Mostrando postagens com marcador parcerias. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador parcerias. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, outubro 11, 2012

Fazendo BookCrossing em Boa Vista




Vou participar do 5o BookCrossing Blogueiro, uma iniciativa tocada pela antiga companheira de blogagens Luma Rosa (acho até que começamos juntos na época dos blogs do IG e depois migramos para a plataforma blogger).

Enfim, a Luma convidou pela 5a vez e agora é que li de fato o que era. Basicamente é soltar um livro em algum lugar público com uma nota dizendo que foi proposital e que se espera da pessoa que achou a leitura nova liberação do volume. Mais detalhes? Vai aqui.

O livro será um exemplar de minha obra Sem Grandes Delongas. O local? Ainda não sei...

Se achar um desses por aí, fui eu que joguei pra ti, bebê




P.S.: quando este ano estive em Sampa, deixei alguns livros meus e um de Zanny Adairalba na Casa das Rosas, um dos pontos de BookCrossing lá no sudeste. A moça do atendimento disse que ia cadastrar e botar pro mundo. Se fez, não sei. Espero que um dia alguém me passe e-mail dizendo que leu.

quarta-feira, junho 13, 2012

Lá, na Rio + 20, em alma e poesia


Copiado do Facebook de meu parceiro Jonas Banhos, do movimento NossaCasa de Cultura e Cidadania:

Atenção amig@s da Barca das Letras: estaremos aportados na Cúpula dos Povos, debaixo de alguma árvore, bem no meio do caminho dos que forem ao Aterro do Flamengo(RJ)!!! Passa lá que a intervenção NossaCasa de Cultura da Amazônia estará lá, levando as imagens, adereços, o modo de vida e a leitura/cultura das várias comunidades ribeirinhas, quilombolas, agroextrativistas, pescadores, indígenas por ...onde passamos nos últimos quatro anos.

E, também, as artes-fotográficas-poéticas dos parceiros do Coletivo Caimbé (RR) - o Edgar Borges, o Tana Halú Barros e Zanny Adairalba; e dos nossos queridos Neuton Chagas e Rozana Barros (Ourém/PA), que gentilmente nos doaram suas obras para que navegassem por aí e acolá conosco!!!
E quem quiser divulgar alguma ação orgânica/verdadeiramente das comunidades da floresta Amazônica(longe de partidos, políticos, governos, ongs, universidades), manda ae que será um prazer pra nós des-escondê-los!!!

UP DATE

18.06.12


A nossa poesia já está à mostra na na Rio + 20, como anunciado anteriormente. Olha aqui algumas fotos feitas pelo arteeducador Jonas Banhos, que se instalou no Aterro do Flamengo, na Cúpula dos Povos. Olha as fotos que ele colocou e comentou no Facebook:



Outras pessoas também vieram ajudar na montagem da Barca das Letras. Esse grupo aí lindo, ajudou a montar o varal ecopoético!!! E tmb aproveitaram para degustar as poesias do Coletivo Arteliteratura Caimbé(Edgar Borges, Tana Halú Barros e Zanny Adairalba) de Roraima e dos paraenses Neuton Chagas e Rosana Barros, e mais as poesias que ganhamos ontem, da paulisa Evangelista e do a piauiense William Soares !!!





Americanas e brasileiras vendo a exposição fotopoemas do Coletivo Arteliteratura Caimbé de Roraima(Edgar Borges, Zanny Adairalba e Tana Halú Barros), na Barca das Letras, no primeiro dia da Cúpula dos Povos!!!


segunda-feira, março 05, 2012

Um índio no Rio de Janeiro, recebendo o Anu Dourado

A Cufa (Central Única das Favelas) entregou no dia 28 de fevereiro o prêmio Anu Dourado a 27 representantes de projetos sociais desenvolvidos nos estados e no Distrito Federal. Estive lá, representando o Coletivo Arteliteratura Caimbé. 

Aproveite as poucas horas da tarde que fiquei na antiga capital e visitei o Real Gabinete Português de Leitura (sugestão de meu colega escritor Rodrigo Domit), que fica bem atrás ou na frente do Teatro João Caetano,  passei em alguns sebos e numa exposição sobre o Nelson Rodrigues no Teatro Glauce Rocha, olhei com calma as exposições na Biblioteca Nacional (poderiam ser melhores na parte explicativa) e encontrei com o escritor Cristino Wapichana, que me levou para conhecer a rua onde se concentram os bares da Lapa. 

Lá, batemos um papo com o Rodrigo Domit, que doou exemplares de seu livro Colcha de Retalhos para a Caminhada Arteliteratura.
Tudo isso no maior calor do mundo. Infelizmente não levei minha máquina fotográfica. Portanto, se você achar que estou mentindo, não posso contestar.

Agora, se quiser conferir algumas fotos da entrega do prêmio Anu Dourado, olhaí (é só clicar que aumentam):









O texto a seguir foi produzido pela equipe da Cufa e fala sobre a noite da premiação. Leia e saiba como foi: 

Uma noite cheia de expectativas e animação para encerrar o carnaval Carioca

Para apresentar o Prêmio Anu 2012, contamos com a irreverente e marcante presença da apresentadora Regina Casé e do jornalista humorístico e apresentador Marcelo Tas, que fizeram um show à parte conduzindo esta premiação tão esperada por todos.

Para abrir a grande noite, o grupo Batuk D’Gueto entrou cantando Favela e a grande surpresa foi quando o grande poeta Chico Buarque de Hollanda, Chico para os íntimos,  dividiu o palco com o grupo e emocionou a platéia cantando “O Meu Guri”. Sem dúvidas um dos momentos mais marcantes da noite.

O entanto, chega o momento em que nossos olhos se voltam para o principal motivo por estarmos todos reunidos: os agentes transformadores espalhados pelo Brasil inteiro se reuniram no Teatro João Caetano para receberem o Anu Dourado.

Os primeiros estados foram: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas e Bahia seguidos por Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

O grupo de Reggae Ponto de Equilíbrio, também marcou presença na premiação e embalou à todas as gerações com a musica “Aonde vai chegar?”.

Também tivemos uma apresentação do grupo Paparutas formado por mulheres do interior da Bahia, mais precisamente do Recôncavo Baiano, agitaram a platéia com suas cores e danças e tachos de comida na cabeça. Além das danças, percursionistas deram tom e mais gingado para o evento. Além de dançarinas, são todas cantoras. E uma surpresa: todas são parentes do homenageado da noite, Lázaro Ramos. Surpresa dupla e super bem vinda no Prêmio Anu 2012.

Um dos momentos mais animados da noite foi protagonizando pelo samba do Arlindo  Cruz que cantando “Madureira” e teve o público como segunda voz nesta grande noite no Teatro João Caetano. Todos aplaudiram entusiasmados ao final da apresentação que marcou a noite dos presentes.

Mostrando a excentricidade do evento, que já passou pelo samba, bossa nova e reggae, não podíamos deixar de fora o Rock Alternativo. E para isso contamos com a presença do grupo Detonautas Roque Clube. Eles agitaram os presentes com os sucessos “Um cara de Sorte” e “Outro Lugar”.

No entanto, o ápice da noite, foi quando o público e todas as ações premiadas conheceram as 3 melhores ações do Brasil, e foram elas: Piauí com Cineperiferia, Santa Catarina e as Cozinhas Comunitárias  e o Rio de Janeiro e o projeto Voz das Comunidades. Estas ações ganharam o Anu Preto.

Para finalizar o evento com grande estilo Djavan, o último entregador da noite, romanceou a platéia e os fez cantar um de seus sucessos “Flor de Lis”, juntamente com o Bloco da CUFA formado pelas crianças que fazem parte do projeto da ONG em Senador Camará. Caetano Veloso e Crioulo encerraram a noite com muita festa com a música “É hoje”.

Hoje foi realmente um dia de sorte e reconhecimento para aqueles que fazem a diferença na vida de muitas pessoas.

....

Legal, né?

Se quiser ver algumas fotos da entrega dos Anus Dourado e Preto, clica e vais parar direto no álbum de fotografias do evento.

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Na Folha de Boa Vista: CAMINHADA ARTELITERATURA CONCORRE A DESTAQUE NACIONAL DA CENTRAL DE FAVELAS



 O Coletivo Arteliteratura Caimbé pode conquistar o prêmio Anu de Ouro, concedido pela Central Única das Favelas


O projeto Caminhada Arteliteratura, desenvolvido em comunidades indígenas de Roraima, foi escolhido a melhor iniciativa social desenvolvida no ano passado em nosso estado. A indicação foi da própria comunidade, que votou na ação e ajudou o Coletivo Arteliteratura Caimbé a conquistar o prêmio Anu de Ouro, concedido pela Central Única das Favelas (Cufa).

A Caminhada Arteliteratura agora está concorrendo na categoria destaque nacional do prêmio Anu. A escolha é por votação on-line até 28 de janeiro e qualquer pessoa pode ajudar o projeto roraimense. O processo é simples: após acessar o site www.votenopremioanu.com.br, aparecerá uma relação em ordem alfabética de todos os estados do Brasil. Localize “Roraima”, selecione “Caminhada Arteliteratura” e vote. Tudo isso demora menos de um minuto e contribui para a boa imagem do Estado. 

“Conseguir ser escolhidos como destaque nacional será importante para todas as pessoas que trabalham com cultura, literatura, comunidades indígenas e desenvolvimento social. Vai mostrar que somos um estado com projetos e ações positivas focadas nas minorias étnicas, exibindo positivamente a imagem de Roraima lá fora. Por isso, pedimos a todos que votem em nossa ação”, afirma o jornalista e escritor Edgar Borges, integrante do coletivo Caimbé e coordenador do projeto.


Entre no site www.votenopremioanu.com.br, selecione “Caminhada Arteliteratura” e vote

A Caminhada Arteliteratura começou no ano passado, levando escritores, artistas e centenas de livros para implantação de bibliotecas comunitárias nas comunidades indígenas Campo Alegre, Vista Alegre (em Boa Vista), Boca da Mata, Sorocaima I e Sorocaima II (em Pacaraima). Além delas, as atividades foram realizadas em Palmares (Pernambuco), Novo Lino (Alagoas) e as comunidades ribeirinhas Carmo do Macacoari, São Tomé e Foz do Macacoari (Amapá). Todo esse trabalho beneficiou mais de 1.000 crianças, jovens e adultos e está registrado no blog www.caminhadaarteliteratura.blogspot.com.


A Caminhada Arteliteratura implementa bibliotecas comunitárias nas comunidades indígenas

“Distribuímos livros de autores roraimenses e nacionais, fizemos oficinas de artes e montamos uma caravana com escritores locais, interiorizando a literatura produzida no Estado de uma forma que nunca havia sido feita nas comunidades de Roraima. Este ano daremos continuidade às ações. Para isso já estamos conversando com as lideranças, com organizações indígenas e órgãos públicos”, diz Edgar. Além dele, participaram das atividades a poeta Zanny Adairalba, o contador de histórias Tana Halú e a ativista cultural Heloísa Brito, todos integrantes do Coletivo Caimbé.


O prêmio Anu de Ouro reconhece não apenas a Caminhada Arteliteratura, mas todo o  trabalho voluntário

O projeto teve a participação especial do artista plástico José Napoleão (de Minas Gerais) e do arte-educador Jonas Banhos (Amapá). De Roraima, viajaram às comunidades Roberto Mibielli (poeta e professor universitário de Letras), Eroquês Gaudério (poeta), Bebeco Pojucan (produtor musical), Alexia Linke (escritora e contadora de histórias), Pablo Albernaz (músico e antropólogo), Marcelo Seixas (fotógrafo) e Adilson Brilhante (fotógrafo), ambos integrantes do Fotoclube Roraima.

“O prêmio Anu de Ouro reconhece não apenas a Caminhada Arteliteratura, mas todo o  trabalho voluntário focado em arte e literatura que iniciamos em 2009, realizando ações em diversos municípios de Roraima. É uma honra que dividimos com os amigos e parceiros que encontramos ao longo desses anos”, encerra Edgar.  O blog do Coletivo, com registro desses trabalhos, é o www.caimbe.blogspot.com e o perfil no Twitter é o www.twitter.com/coletivocaimbe. 

sexta-feira, outubro 14, 2011

Literatura de cordel terá destaque na VI Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

(Escrito pela Ascom UERR)

Cordelistas, repentistas e poetas participam de 18 a 20 de outubro da VI Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Estado de Roraima,que acontece em conjunto com a XIX Feira Estadual de Ciências de Roraima, ambos realizados pela Universidade Estadual de Roraima.

O evento, realizado no Centro de Artesanato, Turismo e Geração de Renda Velia Coutinho, avenida Capitão Ene Garcez, terá um estande para venda de literatura de cordel, livros e CD`s de repente. Além disso, todas as noites, a partir das 19h, haverá um sarau poético-musical com microfone aberto à participação de quem quiser declamar seus poemas preferidos.

Oficinas de introdução à literatura de cordel e produção de xilogravuras serão ofertadas nos dias 18 e 19. A primeira será das 14h às 16h e a segunda das 16h às 18h, também no Centro Velia Coutinho.

Cada uma oferece 15 vagas. Para participar, basta doar um livro literário em bom estado de conservação. Informações e reserva de inscrições podem ser obtidas no telefone 8113 9273.

“A oficina de cordel será ministrada por Rafael de Oliveira, integrante da União dos Cordelistas de Pernambuco. Vamos aproveitar este momento para iniciar as discussões sobre a criação de uma associação que reúna os cordelistas de Roraima, fortalecendo a nossa arte”, diz o professor da Universidade Estadual de Roraima e cordelista Rodrigo Oliveira, um dos organizadores da atividade juntamente com o escritor Edgar Borges,integrante do Coletivo Arteliteratura Caimbé.

Cordéis de Zanny Adairalba

“Esta parceria com a Universidade Estadual vai ajudar a arrecadar livros para nossa campanha permanente de formação de bibliotecas comunitárias no Interior de Roraima. Também ajudar a aliar cultura e ciência em um evento muito importante”, afirma Edgar Borges.

O sarau do dia 18 já tem participação confirmada dos cordelistas Aroldo Pinheiro, Lindomar Bach e do repentista João Viola. No dia 19 será a vez dos cordelistas e declamadores Rodrigo Oliveira, mestre Egídio, Eroquês Guadério e Giovana Velho. Na quinta-feira, 20, sobem ao palco Aldair Ribeiro, João Baroc e Juan Carlos Moraga e a dupla de atores Dyllan Moraes e Enia Justino.

Poeta Eroquês Gaudério

 Giovana Velho

O estande com os CD`s, livros e cordéis estará aberto todos os dias das 8h às 18h. Além dos poetas já citados, terá obras dos cordelistas Xarute, Otaniel e Zanny Adairalba, esta última também do Coletivo Arteliteratura Caimbé.





















Zanny Adairalba

domingo, setembro 25, 2011

Vamos produzir vídeos juntos com o Coletivo Arteliteratura Caimbé?

O Coletivo Arteliteratura Caimbé assinou um convênio com a TV Universitária para exibir vídeos em um programa que será veiculado aos sábados. A parceria foi fechada durante o I Seminário de Comunicação Pública de Roraima, realizado nos dias 15 e 16 de setembro na Universidade Federal de Roraima.

Representei o Coletivo no evento. Outras organizações da sociedade civil organizada também assinaram o convênio de cessão de espaço da grade da TV. Conforme o documento, cada uma terá 10 minutos na programação de sábado, das 13h às 14h, para exibição de vídeos de cunho educativo e cultural.

Diversas reuniões aconteceram antes do Seminário, reunindo os representantes da sociedade civil para discutir os termos do convênio. Pelo texto, cada uma será responsável por captar e editar seu material, cabendo à TV apenas a veiculação.
 
Um conselho curador será responsável pela análise dos vídeos que serão exibidos. O Coletivo Caimbé foi convidado a participar deste projeto por ser atualmente a única organização da sociedade civil que realiza em Roraima atividades periódicas focadas em literatura.

Isso não significa que será exibido apenas material produzido pelo Coletivo. Queremos integrar o maior número de produtores independentes do Estado, ligados ou não à área da literatura, livro e leitura. Portanto, fica o convite: se você tem ou pensa em produzir algum vídeo bacana e quer veiculá-lo na TV Universitária, mande-nos uma mensagem (coletivocaimbe@gmail.com ou edgarjfborges@gmail.com). Vamos ser parceiros nesta jornada audiovisual.

Conforme o convênio, os vídeos não poderão ter enunciados, imagens, áudios, caracteres ou textos que sejam configurados como produto promocional ou comercial. O conteúdo também deve obedecer ao que rege o artigo 2° da lei N° 11.652, bem como o regimento interno do Núcleo de Rádio e TV da UFRR.

Fica aí o convite para que façamos vídeos juntos!

domingo, setembro 18, 2011

Pé n’água: literando pelo rio Macacoari no Amapá

Participei entre os dias 25 de agosto a 3 de setembro da Pororoca Cultural, evento literário realizado em três comunidades ribeirinhas do Amapá pelo arte-educador Jonas Banhos, do Movimento NossaCasa de Cultura e Cidadania.

 Macapá - Carmo do Macacoari - São Tomé - Foz do Macacoari - Macapá: esse foi o trecho

Representando o Coletivo Arteliteratura Caimbé, me taquei para o estado cuja capital é cortada pela imaginária Linha do Equador. A viagem foi mais uma etapa do projeto Caminhada Arteliteratura, que congrega todas as atividades fora de Boa Vista feitas pela equipe do Coletivo Caimbé, e integrou-se o projeto Mochileiro Tuxaua, escrito por Jonas e aprovado com o prêmio Tuxaua Cultura Viva, do Ministério da Cultura. 


Foram 12h30 para chegar em Macapá. E se você olhar no mapa, Roraima e Amapá estão praticamente colados, separados no Brasil por um pedaço do Amazonas. O lance são as conexões. Fui de Gol, saindo de Boa Vista 2h30 da madrugada, dormindo duas ou três horas no aeroporto de Manaus (AM), fazendo uma escala em Santarém e descendo em Belém (PA), onde fiquei outras horas e encontrei, vindos de algum lugar do País, Jonas Banhos e Rita de Cácia, também do Movimento NossaCasa de Cultura e Cidadania.

Foz do Macacoari - Edgar 386

De lá para Macapá o tempo de viagem não dá uma hora. Chegamos às 15h. E essa é a rota mais curta e rápida. A primeira impressão foi ter chegado novamente em Tabatinga, na fronteira com a Colômbia, cidadezinha onde estive em 2004, de passagem para o Peru, ou ter voltado no tempo, desembarcando no aeroporto de Boa Vista há uns seis anos, quando ainda não havia sido reformado e as autoridades não tinham feito uma grande festa por conta de uma escada rolante. 


O aeroporto internacional de Macapá é acanhado em sua área de desembarque. Os passageiros ainda são obrigados a descer do avião e enfrentar o céu aberto para chegar numa escura sala e poder pegar suas bagagens. O bom é que ainda tem uma sacada para ver quem vai ou chega e dar tchauzinho (Bem Boa Vista em anos passados). 






Um quadro imenso, que Jonas me contou ser de um dos grandes pintores do Amapá, decora a sala e serve como local de encostar coisas. Ao lado do acanhado aeroporto, uma grande obra de modernização parece estar parada. Dentro dele, a muvuca é grande para poder pegar as bagagens. E eu só pensava no Sarney e seus diversos mandatos como senador do Amapá.


A cidade é quente. Mais quente que Boa Vista até. É a selva amazônica que traz a sua umidade e deixa tudo com jeito de Manaus, outro lugarzinho que me dá medo ir por conta do calor. E tem o fator primordial: estando em Macapá, se está no meio do mundo, com direito a pular de um hemisfério a outro em apenas um passo. Ou seja, é sol que não acaba nunca. Em compensação, a brisa que vem do Amazonas é um espetáculo da natureza, literalmente falando.


Macapá tem uma imensa orla frequentada a toda hora por pessoas que buscam relaxar à sombra da Fortaleza de São José de Macapá, beber uma gengibirra, jogar uma partida de futlama ou fazer suas caminhadas (Neste caso, uma observação: o espaço da calçada da orla mal dá para quadro pessoas apertadas umas com as outras. Acho que quiseram economizar no cimento da largura para ter mais comprimento.). Um final de tarde na Orla, olhando a maresia e sentindo o vento gostoso que bate, e você esquece que o meio-dia (e as 10h, 11h, 13h, 14h, 15h,16h e 17h) é escaldante. Do jeitinho de Roraima.






A maquete da forteleza

Não é o mar, é o rio-mar Amazonas

 Olha eu no meio do mundo, cada perna em um hemisfério.



Macapá não possui muitos prédios. Parece Boa Vista. Percebi que há muitas casas com muros baixos, alguns até assustadoramente baixos demais para os padrões de Boa Vista, onde qualquer casa furreca tem muro de dois metros e meio e uma cerca elétrica ligada diretamente na usina de energia. Vi muitas residências feitas de madeira, com uma arquitetura que me lembrou as casas de filmes ambientados no interior dos Estados Unidos.


O material, me disseram, era mais barato que tijolo e cimento. Deduzi que os formatos poderiam ser herança do tempo em que havia muitos gringos morando lá enquanto trabalhavam na extração de minério e ficavam na base militar que os EUA instalaram durante a Segunda Guerra.


Gostei muito de ver que ainda se encontram muitas árvores em ruas comerciais. Mangueiras e outras espécies servem como abrigo para pedestres e clientes, dando um toque bacana à cidade. Diferentemente de Boa Vista, onde a primeira medida do dono ou do arquiteto é mandar derrubar o que estiver na frente para não atrapalhar a visibilidade da placa do empreendimento. Depois disso, mandam instalar vidros fumês e potentes centrais de ar condicionado para amainar o calor. Quando imbuídos de espírito ambiental, plantam umas palmeiras para dar um “toque amazônico” aos comércios.


E falando em comércio, mercadinhos, mercearias e quitandas são chamados em Macapá de Mini Box. É mini box para tudo quanto é lado. Daí entendi de onde a banda Mini Box Lunar tirou o seu nome. É como se fosse Mercadinho Lunar. Na primeira noite em Macapá, 23 de agosto, tive a sorte de pegar um evento legal, o Navegando na vanguarda, em frente ao Teatro das Bacabeiras, com diversas atrações musicais, entre elas a Lunar.


Foi lá que bebi minha primeira dose de gengibirra e, mais uma vez, refleti sobre a loucura que é o deslocamento rápido (mesmo durando tanto entre dois estados tão próximos). Afinal, uma noite antes estava em Boa Vista e menos de 24 horas depois estava curtindo o som de gente totalmente desconhecida e que não desconfiava que houvesse um índio na terra deles.





Olha a galega lindinha psicodélica vocalista da Mini Box Lunar

Antes de pegar a van que nos levaria até a comunidade Carmo do Macacoari, visitei a sede de NossaCasa de Cultura e Cidadania, conheci in loco o projeto da biblioteca aberta 24h (é um pegue-e-devolva muito legal que funciona no Centrão da cidade), estive na escola Conexão Aquarela para o começo de uma parceria entre a instituição e a NossaCasa e participei de duas entrevistas de para falar da viagem.














A primeira foi com Humberto Moreira, radialista da Difusora do Amapá que já esteve diversas vezes em Roraima, inclusive na inauguração do Estádio Canarinho, hoje Flamarion Vasconcelos, e conhece várias figuras relevantes da cultura local. Ele chegou a cantar um trecho da música “Roraimeira”. Olha aqui o trecho final do papo com ele:





A outra entrevista foi no programa do Olímpio Guarany. Essa a gente gravou enquanto passava na TV. Assista e veja a mancada que dou no meio dela:







Bem, dadas as entrevistas, comido o peixe frito com açaí no mercado municipal, o camarão na orla e carregada a van com muitos livros e gibis, embicamos rumo à comunidade Carmo do Macacoari, a algumas horas por terra de Macapá. Estava com tanto sono que não vi quando deixamos a área urbana. Fui acordar já no trecho de piçarra e buracos antes da comunidade. A vegetação é parecida com o lavrado/cerrado de Roraima, tendo inclusive buritizais, gramíneas e plantações de milho e arroz em vários pontos.


Carmo do Macacoari tem energia elétrica 24 horas, padaria, duas quitandas (ou mini box, conforme o costume local), uma escola, igreja de São Sebastião (que serve como praça com seus três bancos e meio), cemitério, a rua principal asfaltada e dois campos de futebol que vivem cheios de meninas e meninos. As noites são modorrentas e a iluminação pública péssima.


Não há o que fazer além de jogar bola, tomar banho no rio ou esperar a adolescência chegar para começar a namorar e, se for de gosto, beber e fumar. A cara de Guasipati, cidadezinha da Venezuela onde cresci. A diferença é que lá tem mais ruas.


Quando chegamos, a criançada ficou doida, perguntando pelos livros, pelo cinema, pelas brincadeiras e pelo banho no rio. Jonas e Rita fazem a festa no local.


Ficamos três dias trabalhando e divertindo-nos muito com a turminha. Os meus companheiros montaram barracas e estenderam lonas com livros, gibis e material de desenho, colocaram megafones a disposição dos leitores mirins, fizeram sessões de cinema com um projetor montado na frente da sede do Movimento NossaCasa, oficinas de fotografia e artereciclagem e outro bocado de ações bacanas.


Eu, que fui para o Amapá a trabalho, também trabalhei. Expus meus textos da Mostra Fotográfica Curt@s Histórias e Poesias e fiz quatro oficinas de criação literária, sendo duas com turmas da escola local e outras com o público da NossaCasa.

NossaCasa 172



Da primeira para a última, mudei tudo para adaptar-me à realidade do pessoal, afetada pela timidez, falta de investimento na capacitação docente e de material adequado ao seu desenvolvimento educacional. Apesar do que possa parecer, achei muito bom o resultado. No final, já estavam produzindo seus versos e ilustrando poemas meus, de outros autores e criados por eles mesmos.












O processo foi bacana. Foi de demolição, construção e reconstrução de conceitos e métodos em busca do melhor resultado, da melhor forma de semear gosto pela literatura, o grande desafio que decidi encarar quando me juntei aos meus colegas do Coletivo Arteliteratura Caimbé. Bom, nem tudo foi trampo. Teve também banho no rio, devoração de camarão comprado a seis reais o quilo, dormida em barracas depois de uns 9 ou 10 anos (a última vez foi quando subi o Monte Roraima, lá na distante juventude) e uns bons bate-papos com o seu Zé Picanço, tio do Jonas, quilombola, agricultor, capitão de barco e dono da casa onde montamos base.






 Rá! Esse feioso, tampando o nariz, sou eu, todo aventureiro, pulando no Macacoari



 Cineminha na NossaCasa










Segurança antes de tudo. Tenho filho para criar.

Deixamos Carmo do Macacoaria sob protesto das crianças, que queriam mais sessões de leitura, desenho e cinema. Embarcamos na segunda (29 de agosto) no barco “pó-pó-pó” de seu Zé rumo à comunidade São Tomé, distante umas quatro ou cinco horas do Carmo, conforme a maré. O Macacoari foi alargando, ficando barrento, a selva crescendo, mostrando seus açaizais imensos, suas margens cercadas pelos fazendeiros, que botam arame até nas entradas dos pequenos igarapés.


O tempo aqui tem outra noção. Ele vai e vem conforme as águas sobem e descem, baixam e crescem, conforme o açaí está ou não maduro ainda. Passamos por dezenas de palafitas, por um quilombo, por tracajás e araras, por ribeirinhos descendo o rio em suas voadeiras e “montarias”, nome dado às canoas cavadas no tronco de árvores ou feitas com três tábuas.

Enquanto subíamos, seu Zé ia contando histórias da região e tirando sarro, junto com a Rita, da minha falta de conhecimentos básicos sobre natação. Para seu Zé e todas as crianças do Carmo, que nascem praticamente anfíbios, uma pessoa que não sabe nadar é, no mínimo, estranha. Como explicar o injustificável?


Chegamos em São Tomé com a maré cheia, baixamos o material no porto da comunidade e almoçamos na casa da senhora Borges, minha parente distante, mãe de 14 filhos e participante da oficina de arte. Depois disso, oficina de literatura e ilustração, arte, roda de leitura, fotografias de novos anfíbios, banho no Macacoari e sessão de cinema na escola da comunidade. Em São Tomé, assim como na Foz do Macacoari, só se anda acima do nível do chão, da vazante. As ruas, avenidas e calçadas são passarelas de madeira mais largas, menos largas, conforme a situação. Energia elétrica? Duas ou três horas por noite, conforme o combustível do motor. Se estragar ou não forem pegar, ficam no escuro vários dias.

 Árvores sobre árvores



 Pensando em largar tudo e ir morar na selva...



 Guincho de montaria



 São Tomé













 Passarelas, passarelas, passarelas












 Capitão Zé Picanço e o aprendiz de marinheiro
Arte em tampas de garrafa PET






 Eu, corajoso



Adorei essa iconografia: é uma voadeira



Eu, urbano 100%, demorei a me acostumar com a situação. Depois me ambientei tanto que ao chegar em Macapá já estava caminhando como os ribeirinhos. Outro teste do meu processo de adaptação à selva amapaense foi passar as malas de uma embarcação para outra em São Tomé.


Seu Zé Picanço me pegou para marinheiro, deu as instruções e mandou tomar cuidado para não cair na água. Eu, valente e sem colete salva-vidas, encarei a responsa e quase tirei nota 10 na prova. Faltou só subir no telhado do barco para empurrar as malas, mas antes disso um morador, com pena de mim, desceu do porto para nos ajudar. Quer dizer, pensando bem, eu tirei nota 10 em tudo o que seu Zé mandou fazer. Tanto é que no último dia navegando com ele já estava quase com a patente de capitão. Como falei antes, só faltava aprender a nadar.


À esquerda, comunidade Foz do Macacoari. Abaixo do barco, o rio de mesmo nome. O horizonte aí é o Amazonas, imenso e forte


Saímos na terça-feira, 30 de agosto, em direção à Foz do Macacoari, comunidade literalmente na esquina com o colosso rio Amazonas. Foram duas ou três horas subindo. Aqui aconteceu o momento mais chato da viagem: descobri que meu caderno de anotações havia ficado no Carmo.


Nele tem de tudo: ilustrações, poemas, microcontos, notas de reuniões, telefones, lista de coisas para fazer que nunca faço mas é bom lembrar que devo fazer... Ficando o livro no Carmo e tendo chegado à Foz, não tinha como pegar um táxi e buscar o caderno. O jeito foi esquecer e tocar o barco, voadeira, montaria pra frente.



Nessas alturas, eu já estava sabendo que horas a maré subia e baixava, como manter o equilíbrio de um barco pequeno e outros detalhes da vida marinheira. Só faltou saber nadar. Ficamos na casa de seu Martinho e dona Creuza, extrativistas, pais de várias moças e rapazes que conseguiram concluir o ensino superior com muito esforço e quilos de açaí vendidos no porto de Macapá.



 








 Clique para ler os nomes das duas voadeiras


Seu Martinho é a figura que dá a seguinte entrevista, falando sobre a importância dos projetos de incentivo à leitura para manter os agricultores no campo:






Se você viu todo o vídeo, percebeu que o homem é ligado no mundo. Foi um dos fundadores do PT no Amapá, ajudou a organizar o movimento extrativista e lê muito. A obra atual é Assim falou Zaratustra, do Nietzsche, texto que eu ainda não tive coragem de encarar. De passarela em passarela, saímos por quatro dias da casa de seu Martinho para a biblioteca comunitária da Foz.



 Carangueira: não se meta com ela e ela não se mete com você

 Li essa obra quando era criança pequena na Venezuela. Foi presente de meus avôs maternos




 Clique para ampliar e ler







A Quele, nora de seu Martinho, é quem abre o espaço semanalmente para oferecer um recanto de leitura às crianças e adolescentes da Foz. Funcionando no prédio onde havia antes uma escola, a biblioteca tem um acervo de revistas, gibs e livros muito bacana. Recentemente compraram, com a verba de um edital do Ministério da Cultura, diversos exemplares da literatura amapaense. Entre eles veio um chamado Mazagão, a cidade que atravessou o Atlântico. Fantástica a história da população que saiu durante o reinado português da África para Lisboa, depois para Belém e no fim foi instalada no que viria a ser o estado do Amapá.


Olha aqui uma entrevista com a Quele e a Gabi, sua sobrinha, falando sobre as atividades na biblioteca:





Sentiu como a leitura muda as pessoas? Conhecendo esse povo me lembrei das visitas e bibliotecas que deixamos em cinco comunidades indígenas de Roraima durante o primeiro semestre deste ano.


A Caminhada Arteliteratura foi justamente isso: um semear de mudanças. Por isso sempre disse para os diretores e tuxauas que se tratava de esperar resultados a médio e longo prazo, sempre cobrando do Poder Público capacitações para saber como dinamizar os espaços literários. Ficamos quatro dias na Foz.


Fizemos atividades na biblioteca comunitária, na escola estadual Eugênio Machado e na casa de seu Martinho, conversamos muito com os professores e moradores sobre o trabalho, tomamos banho de rio todo dia, passamos calor na beira do Amazonas, pois a selva é quente do mesmo jeito.

 Os alunos chegam de barco. Em média, os mais distantes moram a duas, duas horas e meia de casa. A merenda da escola, com muita economia para que não falte nehum dia, é um copo de nescau com algumas bolachas de água e sal



Foz Macacoari Edgar 2011 191
A turma, ouvindo poesia de olhos fechados











 






Essa moça bonita se chama Rayane. Colocando um "H" teria o mesmo nome da filha de meu amigo Rhayder Abensour, da banda Iekuana


 Preparando o cinema na casa de seu Martinho


 Olha a professora de português





 Voltando para a casa de seu Martinho






Acima de tudo, nos divertimos muito fazendo o bem. Demos uma passada na comunidade Igarapé do Amazonas, antiga Igarapé dos Porcos, em frente à Foz, mas já no município de Macapá. Lá conversamos com o seu Zeca, irmão de seu Martinho. Ele nos mostrou de onde vem o palmito que muita gente adora em sua pizza. Confere no vídeo:




Como dito antes, esta foi uma viagem de aprendizado, muito aprendizado. Fiz coisas que nunca havia feito na vida, como entrar numa plantação de açaí, comer arraia, andar em passarelas de madeira, carregar sacolas de um barco para outro, tomar gengibirra, esquivar-me de aranhas caranguejeiras e conviver com ribeirinhos, entre outras que agora esqueço. Só faltou ir ao evento poético promovido pela Alcinéa Cavalcante, o “Poesia na boca da noite”. Até fiz contato via Twitter, mas não deu. Fica pra próxima. 


A Pororoca Cultural terminou no sábado, 3 de setembro, quando deixamos a Foz de madrugada, rumo a Macapá, na minha segunda viagem pela Amazonas. A primeira foi indo para Iquitos, há muito tempo. Vi o sol nascer um pouco antes de chegar na capital amapense, desembarcar tudo e preparar-me para viajar na próxima madrugada de volta a Boa Vista, no trecho Macapá-Belém-Brasília-Manaus-Boa Vista. E esse era o mais rápido...


Nascendo
 Nascido


Macapá, vista do Amazonas


Antes de fechar um exemplo de como o mundo é pequeno. Na última noite, enquanto comprava algo para comer no supermercado próximo ao hotel, encontrei uma professora de português que havia conhecido na Foz. Se ficasse mais uns dias estava como em Boa Vista, totalmente enturmado. 


Neste link você pode conferir umas 500 fotos da viagem, feitas por mim e por Jonas Banhos durante a Pororoca Cultural 2011.


Neste aqui você pode ler um artigo que publiquei no site Overmundo falando sobre a Caminhada Arteliteratura, a Pororoca Cultural e políticas públicas para a área da literatura.


Se isto fosse um programa de TV, te chamava para a próxima viagem literária. Mas não é. Tudo na vida de pessoas como a turma do Coletivo Caimbé e de NossaCasa de Cultura depende de verba e apoio. Por isso, fica o convite: vamos conversar sobre uma visita à tua região? Apoiando bem, garanto que as atividades te farão bem.