terça-feira, setembro 22, 2015

Sobre a Guarda Nacional, o jeitinho brasileiro, o sargento preso e a vida na fronteira

A Guardia Nacional da Venezuela é extremamente corrupta, principalmente nas fronteiras. Pertinho daqui, desde a abertura da BR 174 e da Troncal 10, brasileiros contribuíram para a corrupção da turma, dando aquela gorjetinha básica, aquela caixinha de bombons Garoto, aquele espumante, qualquer coisa que facilitasse a convivência entre os países e, quem sabe, promovesse a internacionalização do jeitinho brazuca. 

Daí, a voracidade dos Guardas cresceu e a cobrança de propina em plata-cash-money-bufunfa cresceu e passou a ser rotina, amparada pela impunidade que sempre (atenção: sempre e não apenas a partir do surgimento do chavismo) reinou do lado de lá da fronteira.

Quase tudo bem até aí, mas quem come e acha gostoso quer repetir e comer até ficar empanturrado. Afinal, só se vive uma vez e que se danem as dietas. E então, a turma dos verdes pensou: que tal um assalto em Pacaraima vez ou outra para aumentar a circulação de divisas na fronteira?

Plano fechado. Bolaram um para setembro. Deu errado. Dois fugiram, um foi preso. Era um Guarda. Novinho, 25 anos, sargento. Nome: Elvis Geovanny Manrique Marcano. Homem da lei do lado de lá, criminoso do lado de cá.
Resultado: o senso de corporativismo da Guarda explodiu e, em represália, começaram a apertar a fiscalização na fronteira. 

Pegaram algumas famílias por aquelas coisas bobas de sempre na rotina de quem vive aqui na linha do Equador (muito dinheiro não declarado no bolso, compra acima da cota etc.), mandaram para Puerto Ordaz e, dizem os parentes, não dão notícias. 

Claro que isso era o esperado: afinal, o poder de la Guardia Nacional na fronteira sobrepuja qualquer acordo do Itamaraty com la Cancilleria venezuelana. Antes de falar com o Maduro, é melhor sempre conversar com o comandante de plantão en el Comando. Fica mais fácil e menos burocrático.

Ciente desse poder, a Guarda deve continuar apertando o cerco contra os brasileiros por um tempo. Se o band...ops, se o Geovanny for condenado, essa coisa de exigir dos brasileiros que cumpram a lei do lado de lá vai continuar. 

A propósito, o deputado estadual Oleno Matos está propondo a criação de uma comissão para acompanhar a situação dos presos na Venezuela. Acho digno e importante. Afinal, direitos humanos não são uma prioridade em meu país natal. Muito menos com estrangeiros.

http://www.folhabv.com.br/noticia/Deputado-propoe-comissao-para-acompanhar-presos-na-Venezuela/10116

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