Notícias rápidas da aldeia
O negócio tá corrido por aqui. Por conta do desmatamento para áreas de pastagens e plantio de soja e arroz, a caça está ficando cada vez mais distante. Daí, já viu, os homens da tribo estão saindo de manhã e retornando à noite, sem tempo para postar mais rotineiramente.
A cidade estava menos quente. Depois de um mês e pouco, choveu um pouquinho dia desses. Mesmo assim, às 8h já está insuportável o calor. É por isso que odeio dias de céu azul.
Minha avó completou ontem 80 anos de idade. A língua continua afiada e o corpo crescendo.
A Associação Cultural Angola Palmares conseguiu trazer de Salvador os mestres de capoeira Nô e Lázaro, manda-chuvas do grupo Palmares no Brasil, para uma semana de oficinas de movimentos, canto e instrumentos. Nô, com 61 anos de idade e 55 de roda, ainda agüenta jogar várias vezes seguidas com alunos dezenas de anos mais novos. É impressionante. Será sábado o VIII batizado e troca de cordas do grupo.
Já disse que está quente? É preço que se paga por morar na parte do hemisfério norte que fica perto da Linha do Equador.
A polícia continua fechando pontos de venda de gasolina venezuelana. Ano passado pegaram cerca de cem mil litros na estrada entre Santa Elena de Uairén e Boa Vista. Há quem ironicamente diga que todo esse trabalho coíbe o livre comércio entre os países e que assim não haverá Mercosul que agüente.
Acho que para postar com mais regularidade, vou assumir um costume antigo de homem branco: comprar a carne no açougue e restante da alimentação nos supermercados.
quinta-feira, março 16, 2006
quinta-feira, março 09, 2006
Elucubrações profissionais
Sou jornalista. Redator. Como não tenho boa dicção e carrego o sotaque da Venezuela, gosto mais das palavras escritas.
Ultimamente reviso mais do que escrevo.
Como revisor, edito diariamente diversos textos de meus colegas, além de outras coisas que chegam. Por isso estou sempre ocupado no MSN. (Sim, você trabalha e fica no MSN? Claro, uso-o com fins profissionais. É possível.)
Nenhum texto é intocável. No jornalismo não existe isso. Às vezes fico assustado com o quanto pode ser mexido numa matéria.
Aquela que há um minuto estava perfeita ou impossível de ser alterada, de repente, por diversos motivos, apresenta um enorme leque de possibilidades.
Tira, altera, acrescenta, ignora. Em caso de necessidade, consegue-se até driblar as leis da física, colocando letras onde não havia espaço.
Nessas horas, bate um orgulho do tipo "cara, foi f#%@ mas consegui!".
Sou jornalista. Redator. Como não tenho boa dicção e carrego o sotaque da Venezuela, gosto mais das palavras escritas.
Ultimamente reviso mais do que escrevo.
Como revisor, edito diariamente diversos textos de meus colegas, além de outras coisas que chegam. Por isso estou sempre ocupado no MSN. (Sim, você trabalha e fica no MSN? Claro, uso-o com fins profissionais. É possível.)
Nenhum texto é intocável. No jornalismo não existe isso. Às vezes fico assustado com o quanto pode ser mexido numa matéria.
Aquela que há um minuto estava perfeita ou impossível de ser alterada, de repente, por diversos motivos, apresenta um enorme leque de possibilidades.
Tira, altera, acrescenta, ignora. Em caso de necessidade, consegue-se até driblar as leis da física, colocando letras onde não havia espaço.
Nessas horas, bate um orgulho do tipo "cara, foi f#%@ mas consegui!".
terça-feira, março 07, 2006
Causos da Universidade
Corredor, intervalo entre uma aula e outra. O Paulinho, colega de sociologia, conta que roubaram sua bicicleta. Digo que já levaram seis minhas e relato cada situação. Pergunto onde o "dono" pegou a dele.
- Foi na biblioteca.
- Mas estava presa no bicicletário?
- Sim.
- Presa, com cadeado?
- Não.
- Pô, Paulinho! Assim também, né?! Pediu pra ser roubado!
- Mas, cara... A gente tá na universidade!
- Paulinho, ô, Paulinho! Fazer um curso superior não tira o instinto de ladrão de ninguém, cara!
- Hum...é mesmo...
(É duro ser o portador de más notícias.)
...................
No final da aula de Formação Sócio-Política e Econômica da Amazônia, o abaixo-assinado para pressionar o Congresso a aprovar um projeto de lei que criar juizados ou algo parecido para combater exclusivamente a violência contra a mulher.
- Ei, tu já assinou o abaixo-assinado?
- Do que é?
- Olha aqui, ô.
- Hum...Sim, vocês querem isso para que mesmo?
- Pra combater a violência contra a mulher. Pára com isso e assina logo.
- Eu não. Quer dizer que agora, além de não poder bater nos filhos, vão me privar do sagrado direito de relaxar com a minha mulher?
- Ai, eu não acredito que você está falando nisso.
- Tudo bem, eu assino. Mas com uma condição: façam um projeto de lei para o que o governo subsidie a compra de sacos de pancadas para todas as famílias.
(E lá fiquei eu, rindo de minha colega, obviamente irritada com o meu péssimo gosto para piadas politicamente incorretas. Do mesmo jeito que as minhas queridas visitantes devem estar agora.)
Corredor, intervalo entre uma aula e outra. O Paulinho, colega de sociologia, conta que roubaram sua bicicleta. Digo que já levaram seis minhas e relato cada situação. Pergunto onde o "dono" pegou a dele.
- Foi na biblioteca.
- Mas estava presa no bicicletário?
- Sim.
- Presa, com cadeado?
- Não.
- Pô, Paulinho! Assim também, né?! Pediu pra ser roubado!
- Mas, cara... A gente tá na universidade!
- Paulinho, ô, Paulinho! Fazer um curso superior não tira o instinto de ladrão de ninguém, cara!
- Hum...é mesmo...
(É duro ser o portador de más notícias.)
...................
No final da aula de Formação Sócio-Política e Econômica da Amazônia, o abaixo-assinado para pressionar o Congresso a aprovar um projeto de lei que criar juizados ou algo parecido para combater exclusivamente a violência contra a mulher.
- Ei, tu já assinou o abaixo-assinado?
- Do que é?
- Olha aqui, ô.
- Hum...Sim, vocês querem isso para que mesmo?
- Pra combater a violência contra a mulher. Pára com isso e assina logo.
- Eu não. Quer dizer que agora, além de não poder bater nos filhos, vão me privar do sagrado direito de relaxar com a minha mulher?
- Ai, eu não acredito que você está falando nisso.
- Tudo bem, eu assino. Mas com uma condição: façam um projeto de lei para o que o governo subsidie a compra de sacos de pancadas para todas as famílias.
(E lá fiquei eu, rindo de minha colega, obviamente irritada com o meu péssimo gosto para piadas politicamente incorretas. Do mesmo jeito que as minhas queridas visitantes devem estar agora.)
quinta-feira, março 02, 2006
Voltando ao normal...
Muito bem, a festa acabou, as colombinas voltaram para seus pierrôs e deve ter muita gente perguntando-se como foi que gastou todo aquele dinheiro na folia.
Em Boa Vista, o carnaval foi o mais tranqüilo dos últimos cinco anos. O policiamento ostensivo, câmeras de segurança e a proibição de vender caipirinha e bebidas em garrafas de vidro ajudaram muito para trazer paz à avenida do samba.
A festa começou na sexta e parou somente na terça-feira, quando desfilou a escola campeã. É, em Boa Vista temos escolas de samba que proporcionam verdadeiros espetáculos, fantásticos shows alegóricos somente comparáveis aos do Rio e Sampa, com tanta beleza que...Ok, exagerei nas tintas. São desfiles pobres, mas limpinhos. Falta organização às agremiações, falta mais iniciativa para deixar de depender dos repasses da prefeitura e do governo (que este ano chegaram a R$ 70 mil), faltam mulheres bonitas na pista, etc. etc.
Aliás, no concurso para escolher a rainha do carnaval, rolou um estresse entre as mães das candidatas. ?Sacumé, mãe de miss do samba também tem seus dias de glória e não vai ser a vagabunda da mãe daquela coisa horrorosa que vai atrapalhar isso?, poderia ter dito qualquer uma delas.
Da minha parte, foi apenas mais um carnaval de trabalho. Desde 1998 não folgo nestas datas. Desta vez, como estaria de plantão apenas no último dia da folia, até poderia ter escapado da cidade, mas a Zanny é da organização da festa e acabei indo todos os dias para tomar conta da morena, que fica eufórica neste período e gosta de cantar até ficar rouca e dançar até os pés incharem. A cada meio-dia, lá estava ela, prometendo, afônica, controlar seu gosto pela dança.
Muito bem, a festa acabou, as colombinas voltaram para seus pierrôs e deve ter muita gente perguntando-se como foi que gastou todo aquele dinheiro na folia.
Em Boa Vista, o carnaval foi o mais tranqüilo dos últimos cinco anos. O policiamento ostensivo, câmeras de segurança e a proibição de vender caipirinha e bebidas em garrafas de vidro ajudaram muito para trazer paz à avenida do samba.
A festa começou na sexta e parou somente na terça-feira, quando desfilou a escola campeã. É, em Boa Vista temos escolas de samba que proporcionam verdadeiros espetáculos, fantásticos shows alegóricos somente comparáveis aos do Rio e Sampa, com tanta beleza que...Ok, exagerei nas tintas. São desfiles pobres, mas limpinhos. Falta organização às agremiações, falta mais iniciativa para deixar de depender dos repasses da prefeitura e do governo (que este ano chegaram a R$ 70 mil), faltam mulheres bonitas na pista, etc. etc.
Aliás, no concurso para escolher a rainha do carnaval, rolou um estresse entre as mães das candidatas. ?Sacumé, mãe de miss do samba também tem seus dias de glória e não vai ser a vagabunda da mãe daquela coisa horrorosa que vai atrapalhar isso?, poderia ter dito qualquer uma delas.
Da minha parte, foi apenas mais um carnaval de trabalho. Desde 1998 não folgo nestas datas. Desta vez, como estaria de plantão apenas no último dia da folia, até poderia ter escapado da cidade, mas a Zanny é da organização da festa e acabei indo todos os dias para tomar conta da morena, que fica eufórica neste período e gosta de cantar até ficar rouca e dançar até os pés incharem. A cada meio-dia, lá estava ela, prometendo, afônica, controlar seu gosto pela dança.
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
Ação - Poema
Esconda sua pele embaixo da minha
Beije-me logo depois, fale algo obsceno e sorria.
Seja sincera como só é possível ser na cama
Tatue em minha nuca uma mordida que mostre como você me ama.
Seja minha, seja inteira, seja lua
Mexa-se à minha frente, solta, simplesmente nua...
...........
Para quem vai de festa, boa festa.
Para quem vai trabalhar, bom trabalho.
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
Dias de fevereiro
Tanto trabalho que falta ar...E ainda vem o trampo no carnaval...Final de semestre na facul...A busca desesperada por um tema para a monografia...O dinheiro que não aumenta...As necessidades que aumentam... A boneca do livro, que não consigo reencontrar...Reaproximações em andamento de amigos afastados...Estudos extras...
Tanto trabalho que falta ar...E ainda vem o trampo no carnaval...Final de semestre na facul...A busca desesperada por um tema para a monografia...O dinheiro que não aumenta...As necessidades que aumentam... A boneca do livro, que não consigo reencontrar...Reaproximações em andamento de amigos afastados...Estudos extras...
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
Recordações
Falando sobre o passado, ela comentou:
- Antigamente, no começo do namoro, o banco de trás do carro era um bom palco para as lutas de amor.
Ele disse, espantado com a revelação:
- É mesmo? Você era disso?
Com um sorriso tímido, ela complementou, :
- É. Já fui meio louca, sabe? Mas hoje, depois de algum tempo de casada e um filho, o banco traseiro é somente um bom depósito de livros, comida e roupa.
terça-feira, fevereiro 14, 2006
Aula básica sobre economia ilegal de Boa Vista, Roraima
Em Boa Vista, compra-se gasolina contrabandeada da Venezuela a R$ 2,30. Nos postos, o combustível nacional custa entre R$ 2, 85 e R$ 2, 89. Na fronteira, a 230 quilômetros, os venezuelanos pagam o equivalente a 15 centavos de real por litro e os brasileiros, R$ 1, 50.
Em Boa Vista, consome-se muita cerveja Polar e Polar Ice, também trazida irregularmente da Venezuela. Há quem diga que causa dor de cabeça. Em quem bebe e em quem é pego pela polícia trazendo a mercadoria.
Boa Vista também importa produtos naturais. A turma da marijuana só consome erva vinda da Guiana, que no século passado só mandava porcelanas e coisas do lar para a cidade.
Já os que gostam de cocaína beneficiam-se de Roraima ser a porta de entrada no Brasil para parte da pasta que vai para a Europa via São Paulo. O produto é Made in Colômbia.
Outra fuga de divisas são as propinas pagas aos militares da Venezuela (e vez ou outra a policiais brasileiros lotados na fronteira) para passar esses produtos.
Roraima e Amazonas equilibram as importações mandando mulheres para serem prostitutas na Venezuela.
Em Boa Vista, compra-se gasolina contrabandeada da Venezuela a R$ 2,30. Nos postos, o combustível nacional custa entre R$ 2, 85 e R$ 2, 89. Na fronteira, a 230 quilômetros, os venezuelanos pagam o equivalente a 15 centavos de real por litro e os brasileiros, R$ 1, 50.
Em Boa Vista, consome-se muita cerveja Polar e Polar Ice, também trazida irregularmente da Venezuela. Há quem diga que causa dor de cabeça. Em quem bebe e em quem é pego pela polícia trazendo a mercadoria.
Boa Vista também importa produtos naturais. A turma da marijuana só consome erva vinda da Guiana, que no século passado só mandava porcelanas e coisas do lar para a cidade.
Já os que gostam de cocaína beneficiam-se de Roraima ser a porta de entrada no Brasil para parte da pasta que vai para a Europa via São Paulo. O produto é Made in Colômbia.
Outra fuga de divisas são as propinas pagas aos militares da Venezuela (e vez ou outra a policiais brasileiros lotados na fronteira) para passar esses produtos.
Roraima e Amazonas equilibram as importações mandando mulheres para serem prostitutas na Venezuela.
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
Atitude
Parados em frente ao terreno baldio, ele fala para sua esposa:
- Bonita área, né? Foi uma compra e tanto.
- É meu amor, agora é só meter uma máquina para tirar esse mato.
Ele, num rompante de auto-afirmação masculina, afirmou:
- Que nada! Eu mesmo limpo isso aí. É rapidinho. Pra que pagar se posso dar conta?
Ela apenas o olhou de relance, sem falar nada, e ouviu imediatamente outra afirmação, dita enquanto ele, envergonhado, colocava a cabeça no seu ombro:
- OK, OK, tudo bem, é verdade! Não vou limpar nada mesmo. É muito mato e vou ter que pagar para isso!
Ela, carinhosa, o confortou:
- Isso, meu amor. A verdade é sempre a melhor coisa a se dizer.
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
Gostos
Charmosa, aproximou-se de seu professor de inglês e disse:
- Teacher, sabia que eu acho um charme homem de óculos e que fala outra língua?
O professor parou de ler a sua revista, olhou para a moça e respondeu:
- Me too, baby. Me too.
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
1991: welcome to the aldeia
Hoje completo 15 anos morando em Boa Vista. Cheguei na maior aldeia de Roraima no dia 3 de fevereiro de 1991. Era domingo e na rua de piçarra de minha casa redemoinhos de poeira se formavam.
No outro dia, já estava em sala de aula, cursando a oitava série sem conhecer ninguém e esforçando-me todos os dias para dominar o idioma. Desde então, visitar a Venezuela, só de ano em ano.
Daquele começo de década até este novo milênio muita coisa boa e ruim aconteceu.
O último laço com Guasipati, minha antiga cidade, foi cortado em dezembro de 2004, quando vendi a casa que tínhamos lá.
Fiz alguns amigos, ganhei muitas inimizades, engordei, emagreci, viajei pelo Brasil e parte da América, passei meses sem sair da cidade, virei jornalista e curso sociologia. (Recordando, jornalismo era a última das opções. As primeiras eram filosofia, psicologia e fisioterapia. Como à época não ofertavam esses cursos no Estado, fiquei dividido entre letras e comunicação social, escolhendo a última.)
Trabalhei como office boy, professor de espanhol, datilógrafo de trabalhos escolares e monitor dos projetos culturais do Sesc. Mas fui bom mesmo como desempregado profissional.
Depois de alguns anos economizando, comprei uma casa para meus pais, uma supermegahipermaxi bicicleta aluminum vermelho-linda com amortecedor frontal e um carro vagabundo para fazer o trecho casa-trabalho-faculdade e carregar as compras do supermercado. No balanço, acho que estou bem, levando em conta que nunca fui de planejar muito o futuro. Espero agora que venham outros dias, com muitas alegras e postagens agradáveis.
quinta-feira, fevereiro 02, 2006
Viagem pela BR 174
Leiam esta historinha digital da Mônica numa viagem à ilha de Margarita, procurada todos os anos por milhares de brasileiros de Roraima e do Amazonas para desfrutar das delícias do Caribe.
A HQ peca quando mostra cenas da família da dentucinha passeando à vontade na área indígena waimiri-atroari. Neste trecho, os carros não podem sequer estacionar, o que é lembrado a cada centena de metros por placas enormes. Também não é permitido fotografar os animais. Depois das 18h, carros particulares não passam, somente ônibus. O tráfego é liberado de manhã.
De qualquer forma, valeu a intenção.
Leiam esta historinha digital da Mônica numa viagem à ilha de Margarita, procurada todos os anos por milhares de brasileiros de Roraima e do Amazonas para desfrutar das delícias do Caribe.
A HQ peca quando mostra cenas da família da dentucinha passeando à vontade na área indígena waimiri-atroari. Neste trecho, os carros não podem sequer estacionar, o que é lembrado a cada centena de metros por placas enormes. Também não é permitido fotografar os animais. Depois das 18h, carros particulares não passam, somente ônibus. O tráfego é liberado de manhã.
De qualquer forma, valeu a intenção.
terça-feira, janeiro 31, 2006
Situações
Estava tão mal no mercado que quando tentou vender a alma, ainda teve que devolver algum ao comprador.
..........
Era um esforçado. A vida lhe deu limões e ele fez limonada para vender, mas não havia açúcar ou adoçante caindo do céu.
.........
Anunciou no jornal: procuro amor e trabalho. Sem experiência comprovada.
.........
Saiu correndo quando viu o rapaz com quem havia marcado um encontro às escuras. Conta que foi espanto a primeira vista.
quinta-feira, janeiro 26, 2006
Dias de janeiro
Ocupado.
Cansado.
Estudando, depois do fim da greve da universidade.
Sem dinheiro (Quando se é assalariado e o pagamento sai antes do prazo, o mês fica mais longo...)
Sem tempo para sonhar, apenas trabalho e leituras de sociologia das organizações, planejamento urbano e formação sócio-econômica da Amazônia.
Fechando mais um informativo de meu local de trabalho.
Vendo a chuva cair em dias inesperados.
Agora no orkut.
Pensando.
Cancelando, por enquanto, os encontros da Confraria Lúpulo com Guaraná, formada pelos Três Mosquiteiros (Nei Costa, Luiz Valério e eu) e Dona Dartanhã (Zanny Adairalba).
Ocupado.
Cansado.
Estudando, depois do fim da greve da universidade.
Sem dinheiro (Quando se é assalariado e o pagamento sai antes do prazo, o mês fica mais longo...)
Sem tempo para sonhar, apenas trabalho e leituras de sociologia das organizações, planejamento urbano e formação sócio-econômica da Amazônia.
Fechando mais um informativo de meu local de trabalho.
Vendo a chuva cair em dias inesperados.
Agora no orkut.
Pensando.
Cancelando, por enquanto, os encontros da Confraria Lúpulo com Guaraná, formada pelos Três Mosquiteiros (Nei Costa, Luiz Valério e eu) e Dona Dartanhã (Zanny Adairalba).
A Confraria
terça-feira, janeiro 17, 2006
Roraima blues
Entra sem avisar, muda a estação da rádio, me leva da bossa nova ao blues, do samba ao rock n' roll. Sorri, pareço um tonto, perco os sentidos ao entrar em seus olhos e notar a diferenças da vida.
Conversa comigo em uma língua estranha - não há dicionário para traduzir seu efeito. Morde minha orelha e diz que vinho bom é vinho quando se ama. Toco suas costas e conto cada poro com a boca. É uma conta sem fim.
De seus dedos, tocando-me, parece sair música. Danço o ritmo que ela quer. A angústia de sua chegada é como a angústia da partida.
Rio, choro, grito, maldigo seu efeito em mim. Não sou mais homem. Sou criança pedindo atenção, pássaro sem asas, sonhador rogando por imaginação.
Esfrega-se em mim e penso que Deus é justo, mesmo sem acreditar em divindades. Um riso em meu peito é um roce na pouca paz que ainda me resta. Depois me aperta, ajudando-me a não fugir de minha condenação. Fecho os olhos e acho que enfim sou feliz enquanto rabisca sua poesia para marcar em mim seu território. E a madrugada vira manhã, tarde, noite, infinito.
De repente, alma entregue, corpo submerso, navego, flutuo, deslizo até o vulcão. Queimo, rio, é janeiro e acho que chove lá fora.
quinta-feira, janeiro 12, 2006
Espirituosa
Ligeiramente cambaleante, depois de ser medicada para normalizar a pressão, que estava em 20 x 10, dona Maria José me diz na saída do hospital, quando a pego pelo braço para irmos até o carro:
- Eu estou bem. Não sei pra que tanta gente me segurando como se eu fosse cair.
- Quer dizer que a senhora está bem? Então vai caminhando até chegar em casa. É só pegar o retão da avenida e pronto.
Língua afiada, mente rápida e corpo cansado, minha avó responde:
- Meu filho, eu iria, mas o médico insistiu que devo repousar...
Ligeiramente cambaleante, depois de ser medicada para normalizar a pressão, que estava em 20 x 10, dona Maria José me diz na saída do hospital, quando a pego pelo braço para irmos até o carro:
- Eu estou bem. Não sei pra que tanta gente me segurando como se eu fosse cair.
- Quer dizer que a senhora está bem? Então vai caminhando até chegar em casa. É só pegar o retão da avenida e pronto.
Língua afiada, mente rápida e corpo cansado, minha avó responde:
- Meu filho, eu iria, mas o médico insistiu que devo repousar...
segunda-feira, janeiro 09, 2006
Aperfeiçoamento
Ao reler seus antigos textos, ele comentou:
- Nossa, como mudei meu estilo de escrever!
Ela não percebeu o auto-elogio implícito na frase e deixou escapar, enquanto assistia a um vídeo-documentário:
- Para mal ou pior?
Um estranho e emburrado silêncio tomou conta da casa por algumas horas.
sexta-feira, janeiro 06, 2006
Oníricos
Na mesma cidade, numa noite qualquer, duas pessoas com pouca amizade sonharam uma com a outra. Acharam absurdas as cenas e riram quando amanheceu e o sol os encontrou em suas camas, distantes vários quilômetros.
Dias depois, encontraram-se numa festa. Nunca trocaram mais de três palavras, o tradicional "olá, como vai?", e não foi neste dia que tudo mudou.
Na mente de cada um, a pergunta: o que aconteceria se contasse o seu sonho ao outro?
quarta-feira, janeiro 04, 2006
Mens sana in corpore sano
Depois de alguns meses, concluí a leitura de Pasajes de la Guerra Revolucionaria, coletânea de artigos escritos por Ernesto Che Guevara sobre o combate contra o regime batistiano em Cuba.
Encaro agora o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa.
E quando dá tempo, pega minha megahipersuperbike de alumínio com amortecedores frontais e vou preparando o corpo para as primeiras trilhas deste ano.
E você, o que está lendo?
Depois de alguns meses, concluí a leitura de Pasajes de la Guerra Revolucionaria, coletânea de artigos escritos por Ernesto Che Guevara sobre o combate contra o regime batistiano em Cuba.
Encaro agora o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa.
E quando dá tempo, pega minha megahipersuperbike de alumínio com amortecedores frontais e vou preparando o corpo para as primeiras trilhas deste ano.
E você, o que está lendo?
segunda-feira, janeiro 02, 2006
Metas para 2006
Agora que o ano começou, a euforia de um monte de pessoas já diminuiu e os carnês do IPTU, do IPVA e da escola particular de muito fulano já estão sendo impressos, causando pavor no orçamento, agora sim vale a pena estabelecer metas realistas a cumprir nos próximos dozes meses:
1) Concluir o curso de sociologia. Depois, farei como FHC e me tornarei presidente do Brasil, criando uma nova moeda, derrotando o PT em toda eleição e privatizando o que restar de empresa pública.
2) Reatar laços com algumas pessoas que deixei para trás nos últimos dois anos, especialmente, e cuja convivência me fazia bem. Mas se elas não quiserem, que se danem. Até hoje me virei muito bem sozinho sem elas.
3) Conseguir publicar o meu livro de crônicas e poesias. Já tem o patrocínio no esquema (Salve o Sesc Roraima!) e falta só o Nei entregar a boneca impressa para fazer os últimos ajustes.
4) Comprar um imóvel e construir ou alugar, transformando-me em um miniempresário do setor imobiliário.
5) Reduzir ou pelo menos conter o avanço dos quilos a mais. Essa sim é uma briga entre o corpo e a mente.
Cinco é um bom número. Mais do que isso é exagero. Alguém me lembre delas em dezembro, please.
Agora que o ano começou, a euforia de um monte de pessoas já diminuiu e os carnês do IPTU, do IPVA e da escola particular de muito fulano já estão sendo impressos, causando pavor no orçamento, agora sim vale a pena estabelecer metas realistas a cumprir nos próximos dozes meses:
1) Concluir o curso de sociologia. Depois, farei como FHC e me tornarei presidente do Brasil, criando uma nova moeda, derrotando o PT em toda eleição e privatizando o que restar de empresa pública.
2) Reatar laços com algumas pessoas que deixei para trás nos últimos dois anos, especialmente, e cuja convivência me fazia bem. Mas se elas não quiserem, que se danem. Até hoje me virei muito bem sozinho sem elas.
3) Conseguir publicar o meu livro de crônicas e poesias. Já tem o patrocínio no esquema (Salve o Sesc Roraima!) e falta só o Nei entregar a boneca impressa para fazer os últimos ajustes.
4) Comprar um imóvel e construir ou alugar, transformando-me em um miniempresário do setor imobiliário.
5) Reduzir ou pelo menos conter o avanço dos quilos a mais. Essa sim é uma briga entre o corpo e a mente.
Cinco é um bom número. Mais do que isso é exagero. Alguém me lembre delas em dezembro, please.
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