terça-feira, julho 29, 2008

¡Primero dia de escuela!

E....lá vamos numa corrida desesperada rumo a dezembro, quando terminam as aulas da faculdade. Os ensinamentos serão repassados nas salas do segundo e do terceiro semestre de jornalismo. O desvirtuamento é por conta dos alunos, mas fora de aula, plis.

Na primeira noite juntos, apresentações para conhecer quem são os caras. De novo, a velha história de todo curso: estou aqui por que não sabia o que fazer e vim parar nessa sala. Ou então a clássica “não consegui passar no curso que queria e, sacumé, dizem que essa profissão é das boas”.

O interessante é que a incerteza permeia a cabeça de 80% das turmas. O assustador é ouvir pessoas dizendo que sempre quiseram fazer Jornalismo. É um troço muito estranho essa determinação. Como é que as pessoas podem ser tão decididas por algo nos dias de hoje. E a volubilidade? Não é mais valorizada? Eu, por exemplo, gostava de ler até bula de remédio, mas nunca pensei nessa profissão. Aliás, o problema é que nunca pensei em ter profissão. O meu sonho era ter nascido numa família de magnatas, mas Deus não foi gentil comigo e me colocou na categoria “operário intelectual”. Já com o meu indiozinho ele foi legal: deu um pai que trampa em quatro lugares para poder dar tudo o que o moleque merece e até o que não precisa.

Mas voltando ao primero dia de escuela, é uma experiência interessante entrar na sala da segunda turma e ver as anotações da professora anterior, um primor de organização. Quase fiquei envergonhado, mas lembre que a moça, um doce de pessoa, tem trozentos cursos nessa área organizacional. De meu lado, mal consigo arrumar a estante de livros. E o mal consigo aqui é literal. Não consigo mesmo e vou espalhando livros pelas mesas, apostilhas pelo chão, folhetos nas caixas que coloco no chão. Um espetáculo caótico.

No mp3, Beautiful Girls. No hospital, mamita, operada.

Primer dia de escuela também é momento de reencontro com os alunos da turma anterior. Momento de piadas do tipo “estava com uma saudade do senhorrrrrr. Não dá nem para descrever como queria ficar ainda sentindo essa saudade, professor”. Ou, em outras palavras, “putz, tu continua por aqui, mane”. Ah, adoro essas ironias estudantis. Lembram meu próprio comportamento na facul. Hoje eu sei o que os professores passaram.

Para fechar, Mustang Sally, soul de primeira qualidade.

Ah, “¡Primero dia de escuela!” é uma frase de um desenho infantil.

sexta-feira, julho 25, 2008

Sincretismo

- Tenhamos a mesma fé, ela me disse, bem perto do ouvido.

- Mas eu sou ateu, respondi.

- Não interessa, baby. Reza em mim que eu rezo em ti, argumentou.

Eu, que sempre fui aberto ao sincretismo, obedeci e entrei no paraíso que ela me oferecia.

terça-feira, julho 22, 2008

Frases soltas

Acabo de passar pela tarde mais complicada de minha vida de pai. A mãe do índio foi colher mandioca e me deixou sozinho com o moleque por quase quatro horas. Que agonia...A criança não pára um minuto de se mexer, de querer pegar nas coisas. Nem passeando ele acalmou. E quando começou a chorar? Deus do céu... "O que você quer, filho?", perguntava-lhe. E, obviamente, ele continuava chorando sem dar nenhuma resposta. Claro, o que poderia esperar de uma criança de seis meses e doze dias? Frases articuladas, dizendo "quero isto ou aquilo, pai. Por favor, seja mais esperto ao lidar comigo"?
Não é fácil tomar conta de meu índio...

Acessos

O meu contador de acessos é o Motigo, presente instalando pelo colega blogueiro Avery Veríssimo. Entre as coisinhas que oferece, está a possibilidade de saber como as pessoa chegam ao Crônicas da Fronteira. Na semana passada ou retrasada, por exemplo, notei que havia alguém da polícia federal acessando o blog. Fiquei com medo de que alguém tivesse dito que tinha algo a ver com o Daniel Dantas ou com o esquema dos pedófilos de Roraima, apresentado em matéria do programa Record Espetacular de domingo passado. Imaginei a PF arrombando a porta lá de casa e falando: Polícia, solta a flecha ou te passo varíola!
Ops, confundi a abordagem dos homi com os métodos dos militares para matar os meus antepassados, seja no Brasil ou nos EUA.
Outra curiosidade é que um internauta chegou até aqui digitando esta palavra: Zdebsky.
Quem pode me explicar como é que o cidadão digita esta palavra e chega até aqui?

Trampo

Semana que vem recomeçam as aulas da Faculdade Atual da Amazônia, meu trabalho noturno. Duas vezes por semana sairei de uma ponta da cidade até a fronteira urbana para lecionar duas disciplinas aos alunos do segundo e terceiro semestre de jornalismo. O money do fim do mês? Nada excepcional, o lance é adquirir experiência acadêmica, que vale ponto em qualquer seleção que se fizer por estas bandas.

Comentários

Comentaí, vai, tio... é num linkizinho desconfigurado que aparece logo abaixo da postagem. Você acessa, deixa uma opinião e a gente fica sabendo o que você achou da leitura. Mas não faz como o cara que acessou um post antigo dia desses e me mandou para aquele lugar. Quer dizer, não sei se foi a mim ou às pessoas que haviam comentado antes dele....

terça-feira, julho 15, 2008

Notas

IV Fest Rock – a 1ª noite

Som muito alto, péssima acústica, público abaixo do que se esperava, dor no joelho, cansaço, sono que chega rápido, captação de imagens para um Doc.

IV Fest Rock – a 2ª noite

Som mais baixo, péssima acústica, público maior que na primeira noite.

Show da Coisa: performance da boa, agitação na platéia, músicas contra a pedofilia, cantor que manda todo mundo tomar no olho do furacão, uma boneca de pano despedaçada.

Show da Iekuana: mascarados invadem o palco, músicas que falam do cotidiano pobre do 13 de Setembro e protestam contra a corrupção. Guitarras pesadas.

Show da Filomedusa: boa proposta, cantora sexy, disco que acaba rápido.

Show do Marcelo Nova: demora a entrar no palco, falta de interação com o público, músicas desconhecidas em nossa região, letras banais. E os clássicos? Uma hora depois, ainda não havia começado a cantá-los. Vamos embora, é melhor dormir. E assim, novamente, não vi nada de mais no Marcelo.

Bebê

Fechou seis meses pegando uma virose e conjuntivite. Sarou rápido das duas.

Já fica em pé no berço.

Já quase caiu várias vezes da cama e da rede.

Pela boca conhece o mundo.

Entra na fase do babá, papá, dadá. Eu espero palavras articuladas, tipo “papi, yo te quiero”.

Boa Vista

Chove que só na cidade.

Chove ainda mais na quarta baixada santista do Paraviana.


Teatro

A Cia do Lavrado faz turnê pelo Interior de Roraima. Quem é a Cia. do Lavrado? Acessa o blog da Federação de Teatro de Roraima para saber.




sexta-feira, julho 11, 2008

Proposta


Se você acessa este blog e por acaso esteve no IV SEsc Fest Rock, vamos fazer uma postagem coletiva. Mande suas impressões sobre os shows para edgarjfborges arroba gmail.com e veremos no que dá a colagem de textos.



quinta-feira, julho 10, 2008

O dia em que não vi Marcelo Nova

Era o frio agosto de 2001 em Sampa, capital brasileira do concreto e do ar poluído. Eu, índio pobre e perdido, estava na terra da garoa fazendo uma prova para ver ser virava estagiário do Estadão.

Como o período entre a prova e o resultado final era de um mês, decidi ficar perambulando pela cidade para conhecer o máximo de coisas novas possíveis e ter alguma novidade para contar na aldeia.

Numa dessas, li no jornal que Marcelo Nova ia comemorar seus 50 anos com um show gratuito no teatro do Sesi, à partir das 16h de um dia que não me lembro qual era.

Vejam bem: show na faixa e à tarde, com um cara que havia tocado junto com o Raulzito. Bá! Depois de zanzar no Centro, deixei a Praça da República e subi (literalmente e a pé) a rua Augusta. Cheguei no Teatro do Sesi, entrei na fila, a poucos metros da entrada e...

Quase duas horas depois não havia saído do lugar, mas um monte de vagabundo havia furado a fila e se acomodado no teatro. Resultado: veio o aviso de que a casa estava cheia e não poderíamos entrar. Como consolo, colocaram um telão para que víssemos as imagens.

Mas aí já era noite e eu não curtia andar no escuro para chegar no Jabaquara. Peguei o metrô e fui embora. Antes disso, ainda vi umas duas músicas do show e achei sem graça...

segunda-feira, julho 07, 2008

Olhaí a face dos caras e das minas que vão tocar no IV Sesc Fest Rock ( e alguns comentários)



Gosto do som desses caras. Totalmente non sense, só falam de carros, bebida e alta velocidade. Mas é quase um blues texano.

Conheço não. vamos nos ver na festa somente.

Pessoal de Manauxxxx que vem pegar chuva em BV.

Outra banda de rock amazonense.

Não lembre de ter visto esta turma tocar, mas são das antigas já.


O baixista é da banda GArden também. Só sei isso.



Prazer em ouvir falar....



Convidados especiais...

Em 2001 quase vi um show do Marcelo Nova em Sampa, mas isso é tema de outro post se tiver coragem até sexta.


Olha, que legal: progesterona no rock. Vejamos como é.

Galera das antigas também, som pesado, já foram gospel, parece que aderiram ao mundo secular.

Rock acelerado e letras que falam de carros e amores perdidos com bom humor.

Essa turma tem fãs aqui. Eu não curto muito as guitarras deles, mas mandam bem.

Roquenrol interessante, com letras interessantes, numa linha diferente da maioria local.


Curtia muito o som da antiga formação. Contudo, parece que tem música nova no repertório.


O outro vocalista morreu em acidente e só ficou um louco na banda. Performance da boa.


Esses moleques são engraçados. Têm até um hit: "Mamãe, eu quero ser o Batman"


Bá...não sou chegado à proposta musical da Arroto, mas há muita gente que curte.
O cara com relógio é o Miquéias. Já teve 500 bandas. Essa aqui ainda não assisti.


Galera do 13 de Setembro, letras ácidas e fortes em alguns casos, guitarras pesadas e uma batera responsa. Esse cara à direita com a gola colorida não vai tocar no festival.

quinta-feira, julho 03, 2008

O primeiro festival de rock a gente nunca esquece

Foi no longínquo 2001 que rolou o primeiro Fest Rock, o antecessor do Sesc Fest Rock, evento que na próxima semana entra na quarta edição. O encontro dos roqueiros foi uma iniciativa comandada por Siddhartha Brasil, vocalista da banda Garden, e Alexandre Horta, guitarrista à época da LN3 (acho que é isso, a banda mudou de nome duas vezes antes de entrar definitivamente no cemitério).

Durante três noites, pelos menos 15 bandas passaram por um palco montado numa quadra de futsal no complexo poliesportivo Ayrton Senna, ao lado da falecida sorveteria Gela Goela. Centenas de pessoas prestigiaram a festa. E aqui é interessante ressaltar que poucas bandas sobreviveram à passagem do tempo. Pela minha memória, apenas a Garden e a Mr. Jungle ficaram daquela época, sendo que a última conta hoje apenas com o vocalista Manoel Vilas-boas como integrante remanescente. As duas, por sinal, estão na programação deste ano.

Capa do Cd da banda Garden

2001 era uma época mais pop-rock para quase todas as bandas. Hoje, Boa Vista é dominada pela linha do rock acelerado, na linha do Fresno/CPM 22/outras coisas do gênero. É claro que entre elas há quem arrisque algo diferente dessa linha. Mas isso quem viver em Boa Vista deve conferir pessoalmente no festival que agora é promovido pelo Sesc.

Assim como boa parte das bandas sumiu e outras tantas apareceram, muita coisa mudou na cidade e nas pessoas. Eu, por exemplo, fazia as vezes de assessor de imprensa da Mr. Jungle, que tinha, além de Manoel, a back-vocal Adilia Quintelas (hoje morando em Florianópolis), os guitarristas Rhayder Abensour (atual banda Iekoana) e Adriano Joseph (não sei onde anda), o baixista Dante Alighieri (isso mesmo, como o autor da Divina Comédia) e o batera Rhayner Abensur. Estes dois últimos também estão na Iekoana.

À época, trabalhava na assessoria de comunicação da Prefeitura de Boa Vista, ainda não havia iniciado o curso de sociologia e nem pensava em ter um filho. Pesava alguns quilos a menos e ainda não sabia dirigir carro. Também trabalhava menos do que hoje, tinha poucos cabelos brancos e quase nada de rugas.

Era um tempo bom, propício ao surgimento de bandas intessantes. O último grande movimento roqueiro em Roraima havia rolado na década de 1980, durante a explosão nacional do rock. De lá até 2001, a cena havia diminuído de tamanho. A iniciativa de Siddartha e Alexandre foi fundamental para cimentar a base da cena atual, um contraponto à predominância do forró e do brega nas festas da cidade.

Depois de sete anos, até a memória muda. Na minha idade, é difícil lembrar bem do que rolou há tanto tempo. Recordo apenas que encontrei muitos colegas e ficávamos sentados na grama, do lado de fora da quadra, vendo as apresentações, criticando as ruins e elogiando as boas (tanto as bandas como as mulheres).

A apresentação da Mr. Jungle, na avaliação das pessoas com quem conversei depois, foi uma das melhores do festival. A formação da época investia em quatro ou cinco músicas próprias e covers de O Rappa, Capital Inicial, U2 e The Beatles para animar seus shows. O que fez a diferença naquela noite foi a interpretação dos clássicos dos garotos de Liverpool. O som fez a turma presente encher a quadra e dançar muito, fazer o coro e pedir bis. Foi um show muito bom.


Manoel, que continuou na Mr. Jungle

O tempo passou, às vezes lento, às vezes rápido. Bandas sumiram e muitas outras surgiram, especialmente às vésperas do Sesc Fest Rock. Amadurecida, a atual coordenação do festival decidiu privilegiar neste ano aquelas que já tinham alguma trajetória ou historinha para contar. Neste ano, há rock para todos os gostos, incluindo aí a galera que nunca vai a um show local mas vai pintar no ginásio do Sesc apenas para ver as atrações nacionais. Que seja. Melhor assim que pintar num show de forró.