- Tenhamos a mesma fé, ela me disse, bem perto do ouvido.
- Mas eu sou ateu, respondi.
- Não interessa, baby. Reza em mim que eu rezo em ti, argumentou.
Eu, que sempre fui aberto ao sincretismo, obedeci e entrei no paraíso que ela me oferecia.
Notas
IV Fest Rock – a 1ª noite
Som muito alto, péssima acústica, público abaixo do que se esperava, dor no joelho, cansaço, sono que chega rápido, captação de imagens para um Doc.
IV Fest Rock – a 2ª noite
Som mais baixo, péssima acústica, público maior que na primeira noite.
Show da Coisa: performance da boa, agitação na platéia, músicas contra a pedofilia, cantor que manda todo mundo tomar no olho do furacão, uma boneca de pano despedaçada.
Show da Iekuana: mascarados invadem o palco, músicas que falam do cotidiano pobre do 13 de Setembro e protestam contra a corrupção. Guitarras pesadas.
Show da Filomedusa: boa proposta, cantora sexy, disco que acaba rápido.
Show do Marcelo Nova: demora a entrar no palco, falta de interação com o público, músicas desconhecidas em nossa região, letras banais. E os clássicos? Uma hora depois, ainda não havia começado a cantá-los. Vamos embora, é melhor dormir. E assim, novamente, não vi nada de mais no Marcelo.
Bebê
Fechou seis meses pegando uma virose e conjuntivite. Sarou rápido das duas.
Já fica em pé no berço.
Já quase caiu várias vezes da cama e da rede.
Pela boca conhece o mundo.
Entra na fase do babá, papá, dadá. Eu espero palavras articuladas, tipo “papi, yo te quiero”.
Boa Vista
Chove que só na cidade.
Chove ainda mais na quarta baixada santista do Paraviana.
Teatro
A Cia do Lavrado faz turnê pelo Interior de Roraima. Quem é a Cia. do Lavrado? Acessa o blog da Federação de Teatro de Roraima para saber.
Era o frio agosto de 2001 em Sampa, capital brasileira do concreto e do ar poluído. Eu, índio pobre e perdido, estava na terra da garoa fazendo uma prova para ver ser virava estagiário do Estadão.
Como o período entre a prova e o resultado final era de um mês, decidi ficar perambulando pela cidade para conhecer o máximo de coisas novas possíveis e ter alguma novidade para contar na aldeia.
Numa dessas, li no jornal que Marcelo Nova ia comemorar seus 50 anos com um show gratuito no teatro do Sesi, à partir das 16h de um dia que não me lembro qual era.
Vejam bem: show na faixa e à tarde, com um cara que havia tocado junto com o Raulzito. Bá! Depois de zanzar no Centro, deixei a Praça da República e subi (literalmente e a pé) a rua Augusta. Cheguei no Teatro do Sesi, entrei na fila, a poucos metros da entrada e...
Quase duas horas depois não havia saído do lugar, mas um monte de vagabundo havia furado a fila e se acomodado no teatro. Resultado: veio o aviso de que a casa estava cheia e não poderíamos entrar. Como consolo, colocaram um telão para que víssemos as imagens.
Mas aí já era noite e eu não curtia andar no escuro para chegar no Jabaquara. Peguei o metrô e fui embora. Antes disso, ainda vi umas duas músicas do show e achei sem graça...



Foi no longínquo 2001 que rolou o primeiro Fest Rock, o antecessor do Sesc Fest Rock, evento que na próxima semana entra na quarta edição. O encontro dos roqueiros foi uma iniciativa comandada por Siddhartha Brasil, vocalista da banda Garden, e Alexandre Horta, guitarrista à época da LN3 (acho que é isso, a banda mudou de nome duas vezes antes de entrar definitivamente no cemitério).
Durante três noites, pelos menos 15 bandas passaram por um palco montado numa quadra de futsal no complexo poliesportivo Ayrton Senna, ao lado da falecida sorveteria Gela Goela. Centenas de pessoas prestigiaram a festa. E aqui é interessante ressaltar que poucas bandas sobreviveram à passagem do tempo. Pela minha memória, apenas a Garden e a Mr. Jungle ficaram daquela época, sendo que a última conta hoje apenas com o vocalista Manoel Vilas-boas como integrante remanescente. As duas, por sinal, estão na programação deste ano.
Capa do Cd da banda Garden
2001 era uma época mais pop-rock para quase todas as bandas. Hoje, Boa Vista é dominada pela linha do rock acelerado, na linha do Fresno/CPM 22/outras coisas do gênero. É claro que entre elas há quem arrisque algo diferente dessa linha. Mas isso quem viver
Assim como boa parte das bandas sumiu e outras tantas apareceram, muita coisa mudou na cidade e nas pessoas. Eu, por exemplo, fazia as vezes de assessor de imprensa da Mr. Jungle, que tinha, além de Manoel, a back-vocal Adilia Quintelas (hoje morando em Florianópolis), os guitarristas Rhayder Abensour (atual banda Iekoana) e Adriano Joseph (não sei onde anda), o baixista Dante Alighieri (isso mesmo, como o autor da Divina Comédia) e o batera Rhayner Abensur. Estes dois últimos também estão na Iekoana.
À época, trabalhava na assessoria de comunicação da Prefeitura de Boa Vista, ainda não havia iniciado o curso de sociologia e nem pensava em ter um filho. Pesava alguns quilos a menos e ainda não sabia dirigir carro. Também trabalhava menos do que hoje, tinha poucos cabelos brancos e quase nada de rugas.
Era um tempo bom, propício ao surgimento de bandas intessantes. O último grande movimento roqueiro em Roraima havia rolado na década de 1980, durante a explosão nacional do rock. De lá até
Depois de sete anos, até a memória muda. Na minha idade, é difícil lembrar bem do que rolou há tanto tempo. Recordo apenas que encontrei muitos colegas e ficávamos sentados na grama, do lado de fora da quadra, vendo as apresentações, criticando as ruins e elogiando as boas (tanto as bandas como as mulheres).
A apresentação da Mr. Jungle, na avaliação das pessoas com quem conversei depois, foi uma das melhores do festival. A formação da época investia em quatro ou cinco músicas próprias e covers de O Rappa, Capital Inicial, U2 e The Beatles para animar seus shows. O que fez a diferença naquela noite foi a interpretação dos clássicos dos garotos de Liverpool. O som fez a turma presente encher a quadra e dançar muito, fazer o coro e pedir bis. Foi um show muito bom.
Manoel, que continuou na Mr. J
ungle
O tempo passou, às vezes lento, às vezes rápido. Bandas sumiram e muitas outras surgiram, especialmente às vésperas do Sesc Fest Rock. Amadurecida, a atual coordenação do festival decidiu privilegiar neste ano aquelas que já tinham alguma trajetória ou historinha para contar. Neste ano, há rock para todos os gostos, incluindo aí a galera que nunca vai a um show local mas vai pintar no ginásio do Sesc apenas para ver as atrações nacionais. Que seja. Melhor assim que pintar num show de forró.
IV Roraima Sesc Fest Rock
A turma do rock já começa a separar as melhores roupas pretas para a IV edição do Roraima Sesc Fest Rock. De
Além das 14 bandas locais, que navegam por vários estilos de rock (para quem não gosta e não sabe: apesar de parecer, nem toda banda toca igual e nem todo roqueiro é metaleiro), o festival vem com atrações nacionais este ano: Forgotten Boys, Marcelo Nova e Dr. Sin.
Nas edições anteriores, o festival foi realizado dentro do espaço multicultural do Sesc Centro. Como ficou pequeno para o público com o passar dos anos, a coordenação decidiu realizar o Fest Rock no ginásio do Mecejana, que tem capacidade para 4 mil pessoas.
Outra novidade é o site oficial do Festival. Aqui você podem encontrar fotos das bandas, o histórico do evento, a programação, ou seja, tudo o que um fã de rock precisa saber para desfrutar do maior festival de rock de Roraima. Aliás...do único festival de rock de Roraima.
Eu estive em todos, incluindo no Fest Rock, que deu origem ao Sesc Fest Rock. Mas isso é história para outras postagem, se criar coragem e me lembrar do ano certo.
Veja aí a programação e busque na net que
você acha rapidim, rapidim os sites onde a galera local deixa as letras, perfis e mp3 das bandas. No You Tube, com as tags Sesc Fest Rock, você acha algumas apresentações das bandas.
11 de julho
21h HCL
21h Belinni
22h Sheep
23 Somero
23h40 Mezatrio (AM)
0h20 MrJungle
1h Forgotten Boys
12 de julho
21h Alt F4
21h40 Arroto do Sapo
22h20 A Coisa
23h Iekoana
23h40 Filomedusa (AC)
0h20 Veludo Branco
1h Marcelo Nova
13 de julho
19h Temerus
19h40 ST Seven
20h20 Several Bulldogs
21h Klethus
21h40 Nekrost (AM)
22h30 Dr. Sin
Sobre o que tem acontecido
Participação em congresso de comunicação, sendo mediador e participante de mesas redondas e ministrando oficinas de assessoria. E sem ganhar um cent, apenas por currículo... a que ponto cheguei, Senhor...
Ainda do VII Intercom norte 2008: em todas as mesas e palestras que assisti, uma conclusão comum: jornalistas e estudantes precisam preparar-se mais para poder falar de cultura, meio ambiente, cidadania e tecnologia. Ou seja, em tudo...
Choros, lágrimas e raiva de jovens e outros não tão jovens.
O bebê faz os ensaios para engatinhar. A platéia aguarda ansiosa a estréia.
Um indiozinho de 8 kilos e 400 gramos...pura carne macia e socada, feita paçoca.
Finais de semana curtos, semanas longas, noites reduzidas, tempo sumido.
Viradas na cama, ao estilo ninja pemón, com a agilidade de um guerreiro shaolin...
O 13º tá chegando...chegando...chegando...ué, já foi?
Certeza 1: as mulheres são as repórteres mais capazes que atuam no jornalismo local.
Certeza 2: estou cansando de viver ficando cansado.
Certeza 3: se o neném acorda, bota mais 15, 30 minutos, que é hora de brincar mais uma vez com a paixão de minha vida.
Greves de professores, reajustes obtidos, decisões judiciais, estudantes reclamões.
Guerras políticas
Certeza 4: ter um filho é bom, ruim é a conta que vem com ele.
Escreva de supetão, não edite muito, seja sincero ao menos uma vez na vida, coma a metade de algo e ofereça o restante a alguém. Ouça os outros. Ignore as maldades da vida. Se aparecer no jornal que gente poderosa e bem de vida é pedófila, indigne-se um pouco, mas se o seu humor for ácido, faça piadas. Não custa nada e demonstra um pouco de inteligência.
Ouça blues, ouça soul, ouça MPB, faça amor ouvindo música suave. Seja roquenrol na vida e sweet na cama. Alguém pode gostar disso e querer fazer de você a pessoa da cama dela. Acredite também no impossível, acredite que políticos podem ser honestos até certo ponto e que os pontos finais na verdade podem ser vírgulas que somam fatos e fatores.
Conheça o novo, seja novo. Ria com o seu filho, faça o seu filho rir. Apaixone-se numa quinta-feira como se fosse a última semana de sua vida. Faça loucuras, faça planos, cumpra seus planos, por mais caretas que sejam. A vida é sua, a vida é agora.
Olhe o fim da tarde, admire o céu alaranjado, pense como é bom ter um céu cinza pela manhã. Aposte na loteria e ore de vez
Saia com os amigos, ligue para os amigos. Se eles não te ligarem, respeite a vontade deles. Sinta saudade de seus amigos, mantenha-se informado sobre os seus inimigos. Faça ao menos um desafeto na vida. São eles que te fazem ser melhor.
Se der, anote números relativos e trabalhe com os absolutos. Aprenda a fazer regra de três. Ao menos uma vez, seja infiel para poder criticar quem o é. Não seja invejoso. Copie o que os outros têm de bom. Quem ganha com isso é você.
Ligue para o seu amor, mesmo que ele, o seu amor, não saiba que você o considera assim. Use programas livres, comente ao passar por um blog, mesmo que não tenha gostado da leitura. Seja paciente, quem ganha com isso é o coração. E se der tempo, caminhe sozinha ou sozinho na praça ouvindo música.
Vai rolar nos próximos dias o Intercom 2008, um encontro de pesquisadores de comunicação.
Como vou participar mediando uma mesa que vai discutir mídia e cultura e ministrando uma oficina, me pediram um perfil profissional em 250 caracteres e mandei esse aqui, estourado em 30 espaços:
Jornalista e sociólogo, pós-graduado em Assessoria de Comunicação. Desde 1998 atua como repórter e cronista. Foi Assessor de Comunicação da Prefeitura de Boa Vista. Professor na Faculdade Atual da Amazônia, é assessor da Universidade Estadual e da Federação de Teatro de Roraima.
Depois fiquei pensando que poderia ter enviado este aqui, um cadinho mais curto:
Jornalista, sociólogo, blogueiro e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, cargo que exerceu na Prefeitura de Boa Vista. Professor na Faculdade Atual da Amazônia, assessora a Universidade Estadual e a Federação de Teatro de Roraima.
Daí, surtei e comecei a fazer perfis mais humanizados. Saíram estes aqui. Qual você escolheria se fosse da comissão do Intercom?
1)
Jornalista desde 1998, blogueiro desde 2004 e sociólogo desde 2006, no momento é professor. Já tentou jogar futebol e ser ator. Nunca passou mais de um mês longe de casa. Escreve poemas e crônicas. Tem contas a pagar e dívidas a receber. É geminiano.
2)
Leitor e escritor de prosa e poesia. Índio urbano amazônico. Lida com a realidade mas prefere a ficção. Pai novo. Trabalha para o stablishment. Gosta de arte, de olhar o horizonte e de pessoas bonitas. Tenta ensinar o pouco que sabe. Bom ouvinte.
3)
Tem dupla nacionalidade. Gosta de García Marquéz e Pessoa. Lê jornais todo dia. Filho único. Pai. Jornalista. Sociólogo. Professor. Blogueiro. Adora olhos castanho-claros, música e comédias. Quer aprender a tocar violão e gaita. Cronista.
4)
Filho e pai. Angustiado vez ou outra. Operário intelectual. Gosto de frio e trabalho com informação em tripla jornada. Adoro ócio, peixe assado, HQs, música e chuva.
5)
Humano, falho e perecível. De passagem. Gosto de histórias e beijos. Proletário.
Não, seu moço, não há nada que você possa fazer. A vida é assim mesmo e a razão diz que pode piorar. Quem sabe o senhor consiga sair dessa pra uma melhor, mas quem sabe não. Afinal, o moço já viu chuva cair sem molhar? Tudo é conseqüência, mas sempre precisa de um pouco de ação para criar a reação. É simples, facinho, facinho, mais do que sentar na praça ao meio-dia.
Seu moço, fique assim não. Deus tá vendo que é do mundo e não do céu isso que tanto lhe aperreia. Quem sabe se você rezar um pouco não solucione? Mas também é aquilo que minha senhora mãe dizia: se não der, ou não faz ou insiste até dar. A história é ser persistente, não ter medo de cara feia e parar de se apaixonar pela primeira cara bonita que aparecer na sua frente.
Seu moço, pare com isso. Veja que as horas não estão para tanto. O senhor já percebeu que em outras partes desse nosso mundo as pessoas se entristecem por tristezas de verdade e não por essa que o senhor inventou? Já pensou se não fosse assim? Era tanta gente se consultando para deixar de ser criativo, para deixar de ser inventor. Aprenda com elas, seu moço, aprenda um pouco que mudar nunca fez mal a ninguém.
É verdade, o senhor tem razão. Tem dias que o mundo, mesmo com o maior sol, parece que fica cinzão, feito restos de madeira queimada. Se assoprar, as cinzas voam, né? Mas se deixar quieto, se assentam e endurecem. Daí tem que fazer força se quiser mexer com elas. O senhor sabe, aqui nas minhas bandas a vida pode não ser tão agitada como a sua, mas é vida e a gente tenta aprender todo dia um pouquinho mais. Tentar não custa nada, né?
O senhor já viu como o sol bate naquela árvore? Sabia que ela precisa dele todo dia, mesmo sendo esturricada no verão? Acho que o senhor tem que ver se precisa de alguma coisa que lhe bem mesmo lhe fazendo mal. O senhor não é árvore, é? Como não é, pode se mexer se perceber que não faz tanta falta. Eu não acho legal ficar queimado, prefiro a sombra.
Falaram que o mundo ia acabar. E os boa-vistenses acreditaram:
O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) emitiu um alerta para o Governo de Roraima, sobre a previsão de fortes chuvas vindas da Guiana, para esta segunda (19). Imagens emitidas por satélites e verificadas pela equipe de meteorologia do Sipam, reforçaram a preocupação quanto ao volume de chuvas previsto, acima do normal.
Liberado do serviço, fui fazer fiado na praça, xinguei meu chefe, chamei de gostosa a menina que é gostosa mesmo, fiz barbeiragem e atravessei sinal fechado. Não foi nada extremo de minha parte. Quase todo mundo estava assustado ontem.
“Vai para casa ficar com a mamãe. Vai ser forte”, disse a filha ausente.
“Vai ser um furacão”, contou o açougueiro.
“Tromba d’água? Precisa ver a tromba de meu namorado quando falo com meus amigos”, lamentou-se a menina.
“Ouvi falar que nevou no sul do estado”, falou a moça.
“É bom fazer logo as compras do supermercado”, avisou minha avó.
“Dizem que vai cair muito raio”, comentou um colega.
“Cara, o vento vai chegar a
“Alguém me ligou e disse que alguém ligou para ele dizendo que varias casas caíram com o vento”, confirmou o vizinho.
“Isso é coisa dos ingleses. O tufão vem da Guiana. Os caras querem invadir”, disse o camelô.
“Os arrozeiros que chamaram a tromba d’água”, comentou o índio.
“Pajelança na reserva. Tudo para estragar o desenvolvimento de Roraima”, declarou o deputado.
“Porra, só fiquei sabendo disso quando cheguei no trabalho. Gastei gasolina em vão”, reclamou meu amigo.
“É bom uma tarde de folga para agilizar outras coisas”, afirmou um conhecido.
“Vou pedalar. Raios não caem em quem tem fé”, disse eu.
Quando chegou o aviso desmentindo o fim do mundo, ninguém mais estava ligado nas notícias:
O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) negou agora há pouco pelo telefone, que tenha feito alerta de tromba d’água
Segundo o técnico que emitiu o alerta, a chuva prevista pelo sistema foi esta que terminou agora há pouco na Capital. O Sipam afirma ainda que estes alertas são comuns e que houve “equívoco” na sua interpretação.
Aí, já era tarde. Tudo o que não era para fazer havia sido feito. Parecia a música do Paulinho Moska:
Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?
Ia manter sua agenda
De almoço, hora, apatia?
Ou esperar os seus amigos
Na sua sala vazia?
Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?
Corria pr'um shopping center
Ou para uma academia?
Pra se esquecer que não dá tempo
Pro tempo que já se perdia?
Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?
Andava pelado na chuva?
Corria no meio da rua?
Entrava de roupa no mar?
Trepava sem camisinha?
Meu amor
O que você faria?
O que você faria?
Abria a porta do hospício?
Trancava a da delegacia?
Dinamitava o meu carro?
Parava o tráfego e ria?
Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?
Será que a menina gostosa ficou com raiva ou gostou?..

Conversa reservada
Matemática
Preciso de um amor. Ando solitário demais, disse, aparentando aflição.
Mas você vive trocando de amor. Foram quatro nos últimos meses, retrucou o amigo. E lembra que sempre foi você quem decidiu terminar para ficar sozinho.
Pois é, gosto dos números e amores ímpares, falou, enquanto olhava sério para o copo à sua frente.
- Alô, a Bruna está?
Agora vou falar para ela como a acho bonita e gostosa. Quer dizer, gostosa não vou falar. Pode ficar chateada se falar tão claramente a verdade, mas que ela é um pedação de morena, ah, isso ela é. Vou convidá-la para ir tomar um sorvete no final do expediente e vamos ver o que rola. Ah, se ela deixar vamos de beijo na boca hoje. Aliás, que droga de beijo na boca. Eu quero é beijar o cangote dela, morder suas costas, passar a mão no bumbum, sentir todos os seus cheiros, tomar banho pelado, fazer o mundo girar até de manhã. Ai, Deus, se ela topar, hoje vou te dar um alô no paraíso e volto logo em seguida pra terra. Hum, se ela soubesse como esse sorriso e esses olhos me encantam...aposto que ela sente a minha vontade de beijá-la cada vez que a vejo passar por...
- Oi, é a Bruna!
- Oi, Bruna. É o Davi. Tô te ligando para lembrar que hoje é o último dia de entregar as freqüências do pessoal de teu setor. Falou? Abraços. Tchau...
O trio
Chegaram os dois juntos, após acordar que aquela situação não era mais suportável, e disseram à menina:
- Seguinte, esse papo de lábios compartidos, tipo a música do Maná, não é legal. Agora você ter de escolher um dos dois para ficar!
- Verdade, não dá para ficar nessa situação. Ou ele ou eu! Nada mais de ficar dividindo teu tempo entre os dois.
A moça, linda, olhos amendoados negros, cabelo no meio das costas, boca daquelas que geram imediatamente a vontade de beijar, fez uma careta de desgosto, bebeu um pouco mais de seu guaraná com açaí e disse, docemente:
- Que tal ficarmos juntos, os três, ao mesmo tempo?
Silêncio...
Um cochicho, cabeças balançando e a réplica dos rapazes:
- Só se for com chantily e morango...