terça-feira, junho 28, 2005
segunda-feira, junho 27, 2005
Da série Ouvidos na rua: Roqueiros adolescentes
Na maioria das vezes, a adolescência é uma fase fantástica. Outras vezes é assustadora. Hormônios explodindo, pressão social, acne, o primeiro beijo de língua, o vestibular chegando, a vontade de conquistar o mundo ou simplesmente dormir até tarde sem ninguém perturbar.
A adolescência, na maioria das vezes, é também uma fase de falta de dinheiro. E isso é muito ruim se você quer ver um show de rock, por exemplo, e não tem a grana da entrada, criando cenas como a de sábado, quase às 23h.
- Quanto é?, pergunta o rapazinho, magro, cabeludo, camiseta preta, roqueiro total.
- Cinco reais, responde a mocinha que estava vendendo os ingressos.
- Aceita carteirinha?
- Hum...hum..., tá bom, responde a garotinha, com um sorriso amarelo.
O guri paga, pega o troco e vai saindo quando a mocinha pergunta pelo documento.
- E tem que mostrar?
- Claro!, diz a vendedora, rindo do meu sorriso.
- Ô, táqui, mas não tem foto...
- Hum...vê lá com o rapaz da entrada para ver se tu podes entrar, orienta a mocinha, com expressão de quem não acredita no que está ouvindo.
Se o guri entrou, não sei. Mas na saída do show havia uns 20 do mesmo naipe, só esperando liberarem a entrada.
Na maioria das vezes, a adolescência é uma fase fantástica. Outras vezes é assustadora. Hormônios explodindo, pressão social, acne, o primeiro beijo de língua, o vestibular chegando, a vontade de conquistar o mundo ou simplesmente dormir até tarde sem ninguém perturbar.
A adolescência, na maioria das vezes, é também uma fase de falta de dinheiro. E isso é muito ruim se você quer ver um show de rock, por exemplo, e não tem a grana da entrada, criando cenas como a de sábado, quase às 23h.
- Quanto é?, pergunta o rapazinho, magro, cabeludo, camiseta preta, roqueiro total.
- Cinco reais, responde a mocinha que estava vendendo os ingressos.
- Aceita carteirinha?
- Hum...hum..., tá bom, responde a garotinha, com um sorriso amarelo.
O guri paga, pega o troco e vai saindo quando a mocinha pergunta pelo documento.
- E tem que mostrar?
- Claro!, diz a vendedora, rindo do meu sorriso.
- Ô, táqui, mas não tem foto...
- Hum...vê lá com o rapaz da entrada para ver se tu podes entrar, orienta a mocinha, com expressão de quem não acredita no que está ouvindo.
Se o guri entrou, não sei. Mas na saída do show havia uns 20 do mesmo naipe, só esperando liberarem a entrada.
terça-feira, junho 21, 2005
Mais um post coletivo do gênero ?dê continuidade ao que os outros escreveram?, no qual o desafio é manter uma mínima linha de coerência com o post anterior. As condições são estas:
1) Cada co-escritor terá direito a duas participações, intercaladas com outras três dos demais participantes.
2) Se quiser contribuir, mas não quiser colocar seu nome, tudo bem. Só não vale desqualificar as contribuições anteriores.
3) Para que não fique muito extensa ou muito curta, a história será encerrada no 12° comentário. Só peço que não fiquem esperando o décimo para poder participar.
4) Lembrem-se da curva literária necessária para poder, de fato, encerrar a história no número de comentários definido. Da outra vez (13.04.05), quase virou a história sem fim.
5) Beijos a todos. Semana que vem fazemos outro do tipo faça você mesmo o seu final.
Uma noite de lazer
Júlio é contador, 42 anos. Trabalha sempre mais do que é recomendável e mesmo assim o retorno financeiro é pouco. É um atleta de final de semana, quando se reúne com alguns amigos do bairro para jogar bola no campo de chão batido.
Roberta é a mulher de Júlio, três anos mais jovem. Professora em duas escolas de ensino fundamental. É mãe de Augusto e Francisco. Não bastassem as crianças do colégio, tem que segurar a energia sem limite de seus filhos, que parecem nunca cansar.
Júlio adora futebol. Hoje, 21 de junho, ele vai sair um pouco mais cedo do trabalho, comprar queijo e presunto para fazer uns tira-gostos, umas cervejinhas, mandar as crianças brincar na vizinha e ligar a TV para ver um programa especial sobre a conquista do tri-campeonato de futebol no México.
Roberta conseguiu uma folga da escola. Quer chegar em casa, tomar um belo banho, talvez receber uma massagem de Júlio e dormir depois da novela, que ela sempre gostou de assistir.
O problema é que a novela e o especial de futebol vão passar no mesmo horário. E nenhum deles vai abrir mão de seu prazer.
1) Cada co-escritor terá direito a duas participações, intercaladas com outras três dos demais participantes.
2) Se quiser contribuir, mas não quiser colocar seu nome, tudo bem. Só não vale desqualificar as contribuições anteriores.
3) Para que não fique muito extensa ou muito curta, a história será encerrada no 12° comentário. Só peço que não fiquem esperando o décimo para poder participar.
4) Lembrem-se da curva literária necessária para poder, de fato, encerrar a história no número de comentários definido. Da outra vez (13.04.05), quase virou a história sem fim.
5) Beijos a todos. Semana que vem fazemos outro do tipo faça você mesmo o seu final.
Uma noite de lazer
Júlio é contador, 42 anos. Trabalha sempre mais do que é recomendável e mesmo assim o retorno financeiro é pouco. É um atleta de final de semana, quando se reúne com alguns amigos do bairro para jogar bola no campo de chão batido.
Roberta é a mulher de Júlio, três anos mais jovem. Professora em duas escolas de ensino fundamental. É mãe de Augusto e Francisco. Não bastassem as crianças do colégio, tem que segurar a energia sem limite de seus filhos, que parecem nunca cansar.
Júlio adora futebol. Hoje, 21 de junho, ele vai sair um pouco mais cedo do trabalho, comprar queijo e presunto para fazer uns tira-gostos, umas cervejinhas, mandar as crianças brincar na vizinha e ligar a TV para ver um programa especial sobre a conquista do tri-campeonato de futebol no México.
Roberta conseguiu uma folga da escola. Quer chegar em casa, tomar um belo banho, talvez receber uma massagem de Júlio e dormir depois da novela, que ela sempre gostou de assistir.
O problema é que a novela e o especial de futebol vão passar no mesmo horário. E nenhum deles vai abrir mão de seu prazer.
segunda-feira, junho 20, 2005
sexta-feira, junho 17, 2005
Preocupações
Daniel, empresário rico, poderoso, habituê das colunas sociais da região, morre de medo de que algum que algum pedófilo vagabundo se aproveite de Jéssica, sua linda filhinha de 13 anos.
- Se alguém tocar nela, eu mato!
Agora que Jéssica ganhou corpo e cresceu, Daniel anda tão preocupado com isso que na noite passada broxou com uma garotinha de 12 anos que contratou para fazer sexo oral nele.
Daniel, empresário rico, poderoso, habituê das colunas sociais da região, morre de medo de que algum que algum pedófilo vagabundo se aproveite de Jéssica, sua linda filhinha de 13 anos.
- Se alguém tocar nela, eu mato!
Agora que Jéssica ganhou corpo e cresceu, Daniel anda tão preocupado com isso que na noite passada broxou com uma garotinha de 12 anos que contratou para fazer sexo oral nele.
quinta-feira, junho 16, 2005
Verborragia
Cuspiu na minha cara, dei-lhe um soco. A polícia chegou junto, levou os dois. Mas ele não fez nada. É tudo culpa da oposição. É uma intriga para desestabilizar o país. Chamem um substantivo qualquer e verão como ele aceita suborno. Mensadão, corrigiu o nobre deputado, já de olho no meu bolso e passando uma caneta Mont Blanc para assinar o cheque. Obrigado, prefiro ver uma partida de futebol.
Yes, habemus soccer, beach e estivas em geral. O que? Não! Sul-americanos sim, mas latinos, não. Isso é coisa de cucaracho, dizem nossos primos dos EUA. E se é bom para eles, é bom para nós. Ou não? Mas ter economias em dólar é melhor que ser bacana em real. Na real.
Gringo, eu? Não. Globalizado, antenado, pós-moderno. Tucano? Petista? Ah, pára com isso, eu sou é brasileiro. Eu sou o melhor de meu país, me ensinou um publicitário. Sou cidadão, sim. Não, esse papo de ecologia, respeito aos direitos das minorias e desenvolvimento sustentável é coisa de reacionário, de quem está vendendo a nação para o estrangeiro. Eu quero é progresso e se for preciso derrubar umas árvores, que mal tem?
Ei, esconde esse jornal e essa revista e não deixa ninguém ver a reportagem mostrando que passei a mão naquela grana. O que diriam de mim, senhor? Perdoa esses pecadores que insistem em xeretar a vida alheia. Aliás, se falar mal de algum amigo vai ter. Vai rolar a festa. Ok, separa um filetinho, muito bem. Vamos, sempre em frente.
Cuspiu na minha cara, dei-lhe um soco. A polícia chegou junto, levou os dois. Mas ele não fez nada. É tudo culpa da oposição. É uma intriga para desestabilizar o país. Chamem um substantivo qualquer e verão como ele aceita suborno. Mensadão, corrigiu o nobre deputado, já de olho no meu bolso e passando uma caneta Mont Blanc para assinar o cheque. Obrigado, prefiro ver uma partida de futebol.
Yes, habemus soccer, beach e estivas em geral. O que? Não! Sul-americanos sim, mas latinos, não. Isso é coisa de cucaracho, dizem nossos primos dos EUA. E se é bom para eles, é bom para nós. Ou não? Mas ter economias em dólar é melhor que ser bacana em real. Na real.
Gringo, eu? Não. Globalizado, antenado, pós-moderno. Tucano? Petista? Ah, pára com isso, eu sou é brasileiro. Eu sou o melhor de meu país, me ensinou um publicitário. Sou cidadão, sim. Não, esse papo de ecologia, respeito aos direitos das minorias e desenvolvimento sustentável é coisa de reacionário, de quem está vendendo a nação para o estrangeiro. Eu quero é progresso e se for preciso derrubar umas árvores, que mal tem?
Ei, esconde esse jornal e essa revista e não deixa ninguém ver a reportagem mostrando que passei a mão naquela grana. O que diriam de mim, senhor? Perdoa esses pecadores que insistem em xeretar a vida alheia. Aliás, se falar mal de algum amigo vai ter. Vai rolar a festa. Ok, separa um filetinho, muito bem. Vamos, sempre em frente.
quarta-feira, junho 15, 2005
Coisas de Roraima
Sem imaginação para criar ficção, a realidade me diverte.
Ottomar Pinto, governador do Estado pela terceira vez, brigadeiro, pai zeloso de uma deputada estadual que é líder do governo na Assembléia, vai à rádio reclamar que um outro deputado está desrespeitando a sua rebenta na tribuna do Legislativo.
Nos microfones, Ottomar pede respeito e usa de velhas histórias para mostrar o que acontece com quem que não respeita os outros.
"...Esse parlamentar, cujo nome mencionei, estou indignado, porque ele ofendeu moralmente uma filha minha, faltou a ele o mínimo decoro, tem que se respeitar a filha dos outros. Eu não sei se o companheiro dela não vai revidar. Deputado só tem imunidade na tribuna, na rua vale tudo, de maneira que é preciso ele tomar cuidado. Eu tinha um tio que foi deputado logo depois da Revolução de 30, Souza Filho, deputado pelo sertão. Esse meu tio costumava usar peixeira na cintura e era um cara do verbo terrível. Ele ofendeu num discurso lá em Tiradentes, um gaúcho, Simões Lopes. Quando o filho do Simões entrou no plenário, foi atrás dele. Começou uma discussão e meu tio puxou um punhal. O filho do Simões puxou um trabuco e atirou nele. Agora Sousa Filho está lá no túmulo, no cemitério de Petrolina. Então, é preciso entender que não se pode descer ao nível das ofensas pessoais..."
O velho brigadeiro, entretanto, nega na imprensa escrita que suas afirmações sejam ameaças.
Seriam apenas exemplos de fatos acontecidos muito tempo atrás. Uma reação de pai, esclarece.
Sem imaginação para criar ficção, a realidade me diverte.
Ottomar Pinto, governador do Estado pela terceira vez, brigadeiro, pai zeloso de uma deputada estadual que é líder do governo na Assembléia, vai à rádio reclamar que um outro deputado está desrespeitando a sua rebenta na tribuna do Legislativo.
Nos microfones, Ottomar pede respeito e usa de velhas histórias para mostrar o que acontece com quem que não respeita os outros.
"...Esse parlamentar, cujo nome mencionei, estou indignado, porque ele ofendeu moralmente uma filha minha, faltou a ele o mínimo decoro, tem que se respeitar a filha dos outros. Eu não sei se o companheiro dela não vai revidar. Deputado só tem imunidade na tribuna, na rua vale tudo, de maneira que é preciso ele tomar cuidado. Eu tinha um tio que foi deputado logo depois da Revolução de 30, Souza Filho, deputado pelo sertão. Esse meu tio costumava usar peixeira na cintura e era um cara do verbo terrível. Ele ofendeu num discurso lá em Tiradentes, um gaúcho, Simões Lopes. Quando o filho do Simões entrou no plenário, foi atrás dele. Começou uma discussão e meu tio puxou um punhal. O filho do Simões puxou um trabuco e atirou nele. Agora Sousa Filho está lá no túmulo, no cemitério de Petrolina. Então, é preciso entender que não se pode descer ao nível das ofensas pessoais..."
O velho brigadeiro, entretanto, nega na imprensa escrita que suas afirmações sejam ameaças.
Seriam apenas exemplos de fatos acontecidos muito tempo atrás. Uma reação de pai, esclarece.
segunda-feira, junho 13, 2005
Depois do dia dos namorados
Manhã de segunda, mais ou menos 8h40, muito atrasado para o trabalho (ainda bem que não há rigidez excessiva sobre isso e sim sobre o que produzimos), vejo no banco da praça um casal jovem conversando.
Ainda não esquentou (meio-dia o sol estará de um jeito que a pele arde em poucos segundos), o que lhes possibilita conversar tranqüilos.
Estão afastados e não se olham diretamente. Parecem falar sobre algo muito sério, penso enquanto atravesso a rua. Mas que coisa! Ontem foi dia dos namorados e o casal (se é que são um casal) parece estar numas de mau humor!
Será que um dos dois não ganhou presente, beijo, ligação ou sexo de qualidade? Será que um dos dois tem mais de um amor e trocou o cartão?
Será que depois do jantar de ontem, decidiram que o melhor era cada um ir para seu lado, já que ela não agüenta mais comer sanduíche neste dia?
Ou será que estão discutindo um retorno depois de um estratégico afastamento de uma semana, o que os poupou de gastar dinheiro com presentes ou lembranças?
Será que era cobrança do aluguel ou dívidas de jogo?
Se vocês tivessem visto um casal conversando seriamente hoje pela manhã, o que teriam pensado?
Manhã de segunda, mais ou menos 8h40, muito atrasado para o trabalho (ainda bem que não há rigidez excessiva sobre isso e sim sobre o que produzimos), vejo no banco da praça um casal jovem conversando.
Ainda não esquentou (meio-dia o sol estará de um jeito que a pele arde em poucos segundos), o que lhes possibilita conversar tranqüilos.
Estão afastados e não se olham diretamente. Parecem falar sobre algo muito sério, penso enquanto atravesso a rua. Mas que coisa! Ontem foi dia dos namorados e o casal (se é que são um casal) parece estar numas de mau humor!
Será que um dos dois não ganhou presente, beijo, ligação ou sexo de qualidade? Será que um dos dois tem mais de um amor e trocou o cartão?
Será que depois do jantar de ontem, decidiram que o melhor era cada um ir para seu lado, já que ela não agüenta mais comer sanduíche neste dia?
Ou será que estão discutindo um retorno depois de um estratégico afastamento de uma semana, o que os poupou de gastar dinheiro com presentes ou lembranças?
Será que era cobrança do aluguel ou dívidas de jogo?
Se vocês tivessem visto um casal conversando seriamente hoje pela manhã, o que teriam pensado?
sexta-feira, junho 10, 2005
Comerciais da Fronteira
A morena Zanny Adairalba estréia no mundo dos blogs com o Pétalas. O nome é inspirado na letra de uma música que fizemos junto com o violonista Cláudio Moura. Quer dizer, eu ditei, o Cláudio musicou e a Zanny anotou...
O arraial da Prefeitura de Boa Vista termina domingo. Olha como é trabalhar até de madrugada para fazer a cobertura on-line da festa. Como diz a Rah, rapadura é doce, mas não é mole não.
A morena Zanny Adairalba estréia no mundo dos blogs com o Pétalas. O nome é inspirado na letra de uma música que fizemos junto com o violonista Cláudio Moura. Quer dizer, eu ditei, o Cláudio musicou e a Zanny anotou...
O arraial da Prefeitura de Boa Vista termina domingo. Olha como é trabalhar até de madrugada para fazer a cobertura on-line da festa. Como diz a Rah, rapadura é doce, mas não é mole não.
quarta-feira, junho 08, 2005
Convicções
Ele resmungou:
- Estou cansado da vida que levo.
Ela concordou:
- Uhum...
Ele acrescentou:
- E estou mais gordo também.
Ela percebeu o déja vu:
- Ei, tu falou isso, desse mesmo jeito, há uns dois anos.
Ele, olhando para o horizonte, respondeu:
- Viu como não sou volúvel e mantenho minhas posições?
Ele resmungou:
- Estou cansado da vida que levo.
Ela concordou:
- Uhum...
Ele acrescentou:
- E estou mais gordo também.
Ela percebeu o déja vu:
- Ei, tu falou isso, desse mesmo jeito, há uns dois anos.
Ele, olhando para o horizonte, respondeu:
- Viu como não sou volúvel e mantenho minhas posições?
segunda-feira, junho 06, 2005
Mondo TV
Fez o negócio de sua vida: trocou sua alma por um sistema Sky + e viveu até os 95 anos tendo acesso de graça ao paper-view. O que aconteceu depois do enterro ninguém sabe.
(Inspirado no comentário do Patrício no post anterior.)
Fez o negócio de sua vida: trocou sua alma por um sistema Sky + e viveu até os 95 anos tendo acesso de graça ao paper-view. O que aconteceu depois do enterro ninguém sabe.
(Inspirado no comentário do Patrício no post anterior.)
sexta-feira, junho 03, 2005
quarta-feira, junho 01, 2005
Histórias de índio: estudos
A lembrança mais antiga que tenho da escola é a da professora Sônia pegando o meu gibi (em português) com uma historinha do Scooby Doo. A vaca nunca devolveu.
Quando era criança, toda tarde passava na emissora estatal Venezolana de Television, canal 8, um programa infantil comandado por uma mulher estúpida que sempre cantava algo parecido com ?estudar, estudar, vamos todos estudar?.
Cada vez que a música começava, pulava em direção ao aparelho para desligá-lo ou abaixar o volume. Caso contrário, dona Neide não perdoava: mandava parar tudo e ir estudar. Hoje sei que ela era uma vítima dos mass media, mas à época ainda não tinha noção da carga ideológica dos programas de TV.
Na Venezuela, a nota máxima é 20. Minha obrigação de filho único era bater, no mínimo, 18, e, nestes casos, preparar-me para compensar essa nota lá na frente. Uma vez, na terceira série (ou tercer grado), tirei 12....Alguém já apanhou por nota baixa?
Quando vim morar de vez no Brasil, cansado de ver meus colegas do Liceu encaminhando-se na vida nos cursos técnicos oferecidos em cidades próximas à minha, descobri que meus anos de leitura de Homem-Aranha, Mônica, Pato Donald e outras revistas em português não iam me adiantar muito.
A chegada foi num domingo e na segunda lá estava numa sala da oitava série da escola Vitória Mota Cruz, apanhando da história, da gramática e da literatura. Sabe-se lá como, em poucos meses já estava sendo escolhido como o aluno com a melhor redação da turma. Sinal de que o ensino público é uma droga.
Depois veio o ensino médio, a universidade, o trabalho, novamente a universidade, o trabalho, o blog...
Nessa história, só tenho certeza de duas coisas: mesmo sendo o único daquela turma da Venezuela que se formou, ler Seleções do Reader's Digest não ajuda em nada.
A outra é que não adianta ser rato de livros. Se não houver vivência, nem todo o conhecimento da legendária biblioteca de Alexandria fará diferença na vida.
A lembrança mais antiga que tenho da escola é a da professora Sônia pegando o meu gibi (em português) com uma historinha do Scooby Doo. A vaca nunca devolveu.
Quando era criança, toda tarde passava na emissora estatal Venezolana de Television, canal 8, um programa infantil comandado por uma mulher estúpida que sempre cantava algo parecido com ?estudar, estudar, vamos todos estudar?.
Cada vez que a música começava, pulava em direção ao aparelho para desligá-lo ou abaixar o volume. Caso contrário, dona Neide não perdoava: mandava parar tudo e ir estudar. Hoje sei que ela era uma vítima dos mass media, mas à época ainda não tinha noção da carga ideológica dos programas de TV.
Na Venezuela, a nota máxima é 20. Minha obrigação de filho único era bater, no mínimo, 18, e, nestes casos, preparar-me para compensar essa nota lá na frente. Uma vez, na terceira série (ou tercer grado), tirei 12....Alguém já apanhou por nota baixa?
Quando vim morar de vez no Brasil, cansado de ver meus colegas do Liceu encaminhando-se na vida nos cursos técnicos oferecidos em cidades próximas à minha, descobri que meus anos de leitura de Homem-Aranha, Mônica, Pato Donald e outras revistas em português não iam me adiantar muito.
A chegada foi num domingo e na segunda lá estava numa sala da oitava série da escola Vitória Mota Cruz, apanhando da história, da gramática e da literatura. Sabe-se lá como, em poucos meses já estava sendo escolhido como o aluno com a melhor redação da turma. Sinal de que o ensino público é uma droga.
Depois veio o ensino médio, a universidade, o trabalho, novamente a universidade, o trabalho, o blog...
Nessa história, só tenho certeza de duas coisas: mesmo sendo o único daquela turma da Venezuela que se formou, ler Seleções do Reader's Digest não ajuda em nada.
A outra é que não adianta ser rato de livros. Se não houver vivência, nem todo o conhecimento da legendária biblioteca de Alexandria fará diferença na vida.
segunda-feira, maio 30, 2005
Histórias de índio: sobrevivendo.
Meus pais são de Boa Vista. Ele é descendente de uma índia macuxi com um fazendeiro. Ela, de um paraense com uma bisneta de espanhol.
Namoraram desde os 15 anos de idade. Só casaram aos 21 porque meus avós não autorizaram a união deles aos 18.
Antes da maioridade, meu pai, seu Jucá, se embrenhou pelos caminhos de boi que levavam à Venezuela muito antes que fosse aberta a BR 174, que liga Manaus à Pacaraima, e conheceu os garimpos da região.
Depois de servir o Exército na fronteira com a Guiana, foi para Manaus, onde estava quando casou por procuração com dona Neide.
Apressado, nasci antes do tempo e fui parar numa incubadora. Mas antes de mim, houve três tentativas de gravidez frustradas pela natureza.
Na minha vez, rezaram e fizeram promessas para santos que nunca venerei mas que devem ter feito sua parte no processo.
Era tão pequenino que dona Neide me colocava numa almofada para mamar. Não fosse isso, escorregava entre seus braços.
Seu Juca só me viu depois de um mês de haver nascido, quando voltou para casa com uma bala no corpo e o desengano dos médicos. Salvou-se com os bons tratos da família.
Bebê ainda, quase morri queimado numa rede. Nos verões de antigamente sempre faltava combustível para a usina geradora, incêndios aconteciam comumente. Hoje, somos abastecidos pela energia elétrica da Venezuela e a termoelétrica foi desativada.
Aos seis anos, peguei hepatite. Amarelinho, fui também desenganado pelos médicos do hospital mais próximo, em Upata, a 100 quilômetros de casa. Queriam me deixar numa sala, separado de todos, mas dona Neide fez um escândalo, assinou todos os termos de compromisso que colocaram na sua frente e me tirou de lá.
Se é para morrer, vai morrer em casa, depois que eu fizer de tudo para salvá-lo, disse à época, quando me levou para nossa casa na rua Progreso, em Guasipati.
Curandeiros fizeram remédios estranhos, vizinhos fizeram promessas para santas que ficavam em capelas de cidades abandonadas, muita melancia com açúcar foi engolida e meses se passaram até que, por fim, amanheci um dia curado da hepatite.
Quer dizer, sou um sobrevivente.
Sendo assim, não vai ser o trabalho com um texto complicado de Lévi-Strauss que vai me derrubar. Não mesmo. Quem vai dançar será ele.
terça-feira, maio 24, 2005
Comerciais da fronteira
Música pernambucana de graça? Vai no site da banda Mombojo, que colocou, via Creative Commons, todo as canções de seu disco Nada de Novo a disposição do público.
Da música para a escrita. Só mais uma semana e termina o Concurso de micro-contos Mário-Henrique Leiria, lá de Portugal. Vamos correr.
Para finalizar, fotinha do dia 21 no flog de Carlotinha Cavalheiro.
Música pernambucana de graça? Vai no site da banda Mombojo, que colocou, via Creative Commons, todo as canções de seu disco Nada de Novo a disposição do público.
Da música para a escrita. Só mais uma semana e termina o Concurso de micro-contos Mário-Henrique Leiria, lá de Portugal. Vamos correr.
Para finalizar, fotinha do dia 21 no flog de Carlotinha Cavalheiro.
segunda-feira, maio 23, 2005
Mundão velho sem porteira
A guerra contra as drogas financiada pelos americanos mata centenas de pessoas na América do Sul; a reforma agrária do governo Lula é uma piada; a Universidade Federal de Roraima prepara uma semana de exposições científicas e eu não tenho nada para apresentar; a cidade de Boa Vista está aquilo que costumamos chamar de fria aqui no norte; as chuvas incomodam tanto quanto o calor; ainda há quem resmungue por conta da inclusão dos arrozais na Terra Indígena Raposa - Serra do Sol; semana passada os brasileiros cumpriram o pagamento de sua cota anual de impostos; as fitas do governador de Rondônia e seus deputados corruptos mostram que o Brasil nunca foi paraíso dos inocentes; a carga de trabalho aumenta a cada dia no meu setor; a cada semana pegam um carregamento de cocaína na rodoviária e no aeroporto de Boa Vista; o Iraque continua um caos; e a vida na Europa é muito cara para tentar uma migração sem um bom reforço no bolso.
Tudo isso acontecendo, para lembrar da música, e eu aqui, pensando em como seria bom arranjar um tempo para ler HQs.
A guerra contra as drogas financiada pelos americanos mata centenas de pessoas na América do Sul; a reforma agrária do governo Lula é uma piada; a Universidade Federal de Roraima prepara uma semana de exposições científicas e eu não tenho nada para apresentar; a cidade de Boa Vista está aquilo que costumamos chamar de fria aqui no norte; as chuvas incomodam tanto quanto o calor; ainda há quem resmungue por conta da inclusão dos arrozais na Terra Indígena Raposa - Serra do Sol; semana passada os brasileiros cumpriram o pagamento de sua cota anual de impostos; as fitas do governador de Rondônia e seus deputados corruptos mostram que o Brasil nunca foi paraíso dos inocentes; a carga de trabalho aumenta a cada dia no meu setor; a cada semana pegam um carregamento de cocaína na rodoviária e no aeroporto de Boa Vista; o Iraque continua um caos; e a vida na Europa é muito cara para tentar uma migração sem um bom reforço no bolso.
Tudo isso acontecendo, para lembrar da música, e eu aqui, pensando em como seria bom arranjar um tempo para ler HQs.
terça-feira, maio 17, 2005
Cenas reais
Eu te ouço,
Tu me lês.
Eu me perco,
Tu te encontras.
E do céu,
Estranhas figuras caem.
Eu te vejo,
Tu me choras.
Eu te espero,
Tu me adiantas.
E na noite,
Surgem filmes e canções.
Falam de heróis, de amores,
De tristezas e de paixões.
Eu te vejo e tu choras.
Eu rio,
Tu te envergonhas
E mensagens chegam pelo ar,
Falando de medos e lágrimas.
segunda-feira, maio 16, 2005
Promessas
Ela perguntou:
- Mas o que aconteceu conosco? Você não me prometeu ser normal caso um dia tudo terminasse?
Ele respondeu, seco, raivoso:
- Eu não prometi nada! Quem falou nessas bobagens foi você!
Frustrações, rancores e um silencioso afastamento os acompanharam a partir daquele dia.
quinta-feira, maio 12, 2005
Fahrenheit 451, a corrente
Odeio videoquê. Sobretudo se for em festa de aniversário.
Detesto bandas de forró, principalmente as desafinadas.
Tenho urticárias quando me convidam para fazer aqueles "bolões" de dinheiro, dizendo animados que é mais rápido que a poupança.
Mas o que não gosto mesmo é daquelas correntes do bem, do tipo "esta pobre criancinha precisa de sua contribuição ou morrerá em um mês se você depositar grana agora na conta XXXX", do gênero "repasse para sete amigos e me devolva caso você goste mesmo de mim", ou das ameaçadoras: "ou você repassa ou sua sexualidade, sua conta bancária, sua família, seus estudos e seu blog serão seriamente afetados."
Mas, para ficar de bem com a tia Luma, que ameaça processar, devido a uma ameaçadora nota, a Associação dos Índios Blogueiros da Amazônia Legal, Venezuela e Países Adjacentes, da qual sou sócio emérito, e para não desfazer do Alê, dono de um dos primeiros blogs que conheci, vou encarar uma corrente literária que nasceu lá em Portugal, salvo engano.
Mas antes, uma explicação: Fahrenheit 451, segundo demonstrou exaustiva pesquisa no google, é o nome de um filme de François Truffaut no qual rola uma queimação de livros semelhante às épocas mais sombrias da humanidade. O título é uma referência à temperatura em que os livros são queimados. Convertido para Celsius, esta temperatura equivale a 233 graus.
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Nenhum. Se não pudesse sair, seria queimado como livro,o que, convenhamos, não é o sonho de nenhum livro.
Já alguma vez ficaste perturbado por um personagem de ficção?
Todas as vezes que leio Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez, acontece isso. A saga dos Buendía é perturbadora.
O último livro que compraste?
Dois de uma só vez: Saturno nos Trópicos, do Moacyr Scliar, e o Livro do dessassego, de Fernando Pessoa.
Qual o último livro que leste?
O que é positivismo, João Ribeiro Jr., da Coleção Primeiros Passos. (Viva as obrigações acadêmicas!)
Que livro estás a ler?
Pra valer: História das Idéias Sociológicas, de Parson aos Contemporâneos, de Michel Lallement.
Pendurados na estante: uma coletânea de Pablo Neruda, o primeiro livro do poeta amazonense Thiago de Mello, outra coletânea do poeta Carlos Nejar e os de Pessoa e Scliar. Sem contar um do Che Guevara.
Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Se a estadia fosse curta, os que nunca li: Ulisses; um exemplar com seleção das melhores poesias de Paulo Leminski e outro de Baudelaire; algo de um escritor da geração beatnik; e Macunaíma.
A quem vais passar este testemunho (3 pessoas) e porquê?
Para o e-pistoleiro Avery, que sabe-se lá como arranja tempo para estudar, trabalhar e ler. Para a Dê, que fazia tempo que não passava por aqui e sempre abre seus posts com um texto alheio creditado. O último felizardo será Luiz Valério, que ficou apaixonado pela escritora Ana Miranda e só fala em livros e blogs desde então.
Odeio videoquê. Sobretudo se for em festa de aniversário.
Detesto bandas de forró, principalmente as desafinadas.
Tenho urticárias quando me convidam para fazer aqueles "bolões" de dinheiro, dizendo animados que é mais rápido que a poupança.
Mas o que não gosto mesmo é daquelas correntes do bem, do tipo "esta pobre criancinha precisa de sua contribuição ou morrerá em um mês se você depositar grana agora na conta XXXX", do gênero "repasse para sete amigos e me devolva caso você goste mesmo de mim", ou das ameaçadoras: "ou você repassa ou sua sexualidade, sua conta bancária, sua família, seus estudos e seu blog serão seriamente afetados."
Mas, para ficar de bem com a tia Luma, que ameaça processar, devido a uma ameaçadora nota, a Associação dos Índios Blogueiros da Amazônia Legal, Venezuela e Países Adjacentes, da qual sou sócio emérito, e para não desfazer do Alê, dono de um dos primeiros blogs que conheci, vou encarar uma corrente literária que nasceu lá em Portugal, salvo engano.
Mas antes, uma explicação: Fahrenheit 451, segundo demonstrou exaustiva pesquisa no google, é o nome de um filme de François Truffaut no qual rola uma queimação de livros semelhante às épocas mais sombrias da humanidade. O título é uma referência à temperatura em que os livros são queimados. Convertido para Celsius, esta temperatura equivale a 233 graus.
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Nenhum. Se não pudesse sair, seria queimado como livro,o que, convenhamos, não é o sonho de nenhum livro.
Já alguma vez ficaste perturbado por um personagem de ficção?
Todas as vezes que leio Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez, acontece isso. A saga dos Buendía é perturbadora.
O último livro que compraste?
Dois de uma só vez: Saturno nos Trópicos, do Moacyr Scliar, e o Livro do dessassego, de Fernando Pessoa.
Qual o último livro que leste?
O que é positivismo, João Ribeiro Jr., da Coleção Primeiros Passos. (Viva as obrigações acadêmicas!)
Que livro estás a ler?
Pra valer: História das Idéias Sociológicas, de Parson aos Contemporâneos, de Michel Lallement.
Pendurados na estante: uma coletânea de Pablo Neruda, o primeiro livro do poeta amazonense Thiago de Mello, outra coletânea do poeta Carlos Nejar e os de Pessoa e Scliar. Sem contar um do Che Guevara.
Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Se a estadia fosse curta, os que nunca li: Ulisses; um exemplar com seleção das melhores poesias de Paulo Leminski e outro de Baudelaire; algo de um escritor da geração beatnik; e Macunaíma.
A quem vais passar este testemunho (3 pessoas) e porquê?
Para o e-pistoleiro Avery, que sabe-se lá como arranja tempo para estudar, trabalhar e ler. Para a Dê, que fazia tempo que não passava por aqui e sempre abre seus posts com um texto alheio creditado. O último felizardo será Luiz Valério, que ficou apaixonado pela escritora Ana Miranda e só fala em livros e blogs desde então.
quarta-feira, maio 11, 2005
Comentando os comentários
É surpreendente como a imaginação pode gerar vários finais para um texto. A história de Marisa e João teve de tudo.
Do cheiro nada excitante do alho a uma paixão que atravessou décadas, sentindo o gosto do que (talvez, não se pode afirmar nada) tenha sido a primeira vez do mocinho.
Melhor do que isso é ver como cada redator usa suas referências para traçar o destino do personagem. Para mim, a multiplicidade de versões é o melhor dos posts coletivos.
Mas o comentário off topic do Fabrício me fez perceber que não fui bem claro ao propor esta nova rodada de criação coletiva.
A intenção, não sei se todos entenderam, era criar vários finais para o texto. Ou seja, cada comentário seria uma finalização, diferente da proposta anterior (do mês passado, com Lady Laura e as cantadas do Ismael), que era cada um continuar a história até que o final surgisse naturalmente após dez participações (o naturalmente é ótimo quando pré-determinado, né?)
Bom, está aberto o espaço dos comentários para cada um falar do final do outro e do seu e sugerir uma normatização para posts coletivos do tipo "Faça seu final em um parágrafo" e do gênero "Continue a história por tantos posts".
É surpreendente como a imaginação pode gerar vários finais para um texto. A história de Marisa e João teve de tudo.
Do cheiro nada excitante do alho a uma paixão que atravessou décadas, sentindo o gosto do que (talvez, não se pode afirmar nada) tenha sido a primeira vez do mocinho.
Melhor do que isso é ver como cada redator usa suas referências para traçar o destino do personagem. Para mim, a multiplicidade de versões é o melhor dos posts coletivos.
Mas o comentário off topic do Fabrício me fez perceber que não fui bem claro ao propor esta nova rodada de criação coletiva.
A intenção, não sei se todos entenderam, era criar vários finais para o texto. Ou seja, cada comentário seria uma finalização, diferente da proposta anterior (do mês passado, com Lady Laura e as cantadas do Ismael), que era cada um continuar a história até que o final surgisse naturalmente após dez participações (o naturalmente é ótimo quando pré-determinado, né?)
Bom, está aberto o espaço dos comentários para cada um falar do final do outro e do seu e sugerir uma normatização para posts coletivos do tipo "Faça seu final em um parágrafo" e do gênero "Continue a história por tantos posts".
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