quarta-feira, agosto 09, 2017

Um pouco cansado de adiar a vida


O meu nível de bagunça e procrastinação chegou ao ponto de deixar de ser um
charme pessoal que cultivava e com o qual sentava para tomar um suco e rir. Tornou-se um elemento chato, daqueles que insistem em pegar o teu queixo e te forçar a olha para trás, apontando com o dedo cada coisa que deixei passar e agora me persegue.


É muito incômodo perceber quantas coisas boas deixei escapar entre os dedos por não ter tomado certas iniciativas há alguns anos. E é angustiante notar que ainda hoje continuo fazendo isso, agora com novos focos.

Já não quero mais viver para sempre com o antigo nível de bagunça e procrastinação. Ando experimentando como abandoná-lo, ou pelo menos desapegar-me dele. Dei para fazer anotações das coisas que devo fazer (Na verdade, sempre fiz isso, mas nunca ou quase nunca relia as anotações e a demanda de janeiro se arrastava tranquilamente até dezembro…). Além de anotar em papel, baixei um aplicativo no celular e levo para todo lugar estas lembranças de cobranças pessoais.

Deixar para amanhã o que não precisamos fazer hoje é interessante até certo ponto, até certos níveis de consequências. Pouco a pouco, quando decidimos começar a fazer, percebemos quanto já se acumulou. E como todo dia costuma aparecer uma nova demanda, a mudança e o fazer ficam extenuantes. É como falei a um amigo dia desses: “Aim, não tenho nada para dizer que é meu” e de repente, quando somos obrigados a arrumar a casa, mudamos a frase para “caraca, de onde saiu tanta coisa, meu deus?”.


Na verdade, bem que eu queria continuar procrastinando, mas a meia idade vem chegando, o mundo não é mais tão colorido e risonho como antes, a energia e a disposição baixaram e o calor do verão, sugador de minha boa vontade, parece ser agora eterno, mesmo quando estamos sob as chuvas do inverno.

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