segunda-feira, julho 31, 2006

Prevenção


De repente, no meio do café da manhã, ele perguntou:

- Ei, tu teve um orgasmo ontem, não foi?

Ela ficou estática, chocada com o questionamento, e respondeu:

- Que tipo de pergunta é essa?

Ele, olhando para o seu pedaço de cuzcuz, disse:

- Nada não, é que passou no rádio que hoje é dia do orgasmo. E como tu gosta de ganhar presente por tudo, só quero te avisar que se tu teve um orgasmo ontem, te contenta com ele, que hoje estou cheio de serviço.

terça-feira, julho 25, 2006

Refrão

Quando estava indo embora, ela disse:

- Gostei da noite. Quando quiser me ver de novo, liga neste número.

Ele, encabulado, preso à sua ética pessoal, respondeu, temeroso:

- Até que gostaria, mas você é a namorada de meu melhor amigo. E se perdermos o controle e algo a mais rolar?

Ela o olhou no fundo dos olhos, suspirou e cochichou em seu ouvido:

- Não quero parecer insensível, mas o que os olhos não vêem, o coração não sente. E se um não quiser, dois não se enrolam.

quarta-feira, julho 19, 2006

Lições da vida após a visita da morte


Nunca se perca de quem você gosta.

De vez em quando, ligue para uma pessoa amiga e diga-lhe o quanto gosta dela.

Sorria mais de quem só quer viver sério.

Ame. Ame nem que seja uma ave, mas ame e demonstre.

Viva o dia. E se for o seu perfil, a noite também.

Reúna-se de vez em quando com pessoas queridas e inteligentes. Faz bem à alma e ao cérebro.

Procure entender como é o outro, o desconhecido, e descubra novos matizes da existência.


...............

Agora, também brincando no Overmundo.

segunda-feira, julho 17, 2006

Justificativas de índio

O blog está completamente às traças, com as baratas fazendo a festa e devorando os bits de cada texto. Ando trabalhando muito. Não estou reclamando disso. Pelo contrário, estou na melhor fase profissional da minha relativamente curta vida.

Ando meio sem vontade de escrever. Falta a dose certa de inspiração e gana de transpiração. Ando meio seleção brasileira, na real. Não são problemas pessoas. Aliás, se há algo do que posso me alegrar é da falta de grandes problemas pessoais. Nisso sou bem diferente de todas as pessoas que me rodeiam. Cada uma tem um drama para contar ou resolver. Eu, no máximo, me preocupo (quando lembro) da falta de um tema para a monografia.

Acho que é a saudade da aldeia, de pescar de noite no rio, brigar com jacaré, de ficar na rede quieto para evitar chamar a atenção do Canaimé, de acordar cedo para ir caçar...Ops, peraí, saudosismo não. Também não era tudo isso de bom a vida na maloca.
Bom, talvez seja só preguiça, sem tanta filosofia ou elucubrações. Por isso não escrevi nada no dia 7 de julho, quando o Crônicas da Fronteira completou dois anos de existência, ou no dia 9, quando meu querido município, Boa Vista, chegou ao 116º aniversário.

Para não deixar a poeira tomar conta do blog, resolvi colocar um texto tolo rabiscado no caderno entre as 22h e as zero horas, depois de uma aula de segunda ou quinta-feira.

Visitas? Assim que estiver mais folgado vou retribuir todas. Pode ser hoje ou amanhã. Quem sabe o que a vida nos guarda para daqui a algumas horas?
Beijos índios a todos.




Mão no queixo, silêncio.
A parede branca, mesa bagunçada.
Memórias, papéis velhos.
Maio se esvai, águas chegam.
Como se fala da inquietação?

Fotos, conchas do mar, canetas
Objetos e outras mil coisas se valor.
Notícias velhas, contas de energia.
É muito fácil pintar a inquietação.

Uma mosca, um copo d?água, calor.
Palavras para ler e guardar.
Um caminho sem sinalização de volta.
Uma foto do presente
Como escritores definem inquietação?

Jazz no canal de áudio.
Músicas com gaitas escocesas falam de rosas.
Substantivos, adjetivos, desconstruções gramaticais.
Traduções, induções, possessões.
Para quê tanta inquietação?

quarta-feira, julho 12, 2006

Ocupado.
Volte amanhã.
O dono manda avisar que vai grudar um cartaz de poesia.
Ou quem sabe um bilhete com uma prosa.
A leitura será (espera-se) boa.

segunda-feira, julho 03, 2006

Texto do Sérgio, mais um acertador do bolão do Crônicas da Fronteira, sobre um jogo da copa de 1998, muito semelhante ao de sábado. E com uma pitada de teoria da conspiração.

Porque Voltamos

...E naquela tarde ele já se sentira mal, os amigos ficaram apreensivos, e logo vazou...A equipe adversária soube, e um dos jogadores, que era seu amigo, ligou preocupado pra concentração...Não quiseram dar mais detalhes... "comeu um doce e passou mal..."...Só isso, mas foi o bastante...Era sexta-feira e provavelmente Saulinho não jogaria no domingo.

Exames para lá e repousos pra cá, e no fim, abatido, disse que queria jogar de qualquer maneira...Achava que devia isso ao povo. Foi aconselhado a pensar e só na hora do jogo decidiriam o que fazer. Ferreira estava muito aflito, era como se fosse com seu filho. Os nervos da equipe estavam em frangalhos. Matheus disse que por ele Saulinho não jogaria e caiu sobre os ombros do mais experiente e do jogador a difícil decisão. Jogar ou não jogar?

Faltando uma hora para o jogo, alguém põe um envelope embaixo da porta. Alguém leu e houve uma reunião a portas fechadas. Demorou muito até alguém quebrar o silencio. Então o maioral disse: - Temos que perder o jogo! Todos se perguntaram, e perguntaram aos outros...- Como???.....- Estamos obedecendo ordens!...Foi o que falou o "seu" maioral.

Na entrada do campo uns concordavam, outros não. Chamaram o Saulinho no canto, e lhe disseram algo...Ela acenou com a cabeça...- Que vergonha! ? pensou. Num jogo em que o time estava irreconhecível, nervoso, querendo gritar, o placar foi 3 x 0 para o adversário. Era inacreditável. Eles foram os campeões.