terça-feira, janeiro 30, 2018

Um poema sobre verdades e dores

Todas las noches


un demonio llora en el cuarto

pobre demonio

lleva en su piel grandes dolores:

todas las verdades del mundo.


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Poema que achei perdido nas lembranças que o Facebook apresenta todos os dias. Não lembrava dele e para que não voltasse a acontecer, jogo ele aqui para vocês...

terça-feira, janeiro 23, 2018

Autodescrição


Eu sou do bem. Não procuro encrenca com ninguém, não me meto na vida dos daqui nem daqueles do além. 
Acho que sou do bem. 
Não sei...
Vivo nessa incerteza de me autodefinir tão generosamente.
Não fico remoendo ódios contra quem me incomoda. 
Prefiro lembrar das coisas boas da vida. 
Das risadas e bons momentos tidos com os amigos e com os amores.
Mas...
Sou frio com os que me incomodam
E carrego em mim rancores eternos, guardados em cofres que só precisam de um toque para abrir. 
Carrego-os sem querer, tentando esquecê-los em quartos lá no fundo do quintal, mas eles estão alertas, sempre dispostos a acordar quando o motivo de terem nascido aparece ali na esquina, no bar, no próximo sinal. 
Sou mais o cinza que o preto e branco. 
Sou binário dia sim, dia não, noutros talvez
Oscilando entre o muro do meio e a curva pra esquerda
Sou cinismo temporário, por vezes estabelecido, esperança renascida, desilusão permanente, improviso constante. 
Sou procrastinação, rei do depois e para que tanta pressa.
Sou preocupação sem agonia, pura tensão contida.
Anoto os compromissos do dia para saber das obrigações do futuro enquanto olho o presente como se nada, pensando em como seria se ontem tivesse agido diferente. 
Sou confusão mascarada, sonolência no meio da tarde, agitação ao sol nascente.
Eu sou da sombra, fugitivo do calor, senhor do vamos mais tarde depois que esfriar, amante das brisas noturnas de janeiro.
Sou o silente que incomoda e faz acreditar que nunca estou ou estive ali.
Sou lembrança de amores que se assustaram, voaram, ficaram.
Olho fechado, asiático, indígena, sangue nativo, América do Sul fazendo o coração bater, a vida pulsar, desejos correrem nas veias. 
Sou o meio do mundo 
Sou observação, observador de incertezas
Sou olhar desatento, fugidio
Sou o meio do mundo 
Cansaço
Motivação
Aguardo
Movimentação
Cinzento como a vida é
Lentidão e fome ao acordar 
Sou o andar lento da antropofagia
Sou o que somos e sou o que seria

sexta-feira, janeiro 19, 2018

Crônica sobre um filme, economia e algo de pessimismo

Ontem foi quinta-feira, se acaso você está chegando aqui numa data bem
Créditos: http://bit.ly/2BezGZG 
distante desta postagem. Fui dormir hoje, sexta, lá pela uma da manhã, depois de terminar de ver o filme A Grande Aposta (The Big Short, no título original), obra inspirada em um livro que mostra a movimentação de uma turma da bolsa de valores que sacou que ia rolar um crash violentíssimo no mercado imobiliário estadounidense no ano de 2008. É um bom filme, meio confuso se você não tiver nenhuma intimidade com termos desse mundo das ações, mas nada que atrapalhe seu acompanhamento, visto que há personagens e legendas explicando alguns conceitos mostrados. 


2008 foi o ano em que o Edgarzinho nasceu. Dia dez de janeiro. Completou dez anos agora, em 2018, já senta no banco da frente do carro e não entende muito de economia, mas já economiza (às vezes) a mesada que recebe e me faz perguntas regularmente sobre coisas como a diferença entre o cartão de crédito e o de débito.

Eu li naquela época sobre o estouro da bolha imobiliária, soube que afetou a economia norte-americana e que isso repercutiu em outros países, mas nunca me interessei muito por ela. O filme de ontem (ou de hoje, se você está acessando mesmo na sexta-feira em que estou publicando isto) me forçou a relembrar as coisas que lia espontaneamente sobre esse tipo de acontecimento econômico, uma das minhas conclusões e a de especialistas: quando você peneira bem o significado das notícias, acaba percebendo que os donos do capital nunca perdem. 

Não tem nada de delírio comunista ou socialista nisso. É economia básica: quem se quebra é o correntista, o cara que fez o empréstimo, o cara que de repente queria fazer um empréstimo e agora não vai mais encarar. Os banqueiros, os donos do capital, sempre saem tranquilos. É o capitalismo que se garante às custas do dinheiro pago pelo contribuinte, que fica irritado e começa a rosnar quando há manifestações e alguma vidraça de banco é quebrada, levando aquilo para o lado pessoal, como se o Bradesco ou Itaú ou sei lá quem se importasse em baixar os juros do cartão, por exemplo.

Voltando ao filme: fiquei pensando nele um bocado de tempo depois que deitei. Isso não acontecia havia muito tempo. Costumo parar para ver filmes e séries somente depois das 21h. Aí conecto o notebook na TV e fico lá, ocupando minhas horas com diversão audiovisual. Mas sou desses que se desconecta do que viu em poucos minutos. Até porque como é sempre tarde, basta encostar a cabeça no travesseiro que já estou dormindo. Mas ontem não foi assim. Fiquei remoendo cenas do filme e misturando elas com lembranças de leituras.

Me deu uma tristeza por quem é vítima no Brasil dos 323,7%% ao ano dos juros no cartão e tem outros tipos de dívidas impagáveis no banco por motivos não fúteis (As dívidas fúteis, como as criadas por comprar roupas caras, celulares e idiotices do tipo, são merecidamente complicadoras). Fiquei pensando na droga de país que nós, os pobres, os classe média remediados, os sem renda além daquela que é fruto de ir todo dia ao trabalho, os que achavam que o mundo ia ficar um pouquinho melhor, estamos deixando para os nossos filhos. Me deu uma tristeza tão grande que não consigo sequer (d)escrever bem isso.  

Talvez minha melhor ação ontem tivesse sido escolher um filme de aventura ou uma série qualquer em vez de um filme um pouco mais cabeça. Mas aí hoje, quando terminei de vê-lo, já era tarde. 

quarta-feira, janeiro 10, 2018

E chegamos à primeira década de vida do Edgarzinho!


Há dez anos, às 3 da madrugada de um dia como hoje, Zanny me acordou para dizer que a bolsa havia estourado. Lembro que estava dormindo de bruços, com um travesseiro sobre a cabeça e o braço doendo de tanto mexer com martelo e coisas pesadas no dia anterior. Quando comecei a levantar, no estilo flexão de peito, ela me disse para ficar tranquilo, pois achava que ainda ia demorar para começar a sentir contrações. Em algum lugar de nossos HDs tem um vídeo que me mostra voltando a dormir imediatamente… 


O molequinho completa neste 10 de janeiro a sua primeira década

Essa é a primeira lembrança que tenho do dia 10 de janeiro de 2008, data em que o Edgarzinho veio ao mundo. Ou, como mandei por SMS para algumas pessoas, data em que estava nascendo o mais novo indiozinho do lavrado.


Daquela madrugada até hoje se passou exatamente uma década. O mundo mudou quase que totalmente nesse período, para bem e para mal. Edgarzinho, como ser em formação, mudou muito desde então. Eu também. 

Rapel básico para ir se acostumando com os desafios da vida

Nos conhecemos bem e sabemos o que fazer para irritar e fazer rir um ao outro. Sabemos reconhecer nossos tons de ironia e temos conversas nas quais um fala e o outro finge estar interessado… 


Mamis Zanny e papis Edgar com o filhote

Na média geral, tenho sido (ou me esforçado muito para ser) um bom pai, do tipo que está presente quando se precisa estar presente, que briga e abraça, que se esforça e tenta superar suas preguiças e limitações para tentar criar um bom sujeito. 

Brincando de Naruto (ou seria Avatar?) na praia do Caçari



Dominadores da água em ação!
Óbvio que a mamis Zanny me acompanha nesse processo, às vezes com mais afinco que eu em vários (muitos?) setores. Fazemos nossos papéis, misturamos nossas ações e vamos buscando o equilíbrio na formação do menino. Temos nossas falhas, sabemos quais são e buscamos superá-las. Vamos tentando, tentando, tentando.


Em certas ocasiões, damos uma de policial malvado e policial bonzinho para equilibrar e fazer andar o processo. Discutimos muito os nossos pontos de vista sobre o que achamos melhor para o moleque, debatemos o debate e caminhamos a vereda da criação do jeito que achamos melhor: dando-lhe amor e mostrando que fazer o bem sempre é bom, mesmo que o troco nem sempre seja legal. 


Edzinho com a vó paterna Neide e a bisavó Maria José -2017

Ouvindo histórias lidas pela vó materna Alba
Neste dia tão especial para nós, para mim, vamos cortar um bolinho lá na casa de sua bisavó Maria José, mãe de dona Neide, sua vó paterna. Com certeza vamos lembrar de alguns momentos, talvez recontar como foi a agonia de esperá-lo nascer, tão demorado que foi o processo.


Com o primo Saulo Borges

Quiçá diga que me lembro da hora exata em que nasceu: 13h55. E aproveite, como sempre, para contar o motivo de ter gravado o momento: era o horário em que saía de casa para chegar às 14h na UERR, onde trabalhava à época de seu nascimento.


Abraços matutinos e sonolentos
Talvez falemos de como adoramos ir tomar banho de rio e comentemos que desde o ano passado não vamos à praia Grande com receio das mordidas das piranhas que dia sim, dia não, mordem um banhista.

Em Pacaraima, com a amiguinha Liz Camargo

Pode ser que eu repita a história de como ele foi a primeira pessoa com a qual consegui dormir colado noites inteiras, inclusive procurando-o pela cama para mantê-lo por perto, bem oposto ao que fazia com as outras figuras que havia conhecido antes. 

Lanchando com a irmã Lai Dantas

Também existe a chance de contar como em 2017 ele descobriu o mundo dos animes e começou a ler os mangás da Turma da Mônica, mas que ainda tem certa preguicinha para a leitura, o que me chateia, mas enfim… Nesse momento talvez a Zanny fale dos ritmos de cada um e me lembre das inúmeras crises respiratórias que o levaram a ser internado ou ficar de cama em casa desde que nasceu. 

Refazendo a mesna pose de uma foto que fez há uns oito anos com a amiga Isabela Quintelas

Daí eu possivelmente retrucarei algo e passe para uma boa lembrança do ano passado: nossa aventura pelo mundo dos jogos de damas, dominó (mais ao meu lado) e xadrez (uma caminhada com Zanny, Lai – irmã do pequeno-, e a vó Alba). Bem capaz de nessa hora ele pular na conversar e citar o quanto gosta de jogar beyblade (o pião contemporâneo, pra quem não sabe) com os coleguinhas que vez ou outra aparecem lá em casa. 

Talvez não façamos nada disso. Quem sabe o que pode rolar numa festa familiar? É tanta experiência, é tanta vivência que a gente torna rotina e ama na sua cotidianidade que a única certeza destacada é que todos amamos esse molequinho lindo que veio para mudar positivamente a minha, a nossa vida.

Que venham os próximos anos.

P.S.:

Aqui no blog tem um marcador para as postagens nas quais Edzinho é personagem principal ou coadjuvante. Basta clicar aqui e verá tudo o que falei dele desde que nasceu.


Clicando nesse marcador encontrei duas postagens sobre aniversários do pequeno indiozinho: uma sobre os seis anos e outra sobre os cinco. Confere.