Meus mundiais
O Sérgio postou dia desses sobre onde e o que estava vivendo nos últimos mundiais de futebol. Desde o post da Luma, tentei me lembrar qual foi a copa que acompanhei com tanta atenção como esta. Resultado: nunca havia assistido a tantos jogos desta competição.
Daí comecei a pensar onde estava na final de cada mundial que rolou desde meu nascimento. A conta ficou assim:
Argentina 1978 - Com certeza, estava dormindo ou no seio de mamãe.
Espanha 1982 ? Não lembro, mas é provável que estivesse brincando com os meus bonequinhos no quintal ou no quarto.
México 1986 ? Estava na quarta série. Fiquei sabendo bem depois que a Argentina era campeã.
Itália 1990 ? Ah, essa final eu lembro. Um gol apenas da Alemanha contra a Argentina. Assisti na casa do meu amigo Gustavo. Alguém falou que final com placar tão magrinho não valia a pena pagar aposta.
EUA 1994 ? Assisti na varanda da casa de meus avós.
França 1998 ? Não lembro. Acho que estava dormindo. Mas depois acompanhei tudo...
Coréia do Sul & Japão 2002 ? Estava dormindo na final. Apenas ouvi os gritos de meus primos e tios na casa ao lado. É ruim de assistir jogo às 7h da madrugada!
E você, lembra onde estava nas últimas finais da copa do mundo?
sexta-feira, junho 30, 2006
segunda-feira, junho 26, 2006
E com vocês, Lumita, a grande vencedora do prêmio "Acertei o placar nos jogos do Brasil"!!!!!!
(Rufar de tambores, histeria coletiva na blogosfera, milhões de acessos etc. etc. etc.)
Que a ficção de Luma ilumine a segunda-feira de todos nós.
Doce era a ilusão de segurança das rotinas. Prezava-as.
Mas aquele dia era um dia diferente.
O dia estava chuvoso, frio, e isso não a impediu de sair para a rua.
Vagueou sem destino até que entrou naquele mesmo café. Todos os dias era ali que ia almoçar e jantar.
Mal entrava e recebia um sorriso rasgado do garçom, que já nem perguntava, vinha apenas servir-lhe, com meia garrafa de água e meia garrafa de vinho.
Levava com ela um livro, fingia ler algumas páginas, mas essencialmente sonhava acordada. Pensava nele, na sua vida, alheia a tudo o que se passava a sua volta.
A chuva teimava em cair, fustigando as vidraças. Lá fora, viu gente que corria de um lado para o outro, tentando proteger-se.
Não reparou naquele homem, sentado à frente, que a olhou curioso.
Pagou e saiu. Não viu que o homem a seguiu.
Percorreu o caminho até a casa, cabeça baixa e olhar perdido.
Entrou no prédio e subiu as escadas. Não viu o homem....
Novamente saiu de casa e o destino levou-a ao mesmo café.
O garçom trouxe o jantar. A chuva estava suspensa e o negro da noite venceu a negritude daquele dia.
Repara num homem sentado à sua frente. Ele sorri, ela devolve o sorriso. Um sorriso triste, de alguém para quem a vida já nada significava.
Sem uma palavra, ele juntou-se a ela e acariciou-lhe uma das mãos. Mãos frias de um coração vazio....
Saíram juntos do café e percorreram as ruas da cidade.
E recostada a um carro, ela sonhou a sofreguidão de um grande amor.
Era o seu aniversário de casamento. Um casamento sem brilho, sem emoções, um fardo para a sua alma.
A partir desse dia, depois de muitos anos, sonha que vive um grande amor. Fantasia sobre a sua vida e revive, ainda que por breves momentos, o sabor da paixão.
Alguma coisa mudou dentro dela. Não olha mais os outros no café com olhar de indiferença, olha os outros clientes com uma curiosidade assanhada, como se pudesse beber deles a vida que não tinha: o casal de namorados a beijar-se; as três amigas que vinham desabafar suas mágoas e um casal de gays com ar culpado, que claramente tinham outras famílias em casa, mas que todos os dias se encontravam ali antes de subirem para um quarto do hotel ao lado.
Todos fantasiando a felicidade. Não se sentia mais só.
Tudo o que via, analisava, e o que não via, imaginava. Completava a realidade de cada um com os seus próprios sonhos e assim vivia feliz.
Saía dali somente quando começava a esvaziar, mas não ia ainda para casa.
Encostava-se em um carro. Rua vazia de vida naquela hora, via os carros que passavam e sentia a impressão que produzia neles. Muitos olhavam para ela como se fosse doida, com a curiosidade natural de ver uma mulher sozinha àquela hora da noite. Muitos homens solitários como ela, abrandavam, olhavam-na demoradamente, tentando percebê-la.
Às vezes, havia um que parava. Confundia-a com uma prostituta, perguntava-lhe o preço. Ela sorria, entrava no carro, fazia-lhe tudo e não levava nada.
O calor de um corpo, a intimidade, mesmo que falsa, para ela não tinha preço.
Separam-se, sem trocar um olhar ou uma palavra.
E com muito prazer,
Luma invadindo o espaço do Edgar
Beijus
(Rufar de tambores, histeria coletiva na blogosfera, milhões de acessos etc. etc. etc.)
Que a ficção de Luma ilumine a segunda-feira de todos nós.
Doce era a ilusão de segurança das rotinas. Prezava-as.
Mas aquele dia era um dia diferente.
O dia estava chuvoso, frio, e isso não a impediu de sair para a rua.
Vagueou sem destino até que entrou naquele mesmo café. Todos os dias era ali que ia almoçar e jantar.
Mal entrava e recebia um sorriso rasgado do garçom, que já nem perguntava, vinha apenas servir-lhe, com meia garrafa de água e meia garrafa de vinho.
Levava com ela um livro, fingia ler algumas páginas, mas essencialmente sonhava acordada. Pensava nele, na sua vida, alheia a tudo o que se passava a sua volta.
A chuva teimava em cair, fustigando as vidraças. Lá fora, viu gente que corria de um lado para o outro, tentando proteger-se.
Não reparou naquele homem, sentado à frente, que a olhou curioso.
Pagou e saiu. Não viu que o homem a seguiu.
Percorreu o caminho até a casa, cabeça baixa e olhar perdido.
Entrou no prédio e subiu as escadas. Não viu o homem....
Novamente saiu de casa e o destino levou-a ao mesmo café.
O garçom trouxe o jantar. A chuva estava suspensa e o negro da noite venceu a negritude daquele dia.
Repara num homem sentado à sua frente. Ele sorri, ela devolve o sorriso. Um sorriso triste, de alguém para quem a vida já nada significava.
Sem uma palavra, ele juntou-se a ela e acariciou-lhe uma das mãos. Mãos frias de um coração vazio....
Saíram juntos do café e percorreram as ruas da cidade.
E recostada a um carro, ela sonhou a sofreguidão de um grande amor.
Era o seu aniversário de casamento. Um casamento sem brilho, sem emoções, um fardo para a sua alma.
A partir desse dia, depois de muitos anos, sonha que vive um grande amor. Fantasia sobre a sua vida e revive, ainda que por breves momentos, o sabor da paixão.
Alguma coisa mudou dentro dela. Não olha mais os outros no café com olhar de indiferença, olha os outros clientes com uma curiosidade assanhada, como se pudesse beber deles a vida que não tinha: o casal de namorados a beijar-se; as três amigas que vinham desabafar suas mágoas e um casal de gays com ar culpado, que claramente tinham outras famílias em casa, mas que todos os dias se encontravam ali antes de subirem para um quarto do hotel ao lado.
Todos fantasiando a felicidade. Não se sentia mais só.
Tudo o que via, analisava, e o que não via, imaginava. Completava a realidade de cada um com os seus próprios sonhos e assim vivia feliz.
Saía dali somente quando começava a esvaziar, mas não ia ainda para casa.
Encostava-se em um carro. Rua vazia de vida naquela hora, via os carros que passavam e sentia a impressão que produzia neles. Muitos olhavam para ela como se fosse doida, com a curiosidade natural de ver uma mulher sozinha àquela hora da noite. Muitos homens solitários como ela, abrandavam, olhavam-na demoradamente, tentando percebê-la.
Às vezes, havia um que parava. Confundia-a com uma prostituta, perguntava-lhe o preço. Ela sorria, entrava no carro, fazia-lhe tudo e não levava nada.
O calor de um corpo, a intimidade, mesmo que falsa, para ela não tinha preço.
Separam-se, sem trocar um olhar ou uma palavra.
E com muito prazer,
Luma invadindo o espaço do Edgar
Beijus
sexta-feira, junho 23, 2006
Cotidiano (Ou sessão querido fotolog)
Sem mais futebol, sem cheias de rios, sem dores ou febres na alma. Apenas algumas fotos do cotidiano de um índio em Boa Vista.
Ler, ler e ler. E ainda falta tanto...
Para ler, que tal uns óculos direto do Feirão do Garimpeiro?
Sem mais futebol, sem cheias de rios, sem dores ou febres na alma. Apenas algumas fotos do cotidiano de um índio em Boa Vista.
Ler, ler e ler. E ainda falta tanto...
Para ler, que tal uns óculos direto do Feirão do Garimpeiro?
Consciência pesada? Joga nessa balança importada da Venezuela.
Raízes...
Uma nega bonita chamada Zanny...
Um indiozinho chamado Edgar...
A família do índio, pintada pela artista plástica macuxi Carmézia Emiliano...
quarta-feira, junho 21, 2006
Céu vermelho no Norte
Há duas formas de chegar a Boa Vista: em avião ou pela BR 174. A capital de Roraima fica a 758 km de Manaus, capital do Amazonas. Se alguém quiser sair daqui para o sudeste ou nordeste por terra, a maneira mais segura para não quebrar o carro é pegar uma balsa em Manaus e passar dias navegando no rio Amazonas até chegar no Pará.
Em caso de pressa, a solução mais fácil é pegar um vôo. O que leva dias por terra e água leva apenas algumas horas no ar. É claro que se for uma saída de Florianópolis, por exemplo, o viajante acorda cedo, perde um dia inteiro e chega em BV somente depois da meia-noite.
Apesar de tudo isso e do preço exagerado das passagens, o povo estava acostumado a essas duas opções e à comidinha furreca dos aviões.
Agora, com a crise da Varig, chegou a péssima notícia: a rota para Boa Vista foi cancelada. A empresa anunciou nesta quarta-feira que manterá os vôos somente até Manaus. Outras cidades na lista de vôos que não continuarão a ser operados são Belo Horizonte, Goiânia, Natal, Petrolina e Vitória. Ao lado, os jornais desta quinta-feira, 22. Como diz o pessoal da revista Trip, a gente deu antes e gostou.
Uma das conseqüências do cancelamento é que vão acabar os passeios até tarde no hall do aeroporto de Boa Vista. Quem nunca tinha vindo à cidade, costuma ficar surpreso com o número de pessoas que esperam amigos e parentes para levar para casa ou simplesmente dar um abraço antes dos demais.
Outro costume local é dar adeus ou oi aos passageiros desde um balcão onde é possível acompanhar embarques e desembarques. É como se fosse um mirante de vôos.
Outra notícia dos céus é a chuva que cai por aqui. Boa Vista está no meio do chamado inverno amazônico. O rio Branco, em cuja margem direita nasceu a cidade, subiu quase nove metros. Estamos vivendo a maior cheia desde 1996. Segundo a Defesa Civil, O número de desabrigados e desalojados ultrapassou a 400 pessoas. Nos abrigos são 157 pessoas de 30 famílias. A cada dia aumenta o volume das águas do rio e dos igarapés que cortam a cidade. Em alguns bairros, o que era rua virou lago. É a força da natureza, contra a qual nem sempre há o que fazer.
A Orla Taumanan, principal ponto turístico da cidade, é a referência para quem quer saber como está o humor do rio.
Há quem a visite diariamente para saber quanto subiu ou quanto desceu o Branco.
Essa foto é do sábado passado. A água ainda não havia escostado na laje.
E o inverno está apenas começando. Até o lago do parque Anauá, na parte central urbana, já ultrapassou os limites que a mão humana tentou impor-lhe.
terça-feira, junho 20, 2006
E a Lumita acertou...
Devia ter postado ontem, mas deu um pau na net local e não conseguia abrir nenhum blog, muito menos o blogger. Mesmo assim, aí vai, como se ainda fosse segunda:
2 X 0. O time caminha. Pesado, mas caminha. A Luma ganhou o prêmio do post anterior. Agora é ver se ela vai querer cobrar.
Está valendo a mesma promoção para o jogo de quinta-feira. Quem acertar o placar, leva o bolão da publicação. Mais barato que na promoção da Globo.
Manchete da Folha de S.Paulo: "Sem magia, Brasil vence e se classifica". A parte "e se classifica", em letras menores, parece um suspiro que vai da alegria ao muxoxo.
A parte boa da copa é que você pode ir para a casa dos parentes da namorada e empanturrar-se de graça com caldo e churrasco usando a desculpa da confraternização, do civismo esportivo e da socialização.
A parte ruim é ouvir piadas sobre o seu país de origem, que nunca se classificou para uma copa.
Dúvidas de todos os tipos podem te tomar ao ouvir o Galvão Bueno definir as cores do uniforme da Austrália como "um amarelo-fechado". Entre um pedaço de carne e outro, todos na sala perguntam: que cor é essa? E a da camisa brasileira, o que é então? Amarelo-aberto?
E no intervalo, o Faustão tirando onda com o resultado? Hilário.
Kaká. Até agora, esse é o cara da seleção.
Apesar da recuperação do fortucho Ronaldo, Robinho mandou bem melhor.
A ignorância é uma porcaria. Fred faz o gol e todo mundo pergunta: Fred? Quem é Fred?
Fred ficou tão empolgado que tentou levar a bola para casa, mas a Fifa não deixou.
O Miami Heat venceu o Dallas Mavericks por 101 a 100, na noite de domingo, e fez 3 a 2 na série melhor de sete da final da temporada 2005/06 da NBA. O próximo jogo está marcado para amanhã, e o último, se for preciso, será na quinta.
Devia ter postado ontem, mas deu um pau na net local e não conseguia abrir nenhum blog, muito menos o blogger. Mesmo assim, aí vai, como se ainda fosse segunda:
2 X 0. O time caminha. Pesado, mas caminha. A Luma ganhou o prêmio do post anterior. Agora é ver se ela vai querer cobrar.
Está valendo a mesma promoção para o jogo de quinta-feira. Quem acertar o placar, leva o bolão da publicação. Mais barato que na promoção da Globo.
Manchete da Folha de S.Paulo: "Sem magia, Brasil vence e se classifica". A parte "e se classifica", em letras menores, parece um suspiro que vai da alegria ao muxoxo.
A parte boa da copa é que você pode ir para a casa dos parentes da namorada e empanturrar-se de graça com caldo e churrasco usando a desculpa da confraternização, do civismo esportivo e da socialização.
A parte ruim é ouvir piadas sobre o seu país de origem, que nunca se classificou para uma copa.
Dúvidas de todos os tipos podem te tomar ao ouvir o Galvão Bueno definir as cores do uniforme da Austrália como "um amarelo-fechado". Entre um pedaço de carne e outro, todos na sala perguntam: que cor é essa? E a da camisa brasileira, o que é então? Amarelo-aberto?
E no intervalo, o Faustão tirando onda com o resultado? Hilário.
Kaká. Até agora, esse é o cara da seleção.
Apesar da recuperação do fortucho Ronaldo, Robinho mandou bem melhor.
A ignorância é uma porcaria. Fred faz o gol e todo mundo pergunta: Fred? Quem é Fred?
Fred ficou tão empolgado que tentou levar a bola para casa, mas a Fifa não deixou.
O Miami Heat venceu o Dallas Mavericks por 101 a 100, na noite de domingo, e fez 3 a 2 na série melhor de sete da final da temporada 2005/06 da NBA. O próximo jogo está marcado para amanhã, e o último, se for preciso, será na quinta.
sexta-feira, junho 16, 2006
Notícias da Copa da Alemanha
E aí, qual será o placar de domingo? Vamos fazer um bolão on-line de apostas sem fins lucrativos. Quem acertar, me manda um texto para publicação no Crônicas da Fronteira. Aposte, aposte, aposte e concorra a este fantástico prêmio!!!!!
A Holanda acaba de fazer um gol. (dei um ponto final lá embaixo, voltei para olhar de novo o texto e a Holanda já fez outro gol. Eficiência igualzi....A Costa do Marfim acaba de fazer o seu. Golaço. Isso é jogo. Continuando: Eficiência igualzinha à do time brasileiro.)
Igrejas alemãs exibem jogos para atrair fiéis, mas não vale xingar a mãe do juiz.
Os argentinos aplicaram a maior goleada da copa. A turma de Crespo e Tevez enfiou seis gols nos servo-montenegrinos. Aposto que a alegria dos platinos vai aumentar se o time do Brasil não mostrar um bom desempenho no domingo contra o time da Austrália, que entrará em campo com vários jogadores reservas.
Por bom desempenho, entenda-se pelos menos um placar com dois gols ou mais de diferença. Exatamente o que toda a turma de meu trabalho apostava que seria o resultado no primeiro jogo, disputado contra os croatas, que só levaram um gol.
Vocês já viram as roupas típicas alemãs? Como é que os homens vestiam aquelas roupas de jardineiro se dizem que lá faz tanto frio?
Neste jogo de domingo, o melhor time brasileiro desde 1982 (ou 86, estou confuso) tem a obrigação de mostrar entrosamento, alegria, espetáculo, qualidade, técnica, gols e dribles de todos os tipos. Não interessa como, não interessa que apesar de o Brasil ser o favorito, o futebol mundial esteja mais equilibrado a cada Copa.
E se não acontecer dessa forma, a culpa será dos Ronaldos. Tanto do gorducho-forte-pressionado Nazário, como do Gaúcho, o dentuço simpático que foi capa de todas as revistas semanais na semana passada.
Para quem está cansado de futebol, a pedida no domingo é relaxar vendo as finais da NBA. Ontem à noite, o Miami Heat venceu o Dallas Mavericks por 98 a 74, e empatou em 2 a 2 a série melhor de sete da final da temporada 2005/06 da NBA.
E se você está com pouca grana para o encontro de domingo, o Crônicas da Fronteira orienta: checa no site da Receita Federal se o teu nome saiu na lista da primeira restituição do Imposto de Renda. Quem sabe não voltou uma grana?
E aí, qual será o placar de domingo? Vamos fazer um bolão on-line de apostas sem fins lucrativos. Quem acertar, me manda um texto para publicação no Crônicas da Fronteira. Aposte, aposte, aposte e concorra a este fantástico prêmio!!!!!
A Holanda acaba de fazer um gol. (dei um ponto final lá embaixo, voltei para olhar de novo o texto e a Holanda já fez outro gol. Eficiência igualzi....A Costa do Marfim acaba de fazer o seu. Golaço. Isso é jogo. Continuando: Eficiência igualzinha à do time brasileiro.)
Igrejas alemãs exibem jogos para atrair fiéis, mas não vale xingar a mãe do juiz.
Os argentinos aplicaram a maior goleada da copa. A turma de Crespo e Tevez enfiou seis gols nos servo-montenegrinos. Aposto que a alegria dos platinos vai aumentar se o time do Brasil não mostrar um bom desempenho no domingo contra o time da Austrália, que entrará em campo com vários jogadores reservas.
Por bom desempenho, entenda-se pelos menos um placar com dois gols ou mais de diferença. Exatamente o que toda a turma de meu trabalho apostava que seria o resultado no primeiro jogo, disputado contra os croatas, que só levaram um gol.
Vocês já viram as roupas típicas alemãs? Como é que os homens vestiam aquelas roupas de jardineiro se dizem que lá faz tanto frio?
Neste jogo de domingo, o melhor time brasileiro desde 1982 (ou 86, estou confuso) tem a obrigação de mostrar entrosamento, alegria, espetáculo, qualidade, técnica, gols e dribles de todos os tipos. Não interessa como, não interessa que apesar de o Brasil ser o favorito, o futebol mundial esteja mais equilibrado a cada Copa.
E se não acontecer dessa forma, a culpa será dos Ronaldos. Tanto do gorducho-forte-pressionado Nazário, como do Gaúcho, o dentuço simpático que foi capa de todas as revistas semanais na semana passada.
Para quem está cansado de futebol, a pedida no domingo é relaxar vendo as finais da NBA. Ontem à noite, o Miami Heat venceu o Dallas Mavericks por 98 a 74, e empatou em 2 a 2 a série melhor de sete da final da temporada 2005/06 da NBA.
E se você está com pouca grana para o encontro de domingo, o Crônicas da Fronteira orienta: checa no site da Receita Federal se o teu nome saiu na lista da primeira restituição do Imposto de Renda. Quem sabe não voltou uma grana?
segunda-feira, junho 12, 2006
Histórias de índio: uma década e meia no Brasil (Ou: vamos acabar com a lenga-lenga para começar a falar da copa e do arraial Boa Vista Junina)
Cheguei no domingo 3 de fevereiro de 1991. Na segunda à tarde, lá estava eu, cursando a oitava série, em uma nova escola, novo país, nova língua e nova gramática, tanto de texto como de comportamento.
Larguei no meio o primeiro ano do ensino médio. As notas em física não dariam para aprovação nem que fosse para recuperação, pensei à época. É claro que a conta estava errada, mas já era tarde...
Se bem me lembro, durante todo o ensino médio, não houve ano em que não ficasse na berlinda em alguma matéria. Aliás, o resultado do vestibular saiu justamente na manhã do último dia de recuperação. Apesar da fama de bagunceiro e pouco afeito a prestar atenção nas aulas, fui um poucos (entre 5 e 10) alunos de minha escola que conseguiram entrar na universidade naquele ano.
A vontade era de cursar filosofia, psicologia ou fisioterapia. Mas em 1995 apenas a Universidade Federal de Roraima ofertava cursos superiores no Estado e nenhum desses estava na lista. Pelo gosto com a leitura, fiquei entre letras e jornalismo. Optei pelo segundo quando vi na ementa do curso uma disciplina chamada "Comunicação Comunitária". Acho que fiz uma boa escolha.
Em terras brasileiras aprendi a jogar (pessimamente) vôlei e andar de bicicleta e mobilete. Desleixado, somente tentei dirigir carro há quatro anos e passei quase 24 meses entre fazer o exame de habilitação e me lembrar de pegar a CNH no Detran.
Cabelo comprido, bermuda, camiseta e uma mochila nas costas. Esse é o meu visual preferido até hoje, apesar de tudo.
Aos 18 anos, tive a minha primeira desilusão amorosa, com um fora daqueles. Mas acho que a grande perturbação foi ter sido justamente no auge das músicas melosas do pagode romântico. Daí, não tinha como superar rápido.
Entre 1991 e 1998, quando comecei no extinto jornal O Diário como repórter, trabalhei como office-boy, datilografei trabalhos para colegas, alfabetizei adultos, vendi fotos para capoeiristas e fui monitor de várias oficinas do Sesc. Grana pouca, economia muita.
Estive na Guiana, Peru e Bolívia, passei um mês em São Paulo esperando o resultado do concurso de estágio para novos repórteres do Estado de S.Paulo, aplaudi Fidel Castro e vaiei Zé Dirceu no Ginásio Mineirinho durante um congresso da Une, desfrutei das praias e do frio de Florianópolis, superei os 2.875 metros de altitude do Monte Roraima e andei por garimpos de ouro do outro lado da fronteira venezuelana.
Já escrevi para revistas regionais, fui professor substituto da UFRR, ativei o blog Crônicas da Fronteira em 7 de julho de 2004 e estou no mesmo local de trabalho desde 1999, atualmente no maior posto hierárquico do setor.
Algumas pessoas gostam muito de mim, muitas me detestam profundamente. Graças ao cargo que ocupo no momento, meus amigos dizem que a carga de veneno e inveja que despejam sobre o meu nome aumentou 100%. Mas como a vida é assim mesmo, vamos vivê-la, sem medo de urucubaca.
Taí, 15 anos de vida em pouco mais de três mil toques. É a vida de um índio em terras estrangeiras.
quarta-feira, junho 07, 2006
Histórias de índio: da infância à migração
Até a quarta serie sempre fui um dos melhores (e menores) alunos da sala. Na Venezuela, a nota máxima é (ou era, tantas mudanças acontecem e a gente não fica sabendo) 20. Eu, na base de muita pressão maternal, batia sempre 18, 19 e 20. Ai de mim se tirasse algo abaixo disso...
Em Guasipati, nome de meu pueblito¸ só havia rádio AM naquele tempo distante. Todos os dias ouvia a radionovela "Taguari, el rei blanco de la selva" e outras. Também ouvíamos à noite o programa de recados de uma rádio AM de Boa Vista. Numa era pré-internet e sem grana para telefonar periodicamente, "O Mensageiro do Ar" alegrou muito a minha mãe com as notícias da família.
Ali pelos 11, 12 anos comecei a jogar bola com os amigos todos os dias. Perna-de-pau no ataque, era bom na defesa, mas com certeza nunca chegaria a ser profissional. O bom dessa época é que ampliou o meu círculo de conhecidos, já que andava em quase todos os bairros do pueblo jogando, e aproveitei para conhecer outras duas cidades. O ruim era ouvir o maldito comentário: "Nossa, mas como é possível que um brasileiro jogue tão mal?".
Foi mais ou menos nessa época que trabalhei vendendo picolé. Passar o dia na rua me ajudou a ganhar malícia e deixar de ser muito bobo. Ganhava por semana o mesmo que um operário de empresa mineradora. Mesmo assim, ai de mim se saísse para passear na pracinha ou na rua de cima e chegasse depois das 21h. Dona Neide não perdoava atrasos.
Nessa época, ainda continuava um covar...quer dizer, pacifista, evitando as brigas tão comuns entre os moleques de minha idade. O paradoxo é que nas três ou quatro em que me meteram, acabei levando a melhor. Daí, ninguém mais se metia comigo e eu aproveitava para não procurar encrenca com ninguém.
Por ser fominha de bola na escola, repeti o primeiro ano do liceu, equivalente no Brasil à sétima série. Pense na surra e no castigo imposto pela dona Neide... O pior é que havia aprovado em Geografia, mas o professor errou na hora de jogar a nota. Em compensação, no ano seguinte fui um dos melhores da turma.
Ah, como peguei bomba em quatro ou cinco e não fiz o exame de recuperação, passei um ano com aquelas matérias apenas. Sobrava um tempo louco para jogar futsal.
O time da Sétima B, com o complicado nome de "Parepacupa", chegou a ser vice-campeão do torneio do Liceu. Perdemos apenas para os velhotes do terceiro ano, todos da base da seleção municipal de futebol e futsal. Mas perdemos na moedinha, depois do jogo, da prorrogação e dos pênaltis. Maldita moedinha!
Por esses meses, percebi que Guasipati não era o meu lugar. Sem emprego, sem oportunidade de fazer os cursos profissionalizantes que quase todos os meus conhecidos faziam no Ince (o Senai da Venezuela), sem vocação para peão e sem vontade de ser mais um jovem venezuelano que teria na cerveja Polar e nas apostas de sinuca, jogos de azar e corridas hípicas o seu divertimento ? além do risco de casar cedo e ter logo 2 filhos nas costas, o que aconteceu com 98% dos meus amigos do bairro ? decidi que era hora de mudar os ares.
Dona Neide não queria voltar. Apesar da vida dura, já estava acostumada com a Venezuela, recomeços sempre são difíceis, blá blá blá. E eu pensando: "quer ficar, fica. Eu vou". Acabou voltando ao Brasil para acompanhar o filho único em seu surto de loucura.
Chegamos no dia 3 de fevereiro de 1991, carregando roupas, ventilador e centenas de gibis. Estava com 14 anos e oito meses de idade. O resto da história, só em outro post, se houver interesse manifesto.
segunda-feira, junho 05, 2006
Histórias de índio: infância
Nasci apressado, antes dos nove meses de gestação. Para aprender a controlar a ansiedade, passei uns dias na incubadora.
Naquele dia, conta minha avó Maria José, chovia muito. Era junho, quando o inverno amazônico já está com tudo, elevando o nível dos rios e das lagoas.
Conta dona Neide que a minha primeira palavra escrita foi "Deus".
Ainda lembro daquele gibi do Scooby Doo em português que a professora pegou no jardim de infância e nunca mais devolveu.
Na Venezuela, todos me chamavam de "brasilerito". Quando vinha passar as férias no Brasil, me chamavam de "mira, muchacho".
Entre os seis e oito, acredito, tive hepatite e fui considerado caso perdido pelos médicos. Com muito carinho de mãe, ervas medicinais, frutas e uma promessa à Santa Virgen de la Pastora, sobrevivi.
Aos nove anos queria ser dono de uma banca de revistas.
Acho que entre os 10 e 11 anos era apaixonado pela Blanca num mês e pela Rocio no outro.
Quando moleque, lia e entendia bem o português. Pensava que falava bem, mas era uma ilusão.
Fui um moleque quieto demais, chorão demais, protegido demais.
Fui beijado na boca, com língua e tudo, pela primeira vez aos 10 anos. Fiquei de olho aberto para ver que história gostosa era essa. Foi bom...
Nasci apressado, antes dos nove meses de gestação. Para aprender a controlar a ansiedade, passei uns dias na incubadora.
Naquele dia, conta minha avó Maria José, chovia muito. Era junho, quando o inverno amazônico já está com tudo, elevando o nível dos rios e das lagoas.
Conta dona Neide que a minha primeira palavra escrita foi "Deus".
Ainda lembro daquele gibi do Scooby Doo em português que a professora pegou no jardim de infância e nunca mais devolveu.
Na Venezuela, todos me chamavam de "brasilerito". Quando vinha passar as férias no Brasil, me chamavam de "mira, muchacho".
Entre os seis e oito, acredito, tive hepatite e fui considerado caso perdido pelos médicos. Com muito carinho de mãe, ervas medicinais, frutas e uma promessa à Santa Virgen de la Pastora, sobrevivi.
Aos nove anos queria ser dono de uma banca de revistas.
Acho que entre os 10 e 11 anos era apaixonado pela Blanca num mês e pela Rocio no outro.
Quando moleque, lia e entendia bem o português. Pensava que falava bem, mas era uma ilusão.
Fui um moleque quieto demais, chorão demais, protegido demais.
Fui beijado na boca, com língua e tudo, pela primeira vez aos 10 anos. Fiquei de olho aberto para ver que história gostosa era essa. Foi bom...
Assinar:
Postagens (Atom)