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quinta-feira, julho 14, 2011

As leituras do mês


Julho foi, até agora, interessante em termos de leitura.

Li

1.    Caóticos de uma mulher crônica, de  Tati  Cavalcanti, Editora Novitas (Crônicas);
2.    A Orelha de Van Gogh, de Moacyr Scliar, editora Companhia das Letras (Contos);

 
3.    Mínimos, múltiplos, comuns, de João Gilberto Noll, da W11 Editores (microcontos) ; e
4.    Pico na veia, de Dalton Trevisan, editora Record (contos e crônicas).
 
Além deles, me deliciei com o número 12 da HQ A sombra do Batman e a 79 de Wolverine. Também li a edição 1.331 do Suplemento Literário , editado pelo Governo de Minas Gerais.

Agora vou verificar o que tem no Coisas Frágeis 2, de Neil Gaiman,  Conrad Editora, e na revista literária Coyote, edição 22.

Enquanto meu livro não sai e minha coluna não volta ao normal para poder escrever mais no computador e passar a limpo o que tenho produzido a mão e caneta, vou lendo o que der para conhecer o estilo dos outros.

E olhando essa lista, acho que só neste mês já superei a media anual de leitura do brasileiro...

sábado, maio 07, 2011

Retratos de uma viagem

Finalmente conseguimos subir as fotos da viagem a Campo Alegre e Vista Alegre, realizada no dia 28 de abril, para mais uma atividade do Projeto Caminhada Arteliteratura.


Foi um dia muito legal, com contação de histórias, declamação de poemas, oficinas, exposição fotográfica e muitas perguntas aos escritores Eroquês  Guadério e Alexia Linke. 
Confere as fotos  no blog do projeto.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Levando literatura às comunidades indígenas de Roraima

A turma do Coletivo Arteliteratura Caimbé, do qual faço parte, iniciou as atividades do projeto Caminhada Arteliteratura, contemplado em 2010 com a Bolsa de Circulação Literária - Funarte/Ministério da Cultura.
O blog do projeto já está no ar. É clicar aqui e acompanhar direto as notícias.
A seguir, um relato de Zanny Adairalba sobre a viagem inicial às comunidades indígenas do Baixo São Marcos.


Diário de caminhada - 15 de Janeiro de 2011

Acordamos cedo esta manhã. Para chegarmos às comunidades, além de carro, teremos que fazer uso de uma balsa para a travessia do rio Uraricoera. Água, blocos de anotações e câmeras fotográficas no carro e pronto. É hora de pegar a estrada.




Saída de Boa Vista rumo à região do Passarão, passagem obrigatória para chegar ao Baixo São Marcos. A cidade fica para trás. Daqui para frente, só natureza!


Passando pela Serra da Moça, onde fica uma comunidade indígena, mas ainda não pertencente aos Territórios da Cidadania.


Primeira parada.



São 8 da manhã e perdemos a balsa. Agora é esperar seu retorno.



Um pescador chegando pelo rio Uraricoera. A cena relata a poesia viva do cotidiano Amazônico.


Depois de uma hora e meia de espera, o motor do rebocador avisa que vamos partir. Todos a bordo parecem bem à vontade. Menos eu, que sempre gostei de manter meus pés em terras bem firmes.





Chegamos em Campo Alegre, uma comunidade fundada em 1982 que hoje possui 203 habitantes, 2 escolas (uma estadual e outra municipal) e um micro-hospital em processo de construção.

Os moradores indicam onde podemos encontrar o Tuxaua, Sr. Jadir, e seguimos a seu encontro. Mais à frente avistamos um senhor sentado à sombra de um galpão de palha, com seus pertences de trabalho (bolsas, canetas e papeis) numa mesa de madeira, anotando numa planilha de planejamento todas as atividades da comunidade para 2011.



Nos apresentamos e Edgar começa a descrever como serão realizadas as atividades.
“Acredito que esse projeto será muito importante para nós. É a primeira vez que teremos uma ação como esta aqui dentro da comunidade”, diz seu Jadir, que antes de assumir a posição de Tuxaua trabalhou 26 anos como professor.

Evento marcado, seguimos em direção à comunidade Vista Alegre, percorrendo mais 28 km de estrada de piçarra.


Na comunidade, de 530 habitantes, fomos recebidos pelo 2º Tuxaua, o Sr. Zildo, que também exerce a profissão de professor e nos falou sobre trabalhos realizados pelos moradores e outros projetos que beneficiam a comunidade.


Após apresentação do projeto, marcamos o dia para a realização do evento, recebido com entusiasmo pelo Tuxaua.

Deixamos a comunidade Vista Alegre depois do meio-dia.




Pegamos a RR-319 em direção a Boa Vista cansados mas já com aquela sensação de início de missão cumprida. Conversando sobre os pontos fortes da viagem,
Edgar questiona o que mais chamou minha atenção nesse primeiro contato. Sem sombra de dúvidas, a seriedade no tratar sobre a melhoria da comunidade e o senso de responsabilidade presente nos dois administradores (tuxauas), foi algo que me deixou impressionada.

Bons ventos levam os pássaros. Esperamos que à nossa caminhada também.

sexta-feira, dezembro 24, 2010

quinta-feira, novembro 04, 2010

Divulgados os selecionados no Prêmio Sesc Roraima de Literatura 2010





O prêmio contou com inscrição de 176 trabalhos em nas categorias Poesia Livre, Conto Livre, Poesia Ensino Médio e Poesia Ensino Fundamental, sendo que os  três trabalhos selecionados em cada categoria serão publicados em uma obra denominada Coletânea de Poesia e Conto. Prêmio de Literatura Sesc-RR 2010.

As escolhas foram realizadas por uma Comissão de profissionais convidados pelo Sesc que durante quase um mês avaliaram todos os trabalhos inscritos. A Comissão foi composta pelo professor, escritor e músico Airton Vieira, professor Roberto Mibielli e o escritor e colunista Afonso Rodrigues de Oliveira

O Gerente de Cultura do Sesc, Francisco Pinheiro, salientou que todos os classificados que estão sendo divulgados terão seus trabalhos publicados na coletânea, entretanto o resultado final com a ordem de classificação só será divulgada no dia 10 de novembro, durante uma cerimônia de premiação e lançamento da publicação, na XX Feira de Livros do Sesc.

Os autores que tiverem suas obras publicadas na Coletânea receberão placas alusivas e certificação e cada um receberá 15 exemplares da Coletânea publicada, e ainda,  as escolas que tiverem alunos com trabalhos selecionados para publicação receberão placas e certificações.
Confira a lista dos classificados

Akira Matsushita - A Flauta (conto)

Aldair Ribeiro dos Santos - Solidor (poesia)

Ana Karolyne Martins Silva - Digo que te amo (poesia)

Bruna Benedetti Valério - A Família (poesia)

Caroline Rafaela Ghedin Ribeiro - 03h03min (conto)

Edgar Jesus Figueira Borges - O Bicho (conto) 

Edgar Jesus Figueira Borges - Liminar (poesia)

Elizângela Roque Souza - Por que não fiz? (poesia)

Geraldo Trombin - Singrando, Sangrando (poesia)

Jean Douglas Galvão Piuna - Falta de Proporções (conto)         

Jorgete Daniele de Oliveira - Esquecendo a Rotina (poesia)

Lais de Souza Balmante     - Ode ao Meu Amor (poesia)

Luiz Gondim de Araujo Lins - Mistérios (conto)

Luiz Gondim de Araújo Lins - Máscaras (poesia)

Luiz Otávio Oliani - Orquestra (poesia)

Maria Leda Dourado - Fome de Hoje (poesia)

Odara Rufino Souza - Eestrlas de Papel (poesia)

Otaniel Mendes de Souza - Ee e Minha Nega (poesia)

Renata Paccola - O Espírito (conto)

Steffane Mayara do N. Azevedo - Pequenina (poesia)

quarta-feira, agosto 11, 2010

Literamistura


Nesta quarta sou uma mistura infame, intragável e cinza d’A Segunda Infância de Manoel de Barros, Aline de Adão Iturrasgarai, do bangue-bangue em HQ de Jonan Hex e dos hai cais de Mário Quintana e Paulo Leminski.

Reclamações ou informações, favor dirigir-se ao balcão 4, à sua esquerda, terceira porta azul-céu-antes-da-chuva.

Lá tem um folheto para distribuição gratuita sobre o final de um evento de vídeo indígena. Pode pegar e ler enquanto o atendente não chega. Com certeza o vagabundo saiu.

Agora, com sua licença, se você não vai escrever nenhum comentário, deixe a freguesia circular.

quinta-feira, julho 29, 2010

Nomeação no Colegiado Setorial do Literatura, Livro e Leitura

 
Saiu no Diário Oficial da Unide  terça,27, o documento do Ministério da Cultura com a nomeação da turma que faz parte do Plenário do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC). 

São 58 membros, representantes do Poder Público, das áreas técnico-artísticas e de patrimônio cultural, integrantes de entidades de pesquisa, acadêmicas, empresariais, institutos e fundações.

O Diário Oficial da União também publicou oito portarias com a composição dos Colegiados Setoriais do CNPC: Artes Visuais, Circo, Culturas Populares, Culturas Indígenas, Dança, Literatura, Livro e Leitura, Música e Teatro.

Compostos por cinco representantes do Poder Público e quinze da sociedade civil organizada, os Colegiados são instâncias que auxiliam o CNPC em matérias relativas aos respectivos setores, respondendo às demandas do Plenário. São responsáveis por debater, analisar, acompanhar e fornecer subsídios ao Conselho para a definição de políticas, diretrizes e estratégias referentes a cada área artística.

Em resumo: saiu a portaria que me torna, de direito, integrante do Colegiado de Literatura, Livro e Leitura.

quinta-feira, junho 24, 2010

Coisas do Twitter
 
Entre uma coisa útil e outra, tenho perdido muito tempo de meu dia no Twitter. O troço é viciante mesmo. A parte boa é que de vez em quando redijo uma frase interessante ou engraçada (acho eu).

Aqui, algumas delas, como foram tuitadas ou com leves alterações.

1. Se você nunca leu Gabo Márquez, José Saramago ou Conan, O Cimério, por favor, para de me seguir. Não temos nenhum tweet em comum.


2. Bem,ninguém deixou de me seguir. Isso quer dizer que todos já leram Gabo Márquez, José Saramago ou Conan, O Cimério. Feliz pela boa companhia.



3. Os deputados de Roraima continuam firmes na sandice de investir na criação de novos municípios. Se os atuais estão quebrados, o que será dos novos?

4. Peraí... 3 pelo preço de 1? RT @gilvancostarr Sistema FAERR/SENAR contrata repórter para TV, Rádio e Impresso.

5. Os VTs do PSDB nacional avisam: quem tem história, faz a diferença. Por isso que vejo a Era do Gelo 1,2 e 3 com livro de arqueologia ao lado.

Vou destacar estas, pois não são minhas e merecem ser vistas com atenção. São frases do livro O Amor nos Tempos do Cólera

6. "Aprovecha ahora que eres joven para sufrir todo lo que puedas, que estas cosas no duran toda la vida." (Gabo Márquez, sobre dores de amor)

7. “Lo único que me duele de morir es que no sea de amor.” (Gabriel Gárcia Márquez)

segunda-feira, abril 26, 2010

Dias azedos de abril

Os dias continuam pesados em minha aldeia. Se por alguns momentos a tranquilidade aparece, na sequência surge algum novo problema ou um desdobramento de questões que ainda não estavam resolvidas.
 
Abril, até agora, só trouxe de bom a chuva, nada fora isso. Estou propenso a crer em inferno astral e superstições desse tipo. Já estaria acreditando se soubesse como funciona e quando termina essa história. Como desconheço essa relação e a internet está muito lenta para fazer pesquisas, vou esperando apenas abril acabar e ver se o fim do mês é igual ao fim da urucubaca. Meu desejo é que as águas de maio sejam mais fortes que as caídas até agora, lavem tudo e levem essa maré de sorte contrária.

Para ajudar as águas de maio, ando lendo poesia. Devorei duas edições da revista literária Coyote, presentes do confrade Ademir Assunção; li “Um brinde a três amigos”, do paranaense Nilton Bobato, um pouco de Octavio Paz e uma coletânea de hai kais e tercetos de Mário Quintana. Vou agora para a Autofagia, revista editada em Minas Gerais pelo músico Makely Ka. Depois, planejo cair sobre contos africanos e a segunda infância de Manoel de Barros.

Minha esperança era a poesia me ajudar a encontrar soluções, alternativas para as encruzilhadas do quarto mês do ano. Por enquanto, vou só confirmando que a poética é um pouco inútil para questões mundanas. Ajuda apenas a esquecer um pouco os perrengues e a pensar como seria bom ter lido mais, viajado mais, experimentado outras construções literárias. Acho que é isso: a poesia apenas inquieta, mas não te ajuda a resolver nada.
 
Arg...abril me deixou azedo. Espero que maio venha doce.

segunda-feira, abril 12, 2010

Sobre participação no Conselho Nacional de Política Cultural


Amigos e amigas de jornada literária no Norte do Brasil,
 
Este post é para relatar a minha participação, representando a região Norte, na reunião do colegiado do livro, leitura e literatura do Conselho Nacional de Política Cultura, realizada no dia 6 de abril.

 


O encontro em Brasília teve participação de representantes de quatro macrorregiões e das cadeias produtiva, mediadora e criativa. Algumas pessoas não participaram por problemas de transporte (a chuva da semana passada e a confusão do MinC na hora de mandar as passagens prejudicaram todos os segmentos).

Do Norte, o escritor João de Castro (PA) também esteve presente. Ele faz parte dos representantes da cadeia criativa. Ficou apenas um dia pois tinha de voltar para agilizar o II Jirau da Literatura Paraense.

A reunião aconteceu à tarde. O foco foi definir uma agenda de trabalho para as reuniões que serão realizadas este ano em maio e em setembro. Talvez haja uma reunião extraordinária em junho, durante o encontro dos Territórios da Leitura.

A ausência de alguns conselheiros impossibilitou que fosse escolhido o representante de nosso colegiado para o plenário do CNPC. Pelo mesmo motivo não houve posse oficial. O MinC se comprometeu a publicar a relação dos nomes no Diário Oficial da União até o mês de maio.
 
A comissão que organiza o CNPC distribuiu cópias do plano nacional de cultura e um relatório de atividades dos dois primeiros anos de nosso colegiado e do CNPC.

Nos dias 7 e 8, juntamente com outros conselheiros de nosso segmento, participei como espectador da 9ª reunião ordinária do CNPC, cujos detalhes vocês podem conferir clicando nos seguintes links:
 
É importante que todos estejam cientes do que trata este projeto e de sua importância para a política cultural do país. A mobilização dos deputados de nossa região é fundamental. 

Do Norte apenas o Tocantins e Rondônia (deputados Marinha Raupp e Nilmar Ruiz) têm representação na comissão especial que analisa a PEC do SNC.

Esse povo tem que ser estimulado a aprovar o projeto. Para quem não conhece o que é o SNC, vai o link do blog:

A votação do relatório será nesta quarta-feira (14), conforme esta matéria do MinC e a agenda da comissão publicada no site da Câmara:

Acessando este, é possível ver ao lado esquerdo da tela um link para verificar quem faz parte da comissão)

Durante todos os dias foi ressaltada a necessidade da sociedade “apropriar-se” (palavra usada a toda hora pelos técnicos do MinC) dos documentos resultantes da II Conferência Nacional de Cultura.

Quem ainda não baixou as propostas, pode fazê-lo clicando neste link:
 
Colegas de literatura, por enquanto o que tenho a dizer é isso. Organizem-se e cobrem em seus estados apoios de suas bancadas para aprovação dos projetos. Eles nos beneficiam diretamente com a melhoria das políticas públicas para nossas áreas de atuação.

É isso. Um abraço literário.

quarta-feira, março 31, 2010

Literatura espírita na praça

Diferente de meu perfil no twitter, este é um blog ecumênico e tolerante. Sendo coisa do bem, a gente divulga. Ainda mais sendo relacionada à literatura.

Por isso, recomendo aos amantes da leitura uma passadinha, nos dias 2, 3 e 4 de abril, no Portal do Milênio.

Lá, a Federação Espírita de Roraima promoverá uma edição especial de sua tradicional Feira de Livros Espíritas. A turma vai comemorar o centenário de nascimento de Chico Xavier.

Serão disponibilizados para a comercialização mais de 80 títulos espíritas, com descontos especiais, entre as obras básicas kardequianas e obras auxiliares, com destaque para a psicografia de Chico Xavier.

A Feira será realizada a partir das 19h30, em frente à sede do Centro Espírita Lírio dos Vales. Participe. Ler faz bem à alma.

Relembrando:
Data: 2, 3 e 4 de abril
Local: Portal do Milênio, em frente ao Centro Espírita Lírio dos Vales
Horário: 19h30
Informações: Francisca Vera Israel (8114 4339)

terça-feira, junho 30, 2009

Mulher do Garimpo: um retrato da Boa Vista do século passado


Roraima tem muitos escritores e vários já abordaram a história da formação deste pedaço quente de chão. Uma dessas pessoas foi Nenê Macaggi, que chegou por estas bandas no começo do século passado, foi garimpeira, morou com os índios, escreveu livros e montou família. Há uns três ou quatro anos, sua história foi contada em um documentário.


O Palácio da Cultura, localizado na Praça do Centro Cívico, leva o seu nome.(foto tirada deste site)
Ah, aqui a ficha do livro, dificílimo de ser encontrado: A mulher do garimpo – O Romance do Extremo Sertão Norte do Amazonas. Manaus: Imprensa Oficial do Estado do Amazonas, 1976.

A cópia de onde tirei o texto pertence ao escritor Adair Santos, que foi amigo de D. Nenê e é avô do indiozinho que manda na minha maloca. O material ajuda a montar o cenário da pequenina e modorrenta Boa Vista daquele tempo. Boa leitura e se for copiar não esquece do
crédito de D. Nenê.


BOA VISTA DO RIO BRANCO

I


Boa Vista do Rio Branco, pouco acima da linha do Equador que ladeava a formosa Serra Grande, perto de Santa Maria do Boiaçu, ficava na margem direita do alto-Rio Branco e era cercada pelas Serras Pelada, Grande, Malacacheta, Moça e Murupu. Distava de Manaus quinhentas e quarenta e seis milhas.

Vilarejo até 1926, pequenina e triste, possuía na ocasião regular número de habitantes.

A primeira penetração do Vale se havia dado entre 1500 e 1700, quando o Branco tinha o nome de Paraviana ou Kuluêne, por causa da tribo dos Paravianas que desceu o Uraricoera e veio se instalar perto de Boa Vista.

Em 1725 Frei Salvador, monge carmelita, a fim de concentrar os índios para pacificá-los, fundou a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo do Rio Branco, hoje cidade de Boa Vista, construindo a Igrejinha local onde se achava agora a Matriz, perto do rio.

Mais tarde, em 1774, Pereira Caldas, Governador do Grão-Pará,
mandou construir, na boca do Itacutu, o Forte de São Joaquim, ampliando o povoamento do Vale e fazendo expulsar os espanhóis da região. Depois, em 1766, houve um conflito com os holandeses, sendo o famoso Ajuricaba, acusado de trair a Pátria.

Em 1789, o Coronel Lobo D’Almada, então Governador da Capitania de São José do Rio Negro, trouxe as primeiras reses para os lavrados do Rio Branco, fundando a fazenda de São Bento, no Uraricoera, perto da embocadura do Itacutu, formador do Rio Branco.

Em 1839 deu-se a invasão dos ingleses, quando já o Amazonas era Província. Atrevidamente os orgulhosos invasores ensinaram a língua inglesa ao gentio, incutindo-lhe que o Rio Branco pertencia à Inglaterra. Frei José dos Inocentes foi encarregado de expulsá-los, resultando daí a Questão de Limites com a Guiana Inglesa, possessão da Inglaterra, que durou anos e anos, sendo eles afinal expulsos do Forte pelo Alferes Paulo Saldanha.

Em julho de 1890, a sede da Freguesia, possuindo duzentos habitantes, foi elevada à categoria de Município, com o nome de Boa Vista do Rio Branco, tendo então dois milhões, cento e quarenta e um mil trezentos e dezesseis limitando-se: ao Norte e Leste, com a Venezuela, pelos Montes Roraima (dois mil oitocentos e setenta e cinco metros de altura) e Caburaí (fronteira com a Guiana Inglesa) e pelo Rio Maú; ao Sul, com a cidade de Moura, pelos Rios Catrimâni e Anauá. E sua faixa de fronteira se alongava por novecentos e cinqüenta e oito quilômetros, com a Venezuela e por no
vecentos e sessenta e quatro com a Guiana Inglesa.




Fazenda Boa Vista e Igreja Matriz, 1905 (Acervo PMBV). Atrás do fotógrafo ficava o Porto do Cmento.


II


O povoamento do Rio Branco muito se deve aos cidadãos Inácio Lopes de Magalhães, que fundou a primeira escola em Boa Vista e da qual foi depois professor o tão querido Velho Mota, ou melhor, João Capistrano da Silva Mota; Sebastião Diniz, Fábio Leite, Carlos Mardel de Magalhães e Professor Diomedes Souto Maior.

Banhava a cidade o Rio Branco, formado pelo Itacutu, vindo da Serra do Pacaraima e pelo Uraricoera, oriundo da junção do Santa Rosa com o Maracá, os quais rodeavam a extensíssima Ilha de Santa Rosa Ou Maracá.

Município bastante rico, ficava Boa Vista quase completamente isolada de Manaus no verão, quando então o rio impossibilitava, pela seca, a navegação em grande parte. E sendo a água o único elo existente entre as duas cidades, ficava a população carecendo do necessário, pois raríssimo era o motor que se atrevia a subir e descer o perigoso rio.

O solo do Município tinha setenta por cento de planalto e trinta por cento de área montanhosa, salientando-se a Cordilheira do Parima, continuação dos Andes, com a Serra do Parima, a mil e cinqüenta e um metros de altitude e a do Tepequém, com mil e quatrocentos metros.

Muito espalhada, com poucas casas de alvenaria e inúmeras de taipa, cobertas de palha de buriti ou inajá. Sem árvores, sem praças e sem flores. Prédios velhos e feios. Quintais abertos e abandonados, sem uma horta ou jardinzinho. Só um bangalô, à distância, embelezando a paisagem. Nenhum grupo escolar, sendo raras suas escolas, regidas por professores primários. Sem cais e as margens do rio terríveis para a atracação das embarcações.

Ruas estreitas e barrentas e no centro da cidade um coreto coberto de palha. Nenhuma indústria. Comércio regular e população igual à das cidades interioranas: curiosa, maledicente, hospitaleira, alegre e amiga de festas e piqueniques.

A Igreja, bonitinha e bem conservada. Os dois únicos prédios novos e modernos, obra de Frei Gaspar, irmão leigo beneditino, pertenciam a uma comunidade estrangeira da Baviera: eram a Prelazia e o Hospital Nossa Senhora de Fátima, servida por dezesseis Madres Missionárias alemãs beneditinas. Como não havia médicos, Madre Radegundes, farmacêutica, operava. Eram elas as únicas pessoas que vendiam leite e verduras à cidade. O prédio da Prefeitura, de cons
trução antiga, era interessante, com uma franjinha e um colar de mosaicos azulados. Mas os fundos eram cobertos de palha e davam para o rio. A cadeia, exígua e frágil, agarrava-se

desesperadamente aos fundos da Prefeitura, como a pedir-lhe que não a desamparasse senão morreria estatelada no chão.

Todo o policiamento era feito por três guardas municipais, com uniforme de camisa cáqui, calça de mescla e cinturão. Freqüentemente, de fuzil na mão, um ou dois deles levavam os presos para cortar lenha e capinar as ruas. Mal alimentados e maltratados, os sentenciados trabalhavam por dois mil réis diários, com comida.

O Mercado, paupérrimo. A matança de gado era livre. A carne não faltava e não havia fiscalização nas duas ou três reses que matavam por dia para o consumo da população.
O Quartel, na única praça sem adorno, era, parece mentira! Coberto de palha! A praça chamava-se Praça da Bandeira. E o Município fazia fronteira com dois países estrangeiros!
Perto do Quartel havia um campo de aterragem eventual de aviões. O Comandante dali devia estar em um quartel na fronteira brasíleo-venezuela ou guianense e não em Boa Vista, a dias de viagem das mesmas, visto como ainda não havia aviões e muito menos da FAB, anos mais tarde denominada Mãe de Boa Vista.

Ao redor da cidade, mato raso e cajuais de frutos saborosíssimos. O vinho de buriti, maravilhoso sempre, era vendido no Reis e no Chico Benício. E coalhada, longe, numa casinha isolada. O leite, ótimo, sem a mistura triste da água, mas escasso. Poucas frutas, mas todas excelentes. Ovos? Galinhas? Porcos? Outra criação doméstica? Cousa rara ali, sem mesmo se saber porque, pois espaço havia de sobra.

Nenhum cinema. Um clube, Os Caiçaras, de madeira, onde o pessoal se divertia. Nenhuma farmácia particular. E nem luz elétrica funcionando, com força motriz tão perto... e a escassa que havia só era acesa à chegada de personalidades de Manaus. E em cada canto de rua, baiúcas e bares repletos de bebidas e de jogadores.

E as autoridades, então? O Juiz de Direito, Dr. Vinitius, inteligente, bondoso e empreendedor, era dono de motor, no qual viajava e comerciava, de sociedade com o sogro, prestigioso político local e de coração grande: era o fazendeiro Homero Cruz. O Prefeito era caçador-pescador-fazendeiro e político temido e poderoso. Também tinha o coração largo e era tremendamente hospitaleiro. O Delegado de Polícia era miudinho, padeiro e vendedor de máquinas de costuras. E assim por diante...