Quando era moleque na Venezuela uma das melhores épocas para
ver coisas bonitas era o Natal. Em minha cidade, Guasipati, havia um concurso
da rua mais bonita, o que levava a pessoas a pintarem até o asfalto com imagens
de todos os tipos. Quem podia, iluminava a fachada de sua casa com as luzes
natalinas.
Uma vez fui a Ciudad Bolívar, capital do estado de mesmo
nome, no final do ano e vi um monte de casas com belos presépios. Sempre gostei
de ver quais elementos faziam parte da decoração. Na igreja católica de
Guasipati, o presépio tinha mais ou menos uns 3 x 2m. Passava longos minutos
admirando tudo.
Enfim, em Boa Vista nunca achei muito valorizado isso da
própria comunidade embelezar as ruas e colocar presépios na frente das casas
para que os transeuntes os admirassem. No máximo, umas luzes nas árvores. Mas não
culpo: cidade maior, gente que pega as coisas e leva, ventanias, eventuais
chuvas...Não rola, né?
Eu mesmo nunca fui de montar presépios ou montar árvores de
Natal, mas depois que o Edgarzinho nasceu, mais por conta da parte lúdica do
que por crença cristã, todo ano a gente monta a árvore (e espera o Papai Noel,
para juntar bem a “magia” do Natal com as paradas capitalistas que a mídia nos
joga a cada momento).
Por alguns anos montamos um desses pinheiros de plástico. Na
verdade, os montadores sempre foram o Edgarzinho e sua mãe, Zanny. Eu basicamente
fazia a parte de comprar luzes se todas estivessem queimadas ou repor algum
adorno. Há uns dois anos pegamos uma árvore seca ou um galho grandão, não sei bem,
pintamos (Zanny pintou, sendo sincero) e ela passou a ser a nossa árvore natalina
versão ecologia-reaproveitamento-de-material-que-poderia-ser-descartado.
Este ano, decidimos inovar e montar um presépio. Inspirado por
esta imagem, que ano vai, ano vem, o povo compartilha nas redes, joguei a ideia
lá na maloca: “vamos usar os bonequinhos da coleção e fazer a cena do
nascimento de Jesus? Basta pegar uma caixa de papelão e pronto”.
Feito isso, a equipe paterna Borges e Adairalba entrou em ação,
o que resultou no primeiro presépio que montamos nos oito anos de vida do
Edgarzinho, que também participou da produção.
Tendo Batman no papel do José, Catwoman como Maria e Jesus
sendo representado pela bonequinha Zanny (que a Zanny da vida real ganhou de
seu pai no dia em que nasceu), eis o nosso presépio, gente:
Entre os espectadores, o único “rei mago de verdade” é o Dr.
Estranho, que está aí já jogando umas bênçãos na Zanny.
Os Transformers e os animais e dinossauros vieram direto da coleção do
Edgarzinho. O Wolverine ficou meio escondido (acho que ele está mais para segurança
do que para rei mago, né?). E não esqueçamos de destacar a action figure do
Odin, o Pai de Todos, vendo aí o nascimento da concorrência.Ah, e a Cheetara dos Thundercats cavalgando um dino.
Ah, fizemos um vídeo também, com música e tudo mais.
Confere: