Mostrando postagens com marcador chuva. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador chuva. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, outubro 17, 2019

Sobre chuvas, preocupações pós-vida e e meus quase livros publicados


Choveu. E muito. Choveu como se não fosse outubro esta semana. Ainda bem, ainda bem. Domingo o ar parecia estar sumindo, muito quente. Aí então choveu como se o mundo fosse desabar, com raios e trovões que fazem Balu, meu cachorro lindo, sair louco pela casa atrás do bicho que está fazendo “bruuuum” em nosso quintal.

Choveu e minhas articulações parecem que enferrujam. Como será o dia em que for mais velho e vá morar em um lugar frio? Chegará esse dia? A da velhice, digo. E se algo acontecer e, de repente, apenas traçando hipóteses, assim que levantar desta mesa eu escorregar lá na varanda molhada pela chuva? E se na queda bater a cabeça numa quina qualquer e tudo acabar ali, de maneira tão boba, tão irrelevante, uma cena improvisada de um filme ruim?

E se acaso morto, já em outra esfera, eu ainda ter consciência do mundo terrenal e ficar pairando por Boa Vista, vendo os desenrolares após a minha partida (partida é um nome bonito para eufemizar algo tão natural como a morte. Melhor que bater as botas, é verdade)? 

Possivelmente não vai acontecer assim, mas e se minha maior preocupação for saber o destino de meus textos não publicados? Ontem ou anteontem ou agora, dependendo de sua relação com o tempo, estava pensando nos livros que ainda não publiquei e deveria ter jogado ao mundo há muito tempo.

O primeiro é de antes de 2010. Seria uma coletânea de crônicas, poemas e contos divulgados inicialmente aqui no blog. E teria ilustrações de um ciclista passeando por todo o livro. A capa também seria um ciclista. Não lembro o nome que lhe daria, mas recordo-me que cheguei a propor à Rosana Santos, que dirigia o setor de cultura do Sesc nesse então, a publicação da obra. Ela pediu para levar a boneca do livro. Aí começou a caminhada sem fim. Demorei para separar o material. Então passei, não me lembro da ordem, para o jornalista Nei Costa ajudar na diagramação (ou revisão, talvez). Acho que antes havia dado ao também jornalista Plínio Vicente para ajudar em algo. 

Por último, sei lá quanto tempo se passou até isso, ficou com a designer Lidiane dos Santos a montagem, o tratamento das imagens (produzidas pelo ilustrador Two, hoje vivendo em local não identificado por mim) e a capa. Ah, essa capa seria uma foto minha numa bicicleta, feita por Zanny Adairalba, à época ocupando o status de namorada. Pelo projeto gráfico da Lidiane ficaria linda depois de trabalhada como se fosse uma pintura. Resumindo: vai e volta, vai e volta, o mundo girou muito, perdi a chance do patrocínio, perdi o arquivo e hoje não sei onde está o material.

O segundo livro seria apenas de poemas. Os textos não sei quando foram escritos, mas a produção começou numa fase difícil para mim, no auge da crise de minhas hérnias. Lembro que pedi para Zanny, já no status de esposa e mãe do Edgarzinho, digitar os textos escritos a mão. Aí a gente instalava o data show e projetava na parede do quarto os poemas para fazer a revisão e diminuir o risco dela ter trocado alguma letra e eu deixar passar. Acho que o ano era 2010, 2011. Foi um tempo difícil para mim, com as dores nos braços limitando muito a minha vida. Livro revisado, cheguei a inscrevê-lo em um ou dois concursos de poesia para livros originais. Não foi selecionado, dei uma nova olhada nos textos e já passei a gostar menos deles, achando-os pouco poéticos, muito “duros”. Larguei em algum lugar digital e esqueci, sem querer, a localização da pasta. Esse livro,vale destacar, foi uma intenção, um devaneio. Diferente da coletânea, não nasceu com possibilidades concretas de ser impresso.

No intervalo entre os dois quase livros veio em 2011 a publicação do Sem Grandes Delongas (se não baixou ainda, é só clicar aqui), uma série de projetos e ações feitas com o Coletivo Caimbé (quem produz sabe o extenuante que é fazer a pré e a pós-produção cultural, sobretudo os registros de memória), o trabalho da vida real, cansaço mental e as dores, tratadas com choques elétricos, gelo, aparelhos desinflamatórios, acupuntura, RPG e, o Santo Graal, os alongamentos no pilates.

O terceiro livro não publicado quase chegou lá no ano passado. Foi escrito totalmente a mão, no silêncio do meu antigo apartamento, com pouca luz e muita reflexão. Escrevia a primeira versão e já passava a limpo o rascunho, mexendo na estrutura caso não me agradasse mais. Depois de ter um monte de poemas prontos, passei para o computador, alterando novamente os textos. Ficou alguns anos parado na gaveta virtual até aparecer um edital do governo do Estado de Roraima prometendo uma grana para publicar cinco livros de autores radicados aqui. Fiz um projeto conforme as regras do edital, imprimi o material, fui selecionado, botei a Zanny (sempre ali, parceirassa) para me assessorar na busca da editora, aguardamos o pagamento e... tomamos calote na veia. A gestão da Suely Campos, governadora da época, não ligou pra gente e desprezou a própria iniciativa. 

Ficamos a ver navios (no final desta postagem quilométrica vou copiar a matéria que saiu no Jornal Folha de Boa Vista com as nossas reclamações em outubro de 2018). Ainda bem, aindaaaaa bem que não levei pra frente uma ideia que me chegou de repente no meio desse processo e que seria bem a minha cara de abestado confiador de que os outros vão sempre honrar seus compromissos: imprimir o livro por conta e gasto próprios, depois receber e ficar elas por elas de boas. Ainda bem que fiquei quieto...

Esse livro de poemas quase impresso em 2018 é o que acho mais bacana de todos, inclusive mais bacana que os contos do Sem Grandes Delongas. Estou pensando em bancar uma impressão independente dele ainda neste 2019, aproveitando que não perdi o arquivo ainda. Tem até prefácio já, feito pela poeta Elimacuxi.

Quantos livros foram até agora? Três. Ok. Não cansado de quase publicar sempre, aproveitei este ano para, no intervalo entre um parágrafo e outro da dissertação, escrever um novo livro de poesias, bem mais curto que o quase livro de 2018. 

Esta semana fiz a revisão dele, cortei uma coisas, mudei outras, arrumei ali, organizei ali. Vou ver se inscrevo ele em alguns concursos. Se nada rolar, tentarei publicar ano que vem. Se não der certo, serão quatro livros quase publicados por mim, o que deve me transformar num dos maiores autores quase publicados de Roraima.

Voltando ao começo do texto, já pensou tudo isso me atormentando numa pós-vida? Que agonia seria, que agonia...

P.S. : O colega escritor Aldenor Pimentel me lembrou lá no grupo de Whatsapp dos Escritores de Roraima que antes do Sem Grandes Delongas tive o e-book Roraima Blues como primeiro livro solo publicado.  Eu acho que em algum momento da redação pensei nele, mas o meu pensamento é meio linear às vezes-quase sempre-já passei vergonha por isso- e disse (ele, meu pensar, ou eu, dono do pensamento?) "estamos falando só dos impressos. Apenas dos impressos, não viaja...". Bem, descartei lá na hora, mas depois dessa observação do Aldenor, acho válido apontar que em 2008 a revista portuguesa Minguante publicou esse livro digital de microcontos. O site saiu do ar, eu não havia pedido nenhuma cópia do material  e apenas anos depois consegui um arquivo com os textos selecionados, mas sem a capa, que pode ser conferida nesta postagem feita por mim à época. Ah, e para variar, não sei em que canto está o arquivo...

#####
A seguir, a matéria falando sobre o calote do Governo de Roraima. Por desgosto e vã esperança de receber e esquecer o assunto nunca havia falado disso aqui no blog, mas sempre citava por aí nas conversas sobre literatura.

 CARTA DE REPÚDIO


Escritores reclamam de falta de pagamento

Escritores e agentes culturais de Roraima publicaram uma carta de repúdio nas redes sociais reclamando da falta de cumprimento do edital



Escritores e agentes culturais de Roraima publicaram uma carta de repúdio nas redes sociais reclamando da falta de cumprimento do edital l 07/2017 de incentivo e fomento a literatura da Secretaria de Cultura de Roraima.

De acordo com a carta, sete meses após a divulgação do resultado final, o Governo de Roraima ainda não entregou a premiação. A lista dos projetos aprovados foi publicada no Diário Oficial do Estado em fevereiro de 2018. Os autores dos projetos a serem premiados são: Edgar Borges, Eroquês Velho, Aldenor Pimentel, Lindomar Bach e Danilo Santos. O valor total do edital é de R$ 100 mil, sendo R$ 20 mil para cada um dos cinco projetos de livro selecionados para publicação.

“O edital estipula prazo máximo de 30 dias para a premiação, o que ainda não foi feito, ainda que as despesas tenham sido encaminhadas à Sefaz, para pagamento, em abril deste ano, pela Secult” 

Confira na íntegra:

Nota de repúdio

Nós, escritores e coletivos literários abaixo assinados, repudiamos a não entrega da premiação em dinheiro, pelo Governo de Roraima, dos cinco projetos aprovados no Edital N. 07/2017 – Incentivo e Fomento a Literatura, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), cujo resultado final foi divulgado oficialmente por meio da portaria N. 022/2018, de 23 de fevereiro de 2018, publicada no Diário Oficial do Estado de Roraima N. 3186, em 26 de fevereiro de 2018.

Destacamos que o mesmo edital estipula prazo máximo de 30 dias para a entrega da premiação, que, até o momento, sete meses após a divulgação do resultado final, não foi efetuada, ainda que as respectivas despesas tenham sido liquidadas em abril deste ano pela Secult e encaminhadas à Sefaz para pagamento, conforme despacho daquela secretaria.

Repudiamos ainda a postura da Secult, que em ofício, “lavou as mãos” em relação à entrega da premiação, eximindo-se de sua responsabilidade como coordenadora do certame, ao orientar estes escritores a procurarem a Sefaz, com o argumento de que os procedimentos por aquela secretaria “competem somente até a fase da liquidação da despesa”, o que é contraditado pelo próprio edital, cujo texto diz que a Secult pode, intervir mesmo após a entrega da premiação, ao, por exemplo, “acompanhar o desenvolvimento das atividades e, após a conclusão dos trabalhos, verificar o cumprimento das condições fixadas”.

Repudiamos também a desculpa do Governo do Estado de que está impedido de entregar a premiação em razão do bloqueio de suas contas, quando sabemos que o Governo pôde, mas não efetuou o pagamento deliberadamente. Prova disso é que em junho e julho deste ano foi realizado o Arraial do Anauá, quando foram realizadas diversas despesas da área da cultura.

Entendemos que o não investimento dos referidos recursos representará grande perda para o próprio Governo, a literatura e a cultura locais e, principalmente, a população.

Lamentamos tamanho atraso na entrega da premiação em dinheiro, o que apenas reflete o descaso histórico do Governo do Estado com a promoção de políticas culturais, em especial voltadas ao desenvolvimento da literatura e da leitura, enquanto no mesmo período este Governo firmou contrato para a destinação de R$ 89 mil, na modalidade de inexigibilidade de licitação, com o objetivo de adquirir obra artística de um único produtor cultural, autor de dezenas de outras obras, que, desde 2015, foram adquiridas ou estão em processo de aquisição com recursos do Estado, sem contar que a gestão atual abriu inscrições para edital cultural de outro segmento, mesmo alegando não haver recursos para o edital de literatura, cujo resultado já foi divulgado.

Assim, solicitamos a imediata entrega da premiação em dinheiro do Edital N. 07/2017 – Incentivo e Fomento a Literatura, aos projetos que tiveram, pelo próprio Governo do Estado, por meio de processo público de seleção, reconhecidos o mérito cultural e a qualidade técnica, para que se atinjam os objetivos do certame de “disseminar o conhecimento e a cultura do Estado de Roraima, e levar o leitor para novos caminhos”.

Outro lado – A Sefaz (Secretaria de Fazenda) informa que as contas do governo encontram-se bloqueadas, em cumprimento de decisão judicial, o que impede qualquer tipo de pagamento. Tão logo haja o desbloqueio, os pagamentos pendentes serão normalizados de acordo com a disponibilidade de recursos.

quinta-feira, outubro 23, 2014

Sabe a chuva?


Sabe essa chuva, seu moço? Se eu fosse supersticioso e acreditasse nessas coisas que ficam acima da gente, diria que tem alguém no céu chorando antecipadamente pelo tipo de governo que nosso estado terá nos próximos quatro anos.

E, seu moço, se eu fosse supersticioso, ficaria na dúvida entre escolher se o choro era do criador ou de alguma criatura dele.

Agora que o senhor falou sobre minha opinião sobre o possível tipo de governo, lhe digo: não tenho poderes mentais de adivinhação, não, seu moço. Que é isso? Como posso saber o que vai acontecer? Se eu soubesse, aí eu seria obrigado a acreditar nessas coisas que ficam acima da gente. Ou abaixo, né?

Seu moço, eu só acho que o passado da gente fala muito. Por isso que eu escondo o meu, sabe? Tem coisa que faço questão de não lembrar nem em sonho. Mas esse povo, seu moço, tem história demais de feias publicadas por aí. E eu leio, moço, ouço, até vejo umas de vez em quando. Dá uma dó bem aqui no meio dos peitos saber o que acontece cada vez que fazem coisa ruim e a gente paga por eles...

É que esse povo não é supersticioso, sabe? Se fosse, não se meteria em tanta ação feia. Antes disso, ficaria só fazendo o bem, com muito medo dessas coisas que ficam acima da gente. Ou abaixo, né?
E, seu moço, cuidado com essa chuva, viu? Ela pode não ser choro, mas dá uma tristeza imaginar que fosse...

segunda-feira, agosto 30, 2010

Semana do calor

1. Quente, muito quente. O final de semana foi assim. A segunda foi pelo mesmo rumo. Acho que o verão acabou de chegar, daquele jeito...

2.Saiu na imprensa que o La Niña ia aliviar a nossa barra, fazendo com que chovesse um pouco. Acho que foi furada. A única coisa parecida que deu por esses dias veio com tanta ventania que arrancou telhados, derrubou árvores e mandou pro chão postes de publicidade. Chuva mesmo foi só um tantinho, uma bobagem. Se bem que foi destruidora.

3.Até sexta-feira dando aulas na Universidade Federal de Roraima, numa oficina sobre ciberliteratura integrante da programação do III Seminário de Integração de Práticas Docentes e I Colóquio Internacional de Práticas Pedagógicas e Integração.

4. Dizem que Boa Vista é o fim do mundo. Se é verdade, então está justificado esse calor. Se subir mais um grau, tudo começa a incendiar. O caos vai se instalar e correrá pelo mundo. Aí vai começar o final de tudo o que conhecemos. 2012 é aqui, em Roraima.

segunda-feira, abril 26, 2010

Dias azedos de abril

Os dias continuam pesados em minha aldeia. Se por alguns momentos a tranquilidade aparece, na sequência surge algum novo problema ou um desdobramento de questões que ainda não estavam resolvidas.
 
Abril, até agora, só trouxe de bom a chuva, nada fora isso. Estou propenso a crer em inferno astral e superstições desse tipo. Já estaria acreditando se soubesse como funciona e quando termina essa história. Como desconheço essa relação e a internet está muito lenta para fazer pesquisas, vou esperando apenas abril acabar e ver se o fim do mês é igual ao fim da urucubaca. Meu desejo é que as águas de maio sejam mais fortes que as caídas até agora, lavem tudo e levem essa maré de sorte contrária.

Para ajudar as águas de maio, ando lendo poesia. Devorei duas edições da revista literária Coyote, presentes do confrade Ademir Assunção; li “Um brinde a três amigos”, do paranaense Nilton Bobato, um pouco de Octavio Paz e uma coletânea de hai kais e tercetos de Mário Quintana. Vou agora para a Autofagia, revista editada em Minas Gerais pelo músico Makely Ka. Depois, planejo cair sobre contos africanos e a segunda infância de Manoel de Barros.

Minha esperança era a poesia me ajudar a encontrar soluções, alternativas para as encruzilhadas do quarto mês do ano. Por enquanto, vou só confirmando que a poética é um pouco inútil para questões mundanas. Ajuda apenas a esquecer um pouco os perrengues e a pensar como seria bom ter lido mais, viajado mais, experimentado outras construções literárias. Acho que é isso: a poesia apenas inquieta, mas não te ajuda a resolver nada.
 
Arg...abril me deixou azedo. Espero que maio venha doce.

quarta-feira, dezembro 30, 2009


Calma, que 2010 ainda não chegou


Não. É a última postagem do ano. Ainda amanhã, apesar de piegas, quero falar sobre metas para 2010. Não para compartilhar, mas para poder me lembrar depois. Se ficar só na cabeça não sai nada.


Voltando esta semana ao trabalho, às calças compridas, aos sapatos e tênis o dia inteiro e ao acordar cedão 5 dias por semana. Já ganhei novamente a dor nas costas. Fruto de horas e horas mexendo com computador.


Passei as férias na cidade, vendo coisas da casa e do apartamento. Ou seja, não tirei férias. Foi mais como um sábado estendido. Ainda bem que choveu em Boa Vista durante alguns dias. Isso aliviou um pouco o calor deste pedaço quente da Amazônia.


E o rolo no Suriname? Que coisa. Os relatos nos jornais me lembram imagens de chacinas na África. E o meu pai, o velho Juca, quase se tocava pra lá dia desses. Sem trabalho aqui e na Venezuela, achava que era a melhor opção.


Meu indiozinho deve ser o único bebê que passa até 14 horas sem dormir e depois disso ainda está pilhado. Também deve ser o único que dorme só um cadinho e acorda cedo depois de um dia agitado desses.


Janeiro já jogou as malas na sala e está prestes a se deitar no sofá. Tempo de começar a preparar o dia da poesia 2010, lá pra março. Mas antes disso vem o aniversário do Edgarzinho, 10 de janeiro.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Início de boa semana

Chove desde ontem em Boa Vista. As manhãs estão agradáveis, com um ventinho frio prendendo as pessoas na cama. O céu está nublado, prometendo mais chuva, meu teclado continua com a tecla O defeituosa desde que o Edgarzinho a arrancou e a poeira das rua abaixou.

Esta semana vou receber un$ que a negada me devia faz um tempaço, o que deve ajudar a continuar desequilibrando as contas para um saldo positivo. Falando nisso, a próxima delas é a festa de dois anos do índio mais gato desta imensa maloca que é Boa Vista.




O pequeno rei da maloca vai para os seus dois aninhos em janeiro.


Fora isso, só de ter o notebook funcionando novamente já fico feliz. Se tivesse viajado nas férias teria sido bem melhor, claro. Não deu. Falta de planejamento que se tornou providencial. Ene pepinos para resolver, coisas para arrumar pois estavam desarrumadas havia muito tempo, coisas da vida doméstica para regularizar.

Agora vou bem ali, talvez no Twitter falar rapidamente sobre qualquer coisa, talvez na rede da varanda para curtir a manhã em fase doméstica antes que as férias acabem.

quarta-feira, junho 24, 2009

De quinta

Ei, tu que acha me conhecer, cadê tu? Ando meio dividido entre minhas dúvidas e as muitas recentes dívidas. Ando numa inquietação à década de 80, saca? Aquela dividida entre a depressão econômica e a euforia melancólica. Ando de carro. De carro velho, gerando custos e jogando CO2 a rodo no ar. Nas melhores horas, caminho um pouco na chuva leve, dividido entre usar proteção ou empapar a camiseta. O tempo já era. Ficou. Perdeu. E agora, o que tu me diz? Vamos de camiseta com manga comprida ou vamos comer manguita? Tá no tempo, tá no clima. E me diz, por favor, me diz que já não me amas, que não pensas mais em mim, que em mim não paras de pensar e tudo o demais é mentira, mesmo aquilo que até parecer ser verdade. E se a questão é ver, cerveja no copo de pinga, água na taça de vinho, vinho no gargalo, please....please, sim, we cant, me apetece, tire a sua roupa e tira a minha também, mas não tão rápido. Ando numa preguiça que nem te conto e se você bater a porta de novo nessa fúria posso até gamar, mas nunca vou me apaixonar por você. Mesmo que isso provoque seu ódio. E ódio, eu sei, eu sei, eu sei, baby, é o que ando provocando. Parece uma plantação: plantinhas de ódio regadas com muito carinho e orgânicas, para afastar bons olhados. Coordenaremos tudo, apontaremos as alternativas corretas, marcaremos as opções indicadas e talvez passemos, talvez fiquemos, mas tudo será por nosso própria (ir)responsabilidade e não poderemos jogar a culpa em ninguém. Quer dizer, poder, a gente talvez não possa, mas vamos fazer. Afinal, se tá no morro é pra subir e voltar voado, com as mãos cheias de música e um diploma no bolso sem grana, sem esperança, mas de grife, que a gente é pobre mas superlativo.

segunda-feira, junho 15, 2009

Notas de segunda, para não passar todo batido


Festival das quadrilhas juninas: Coração Caipira e Escola Forrozão são as melhores do Boa Vista Junina 2009.

Sábado é dia de vacinação contra a paralisia infantil. Num vai esquecer de levar teu moleque ou moleca!

O Fórum Permanente de Cultura de Roraima cria seu blog e se reúne a cada 15 dias. A próxima reunião é na terça 23 de junho, na videoteca do Palácio da Cultura. 18h30, aberto a todos os interessados no tema.
Veja o blog do Fórum.

Dica:
Enciclopédia da literatura Brasileira - verbetes sobre autores e personagens importantes da literatura brasileira com biografia, cronologia, relação de obras e suas traduções, bibliografia e depoimentos do autor e uma seleção de obras representativas do autor.



Chove cada vez mais. E isso começa a dificultar a saída da cama pelas manhãs....hum...que preguiça....

terça-feira, junho 09, 2009


Vai, verão, vai embora!



Finalmente a chuva se instalou em Boa Vista. Os dias ficaram melhores, mais animados. Agora até consigo andar pelos corredores externos de meu local de trampo e me dá vontade de sair fazendo cooper no final da tarde apenas para aproveitar o vento frio que bate no rosto. As manhãs, inclusive, ficaram mais preguiçosas, mais agradáveis, mais “deita aqui na rede e apenas olha as árvores molhadas”.

Chove, chuva.


Mas como sempre tem quem reclame, já foram aos jornais dizer que as chuvas provocam alagamento, que algumas obras vão parar ou reduzir o ritmo, que a roupa não seca mais com a mesma velocidade e que os casos de viroses estão para aumentar, sem contar os da dengue.


Tanta coisa para se aproveitar no inverno amazônico e as pessoas ficam ligadas nesses detalhes. Eu digo apenas: seja bem-vinda, chuva. Seja bem-vinda e lava todos os males, todas as tristezas, molhando a vida e espantando o calor.

segunda-feira, junho 01, 2009

Notícias da fronteira


Choveu na manhã desta segunda na cidade mais quente do norte. Chuviscou no começo da tarde na cidade mais quente do Norte. E isso foi escrito sem provincianismo, apenas com alivio.

Lá em Manaus, os amazonenses comemoram o anúncio da cidade como uma das sedes dos jogos da copa do mundo de futebol em 2014.

Quem não pagou até agora o IPTU 2009 ganhou mais 15 dias para conseguir a grana e quitar a dívida com a Prefeitura de Boa Vista.

Está no Overmundo, para edição colaborativa, uma entrevista feita por e-mail com Luís Ene sobre o congelamento das atividades da revista Minguantes. Chega lá e sugere algo, se for o caso.

Começou a Semana Municipal de Meio Ambiente. Olhaí a programação a partir de amanhã:

Terça-feira (2)

8h – Plantio de 5 mil mudas de plantas nativas
Local: Igarapé Caranã

15h – Curso de Ikebana
Local: Horto Municipal – sala verde

Quarta-feira (3)

8h30 – Sensibilização ambiental com fantoches e vídeos

9h30 – Trilha ecológica: valorizando a flora do Bosque dos Papagaios
Local: Bosque dos Papagaios

15h – Exposição de fotos e animais taxidermizados
Local: Auditório da UFRR

15h30 – Palestra sobre A3P
Local: Auditório da UFRR

16h – Palestra sobre Igarapé Caraná
Local: Auditório da UFRR

16h30 – Palestra sobre Operação Inverno
Local: Auditório da UFRR

17h – Distribuição de mudas de plantas, de folhetos sobre A3P e de material de sensibilização ambiental
Local: Auditório da UFRR

Quinta-feira (4)

8h30 – Palestra sobre contenção de animais silvestres e molde de pegadas Local: 7º BIS

14h30 – Palestra sobre Bioinvasão

15h30 – Palestra sobre Políticas Ambientais
Local: Auditório da UFRR

Sexta-feira (5)

9h – Blitz Educativa – entrega de 300 mudas e de panfletos
Local: avenida Capitão Ene Garcez

Sábado (6)

14h – Apresentação de rapel
Local: Ponte dos Macuxi

17 – Encerramento
Local: Orla Taumanan

sexta-feira, maio 15, 2009

Maldito clima


Traz o jornal a noticia malévola, ingrata, desgraçada, aquela que deveria ser mentira, engano, a pura barrigada:

Chuvas intensas em BV somente em junho

Quer dizer que vou agüentar ainda mais três semanas do inferno que é o verão de Roraima? E se vacilar, ainda vou aguentar a fumaceira das queimadas urbanas?


Eu não quero chuvas intensas, quero apenas chuvas. Chuvas simples, daquelas que refrescam. Uma por dia apenas. Só isso.


E como todo castigo para quem não gosta de calor é pouco, tem trampo o final de semana inteiro, com o compromisso de ser tradutor na segunda bem cedinho.



sexta-feira, maio 08, 2009

Dez frases



1. Choveu. E choveu forte. Mas o sol já ressurgiu. Pelo menos hoje a noite será agradável.


2. A primeira noite do festival acabou e não saiu o resultado das cinco músicas selecionadas. Sairá tudo hoje à noite.


3. Não é possível encher um pneu quando chove. Ou você o deixa seco ou você se molha todo.



4. Agora que choveu, começarão as reclamações sobre as enchentes.



5. Se não chover mais por uma semana, reclamarão sobre o calor.



6. No rio Branco, até ontem, ainda era possível ver enormes bancos de areia.



7. Tomara que chova mais amanhã.



8. Adoro chuva. Odeio calor.



9. Se odeio calor, com certeza Roraima foi uma péssima escolha para viver.



10. Tomara que seja a primeira chuva do inverno.

sábado, abril 04, 2009

Macondo na Linha do Equador

(Texto-exercício para a Oficina do Rumos Itaú Cultural, publicado originalmente aqui)

Abril é sempre calorento, mas desde ontem chove um pouco na cidade. Quer dizer, chove intensamente por alguns minutos e aí o sol ressurge para lembrar que estamos no meio do planeta, próximos à Linha do Equador e não temos direito a dia frios. Quando muito, uma vez por bimestre no verão, a dias amenos.


Fim de tarde fotografado por Marcelo Seixas

Março foi bravo. Secou tanto no lavrado que em alguns dias era difícil até respirar. De um trabalho para outro saía correndo para entrar na sala e aproveitar ao máximo os condicionadores de ar no máximo.

Alguns amigos não têm essa sorte e ficam o dia todo pegando o sol que queima o lavrado. Amigos e parentes. Meu pai é um deles. Neste ano, meio pela crise, meio pela vontade de trabalhar um pouco mais afastado, garantiu um trampo na Venezuela. Lá, apesar de muito quente em algumas regiões, sempre venta mais que aqui no começo da manhã e no final da tarde. Dá até para colocar as mãos nos bolsos das calças e pensar em usar jaquetas.

Aqui não. Aqui é uma Macondo sem estação de trem, sem uma família de Buendías, mas com aquela loucura das pessoas e a simplória divisão do tempo em dois blocos: calor e chuva, chuva e calor.

O bom de ter um verão tão definido é que sabemos quando poderemos assistir a shows e atividades culturas feitas ao ar livre. A menos que entre uma grande fria pelo Atlântico, não há risco nenhum de cancelamento. Mas, por garantia, é bom não contar com a certeza climática quando se vive em Macondo, quer dizer, em Boa Vista.

Segundo dia de oficinas do Itaú Cultural

Começa agora a oficina Blogs, Estilos Textuais e a Construção da Reputação em Rede, com Fabio Malini. No momento, Claudiney Ferreira fala dos editais, das premiações para os estudantes (publicação em revista, viagens etc.) sobre ouvir, sobre os blogs do Rumos e do Fábio para o Rumos.

Luiz Valério está "twitando" e blogando também caso você queira dar uma olhada em outras informações.

Outras infos de Boa Vista:

Chove desde ontem. Quer dizer, chove e para. A cidade está muito agradável, mesmo com o sol forte de sempre.

sexta-feira, abril 03, 2009

A busca do singular

(Texto-exercício produzido para a oficina de jornalismo cultural do projeto Rumos)


Sexta chuvosa, 3 de março de 2009. Mais de 20 alunos de jornalismo e profissionais graduados deixaram suas casas e trabalhos para participar de uma palestra sobre jornalismo cultural com Eliane Brum. No bloco 3 da Universidade Federal de Roraima, todos aguardam o começo da atividade, prevista para as 9h30.

Eliane chega em um carro da Universidade, entra na sala de informática e aguarda o fim dos preparativos. Conversa com alguns blogueiros que haviam visitado o blog do projeto Rumos, iniciativa do Instituto Itaú Cultural e responsável pela sua segunda visita conhecida a Roraima.

Gripada (“Peguei um vírus em algum lugar do Norte”, conta), a jornalista começa sua palestra falando do personagem Tião Nicomedes, ex-morador de rua que virou escritor de livros e peças de teatro. Eliane tem a fala mansa, é magra, com aquilo que alguns chamariam de aspecto suave. Impossível imaginar que é a mesma pessoa que despertou a ira da sociedade local em 2001, quando publicou uma matéria para a revista Época abordando algumas singularidades de Roraima, como danças de forró na Praça das Águas e o preconceito contra os indígenas (Ok, é verdade, o preconceito não é tão específico do Estado).

Eliane trata da busca do personagem singular e recomenda: para que o encontremos, precisamos olhar primeiro para nós, buscar conhecermos. Parece fácil, mas quem disse que olhar para si é tão fácil como olhar para o outro?

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Então foi-se o carnaval...

E a Praça da Bandeira ficou em primeiro lugar no desfile das escolas de samba de Boa Vista.

O desfile pode não ser lá aquelas coisas, com aqueles luxos e tal, mas se é para sair, saia na Praça. É a que demonstra maior organização e aparentemente a que investe melhor a grana recebida da Prefeitura e do Governo.

Choveu na madrugada da quarta-feira de cinzas. As chuvas diminuem a poeira das ruas, o calor do meio-dia e transformam BV em uma cidade mais agradável. As chuvas molharam as cinzas.

O indiozinho brincou que só no carnaval. Foi a dois bailes infantis e um da saudade. Balançou o corpinho ouvindo marchinhas e axé, ficou admirado com os músicos e seus instrumentos.

Então foi-se o carnaval e nada do feriadão chegar para algumas pessoas que trabalharam todas as noites. Como sempre digo, quem mandou não estudar a coisa certa?


quinta-feira, maio 29, 2008

Me ouça, seu moço...


Não, seu moço, não há nada que você possa fazer. A vida é assim mesmo e a razão diz que pode piorar. Quem sabe o senhor consiga sair dessa pra uma melhor, mas quem sabe não. Afinal, o moço já viu chuva cair sem molhar? Tudo é conseqüência, mas sempre precisa de um pouco de ação para criar a reação. É simples, facinho, facinho, mais do que sentar na praça ao meio-dia.


Seu moço, fique assim não. Deus tá vendo que é do mundo e não do céu isso que tanto lhe aperreia. Quem sabe se você rezar um pouco não solucione? Mas também é aquilo que minha senhora mãe dizia: se não der, ou não faz ou insiste até dar. A história é ser persistente, não ter medo de cara feia e parar de se apaixonar pela primeira cara bonita que aparecer na sua frente.


Seu moço, pare com isso. Veja que as horas não estão para tanto. O senhor já percebeu que em outras partes desse nosso mundo as pessoas se entristecem por tristezas de verdade e não por essa que o senhor inventou? Já pensou se não fosse assim? Era tanta gente se consultando para deixar de ser criativo, para deixar de ser inventor. Aprenda com elas, seu moço, aprenda um pouco que mudar nunca fez mal a ninguém.


É verdade, o senhor tem razão. Tem dias que o mundo, mesmo com o maior sol, parece que fica cinzão, feito restos de madeira queimada. Se assoprar, as cinzas voam, né? Mas se deixar quieto, se assentam e endurecem. Daí tem que fazer força se quiser mexer com elas. O senhor sabe, aqui nas minhas bandas a vida pode não ser tão agitada como a sua, mas é vida e a gente tenta aprender todo dia um pouquinho mais. Tentar não custa nada, né?


O senhor já viu como o sol bate naquela árvore? Sabia que ela precisa dele todo dia, mesmo sendo esturricada no verão? Acho que o senhor tem que ver se precisa de alguma coisa que lhe bem mesmo lhe fazendo mal. O senhor não é árvore, é? Como não é, pode se mexer se perceber que não faz tanta falta. Eu não acho legal ficar queimado, prefiro a sombra.


O senhor sabia, seu moço, que nas sombras as coisas ficam mais fáceis? Experimente viver de noite, esqueça isso do relógio um dia só e veja como até sorrir é melhor quando bate o frio da madrugada. Já sentiu? Hum, por isso que tá desse jeito, né? Sente saudade do frio da noite e das noites de frio. Coisa boa essa, pena que não está mais pros lados do senhor...