Seguindo nessa linha, registro aqui para meus arquivos a viagem feita dia 5 de dezembro à cidade de Bonfim, distante mais de 100 km de Boa Vista e coladinha na República Cooperativista da Guiana.
Estive lá para participar do VII Festival do Livro, organizado pela escola estadual Argentina Castello Branco. Acompanhado do livreiro Antonio Bentes e seus amigos Romildo e Kildo ainda passeamos um pouco em Lethem, primeira cidade do lado guianense.
A escola Argentina Castelo Branco foi fundada em 1962, quando Roraima ainda era território federal e Bonfim, no meu imaginário relacionado à velocidade e mobilidade, ficava pelo menos uns 300 km mais distante. Seu nome é uma homenagem à mulher do ex-presidente Castelo Branco.
Foto da escola naquele tempo de território |
A unidade tem incrivelmente guardadas algumas preciosidades: um bilhete do antigo presidente, um sino (“para anunciar o recreio e chamar para as tarefas”, conforme escreveu) e um jarro que o mesmo enviou à escola há algumas décadas.
O sino – eram três originalmente – e o jarro que pertenceu a dona Argentina e o presidente mandou para a escola |
A escola também tem dois livro de visitas com registros iniciais da década de 1960. Uma das primeiras assinatura é do padre Bindo, liderança católica de grande importância para a luta indígena (se a memória não me enganar e o estiver confundindo com outro). Fiquei impressionado com o cuidado da direção. Em Boa Vista mesmo é muito difícil encontrar em tão bom estado registros históricos. Dei muitos parabéns e incentivei a diretora a digitalizar os livros e colocar o material na web.
Foto do coreto de Boa Vista em 1968 faz parte do acervo histórico da escola |
Bem, voltando a falar da viagem: falei no começo do evento sobre mim, minha vida de leitor, minha infância numa cidade quase tão pequena como Bonfim e a descoberta da literatura na biblioteca local, os caminhos que me levaram a gostar de escrever, as oportunidades que a literatura me deu e outras coisas do tipo.
Com parte da turma |
Falando,falando, falando... |
Não sei se os meninos, principal alvo da ação, me entenderam ou escutaram (já sabem como é adolescente, né? Ligam para poucas coisas e havia muitos adultos no pátio da escola), mas a experiência de visitar Bonfim foi legal. Espero voltar outras vezes para uma conversa mais
próxima.
Ah, também fiz a doação de três exemplares de meu livro Sem Grandes Delongas para o acervo da escola. Tomara que a turma leia.
E antes que me esqueça: muito legal mesmo ter uma escola no Interior preocupada com incentivar a molecada a ler e escrever. É por aí o caminho para ajudar essas regiões a se desenvolver (Como havia muitas autoridades presentes, fiz questão de falar isso. Vai que a nova gestão municipal dá um upgrade nas políticas culturais da literatura, livro e leitura?)
Expedicionários: Kildo, eu, Bentes e Romildo no retorno a Boa Vista |
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