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terça-feira, março 14, 2023

Na Folhinha Poética do dia 10 de março de 2023

O projeto Folhinha Poética publicou no dia 10 de março um poema de minha autoria. Foi o segundo deste ano. 

A Folhinha é um calendário com poesias de gentes de todos os cantos. Fico feliz por fazer parte deste tipo de iniciativa.


Temporal é um poema que deve ter uns 10 anos de escrito, pelo menos. Gosto muito dele. Na época em que o escrevi, chegamos a gravar um vídeo em várias locações em Boa Vista. Este material depois foi exibido no festival de artes Yamix, que rolava em Pacaraima.


Se quiser conferir a arte do dia 10/03 na página da Folhinha, é só clicar aqui.  

segunda-feira, março 13, 2023

12 meses bancando o corredor de rua (e de trilhas também)

Hoje faz um ano de minha primeira corrida.
Foi em janeiro ou começo de fevereiro de 2022 que perguntei ao professor e

multiatleta Marcos Silva se ele sabia quando haveria uma competição com premiação, pois queria começar a participar e iniciar uma coleção de medalhas esportivas. Queria juntar 12, uma por mês, até dezembro.
Ele avisou dessa que haveria a do Detran RR, marcando o retorno às competições desta modalidade depois de estarem parados quase toda a pandemia de Covid-9. Comecei a tentar aumentar a minha quilometragem nos treinos. Já fazia mais ou menos tranquilo uns 3 km e agora a meta era fazer os 5 km sem caminhar.
Até o dia da corrida não consegui, mas no dia da corrida fui sem parar uma única vez, o que me deixou muito contente.
A segunda corrida foi a do Catre, num trecho de areia e piçarra de 6 km nas matas e trilhas perto do banho do Caçari. Senti as coxas fraquejarem, mas cheguei de boas. Aqui me deram a dica de sempre dar uma acelerada no final para tentar baixar o tempo e passar um espírito, mesmo que fosse fake, de guerreiro da velocidade.
A terceira corrida foi na zona rural do Monte Cristo, no aniversário de seis anos do clube Jabuti do Lavrado. Fechei os 5 km de piçarra e calor em 30 minutos, com direito a um pseudo-sprint no final. Nesta confirmei que adoro competição com melancia no final. Acho que nessa corrida já fazia parte do grupo Desafiando Limites RR, que reúne gente do pedal, da natação e da corrida. O Marcos que me convidou, todo animado com o coleguinha neo-atleta.
Fui subindo a resistência física, chegando a fazer duas provas de cinco km em único dia e aumentando a minha nova coleção. A fome tava tanta que em 4 de junho, dia de meu aniversário, fiz uma antes de reunir os amigos em casa para comemorar. Por má sinalização do trecho todo mundo foi pela rua errada e quase me atropelam, vale contar. Teria sido ruim cancelar a festa...
Lá por abril ou maio olhei pro segundo semestre e decidi que ia fazer os 10 km da Corrida Internacional 9 de Julho. O foco era completar em 60 minutos. Fiz abaixo disso com a estratégia e acompanhamento do Timóteo Camargo, que foi monitorando o nosso ritmo para evitar que morresse nas ladeiras da Getúlio Vargas. A 9 de Julho foi a décima medalha.

Em setembro, buscando a 12a peça da coleção, fui pro município de Amajari com o Timóteo para fazer os 10 km serra acima e serra abaixo da Tepequem  Up 2022. Completei feliz a prova, mas amanheci com os tornozelos inchados, início de uma lesão que me levou a algumas sessões de fisioterapia, a parar de correr e a sentir dor ao caminhar por quase dois meses.
Em novembro, só porque já estava paga a inscrição, fui pro Parque Nacional do Viruá para: 1. Caminhar os 10 ou 11 km da última etapa da Trail Run Séries. 2. Talvez caminhar e trotar. 3. Dane-se. Já estou aqui, bora dá-lhe até estourar tudo de vez. Se não for a dor, que o fôlego de tanto tempo parado me pare.
Largada feita, fui feito jabuti, cansei só na metade da prova, os tornozelos não reclamaram, peguei minha medalha e ainda caminhei mais sete quilômetros até um mirante meio sem graça no meio da selva, mas bonito de se ver se a gente não estivesse tão esgotado e com sede.
Tem muito mais história, mas podemos resumir tudo assim: comecei dia desses e já corri em quatro municípios de Roraima e em Manaus (AM), lesionei, voltei, estou de olho numa meia maratona, entrei na academia para fortalecer as perninhas (não exatamente nesta ordem), já dou dicas para gente mais novata que eu, teve dias em que fiz uma corrida de 7 km na areia pela manhã e mais 7 no asfalto à tarde e sempre, sempre sinto preguiça de ir treinar.
Sim, preguiça o tempo todo (ou muitas vezes). E se algum corredor dizer que “ain, comigo não é assim. Sempre estou disposto” pode crer que está mentindo. A gente só vai porque montou meta e sabe que é de passada em passada que se chega lá, seja lá onde for. As minhas metas são ganhar de mim a cada vez que for correr.

Ah, importante, muito importante, é lembrar do apoio incondicional e cuidados de minha preta-poeta Zanny Adairalba, que me garantem a tranquilidade necessária para poder brincar de atleta amador em paz. Sem ela na retaguarda seria muito complicado estar no esporte. O amor caminha perto de quem corre. Valorizem seus apoios, façam carinho, paguem lanchinho e, se forem disso, façam cafuné.
Ah, sobre a meta das medalhas: a ideia eram 12. Terminei o ano com 19.


 

quinta-feira, agosto 25, 2022

Uma crônica e um conto na revista literária Valittera

Salve, gente que gosta de literatura. 

Tem um conto e uma crônica de minha autoria na nova edição da Valittera, revista 


literária dos acadêmicos de Letras da Universidade Estadual de Matogrosso do Sul (UEMS). 

Os textos foram produzidos e enviados para avaliação da equipe editorial no ano passado. A turma demorou um pouco mais do que o esperado para liberar a edição, por isso as leituras citadas na crônica já foram concluídas e o conto tem aquele toque dramático pré-vacinação contra a Covid. 

Independente disso, recomendo a leitura não só do meu material, como o dos demais selecionados, entre eles o escritor Gabriel Alencar, também de Roraima. 

Aqui tem o conto “Ano-novo”: https://periodicosonline.uems.br/index.php/valit/article/view/6257/5057

E aqui a crônica “Leituras para agora e depois”: https://periodicosonline.uems.br/index.php/valit/article/view/6258/5083

Para ler os demais autores, clica aqui. 


quarta-feira, agosto 24, 2022

Um texto sobre café na Revista LiteraLivre nº 34

Saiu em julho e eu achei que havia publicado aqui no blog, mas esqueci 
impressionantemente: na edição número 34 da Revista LiteraLivre tem uma crônica minha falando sobre café. 



Para ler na revista os links são estes: https://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre e http://revistaliteralivre.blogspot.com/.../revista...

Ou então dá zoom nas imagens e faz a tua leitura aqui. 




E então, como você faz o seu café?


domingo, dezembro 12, 2021

Identificação ativada: um texto sobre identidade para a revista Cult

Um texto meu foi publicado na revista Cult, na seção Lugar de Fala, um espaço aberto a leitores/colaboradores da publicação, sempre com uma temática distinta. 

O tema de novembro de 2021 foi “a arte e a educação como meios para combater
o racismo”.
Gersika Nascimento, minha colega jornalista da UFRR me avisou, fiquei pensando sobre o assunto e em 13/11 escrevi e mandei. Dois dias depois publicaram, mas eu só fui ver agora em dezembro, quase quatro semanas depois.
 

No texto, uma crônica, relato uma atividade que o Coletivo Caimbé fez numa comunidade da Terra Indígena São Marcos e ajudou a fortalecer a identidade das crianças. Quem quiser ler na revista, pode acessar aqui: https://revistacult.uol.com.br/home/identificacao-ativada/.

Ou poupar tempo e só rolar a tela para ver logo aqui, na fonte do criador. 


Identificação ativada

Era nossa primeira atividade na comunidade Campo Alegre, na Terra Indígena São Marcos, em Roraima. No pequeno malocão cheio de crianças com, no máximo, dez anos de idade, estávamos nós, o pessoal da capital que ia contar histórias e fazer outras atividades lúdicas.
 

Já havia conversado com o tuxaua sobre quais eram as etnias predominantes na comunidade. Campo Alegre, nesse então, era formada sobretudo por famílias Macuxi e Wapichana. Tentando estabelecer um elo com as crianças, falei em nossa apresentação que éramos um coletivo literário chamado Caimbé, mesmo nome da árvore característica do lavrado roraimense, e que eu e um dos meus colegas descendíamos de indígenas como elas e os seus pais.
 

Para estimulá-los a falar alguma coisa antes de começar a contação de histórias, perguntei:
 

—Quem aqui é Macuxi?


Silêncio, olhares curiosos em minha direção e para os coleguinhas. Insisti, talvez não houvesse ninguém nesse dia descendente dessa etnia:


— E quem é Wapichana?


Novo silêncio, o rosto sério nos adultos presentes e o olhar ainda mais curioso nos pequenos. Apelei.


— Quem aqui tem pai ou mãe Macuxi ou Wapichana?


Todas as mãos se levantaram, alguns falaram que o pai era de uma etnia e mãe de outra ou que apenas um dos pais era indígena. Em segundos traçaram toda a genealogia do núcleo familiar. Engatei o discurso de fortalecimento da identidade:


— Ah, que legal saber sobre vocês! E vocês sabiam que se nossa mãe ou pai é indígena, nós também somos, vivendo aqui na comunidade ou lá na cidade? Então me digam: aqui é Macuxi ou Wapichana?


Todas as mãos se levantaram, falei mais algumas coisas, meus colegas deram continuidade às ações e fomos embora depois, rumo à comunidade de Vista Alegre, repetir os trabalhos do projeto Caminhada Arteliteratura. Voltamos para a capital e retornamos duas ou três semanas depois para Campo Alegre. Era um sábado de muito vento e desta vez havia mais crianças. Quis testar se a conversa sobre identidade havia surtido algum efeito e perguntei novamente se havia algum indígena no malocão.


Todas as mãozinhas se levantaram. Sorrindo, olhei para os meus colegas e para os adultos da comunidade e insisti no detalhamento, perguntando sobre quem era de qual etnia. Um garotinho levantou as mãos para identificar-se tanto como Macuxi como Wapichana. Lembrei que na primeira visita ele não havia se identificado como pertencente a nenhum grupo e comentei isso com os adultos.
 

— Ah, ele chegou na casa dele, falou com os pais e desde aquele dia fica por toda a comunidade dizendo “eu sou indígena, eu sou Macuxi, eu sou Wapichana” — contou alguém, sorrindo e acrescentando que outras crianças também haviam começado a identificar-se como pertencentes às etnias.


Quando saímos rumo à próxima comunidade, estava muito feliz. Em uma terra como Roraima, onde até bem pouco tempo era vergonhoso identificar-se como indígena, ver crianças assumindo orgulhosamente essa identidade é um sinal de belas e boas mudanças. De todas as recompensas que me trouxeram as viagens do projeto Caminhada Arteliteratura, essa foi a maior de todas.


 
Edgar Borges é escritor, jornalista e articulador do grupo literário Coletivo Caimbé. Mora em Boa Vista, RR.

 

******

Para saber mais sobre a Caminhada Arteliteratura, projeto cujo nome fazia referência ao neologismo que criamos e fazia parte da antiga denominação do Coletivo Caimbé, basta clicar aqui.  

 

domingo, dezembro 05, 2021

Um poema premiado numa mostra cultural do IFRR

A semana fechou com uma felicidade literária: um poema de minha autoria foi premiado com o primeiro lugar na categoria Literatura/comunidade externa da Mostra Cultural do IX Fórum de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação Tecnológica (Forint) do Instituto Federal de Roraima (IFRR).

 

 

A premiação será um tablet. Estou feliz. Escrevi o poema em julho deste ano, pensando em como as pessoas querem forçar o “está tudo bem” nestes tempos estranhos de variantes e agonias.

 
Eis o poema:
 

Há normalidade 


O relógio de ontem não é mais o mesmo
Engasgo os minutos enquanto sinto esse sabor
Esperando que tudo fosse um sonho
E a normalidade reinasse
E se a normalidade a reinar estivesse
Que tudo se risse entre si
E palhaços cambaleassem circenses na calçada
É segunda, grita o meu vizinho ao seu café
Não o acompanho, não acompanho ninguém
Esta é a normalidade diária que sinto
Me engole, me engasga, me abate
Caio e finjo que continuo em pé
Assim posso segurar os outros que caem
Levantá-los e rir com eles
Dizer-lhes que há normalidade nisso
E que é isso mesmo
Um dia de riso, uns dias de choro
Engasgo, mas nego e digo que
Há normalidade em viver assim
Engolindo as horas
Engolindo medos em dias sem fim
 
.........

Aqui é possível ver a forma bonita como o IFRR divulgou. Fizeram uma transmissão no YouTube e montaram um vídeo padrão Oscar para anunciar os ganhadores. 

Achei muito bacana a estratégia. Clica para assistir, já está no ponto no qual começa a passar o vídeo: 




sexta-feira, março 05, 2021

11 meses, centenas de mortes...


11 meses se passaram desde o primeiro registro de mortes em decorrência de Covid-19 em Roraima. Oficialmente já são 1.160 vidas perdidas em Roraima.

Quantas vezes você disse adeus a amigos, amores e conhecidos? 

Quantas vezes teve medo de dar adeus ou ser o próximo a receber o tchau?

11 meses com desnecessárias reuniões em igrejas, campanhas políticas, locais de trabalho, quadras esportivas, inaugurações de orlas e o escambau.

11 meses e não tem vacina para todos porque o assassino que está na presidência achou que comprar a cloroquina da empresa do apoiador de campanha seria melhor do que investir em pesquisa e sabotou ao máximo a aquisição da mais certa forma de evitar o caos.

11 meses e já achamos normal tanta gente morrer, mas achamos um estorvo usar máscara e manter distância uns dos outros.

11 meses e milhões de pessoas morrendo no mundo, mas viva la vida, sextou, vem pro meu níver, te espero no casamento, vamo ali jogar cartas, bora ali no sítio prum forró...

11 meses e não sei como adjetivar quem não está está puto ou/e triste. 

sexta-feira, julho 10, 2020

Sendo jurado literário em tempos de pandemia

Não estou escrevendo nada nas últimas semanas (esta blogagem não conta), mas andei envolvido com as escrituras alheias. 

Desde que o distanciamento social motivado pela pandemia de Covid-19 começou já fui/serei jurado de três concursos literários aqui de Roraima, sendo organizador de um deles também. 

Vamos falar um pouco deles para lembrar um dia lá na frente: 

Analisei o material que foi inscrito no I Concurso Literário MaRRginal, organizado pelo grupo Margens com tema livre. A divulgação dos ganhadores será no sábado, 18 de julho. 


Além de jurado, entrei também como um dos patrocinadores do concurso, com a doação de um exemplar de meu livro Sem Grandes Delongas: 





Propus, colaborei na organização e fui um dos jurados do Prêmio Devair Fiorotti de Literatura, da Editora da Universidade Federal de Roraima (EdUFRR). O tema desta edição foi “Pandemias: cuidados, prevenção, efeitos e consequência sobre a vida humana: dimensões múltiplas de uma temerária e inquietante experiência coletiva”. 



Conforme texto publicado no site da UFRR, 
a iniciativa estimulou autores moradores de quase todo os estados do Brasil e de outros países a produzirem textos literários sobre o momento/circunstância que vivemos neste ano, trazendo abordagens diversas sobre as consequências de pandemias como a da Covid-19 no cotidiano das pessoas.

Foram selecionados 15 contos, 15 minicontos e 15 crônicas. Na categoria Poema foram destacados dois poemas inscritos como hors-concours, além dos 15 selecionados, para abrirem, cada um, um volume da coleção, dedicados ao poeta Devair Fiorotti, uma vez que o homenageiam.

O material integrará os dois primeiros volumes da recém criada Coleção Literatura de Circunstâncias da EdUFRR de textos literários, que serão também lançados em livro físico, em edição de pequena tiragem.

O prêmio literário foi organizado por Fábio Almeida de Carvalho, diretor da EdUFRR, Roberto Mibielli, escritor e coordenador do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRR (PPGL) e Edgar Borges, escritor e integrante do grupo literário Coletivo Caimbé.
Os três fizeram parte da banca julgadora, que também foi formada por Sheila Praxedes Pereira Campos, Sonyellen Fiorotti, Francisco Alves Gomes, Verônica Prudente Costa, Cátia Monteiro Wankler e Rosidelma Pereira Fraga.




A outra banca de avaliadores para a qual fui chamado até agora é a do concurso de poesias em vídeos “Palavras conectadas”, organizado pelo Sesc Roraima: 



Confere o release: 

‘Palavras Conectadas’ é o nome do concurso de poesia on-line que busca promover a Cultura Literária através da linguagem entre o vídeo e a poesia, neste período de pandemia que estamos enfrentando. As inscrições poderão ser realizadas gratuitamente no site www.sescrr.com.br, até o dia 31 de julho. Os vencedores de cada categoria ganharão um tablet.
 
Os interessados deverão mandar vídeos recitando poesias de autoria própria, de acordo com o regulamento e conforme sua categoria: Baby - de 6 a 10 anos e Júnior - de 11 a 15 anos. 
 
Os vídeos serão julgados em uma primeira fase pelos profissionais da literatura Aldenor Pimentel, Edgar Borges e Zanny Adairalba, que escolherão dois vídeos por categoria. 
Na segunda e última fase, quem decidirá os vencedores será o público através de uma votação popular on-line no instagram do Sesc Roraima (@sescrr).

Deste aqui peguei várias notícias que saíram na mídia local: 

G1 Roraima






Folha de Boa Vista 





O próprio site do Sesc. 








Quantos outros concursos vou analisar até a pandemia acabar eu não sei. Só sei que estamos aí.

sexta-feira, maio 22, 2020

Diário da Covid-19: as mortes começam a ter rosto

Semana passada cheguei a anotar algumas coisas para o Diário da Covid-19, mas desisti na quinta. Muita morte, muita tristeza, muito cansaço mental. De que adiante escrever sobre meu minúsculo mundo diante de um universo de dores e outros absurdos?

Fui fazer outras coisas, escrever umas prosas, me inscrever em concursos, ser jurado de concurso literário, fazer a edição do romance de um amigo, descobrir uma série de humor na netflix, beber algo à noite. Não o suficiente para acordar tarde, não. Continuo madrugando, mesmo que não queira. E quando quero ficar mais na cama, sempre há o Balu para vir bater na cama e pedir que lhe abra a porta da cozinha. Minha vingança vem no outro dia, quando acordo mais cedo que ele e o faço sair do descanso. Ele, fiel cãozinho, fica tomando conta de mim lá da varanda ou colado em meus pés enquanto como. Tanto amor traz resultado: lhe fiz um poema esta semana, uma haikai (ou quase um haikai):

 


Tenho tentado manter a regularidade das corridas. Os amanheceres mais frios ou a pura preguiça têm vencido algumas batalhas matutinas. Engano minha mente dizendo que é bom para o corpo descansar, que meu calcanhar direito reclama se correr dois dias seguidos, que capinar é bom também para o corpo e ativa outros músculos. O certo é que estava com medo de voltar a ganhar peso, o que não aconteceu nos últimos, apesar de notar ou imaginar um crescimento na barriga. Talvez seja ilusão. Hoje vi uma foto minha de sete anos atrás na aula de pilates e me pareceu que o corpo estava parecido com o formato atual. Edgarzinho está na foto. Ele sim mudou muito. Minhas rugas também.

 

Estou estudando como se fazem haikais, a propósito. O básico eu sei: são três versos com cinco, sete e cinco sílabas poéticas cada um. Fácil, mas...o que são sílabas poéticas? Zanny tentou me ensinar, meio que entendi, fomos no youtube pegar vídeo aulas e estou nessa, praticamente como o meu filho e suas aulas remotas. Mais duas e acho que pego na teoria como é.

 

Ainda sobre literatura e coisas que nos distraem no meio da pandemia, editei um vídeogravado com outros autores de Roraima para estimular as pessoas a lerem eficarem em casa. Tomara que dê certo, porque os casos não param de subir em Roraima, terra em que geral parece não acreditar nessa doença inventada pela mídia. Até ontem, 21 de maio de 2020, eram 83 óbitos no Estado. Parece pouco, mas é muito. São vidas, amores, quereres, sonhos que se apagaram. Os mortos agora começam a ter rosto. Da semana passada para cá foram três amigos ou conhecidos perdendo parentes e vários dando entrada nos hospitais para serem entubados. E quando a ceifadora se aproxima, o medo ganha espaço no cotidiano.


Cheguei a escrever no facebook que parte desse caos vivido no Brasil era causado pela irresponsabilidade do presidente, que desde o começo contrariou todas as recomendações da Organização Social da Saúde, dando o mal exemplo e trazendo medo e tristeza ao Brasil (até ontem eram mais de vinte mil mortos e hoje saiu matéria dizendo que a América do Sul, puxada pelo Brasil, é o novo epicentro mundial da doença). Um colega jornalista bolsonarista-evangélico respondeu que estava sentindo-se seguro e feliz. É o tipo de resposta que me faz acreditar na falência da sociedade brasileira. Se não há empatia, o que sobra?


Trecho final (ou começo, dependendo do ângulo) da rua de barro na qual corro. Parece que vão fazer  alguma obra bem grande nela

Hoje de manhã acordei às 4h30, ou levantei às 4h30, não lembro. Só sei que estava escuro e meio que chovia (ontem a ventania deu medo. Mais um quilometro por hora e levava as telhas). Acordei tenso porque ontem de manhã ficamos sabendo que minha vó materna Maria José possivelmente está com covid-19. Ela tem 94 anos e fuma desde os seis. Seu pulmãozinho não segura uma onda dessas. Segurei o dia todo bem, mas o subconsciente amanheceu querendo pifar. Fui correr com o gosto de quem precisa colocar para fora toxinas e medos.


Antes de correr fiz um comparativo sobre o que equivale a 83 mortos por coronavírus. São:

1. Sete times e meio de futebol de campo.

2. Três ou quatro quadrilhas juninas.

3. Quase dois ônibus lotados da Eucatur.

4. Quase três salas de aula bem cheias.

5. Mais do cabe num avião turbo-hélice ATR 72-600, tipo os da Azul.

 

Não é uma gripezinha, não é complô contra o presidente, não é invenção da mídia, jambu não cura e oração não espanta o vírus. Fica em casa se não precisar sair. E se sair, usa máscara e lava as mãos. Não é só pela tua vida, mas pela vida dos outros. 

 

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Este é o nono registro dos meus dias de quarentena e distanciamento social iniciados em março para tentar passar sem danos pela pandemia da covid-19. Tem outras postagens aqui.

sexta-feira, maio 08, 2020

Diário da Covid-19: rotinas, lives e aquele desconforto de dois meses distanciado do mundo

Sábado, 02.05

Osvaldo voltou para o seu galho. Me lembra uma música do Nicola de Bari esse seu vaivém pelo mundo. (Sim, música de velho. Nicola de Bari me relembra meus pais e um disco que tínhamos quando vivíamos na Venezuela). 

Saí para correr eram 6h30 e o céu estava bem nublado. 


Vi milho na avenida de barro, a chuva me pegou e dei um pique violento para voltar à casa. No meio da corrida lembrei das aulas de educação física na escola primária. Nunca fui bom de pique e sempre era o último a chegar. 




Chuvisca e do conforto de minha casa penso nas filas na frente das agências da Caixa Econômica Federal. Desde ontem, pelas fotos que vi nos grupos, tem gente esperando para sacar a grana do auxílio emergencial. Tenho sorte de não precisar disso. Poderia alegar meritocracia, como muitos, mas não. Sei que tive sorte de ter apoio para poder estudar em paz.  

Balu, fiel companheiro das manhãs. Quem vê, não sabe o quanto me perturba querendo me lamber na hora das flexões. 



Almas sebosas fizeram um card espalhando que havia mais contaminados em Roraima pela Covid-19 do que o número real oficial. O pessoal no grupo dos jornalistas comentou, perguntou e só de noite a galera da comunicação do governo se coçou para arrumar. Antes tarde do que nunca.

Dia de filme em família. O ator é o amoreco da Zanny, Will Smith. "Focus" tem cenas rodadas em Buenos Aires e eu reconheço algumas locações por conta da viagem para lá em...2017, 2018...Faz tanto tempo. Aproveito e explico/digo para Edgarzinho que os autores de certa música que toca no filme é a banda Rolling Stones. 


 
Domingo, 03.05

Oswaldo (com W, como sugeriu a Vanessa), voou. 

Finais de semana são dias longos quando não se tem para onde ir. Zanny desde ontem à tarde está chapiscando o muro. É minha poeta-pedreira ou é pedreira-poeta? De noite, depois da labuta na obra, botou um vídeo no Youtube com a Regina Lima cantando um xote que compôs. Minha compositora-pedreira-pedrita. 

E eu? De uma cadeira para outra. Incomodado com o calor e dores na cervical e nos braços não faço nada além do normal obrigatório. Não varri nem passei pano e o banheiro só lavo segunda ou terça agora. Era pra gente ter ido no APT arrumar, mas não rolou disposição. Só achei forças para ver uns vídeos sobre o uso das serras tico-tico. Está na hora da gente mexer na que compramos há meses e nunca testamos. 

Sobre planos e 2020: 


A agonia de não ter o que fazer me fez fazer o que há meses queria: fui do lado de casa, peguei um pedaço de cerâmica e pintei. Passei o tempo e me diverti. Acho que nasce um novo Basquiat.



Segunda, 04.05.20

Oswaldo não voltou para o seu galho. 

Preguiça + frio= sem coragem para sair cedo de casa e ir correr. Melhor puxar a nêga para dormir no meu peito. 

Morreu o cantor e compositor Aldir Blanc. Motivo: Covid-19. Hoje é dia de ouvi-lo muito, sobretudo Catavento e Girassol. Aldir se soma a outros 7.025 mortos até ontem no Brasil por conta do coronavírus. Norte e Nordeste registram maior número de mortes e contaminados. Roraima tem 806 casos confirmados e 11 mortes. Até ontem eram 32 pessoas internadas. Enquanto uns morrem, o que o presidente fez? Foi para manifestação em BSB a seu favor e a favor de um golpe de estado. Levou a filha pequena e bandeiras dos EUA e de Israel (subserviência que fala?) para o protesto. 


Que merda o Brasil fez? Que merda o brasil (assim, minúsculo mesmo) continua fazendo?

Jornalistas foram agredidos. O mundo político e social reage, mas o bolsonarismo não recua. Em Roraima o povo acha que jornalista deve apanhar também. Basta ser da Globolixo ou e qualquer veículo que não elogie o genocida. Todo mundo é especialista em pauta e cobertura agora.

Me diverti: fiz uma live no instagram com o Timóteo. Era para ser 20 minutos apenas e a primeira hora passou voando. Só percebemos quando o sistema do IG nos expulsou. Voltamos e ficamos quase outra hora. Algumas pessoas queridas ficaram nos acompanhando em nosso papo de boteco. Ah, sim. Não falamos de nada e falamos de tudo. Tipo aquela série de humor do Seinfeld. 



Terça, 05.05.2020

Acordei animado para ir correr, tipo umas cinco horas. Murchei quando vi que tava garoando. Só parou de chover lá pelas 9h. Saco.

Oswaldo, o viajante, voltou para seu galho. Ou será que é outro, um primo, um sósia, um irmão gêmeo? 

Oswaldo tá lá, meditando, e dois periquitos e outro passarinho no maior converse na árvore dele (ou nossa?). 

Dia de pintar cerâmica. Fiz mais uma de manhã. Acho que foi esse esforço que me deixou com dor de cabeça. 

Tarde meio quente. Trabalho remoto eu, Zanny mexendo com as mudinhas de pitanga, Edgarzinho já fez as tarefas e fica conversando com a vovó Alba sobre o jogo de celular.

Chegou e-mail de uma revista dizendo que tive um poema selecionado para a próxima edição on-line. Fiquei contente. 

Vanessa passou um som cantado em espanhol dum cantor daqui, o Murilo Modesto. Fui ouvir o EP todo e gostei. Eu passei sons que falam de migração para várias pessoas. Hoje teve música que só nos inbox da vida.

Corri de noite na escuridão da rua de barro. Minhas pernas doeram e faltou ar. Não rendeu. Não rende quase nunca.

Lua cheia na rua de barro

Pintamos, Edgarzinho e eu, cerâmicas.

13 mortos por Covid-19 em Roraima 

Quarta, 06.05.2020

Balu me acordou, Oswaldo amanheceu no galho do abacateiro, choveu até umas 9h, 10h. Pesquisei concursos literários, discuti a relevância musical de Los Hermanos com a Vanessa, trabalhei quase sem net à tarde, vi uns vídeos de matemática com Edgarzinho (minha memória de peixinho dourado para números continua a mesma). Fechei com o Timóteo para fazer uma live de noite.

Live do ano

Fizemos a live. Matamos um pouco a saudade e fizemos o povo rir um pouco. Ficou numa média de 10 a 12 pessoas, mas repetíamos para o público que eram 10 mil. Faltou energia no final e rolaram efeitos especiais. A Jéssica mandou prints pra a gente lembrar como foi. 









Quinta, 07.05.2020

Fui dormir umas 23h30. Acordei não sei que horas, mas quando cansei de tentar voltar a dormir, eram 5h06. Corri. Não queria, mas manhãs sem chuva serão raras. No grupo dos jornalistas, Cyneida compartilha matéria sobre a idiotice de um general da operação Acolhida. O cara prega a imunidade de rebanho.   

Quero, mas não consigo produzir literatura. Fico a manhã toda entre o Whatsapp e as redes sociais conversando e vadiando. A casa toda está em slow. Sobretudo o Edgarzinho, aproveitando a TV nova que lhe comprei com suas economias de mesada e outras granas recebidas dos avós durante meses. (Receber um produto em casa nunca mais será simples: eu peguei a caixa na varanda com todo o cuidado do mundo e Zanny limpou até os pés do aparelho, mesmo tendo chegados embrulhados. Desconfiança nunca é demais.).

Estou cansando da situação, do todo. Ontem a Isadora me perguntou como andavam as coisas e lhe disse:

Entre a felicidade de ter um emprego em que posso fazer trabalho remoto, a agonia de ver meia Boa Vista ignorando a pandemia e a ansiedade de ver tudo isso passar e poder fazer compras sem achar que vou pegar e passar a doença para minha mulher e filho. Ah, e com saudades de minha mãe e avó, que não visito há quase 50 dias ou por aí.
Basicamente assim ando.

De tarde, no grupo dos escritores, ficamos sabendo que a filha da Jacinta teve Covid-19 e está em recuperação. Febres intensas e outros sintomas durante dias, conta. Assustador. Fez um poema sobre isso. 



Estamos todos quebrando sem querer.

Às 18h, Oswaldo não estava na árvore. A noite está fria. Edgarzinho usa meu gorro dos Andes e boto uma manga comprida pela primeira vez no inverno. Minha mãe não atende a ligação, o vizinho prepara uma carne cheirosa que só e bebo uma cerveja na varanda. A noite e a vida ainda continuam. Vejo mais um capítulo da série Peaky Blinders, algo curto no Youtube e vou dormir.  

Sexta, 08.05.2020

É madrugada, acordo, chove, como, Zanny faz yoga, Edgarzinho e dona Alba dormem. Temos conforto, mas isso não impede o desconforto. Como será o retorno à normalidade? Quando será o retorno à normalidade? E digo normalidade porque acredito que não melhoraremos enquanto mundo. Falimos. Somos um país binário e quem está no centro é para sentir-se superior (mesmo não havendo centro que dure duas chuvas). Sabe a cabeça pesando? Sabe o tempo pesando? São nove semanas assim já. Domingo é dia das mães e eu, que nunca liguei para datas assim, morro de vontade de passar o dia com a minha velhinha, de pedir a benção de minha avó Maria José. Comemos, temos o que comer, mas isso não impede outras fomes. Somos mais que um estômago, mais que necessidades físicas. Ontem teve forró em alguma das casas por trás da nossa. O povo não aceita ficar quieto, isolado. Roraima é fronteira, terra de ninguém, terra de oportunidades. Lembro que um perfil de humor no instagram me bloqueou porque comentei que estava fazendo piadas xenofóbicas com venezuelanos e a questão do auxílio emergencial. Replicou dizendo que era crítica social. Respondi dizendo que não e apontei a outra piada do dia, homofóbica. Ganhei block... Roraima, terra onde gente se apropria de referências indígenas para repetir o discurso opressor. Quantos casos teremos hoje registrados? Essa nossa curva deveria estar caindo, mas somos irresponsáveis, somos semideuses vacinados contra tudo e contra todos depois de tantos anos de dengue, malária, paludismo, viroses sem nome e sem destino. Choveu de tarde, apareceram umas goteiras onde não havia goteiras. Um dia, quando a pandemia baixar, chamarei o rapaz que fez o conserto das outras goteiras. Quando será que voltaremos à normalidade? O que será a nova normalidade? Estou cansado deste diário e pode ser que seja o último, pode ser que não. Leila disse para ler A peste, de Camus. Baixei no celular, baixe no computador, mas tenho preguiça de ler muito em PDF. A peste, apeste, peste. São quase 18h, termina mais uma semana de trabalho remoto, minhas costas doem e não vou revisar o que escrevi hoje. Quem ler, que ache os erros. Zanny, preta linda, fez bolo e eu fiz suco de limão. 

Oswaldo não dormiu, mas amanheceu no abacateiro. E pegou chuva o dia todo.


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Este é o oitavo registro dos meus dias de quarentena e distanciamento social durante a pandemia da covid-19. Tem outras postagens aqui.


Se você também está escrevendo sobre isso, deixa o link nos comentários que quero saber dos teus dias.

sexta-feira, fevereiro 28, 2020

Preliminares

O título parece ser sobre algo relacionado a sexo, mas não é. É sobre os preparativos para voltar ao trabalho depois do fim de minha licença para fazer o mestrado. Na verdade, trabalho e sexo, se você vulgarizar um pouco a questão, tem muita coisa em comum. Tem que se preparar, dá prazer e dá desgosto, é preciso juntar-se com outras pessoas, podemos rir e querer ficar ali horas e horas tranquilo e também podemos apenas nos lamentar e pensar “que diabos eu tô fazendo aqui?”.

Voltando a falar das preliminares para o trabalho (ah, lembrei da discussão que fala sobre sexo oral não ser preliminar e sim a parada já em andamento. Só queria dizer que concordo). Bem, voltando a falar de trabalho: estava afastado para fazer o meu mestrado em Letras. Agora que defendi a dissertação e sou um mestre dos magos das Letras Jedi, acabou a tal da “folga” que tinha. Sim, o pessoal acha que estudar é uma folga. Não sabem que em certos dias cheguei a ficar 10, 12 horas escrevendo e lendo para dar conta dos prazos. Posso também comparar com o tempo de trabalho legal de um jornalista numa redação: cinco horas por dia. Ou seja, houve momentos em que parecia o pai do Cris e sua carga horária nos dois empregos.



Me chama de mestre dos magos

Bueno...acabou a folga, volto na segunda para o meu antigo setor, o original, o que me recebeu quando entrei na instituição e do qual saí para não ter que lidar com um sujeito que havia sido nomeado chefe do setor. “Aim...mas o que é isso? Você deveria superar essas coisas, ser uma pessoa melhor, pensar na instituição e patati, patatá”. Tua cara se estás pensando assim. Nunca ouviu falar em ambiente tóxico? Em como a produtividade é afetada pela dissintonia entre a equipe? Então: ouviu agora. Consultoria fucking coach de graça aqui no Crônicas da Fronteira. Espalha por aí.

Durante o meu afastamento, o sujeito foi exonerado do cargo. Não me interessam os motivos, mas a situação: se o fato incomodador não está mais lá, quero voltar. Falei com a atual chefe do setor, que é uma querida e já havia me chefiado na coordenadoria. Juntos, cada um no seu whastapp, conversamos com a atual chefe de gabinete, que viria a ser minha superiora administrativa caso voltasse para onde estava lotado. Esta, que também é um amor de pessoa, concordou e agilizou logo os documentos que me fazem voltar para meu setorzinho querido.

Tudo isso faz parte das preliminares: conversas, pedidos, vai pra lá, vem pra cá, isso, chega tal hora, sai à hora tal... Detalhes acertados, vamos ao como fazer acontecer isso sem parecer um mulambo. Fui checar o guarda-roupa e vi que só tinha uma calça comprida jeans. Calça esta que já deve estar comemorando uns bons seis ou mais anos me acompanhando. Decidi comprar outra, mas o número 42 de calça corte reto caia feito um balão no meu corpo redondo de 164 cm de estatura. Em parte por isso decidi começar a mexer na dieta e também a correr. Agora corro todas as manhãs possíveis numa praia de água doce aqui perto de casa. Com isso me tornei aquilo que mais temia e aquele tipo de gente que sempre achei esquisita: a que acorda cedo para praticar exercícios.  

O resultado dessa nova prática é que agora em fevereiro baixei o número da calça de 42 para 40. As gordurinhas continuam balançando, ainda não vejo a ponta dos meus pés, mas pelo menos consegui comprar uma roupa nova um pouco menor. Inclusive, só estou comprando essa calça por conta do retorno ao trampo. Detesto calça comprida. Por mim, o mundo todo trabalharia de bermudas e camiseta. Ternos e outras peças de vestuário não condizentes com o nosso clima seriam proibidos, inclusive com direito àquelas plaquinhas que colocam na porta dos lugares dizendo que tal roupa não te autoriza a entrar.

Lembro que nestes dois anos afastado eu só usei calça (salvo engano) em duas ocasiões: uma foi na festa de formatura de minha afilhada arquiteta linda. Ela botou no convite que o traje esporte fino era obrigatório e por mais que buscasse no google, não achei nenhum exemplo de foto que incluísse alguém de bermuda...Aí fui arrumadinho para a festa da Sângela. Isto é um exemplo do que se faz por amor. A outra ocasião da calça comprida foi na viagem à Vitória. Para visitar a fábrica de chocolates Garoto é obrigatório usar roupa que cubra toda a perna. Não era obrigatório eu ir na fábrica, mas já que estava lá perto, que custava o sacrifício, né?

Então é isso: volto para meu antigo setor após conversar com o povo sobre ser isso o que queria, comecei a fazer exercícios para melhorar meu humor, ver a ponta dos meus pés e poder usar uma roupa menor e também estou de vestimenta limpa, nova e pronta. 

Ou seja... Preliminares: OK.

Que comecem os jogos.