube enquanto via as plantinhas balançarem.

Assiste e se gostar, curte o vídeo e se inscreve no canal para me estimular a continuar produzindo webliteratura em Roraima.

sexta-feira, abril 17, 2020

Diário da covid-19: em que dia estamos e até quando estaremos?

Sábado, 11/4

Irritado de tanto ver jornalistas entrando na onda do conspiracionismo em relação à covid-9, ontem à noite postei um texto no facebook. Estava meio de cabeça quente e acabei por chamar o povo de burro, mas foi sem querer querendo. Aí, o Marlen começou a falar de que não podia xingar o bolsoniro e acabamos dando uma volta ao mundo e fugindo do tema. Nisso ficamos um tempão. 

Uma das primeiras coisas que li hoje foi este texto do Leonardo Sakamoto sobre o discurso negacionista e como os caras fazem com que se torne um vírus: adaptável a qualquer situação. Tudo para dificultar o combate ao coronavírus e garantir a narrativa do bozo.

O que mais me chamou a atenção, entretanto, foi a parte em que ele fala sobre as expectativas de muita gente que acredita ser esta pandemia o momento de uma melhoria como humanidade. Muitos conhecidos apostam nisso. Eu estou com os dois pés atrás.

A manhã está lenta, não há muito o que fazer e fico nas redes sociais navegando. O lance de ficar passeando muito no Facebook é que a gente vê como algumas pessoas ficaram tapadas com o passar do tempo. Uma coisa que sempre aparece é a criminalização do que se poderia chamar de ideologia. A primeira vez que vi isso foi antes da eleição, quando o Márcio, antigo colega de escola que depois virou militar do Exército e seguidor fervoroso de alguma igreja evangélica qualquer, veio dizer que as ideologias faziam mal ao país e que o Bolsonaro estava acima delas, blá, blá,blá. Na época, achei apenas que fosse idiotice de quem nunca parou para pesquisar sobre o conceito, mas o lance é forte. Os caras trabalham uma narrativa afirmando que ideologia é ruim, que eles não são ideólogos e por isso atuam pelo bem do país, que defender algo que discorde do pensamento necropolítico deles é ideologia... Ou seja, são ideólogos, pero no mucho pois não se assumem mesmo sendo. Quem ganha uma discussão racional com gente tapada assim? Povo burro do caraio. Nunca leram nada além das correntes de whastapp e ficam pagando de sábios. 

Estou irritado. Vou aproveitar e passar pano na casa para ficar cansado e não pensar nas idiotices que escrevem. 

Tarde: as horas se arrastam.

Domingo, 12/4

7h25. Acabo de desistir de ir correr. Céu tá lindo, nublado, tá ventando gostosin e friozin. Na minha justificativa mental digo que esta semana fui umas cinco vezes correr e que mesmo tendo atingido só parte da quilometragem-meta em várias ocasiões, tá valendo. Balu me olha como se pensasse "E aí, vai correr ou dormir?". Zanny fez uma poda violenta nele ontem. Eu tô pensando em meu cabelo crescendo nas laterais e o risco que é ir num cabelereiro. 
(Cabelereiro é uma palavra engraçada de escrever. Só acerto com o corretor)


O olhar da cobrança


8h40. Terminei de capinar a frente da casa. Ou seja, hoje o exercício foi pros membros superiores. 
Dia de grandes descobertas sobre pequeninos heróis 

Zanny disse que ontem tava tendo festa no vizinho de trás, com direito a luz especial rebatendo nos muros e gente falando a toda hora no microfone. Eu tava desconfiando desde cedo, mas achei que fosse uma live sertaneja plugada na caixa de som ou um disco ao vivo, não aglomeração. Vivemos num dos bairros que está com a maior quantidade de casos da covid-19 em Boa Vista. Fazer festinha porque o mundo não pode parar é muita irresponsabilidade.

Noite: avanço cada vez mais no meu curso de inglês no Duolingo. O Freddy é professor de inglês na vida real e disse que tá valendo depois de ter-lhe contado que aprendi algumas coisas que não sabia. Quando tudo voltar ao normal quero inscrever o Edgarzinho na escola dele. Aliás, saudades do tempo em que fazíamos planos para sair de casa e levar o moleque nas atividades. 


Segunda, 13/04

Corro e chego aos 4,8 km. O tempo não é o abaixo de 30 minutos que sonho, mas deixo pra lá. Agora me empolguei com a quilometragem e quero fechar 5 km. Conto pra Zanny que havia muitos anos não corria tanto na rua, tipo umas três décadas. Na esteira sim. Na esteira eu voava em...que ano era aquilo mesmo? 2000, 2001? Namorava a Lidiane ainda. Tava recém-formado, tinha pulado de 64 kg para 73, 74 kg em quatro ou cinco anos anos e parecia uma bolachinha com o joelho doendo de tanto carregar peso extra. Entrei na academia, dominei a esteira e puxava ferro de leve. Cheguei a 68 kg com índice de gordura bem baixo, padrão atleta. 

Talvez tenha sido minha melhor forma física de todos os tempos. Talvez não. Bom é agora: estava com 80 ano passado, agora estou com 72 e pouquinho e me achando magrão. Meu Eu de 2001 diria: vamos baixar daí que não quero usar calça número 40. O meu Eu de 2020 diz: poha, olha aí, baixou de 42 para 40. Tá bonito, heim?  Ou seja, até o peso absoluto é relativo.

Há quanto tempo começou o distanciamento social obrigatório?


Uma homenagem justa


Quente, tarde quente. Eu no trabalho remoto, Zanny e Edgarzinho na aula remota. 

113 casos confirmados em Roraima  e aumentando. Estudo aponta que nacionalmente  apenas 8% dos casos estão sendo registrados. Ainda tem gente berrando que é tudo mentira e uma grande armação. Agora tem mais gente pedindo para ficarem em casa e gente respondendo que "fica você,  privilegiad@". Meu deus...que agonia. Que vontade de chorar que bateu agora à noite. Que agonia...Eu só queria que todos os que amo (e até os que não) entendessem e ficassem mais quietos. Festas podem esperar. Aniversários se comemoram todo ano. Fica em casa, poha!




Terça, 14/4

Fui dormir antes das 23h, acordei não sei que horas. Sei que bem antes das 5h peguei no celular para ver as horas e às 5h17 levantei. Fiz a comida, corri, inicialmente sem vontade, vontade mesmo era de ficar sentado fazendo nada, mas fazer nada no meio de horas e horas em que nada se pode fazer dá agonia. Corri bonito, meio tarde, já mais 7h15 quando saí, sol quente. Fiz 5,1 km. A meta de distância foi atingida. Amanhã, se correr, quero aumentar. Quero 5,5 km, depois 6 km. Por um momento surto e penso "que tal 10 km?". 

Falei pelo direct com o Luciano Abreu. Ele tá com covid-19, a Helen perdeu o pai e os dois estão isolados em Manaus, terra onde não param de surgir casos de coronavírus. Roraima está com medo do Amazonas. A cada dia surgem rumores de ônibus de gente de lá vindo para cá se recuperar. Verdade ou mentira, o povo já tá assustado. 


Terminei de ler o livro de contos do Scliar. 
Avancei pela manhã no artigo prometido à Leila. Isso me deixa feliz. Também fiz um ou dois poemas ontem. 

Antes de avançar no artigo, fiz a bobagem de ver um vídeo no perfil dos Jornalistas Livres no IG e no final chorei como se tivesse sido uma história real comigo, como se tivesse sido minha avó. Bateu um pavor da velhinha morrer por conta da covid-19.. Agora mesmo, enquanto escrevo, meus olhos voltaram a marejar. Baixei o vídeo e mandei no grupo da família (que quase não tem ninguém, mas ainda assim tem esse nome). Reforcei o dito há semanas: não deixem o povo baladeiro dos rolezinhos e saídas desnecessárias chegar perto da dona Maria José. Fiz isso e continuei chorando, como se tivessem me respondendo que ela havia contraído a doença e falecido. 

Quem sobreviver ao coronavírus vai ter anos de problemas mentais. 

Quarta, 15/04

Não fui correr. Queria dormir, mas o Balu me acordou. 

O compositor Aldir Blanc, autor de músicas como o Bêbado e o equilibrista e a fodástica que não canso de ouvir Catavento e girassol foi diagnosticado  no Rio com suspeita de covid-19. Ontem à noite não tinham feito esse exame e a família estava desesperada pedindo doação na internet para conseguir interná-lo num hospital particular. Nos públicos não tinha vaga nas UTIs, mas com a confirmação abriram vaga nos leitos destinados a estes casos , pelo que entendi.

Detalhe 1: primeiro exemplo de artista que vejo sendo atingido pela superlotação das unidades de saúde.

 Detalhe 2: compositor, apontou alguém na web, é o elo mais pobre na indústria da música. 


Tive fome o dia todo e não tinha nada além de porcarias para beliscar


Fiz e mandei a versão 003 do artigo para a Leila. Quando ouço jazz consigo me concentrar melhor na ciência, lembrei esta semana. Foi ouvindo jazz que escrevi quase toda a dissertação. Apliquei para o artigo também. 

Li um artigo jornalístico muito bom sobre a rotina nos hospitais lotados de Nova Iorque durante a pandemia. Assustador o que o descaso das autoridades pode fazer em casos como o da covid-19. 

Chega a notícia de tarde: morreu o escritor Rubem Fonseca aos 94 anos, fruto de parada cardíaca. Eu tenho uns três livros dele e não sabia que era tão velhinho. 

Abril tá fogo com as artes: anteontem  morreu o Moraes Moreira. Fiz a minha forma de homenagem particular: fiquei horas ouvindo suas músicas (esse espécie de tributo comecei a fazer quando trabalhava na UERR ainda com o Timóteo. Acho que o primeiro tributo foi ao Emílio Santiago). 


Quintal, 16/4

Acordei 6h16, corri 5,25 km, li o começo dos originais de um livro do Rodrigo ambientado em Paris, fiz suco, descasquei batata, comi, cochilei, trabalhei pra caramba editando material da UFRR, falei com o Timóteo pelo hangout, escrevi o release do concurso literário que estou ajudando a organizar também na UFRR, pesquisei sobre como comprar comida sem sair de casa, vi que o presidente demitiu o ministro da saúde, comi cuscuz, li uns contos, fiz meu curso de inglês, liguei pra minha mãe e vi TV. 


Antes de correr, a cara da derrota. Depois superei


A vida se repete quase sem variações todos os dias. 

A vida se repete...

Pelo menos há vida para repetir. 


Sexta, 17/4 

Noite de insônia, noite de dor no joelho. Acordo, como, desisto de ir correr e Zanny vem dizendo que seria bom ir bem cedo no supermercado comprar as verduras, legumes e frutas que estão faltando já. A geladeira está só água e gelo. Vamos no Goiana Expresso, vejo que continuam com as portas fechadas e peço para falar com o gerente, que não chegou ainda, mas o fiscal sim. O menino não responde ao meu bom dia, o que já me irrita. Enquanto digo que tenho uma sugestão, que é a segunda vez que passo no local e vejo as portas laterais fechadas e bom seria abrir para entrar corrente de ar, o rapaz fica olhando para outro lugar. Alguns segundos após ter terminado minha fala, ele responde, laconicamente: "Ok, vou informar o gerente" e volta a jogar o seu olhar no vazio. Bicho...até entendo que o povo acorda cedo, que tá puto de estar ali correndo risco, mas pelo menos, sei lá, finge que tá ouvindo direito o freguês. Desde que comecei a trabalhar sempre fiz isso. Mesmo quando sabia que estava perdendo meu tempo. 

Enfim... Fomos e voltamos para casa e ainda não eram 8h da manhã, mas como havia movimento entre a Aparecida e nossa casa. Parece que é só no meu trecho de corrida que as pessoas dormem e não circulam. No restante, só agitação. 

Chegamos. Aquele estresse de lavar tudo, passar álcool em tudo, tomar cuidado com os lugares onde encostamos, lavar toda a roupa, as compras...

Termino de ler o projeto de livro do Rodrigo e lhe mando uma mensagem de feliz aniversário. Gosto desse carioca. 

Izaura, minha antiga colega de colegiado de Literatura, Livro e Leitura no Ministério da Cultura, me liga lá de Goiás. Quer fazer um sarau digital. Conversamos, pré-combinamos e vamos ver o que dá. 


Máscara digital que ganhei hoje. Me representa


Tarde quente que só. 

Teletrabalho em ação. 

Leio que o governo estadual cancelou a volta ao trabalho na próxima quarta. 

Leio que uma carrada de militares da Operação Acolhida está com coronavírus. 

Leio que foram registrados casos de crianças com a Covid-19 nos abrigos.  

Leio no facebook as postagens de um cara do rock que acredita mesmo que os médicos e cientistas (logo quem mais está penando neste momento para acabar com a pandemia) fizeram experimentos para matar pessoas em Manaus e assim argumentar que a cloroquina não é eficiente para tratar da doença. E que teriam publicado isso. Assim de simples. Masoquista, vou ler os comentários e vejo a turminha de sempre mugindo. 

Depois disso, vejo como fechou a semana: 




"Ah, mas isso aí mata menos que...ah, mas a cloroquina deu certo em..". Teu toba, seu adorador de mortes e integrante de manada. 



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Este é o quinto registro dos meus dias de quarentena e distanciamento social durante a pandemia da covid-19. Tem outras postagens aqui.

Se você também está escrevendo sobre isso, deixa o link nos comentários que quero saber dos teus dias.

sexta-feira, abril 10, 2020

Diário da covid-19: rotinas, sustos e os casos aumentando em Boa Vista, a cidade do rolezinho

Domingo, 5/4.



 Ontem caminhamos Zanny e eu. Levei ela para conhecer a avenida de barro.Quase compramos essa TV, mas o dono disse que não é smart.

Quis levar o Edgarzinho, mas ele anda em assembleia permanente com os amigos pelo whastapp. Ficam em chamadas de áudio e vídeo jogando e trocando ideias como se estivessem todos no mesmo quarto. Menos mal para ele.

Não tem jejum aqui em casa para que deus mande a cura da covid-19. Fodam-se o Bolsonaro e todos os idiotas religiosos que ainda vivem com a cabeça na idade média.

Os números de casos positivos para a covid-19 passaram de 37 para 42.
Leio em algum lugar que Santa Catarina registrou uma morte pela doença e mesmo assim volta tudo à normalidade na segunda.  


Boa Vista é anormal. As pessoas se recusam a seguir as recomendações de distanciamento social e enchem as praças com passeios noturnos. Resultado: a prefeitura vai desligar as luzes para se diminuem os rolezinhos. Será que dá certo?

Mãe visitou a vó ontem. Ficou afastada, toda limpa no álcool, só para ser vista e diminuir a saudade que a velhinha tinha dela. Me conta que está perguntando por mim. Que dó não ir lá, mas é muito estranho chegar e não encostar, beijar sua mão, pedir a benção e receber um beijo na cabeça. Melhor evitar.

Chuviscou.

Há dias vinha notando: os venezuelanos não passam tanto agora aqui na rua oferecendo seus serviços.

André L. Souza fez uma thread legal sobre o porquê da galera entristecer no isolamento. Não importa se tu é rico, pobre, advogado ou balconista, saudável ou não. A parada é dentro de ti, não no bolso.



Terça, 7/4.
Fui dormir bem tarde, lá pelas 1h30, vendo (finalmente) a segunda temporada da série Titans. Achei superior à primeira, que se arrastava. Faltando poucos minutos para desligar a TV, apareceu um fantasma chamado Edgarzinho na sala...Foi dormir em nosso quarto. Enorme, agora ocupa quase metade da cama quando se esparrama. Que delícia quando ele deita no meu braço e bota sua perna no meu joelho. Chega me aqueço. E nesta noite de chuva e ventos fortes que fizeram o telhado tremer, isso foi bom demais. 

Pensei que ia dormir até tarde, somando frio mais TV madrugada adentro. O relógio biológico quase deixou, mas o Balu só espera eu me mexer na cama para começar a bater nela, como que dizendo "ei, ei, ei, eu tô aqui. Levanta pra me fazer carinho e abrir a janela, a porta, qualquer coisa. Se não levantar, faço xixi. Ei, ei, ei..."

Amanheceu frio. Como eu brinco, amanheceu quase Londres de tão frio:

Frio em Roraima


Dias bonitos


Depois chuviscou. Ainda bem que desde ontem havia decidido não ir correr hoje.

Vou trabalhar no artigo da Leila, dou uma olhada num conto da Vanessa e leio Os Diários do Isolamento para ver como o pessoal anda vivendo a quarentena por aí.

Quarta, 8/4.

Corro. Hoje já não está tão frio. O frio é bom, mas atrapalha a minha disposição. Me dá preguiça.

Minha avenida e eu

Leio no jornal e
nas redes que Boa Vista está em nível de emergência. Tipo “uau, estamos entre os tops dos tops da covid-19”.

O Ministério da Saúde faz o cálculo baseado no número de casos confirmados dividido pelo número gerado, dividindo a população por 100 mil. Por exemplo: Boa Vista tem 42 casos confirmados e uma população estimada de 400 mil habitantes, então o cálculo é o seguinte: 42 casos dividido por 4 (4 x 100 mil), totalizando 10,5 como índice registrado pelo MS.

Nas redes, ainda vejo muita gente divulgando seus encontros com a turma. E o tanto de gente que não posta os rolezinhos?

Morreu o pai do querido Paulo Segundo. O velhinho estava há um tempo em crise já, não lembro o motivo, mas faz tempo. Nestes tempos difíceis, velórios não são mais momentos de encontrar as pessoas para reconfortá-las.

O cantor Joemir Guimarães teve um AVC ontem à noite e hoje já estavam espalhando que havia morrido, o que foi desmentido pela sua esposa, a Cleide.

Se ontem tava frio, hoje não se teve mais lembrança disso.

Amanhã é ponto facultativo e sexta é feriado. Ou seja, sem trabalho remoto, sem redes para monitorar e ordens para seguir até segunda. A alegria do pobre quarentenado é ficar quieto. Talvez correr, se pode. Talvez beber, se pode. Ou se tem. Aqui em casa não tem nada para beber. E o pior é que eu só gosto de beber conversando e na rua. Talvez eu compre umas latinhas e converse comigo mesmo. 

 9/4, quinta.

Mandei uns áudios para a Leila pedindo mais explicações sobre o que devia fazer para melhorar o fucking artigo. Pedi que se imaginasse dando uma orientação presencial. Aí ela me mandou um podcast bem explicativo. Tudo isso ontem. Hoje fui decupar as informações. Era para tocar o projeto, mas fiquei cansado. Estou cansado, mentalmente cansado, e isso afeta o físico.

Hoje nem corri tanto, mas fiz umas flexões de peito como sempre. Quer dizer, fiz as que o Balu deixou que fizesse. Basta esticar o tapetinho de borracha no chão e ele já vai ocupando-o, como dizendo “obrigado, humano, por pensar no meu conforto. Agora me deixa à vontade”. Aí, quando ele não faz isso e eu começo a flexionar, corre e me lambe as mãos, quer me beijar, me mordiscar... Tipo “oba! Vamos brincar de termos a mesma altura ou quase!”. 

Até gravei uns vídeos hoje com ele fazendo isso. Já falei alguma vez no blog que o Balu tem uma pasta no google drive só para ele? Amores, amores.

Ah, não trabalhei no artigo, mas fiz uma crônica sobre café. A ideia é participar de um concurso com ela. Tenho que fazer outra. Quer dizer, não tenho, mas aí as chances aumentam.


Publiquei esta foto nas minhas redes sociais. Uma lembrança da oficina de literatura que ajudei o Marcelino Freire a fazer em Boa Vista há muitos anos.  Tempos bons, de aglomeração sem riscos. 

Os casos de contaminação aumentam. O governo divulga que uma senhora morreu, depois desconfirma, a imprensa registra, o perfil da prefeita se queixa das dificuldades para obter informação. No grupo de whastapp dos jornalista (entrei em um nesta semana. A quarentena faz a gente cometer loucuras), os assessores discutem sobre os caminhos das narrativas do governador e da prefeita.




Na internet, as lives bombam. Todo mundo tem o que cantar, contar, dizer, comentar, compartilhar. Eu quero ver, mas não tenho paciência. Fico apenas tentando terminar de ler os contos do Scliar e depois ver alguma série leve. Terminei hoje a segunda temporada de Altered Carbon. Gostei. Agora fiquei sem o que ver. Talvez seja um bom momento para retomar as temporadas atrasadas de The Walking Dead.
Sexta, 10/4.

Rolou insônia ontem e de madrugada estávamos Edgarzinho e eu vendo notícias sobre a NBA. A gente nunca vê nada de esportes e quando vemos já é sobre o que menos vemos.


Sexta-feira da paixão. Feriado. Acordei umas 6h40, tudo claro, quente. Decidi apenas comer e ficar quieto. Amanhã, se der, corro. Ou invisto energia em limpar a casa.

Feriado na quarentena é tipo, sei lá, tipo mais do mesmo (não consigo pensar em nada inteligente para criar uma cena mental). 

Fomos no Goiana comprar frutas e legumes. Quase todo mundo de máscara. No caminho lembro Zanny que devemos providenciar as nossas, mesmo que sejam de pano. Ela fica de ver com um contato que o irmão vai passar. No super, as pessoas me lembram aquelas cenas de notícias chinesas. Muitas com luvas, muitas com máscaras, algumas poucas sem. O mundo ficando cada vez mais igual nas cenas de jornal. 

Leio nos sites que o presidente saiu ontem e hoje para dar voltas em Brasília, foi tomar café em padarias, parou em farmácias, ajudou a aglomerar gente. Como um homem em um cargo tão importante pode demonstrar tanto desprezo pelas recomendações médicas e pelo histórico de situações que o mundo está enfrentando por ter desprezado as recomendações de distanciamento social? Como ainda há gente concordando com ele publicamente e nos redes sociais e ao mesmo tempo prevenindo-se da doença que o cara diz não existir? Essa falta de cognição, essa falta de sinapses mentais é fruto do que? Ajuda em que? Como é que tem servidor público quarentenado defendendo a volta do comércio, li em algum lugar.


As perguntas sobre bom senso que não deveríamos estar fazendo


Já vinha sendo alertado, mas agora acendeu a luz vermelha: a covid-19 vai ser um desastre entre os povos indígenas. A morte do garoto yanomami aqui em Boa Vista aponta isso. O menino ficou ao leu até morrer. Quantos parentes ele pode ter contaminado? 

Estresse familiar. Minha mãe fez um peixe assado e mandou pra gente, pois meu pai estava preocupado, achando que não tínhamos o que comer, já que não estamos, na cabeça dele, saindo para canto nenhum. De fato, tirando a corrida na avenida de barro e eventuais idas ao supermercado, não vamos a canto nenhum mesmo. Enfim, dona Neide fez o peixe e mandou. O pai veio, estacionou no quintal, desceu com as coisas no carro e enquanto eu estava indo guardar no banco de trás umas vasilhas, ele foi foi dar um abraço no Edgarzinho.

Carai.

Ficamos sem ação todos. Zanny ainda tentou argumentar que Edgarzinho é grupo de risco, mas ele disse que com fé nada pega. Eu só não dei uns berros porque Zanny sempre fala para ser mais gentil nessas situações e a minha mãe também já disse que fica triste quando eu discuto com ele por conta desses comportamentos. Só atinei a mandar ou pedir para Zanny mandar o menino tomar banho imediatamente.

Segurei para não ligar pra dona Neide, mas ela ficou sabendo lá pela voz do pai. Aí, foi conversar de mãe para mãe com Zanny, que me contou bem depois do almoço. Pediu desculpas pelo comportamento do velho. Como a mãe já sabia, reclamei com ela e expliquei todas as medidas de segurança que estamos tomando aqui para evitar que o moleque se contamine. Longas mensagens de áudio sobre nossa rotina de cuidados com o guri ela recebeu. Pelo que a Zanny contou, já haviam rolado uns gritos lá. A ideia das mensagens é estimulá-la a dar outros. Rio da minha intenção, mas rio de nervoso. 

As pessoas, mesmo as mais próximas, esquecem que o Edgarzinho é asmático, teve cinco pneumonias nos cinco primeiros anos de vida e quase morreu numa crise respiratória. A covid-19 é mais uma das muitas ameaças que ele vai enfrentar no mundo. Mundo este que a gente só bota agora dentro de casa depois de limpar direitinho com álcool.

Tarde quente. Quente não, abafada. Se estivesse ventando seria show. 


O mapa que o google fez/divulga/não sei bem para apontar os casos de coronavírus no mundo aponta que agora são 1.052 mortes no Brasil por conta do covid-19. No mundo inteiro já são 102.026. Isso obviamente registrando os casos que foram analisados. Vi um vídeo de prisioneiros enterrando caixões de novaiorquinos em uma vala comum. Uma cena de filme de pós-guerra, daquelas que a gente pensa "carai, ainda bem que não tá tendo mais dessas coisas no mundo". Mas aí tu se toca que a parada é real, presente e pode ocorrem em qualquer lugar. 

E ainda não chegamos no meio do pico de abril. 

Antes de publicar o diário, venho para o computador revisar as anotações. No final, vou ver a Folha para saber dos casos locais da doença, já que o relatório da Sesau não estava disponível quando abri o site. 

O que vejo: 

"Tenho medo da luz apagada na praça. Liga para espantar o bandido e poder passear

Gente canalha e sem escrúpulos tem em todo lugar e toda profissão, inclusive na que deveria ser um farol nestes momentos de crise na saúde. Mas não...vamos vender curas milagrosas que não dá nada. Só uma suspensão.O povo nem vai saber o nosso nome. 

Roraima fecha o dia com 75 casos confirmados e três mortes por coronavírus. 


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Este é o quarto registro dos meus dias de quarentena e distanciamento social durante a pandemia da covid-19. Tem outras postagens aqui.

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