2017 vai se encerrando e não posso deixar de contar para quem investe seu
tempo lendo o Crônicas da Fronteira o meu grande momento acadêmico
do ano: a minha aprovação na seleção do mestrado do Programa
de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Roraima
(PPGL/UFRR).
O
curso começa lá pelo mês de março de 2018, iniciando uma fase da minha
vida estudantil que se atrasou um pouco para acontecer. Detalhando melhor: demorou uns 17 anos para acontecer.
É
que terminei a graduação em jornalismo no final de 2000. Na mesma
época rolou um mestrado interinstitucional entre a UFRR e a USP e
alguns colegas que haviam feito a graduação comigo conseguiram
montar seus projetos, disputar as vagas e serem aprovados. Eu não
tinha ideia de como fazer um projeto de mestrado, não sabia a quem
recorrer e fiquei só na vontade de participar.
A nota da primeira prova. Uns já ficaram por nota e outros por falta |
Passou
um tempo e a vontade de estudar voltou. Em vez de investir em cursos
para aprender a fazer projetos de pesquisa ou, sei lá, ir pra aula
de inglês, fiz uma prova de ingresso de graduados na UFRR, passei e
comecei uma nova graduação, desta vez em antropologia.
Uns
semestres depois, surgiu a encruzilhada: deveríamos escolher entre a
habilitação antropológica ou a que estava sendo implantada:
Ciências Sociais com habilitação em Sociologia. Fiquei com a
segunda para ver se parava de ter aulas com uns professores chatos
que só, colei grau como sociólogo em 2008 (nota máxima na defesa,
como lembrei de anotar aqui)
e sempre carreguei a vontade de crescer academicamente na vertical e
não mais na horizontal.
A análise de projeto: mais uma turma ficando e outra vai avançando |
Os
anos foram passando, fiz uma especialização em assessoria de imprensa (Obrigado de coração, bródi jornalista Luiz Valério, por ter me carregado naquele trabalho final), fui aprendendo a escrever projetos culturais que
poderiam encaixar-se na categoria “extensão”, mas nada de
manjar, apesar de ter feito alguns cursos, dos projetos de pesquisa.
Me faltava a ideia, o problema, a hipótese para investigar.
Finalmente,
já em 2016, tive uma ideia bacana. Mapeei quem poderia me ajudar a
desenvolver o texto do projeto e o alvo/vítima/coitada foi Leila
Baptaglin, professora doutora do curso de Artes Visuais e do PPGL. Já
havíamos trabalhado juntos antes na elaboração de um artigo para um livro sobre a gestão cultural em Roraima e por isso me senti à vontade para conversar com ela sobre esse assunto.
Mandei e remandei-lhe textos até o dia
em que batemos um ponto final e parti para a seleção da turma que
entraria em 2017. Fiquei logo na primeira fase, que é a prova
escrita. Deu uma tristeza
comprovar minha eventual incompetência na hora de elaborar respostas
a questões científicas, mas, ao mesmo tempo, fiquei feliz, bem no
estilo Ed Pollyanna de ser: pelo menos havia conseguido escrever um
projeto científico depois de 16 anos de graduado pela primeira vez.
Ou seja, não estava mais no primeiro degrau dessa escadinha.
Em
2017, já empolgado com os meus novos status (“sou capaz de fazer
um projeto científico” e “preciso desse mestrado para obter
progressão funcional aqui na casa”), cursei duas disciplinas como
aluno especial nos mestrados da UFRR em Antropologia Social e em
Letras. Na disciplina de Antropologia passei e remodelei a ideia do
projeto pensado no ano passado. Na de Letras
ainda não sei o que vai rolar. Justamente na semana em que estou publicando este
texto os professores estão analisando os trabalhos que fizemos e
vendo as notas que vão nos dar. Espero aprovar, pois aí já
aproveito os créditos no ano que vem.
No
meio de tudo isso das disciplinas é que reformulei o projeto, apresentei, fiz
as provas (as notas você confere nas fotos) e passei para ser aluno efetivo e valendo do mestrado em Letras.
A
professora Leila concordou novamente em ser minha guia espiritual,
vulgo orientadora, na caminhada rumo ao título de Mestre dos Magos, Mestre Yoda, Kakashi Sensei ou simplesmente Msc.
E qual é o tema, afinal?Inicialmente pretendo analisar letras produzidas pelos rappers boa-vistenses para identificar quais estratégias narrativas usam no processo de sua construção identitária. Ou seja, vou ouvir muito rap nos próximos anos.
O resultado final da seleção para 2018. Dos 32 inscritos, ficamos 17, divididos em duas linhas de pesquisa. A minha é a de Literatura, Artes e Cultura Regional |
Depois
de tantos anos longe dos textos e dos trabalhos acadêmicos, sem a
solidão da solteirice e da não paternidade presente para aumentar o
grau de concentração, tendo que usar óculos para ler e cada vez
mais velho, prevejo que não será uma jornada fácil.
Ao
mesmo tempo, sei que mais difícil seria ficar mais um ano botando
nas metas que no próximo ano tentaria aprovar numa seleção de
mestrado. Então, que venham as dores de cabeça e as insônias
acadêmicas.
P.S. nada a ver com o texto: