segunda-feira, julho 19, 2004

Iniciamos a Série Contradições Impressas
 
DÍVIDA MILIONÁRIA-  União cobra R$ 4 bilhões de aposentado (Folha de Boa Vista 14.07.04)

O aposentado Antonio Evangelista de Oliveira, 78, virou notícia nacional ao ser acusado de estar devendo R$ 4 bilhões aos cofres da União. Ele disse não entender o porquê do valor exorbitante cobrado atualmente por uma dívida contraída em 1988, ocasião em que a moeda circulante ainda era o Cruzado. (...)
 
 
 
Receita Federal - Aposentado de Roraima deve mais de R$ 3 milhões (BrasilNorte 14.07.04)

A dívida, que passa hoje de R$ 3 milhões, foi contraída por causa de um empréstimo de dois salários mínimos.

Como poderia um aposentado de 71 anos, ganhando um salário mínimo por mês, acumular uma dívida na Receita Federal de R$ 3.390.000,00, já inscrita na Dívida Ativa da União? Esta é a história inusitada de Antônia Evangelista de Oliveira, que mora em Boa Vista? (...)
 
 
 
COBRANÇA DE R$ 4 BILHÕES -  Procuradoria reconhece valor exorbitante da dívida e suspende cobrança de agricultor (Folha de Boa Vista 15.07.04)

A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional decidiu que a cobrança do gigantesco débito de R$ 4 bilhões do aposentado Antonio Evangelista de Oliveira, 71, com os cofres públicos está suspensa até que o processo de verificação da origem e dos cálculos do valor seja concluído. (...)
 
Delegado diz que dívida de aposentado não é com a Receita Federal (BrasilNorte 15.07.04)

O delegado substituto da Receita Federal, Roberto Paulo da Silva Santos, disse ontem que a dívida do aposentado Antonio Evangelista de Oliveira, 71 anos, o ?Marreco? como é conhecido, não é com a Receita. Os R$  mais de 3 bilhões são devidos pelo aposentado à Procuradoria da Fazenda Nacional. (...)
 
mudando de assunto....
A próxima eleição para o Sindicato dos Jornalistas de Roraima já ganhou seu primeiro capítulo negro, com um suposto pagamento de mensalidades atrasadas de uma pá de coleguinhas por um grupo aparentemente disposto a tudo para ganhar. Mais detalhes aqui.

sexta-feira, julho 16, 2004

Salsa e ciúmes


 
Uma da manhã. A pista está cheia na boate mais animada da cidade. É sempre assim na quinta-feira, quando é noite de salsa, merengue e caribe. Suor escorre da maioria dos rostos. Homens e mulheres, mulheres e homens, todos exibem-se para todos.

No balcão do bar, Ricardo e Drica discutem. Ele está cansado e ela quer mais. Ele quer ir embora para dormir, acordar cedo e ir trabalhar. Para ela, que também trabalha daqui a pouco, o final de semana o momento ideal para descansar. "A noite não espera para acabar e o trabalho sempre estará lá quando o procures", afirma a jovem.

Do outro lado da pista, Alberto mexe-se desajeitadamente ao som do mais novo sucesso de  Gilberto Santa Rosa. Alberto não dança uma vírgula, mas gosta de freqüentar a boate para ver as apresentações dos bailarinos profissionais à meia-noite. Depois, sempre fica mais um pouco para tentar descobrir alguma mulher sem par, coisa das mais difíceis na boate, e sem esperança de encontrar alguém melhor que Alberto para dançar.

Mas hoje a noite parece ser muito ruim. Nem sequer Ana Rita, sua amiga e eterna salvação na dança apareceu. Deve ser por conta do namorado novo, pensa o aprendiz de dançarino enquanto se dirige ao bar para comprar uma bebida e ir embora.

Lá, surpreende-se ao encontrar Ricardo e Drica, seus monitores na escola de dança que começou a freqüentar na terça-feira passada. "Olá, como vão, gostei do espetáculo. Um dia chego lá", brinca. Percebe que o clima não é dos melhores, pede sua bebida e quando vai dizer adeus, estendendo a mão para o casal, Drica aproveita a deixa e o puxa para dançar. A bebida Drica põe na mão do atônito Ricardo enquanto o olha desafiadora.

Na pista cheia de bons dançarinos, Alberto usa tudo o que aprendeu na única aula de salsa e merengue que teve na vida. Drica diverte-se com o esforço e ri, linda, divinamente, enquanto seus cabelos lisos e negros grudam na pele morena e seus olhos parecem refletir toda a luz da boate. 

Mas uma noite assim não pode terminar bem. Ricardo, o sonolento bailarino que durante o dia é bancário, também acumula conhecimentos de boxe para ocasiões como esta. Na sua opinião, Alberto merece uma lição não de salsa e sim de ringue. Começa a atravessar a pista para iniciar a aula enquanto, alheio ao risco que corre, o futuro aprendiz de luta empolga­-se com o bailado de Drica e começa a apertá-no ritmo certo, puxando para um lado e para outro, do jeitinho que ela ensinou. 

A três passos do casal, o celular de Ricardo, o violento, toca. É a mãe de sua namorada, perguntando a que horas vão chegar. Afinal, ela tem de ir trabalhar cedo. "É tua mãe", diz, cavernoso. "Oi, mãe. Meu celular? Acho que ficou dentro do carro. Está bem, sei que é tarde. Vou agora. Beijos. Bem, Alberto, valeu pela dança. A gente se vê na próxima aula. E continua praticando. Você esteve ótimo", fala a moça para o rapaz, antes de beijar-lhe a face, pegar a mão do namorado e caminhar para a porta da boate.

Na pista, Alberto, só e ligeiramente menos desajeitado, continua balançando-se, desta vez ao  som de um antigo sucesso de Tito Rojas. "A noite não fui tão ruim assim", acredita, "e ainda bem que o professor não levou a mal nem ficou com ciúme. Ele é gente boa". 
 
 

terça-feira, julho 13, 2004

O cronista

Jornalista metido a cronista, com aspirações de ser poeta. Radicado em Boa Vista - Roraima (RR) Especialista em Comunicação Social e Novas Tecnologias. Sociólogo. Professor universitário. Pai. Autor do livro digital Roraima Blues e colaborador da revista de micronarrativas Minguante. Integrante do Coletivo Arteliteratura Caimbé. Se quiser trocar idéias fora dos comentários, escreve para edgarjfborges@gmail.com.

quinta-feira, julho 08, 2004

Solidão é um estado de espírito?,pergunta o discípulo ao mestre tibetano.
O ancião responde: solidão é estar sem nada para fazer no sábado à noite e receber duas ligações perguntando o número de telefone de outras pessoas que ainda não chegaram à festa.

quarta-feira, julho 07, 2004

O Casal

- Me beija?
- Não.
- Por quê?
- Não tô afim.
- Me abraça?
- Não.
- Por quê?
- Tás muito suada.
- Coça minhas costas?
- Não.
- Por quê?
- Tão cheia de areia.
- Então, tá. Mas, ô, sexo, nem pensar.
- Por quê?