sexta-feira, agosto 05, 2005

Histórias de índio: sangue e frio

Madrugada do dia 24 de dezembro de 2004. Estou em Puno, cidade peruana que fica às margens do Titicaca, o mais alto lago navegável do mundo. São 3.827 msnm, muito mais que os 90 msnm de Boa Vista, pertinho da Linha do Equador.

Completo 10 dias de viagem pelo Peru. Daqui a pouco vou para La Paz, começando uma jornada que vai demorar quatro dias de muitos quilômetros em ônibus e trens até Florianópolis, onde desfrutarei de sol, praia, ostras e camarão à milanesa.

Puno foi a cidade mais fria que já encontrei nesta viagem. Iquitos, Lima, Cuzco, Arequipa e vários vilarejos não me empurraram às cinco da tarde para o quarto do hotel, fugindo da vento e da chuva.

Acordo com falta de ar. No banheiro, depois de assoar o nariz, vem uma mistura de sangue e muco que suja a pia. Consigo respirar melhor e volto a dormir.

Quando acordo, o nariz está entupido de novo. Mais sangue e muco. O bus me pega no hotel, pegamos a estrada, paramos em Copacabana e no final da tarde, com mais uma mudança de fuso horário, estou na capital da Bolívia, construída num vale e rodeada de favelas.

Mais um bus e amanheço em Cochabamba, numa região bem mais tropical, à qual estou acostumado. No caminho para Santa Cruz de la Sierra, não há mais sinal de nariz entupido. O melhor de tudo é que não tive soroche, o mal de altura causado pela falta de oxigênio.

Update: depois de estranhar que todos estivessem pensando no futuro, percebi que coloquei a data errada nestas Histórias de Índio. Foi em dezembro do ano passado. I'm sorry...:-(

quarta-feira, agosto 03, 2005

Madrugada

Acordou de madrugada sem saber onde estava. Ao seu lado, uma pessoa sem nome. Corpo cansado, levantou e foi ao banheiro. Voltou para a cama e dormiu. Quando abriu novamente os olhos, estava só. No tórax, marcas de uma noite passada com alguém de unhas compridas. Ouviu Sunday Morning no rádio de um carro que passava na rua . Nunca soube o que aconteceu nas horas anteriores, mas a possibilidade de ter sido algo muito bom o atormentou até o último dia de sua vida.

terça-feira, agosto 02, 2005

Frases infantis

Na praça:

Adriana, você é sensacionalisticamente sensacional!

(Duvido alguém falar de primeira sem engasgar.)


Na rua, esperando um táxi para não pegar ônibus:


Mãe, não agüento mais essa tua mania de luxúria.

(Luxo, para maus entendedores.)



Na rua, comentando sobre a casa dos amigos:

A casa do Marcelo fica duas vezes depois do fim dessa rua.

(Sem comentários.)

sexta-feira, julho 29, 2005

O belo...


Quinta-feira, mais uma edição do projeto Pixinguinha, que leva música de qualidade a todo o Brasil. Músicos de primeira no palco, Palácio da Cultura lotado, pessoas em pé, chegando apressadas ao espetáculo.
O show começa. Primeiro, Chico Saraiva, acompanhado de Verônica Ferriani. Um violonista de primeira e uma garota com uma voz maravilhosamente harmônica, cheia de nuances que encantam.
Depois, veio Kátia Freitas, com suas misturas de rock com ritmos do nordeste e outras influências. A noite já estava quente, o público encantado com a sonoridade já cantava ?Coca-colas e iguarias? como se fosse um grande sucesso e o cara do som insistia em atrapalhar a apresentação. Engraçado e irritante ver os músicos todos olhando para os bastidores, praticamente implorando para que tudo saísse bem.
A noite terminou com a energia de Marina Machado, mineirinha cheia de sonoridade, alegria e belas letras. E tudo isso sendo transmitido ao vivo para todo o Estado por duas emissoras de rádio, contribuindo para levar o show à grande parcela da população que não tem acesso a este tipo de evento.


...E o grotesco

Sexta-feira pela manhã, pronto-socorro estadual, visita a um amigo saído de um enfarte. Corredores do pronto-socorro cheios de macas e doentes. O cheiro insuportável do suor misturado com o de remédios. Papéis na parede do corredor dizem ?maca 1, maca 2, maca 2?, evidenciando a que ponto chegou a estrutura do Governo. A unidade semi-intensiva parece uma sala qualquer, suja e descuidada. Enfim, as cenas só reforçam minha aversão à hospitais.

quarta-feira, julho 27, 2005

Poesias venezuelanas

Na falta de tema próprio, poemas da poeta venezuelana Maria Jesús Silva Inserri, 83 anos. Quem não entender alguma palavra, é só perguntar.



Si nuestro amor es eterno
Entonces
¿Por qué tanta prisa?

...................


Te debo todo lo que soy.
No soy nadie

............................

No sé quién soy
Cuando me nombro.
Cuando me llamas me descubro

segunda-feira, julho 25, 2005

quinta-feira, julho 21, 2005

Cartesianos



Ela disse:

- Te dispenso.

Ele respondeu:

- Não concordo. Logo, insisto.

Racionalistas, encontraram seu vértice depois de avaliar suas exatidões.

terça-feira, julho 19, 2005

Reações



Ela disse, sedutora:

- Provoca-me e te devoro...

Ele respondeu, achando que era brincadeira:

- Êêê, vai brincar de jibóia, heim?

Nunca entendeu o porquê dela passar a chamá-lo de boboca depois daquele dia.

sexta-feira, julho 15, 2005

Dom da distância

O poeta fugitivo viaja pela terra
Escondido num carro,
Dentro de um trem cortador
De vales, serras e vales.

Seus amigos o esperam
Dentro de um bar,
Todos alegres com suas conquistas.
Mas nenhum
Consegue definir o conquistador
E o conquistado.

O homem e a sua poesia
Caminham por pontes,
Banham-se em rios, lagos
E banheiros imundos,
Desses colocados ao lado de uma lanchonete
De beira de estrada.
Seu grande amor muda a cara
Todos os dias.
Parece uma difícil canção
Com muitas notas,
Do tipo amada e odiada,
do tipo por todas escutada.

Com sua arte carregada nas costas,
O fugitivo poeta às vezes
Pensa na sua terra,
Nos amigos de infância
No motivo de sua fuga.
Pensa nos seus livros,
Nos seus discos,
Nos seus alguma coisa,
Em tudo.

Suas maiores conquistas
Resumiram-se a elogios.
Seus grandes fracassos
Construíram verdadeiramente
A vidinha levada naquele
Local chamado lar.
A inconformidade o fez sonhar.
Sua covardia o fez esperar
Sentado na cama.

O vivo poeta,
Transbordantemente melancólico,
Rascunha letras enquanto
Espera um ônibus,
Qualquer ônibus, desses
Que o levam a lugares
Mais alegres, mais tristes,
Sem flores ou corvos.

Sua pequena vida cabia
Naquele quarto horrível
Habitado por ele, seus irmãos,
Pais, amigos, amantes,
Inimigos e não sonhadores.
Ele não sente falta de nada.

O poeta prepara-se para fugir
Mais um dia,
Uma noite toda.
Sonha com a sua poesia,
Com o seu grande final.
Sonha, sobretudo, com
A manutenção da sua capacidade
De ser poeta e sonhar.

( Making off: escrito em 1998, foi parar numa coletânea de poesias do Sesi Roraima. Redigido no meu antigo quarto, vendo o pôr-do-sol pela janela, céu vermelho, lembrando de um filme sobre um sujeito que se descobre poeta depois de encarcerado e sonha em ter o seu bar para declamar as poesias. Há quem goste dele.)

quinta-feira, julho 14, 2005

Perfis

Era tão canalha que nem o diabo fazia negócios com ele.

......

Brigavam tanto que quando se encontravam perguntavam um ao outro se estavam de bem ou de mal.


......

Era tão fácil de levar para a cama que acabou como chefe da equipe de testes de uma fábrica de colchões.

.....

Escrevia tão mal que até o bilhete de suicídio ninguém conseguiu compreender.


(P.S.: O post anterior foi parar numa coluna do jornal mais malcriado do sul do Brasil, o megasucesso de vendas Diário do Litoral, no Vale do Itajaí, Santa Catarina. Culpa de Carlotinha Cavalheiro.)

terça-feira, julho 12, 2005

Mala forte

A grana apreendida das malas da Universal do Reino de Deus somente num avião chega aos 10 milhões de reais. O dinheiro é fruto de apenas um culto especial realizado aqui do lado, no Amazonas. Fazendo uns quatro desses por mês, dá para sentir quanto rende por mês a fé e a caridade cristã.

Primeiro era só a mala do publicitário Marcos Valério de Souza abastecendo os partidos aliados do governo. Depois foi o irmão do José Genoíno pego com R$ 200 mil também numa mala e 100 mil dólares numa cueca. Agora foi o pastor/deputado da Universal/PFL. Começo a pensar que depois dos colchões e dos cofres bancários, mala é o melhor lugar para fazer dinheiro render.

Aliás, pelo perfil do dinheiro que voa de um lado ao outro do país em tantas malas, a profissão em alto no momento não é a de pastor de igrejas isentas de impostos, nem a de "agricultor" ligado a parente do presidente nacional do PT e muito menos a de publicitário do governo federal. O negócio é ser fabricante de malas.


FestRock, o final


Se a chuva fez um estrago na sexta e o público não apareceu como esperado na primeira noite do Sesc FestRock, o sábado foi de casa cheia, com o galpão, os corredores e a frente do prédio tomadas por pessoas vestindo roupa preta, muito couro e metal.

Não rolou confronto, apenas um desentendimento rapidamente contornado com a pressão dos próprios músicos sobre os brigões em potencial.

As meninas da banda Pink Rock, vindas de Manaus, deixaram a turma em alta. Pena que a acústica não ajudava muito a entender o que cantavam.
Para quem não agüenta mais ouvir axé, forró e brega, o festival foi uma redenção. Pena que as bandas limitaram-se a fazer cover, tocaram 99% das músicas em inglês e só houve espaço para o rock pesado. Uma ou outra que tocou composições próprias.

Mesmo assim, valeu.

sábado, julho 09, 2005

O rock não é mais como antes...


I Sesc FestRock. 23 bandas de rock tocando no espaço multicultural do Sesc Roraima no sábado e no domingo. É o grande encontro das tribos.

O show ainda não começou. Chove demais na cidade. Zanny e eu ilhados numa lanchonete, esperando o tempo passar e vendo América.

Diz Zanny: vamos embora na chuva mesmo. Estou com frio e ela não vai passar tão cedo.

Digo eu: calma, companheira. Tenha fé. Já vai diminuir.

Meia hora depois, diz Zanny: vai passar quando?

Digo eu: abre teu coração para Jesus, mulher de pouca fé. Já, já, passa.

Uns dez minutos depois saímos correndo debaixo da chuva. A água estava empoçando e cada carro que passava, ondas se formavam, lindas como se estivéssemos à beira do mar... O problema é que havia uma tampa de esgoto pertinho e a Zanny estava querendo vomitar...

No Sesc, a molecada toda de preto, alguns com o rosto pintado, piercings, outros com bandeiras, cantando músicas em inglês com solos de guitarra baterias pulsantes. Tatuadores, roupas de couro e metal. É algo diferente na terra onde tudo termina em forró ou axé sendo cantado por músicos desafinados.

Muito rock. Vocalistas com naipes diferentes, alguns com estilo, outros ainda pegando a manha do palco.

A molecada bebendo suco de laranja e um guitarrista parando a apresentação para dizer que as drogas fazem mal à saúde, que ele usou por 15 anos e quase morre, blá-blá-blá, fazendo do palco um confessionário e sendo muito aplaudido no final.

Definitivamente, o rock não é mais o que era antes. Pelo menos no que trata sobre as drogas entre a juventude. Ainda bem.

P.S.: Terminei de escrever às 13h24, hora local. E ainda chovia na cidade, claro que com menos intensidade. É culpa da pouca fé da Zanny.

quinta-feira, julho 07, 2005

Um ano



Num ritmo cada mais corrido de trabalho, lembrei que há exatamente um ano, em 7 de julho de 2004, a dois dias do aniversário do município de Boa Vista, entrava no mundo dos blogs a primeira postagem do Crônicas do Fronteira.

Muchas gracias, Avery, por ter me ajudado a entrar neste mundo. Como sempre, fico te devendo.

Nesses doze meses, idade aproximada a que tinha quando bati essa fotinha aí, uma pá de coisas aconteceu na vida deste cronista.

Rapidamente, para ilustrar a inspiração para alguns textos aqui publicados, vai aí uma lista rápida de alguns fatos relevantes:

1) Três viagens à Venezuela.
2) Uma ao Peru, com passagem pela Bolívia, com direito a chá de coca.
3) Dois semestres concluídos no curso de Sociologia e mais dois pela frente para sair desse perrengue.
4) Algumas pessoas incomodadas com o conteúdo do Crônicas.
5) Muito calor, muita chuva.
6) Duas bikes roubadas.
7) Algumas amizades criadas e outras quebradas.
8) Um aumento salarial com a correspondente duplicação de responsabilidades.
9) Alguns shows de rock, música latina e outros gêneros.
10) Algumas bocas.
11) Uma namorada que criou coragem para mostrar o que escreve e decidiu tornar-se blogueira.
12) Raivas, risadas e etc. e tal.
13) Um computador pessoal que vive pifado.
14) Pequeno e irritante aumento da massa corporal.
15) Vocês.

Para comemorar, festas, bebidas, gandaia? Nãããooo. Uma prova, a última do semestre, justo das 20h às 22h. Se estudei? Nãããooo.
Vou deixar as comemorações para esta sexta,nesse evento aí, ô, desse cartaz aí embaixo.
A todos os que apareceram por aqui nos últimos 12 meses, valeu.



segunda-feira, julho 04, 2005

Resumos da vida


O que os dois queriam era uma simples noite de sexo, mas alguma coisa deu errado. Casaram, tiveram filhos, pagaram a hipoteca de uma casa e ficaram bravos quando a filha mais velha decidiu largar os estudos para ser cantora numa banda de reggae chamada Os filhos de Maria Joana.

sábado, julho 02, 2005


O tempo sem luz

...E as luzes se apagavam enquanto o som diminuía.
As mulheres chamavam as suas crianças
E os homens largavam suas amantes.
Os padres oravam pelos demônios
Que ao lado dos mortais deliciavam-se
Com garrafões cheios de vinho.
O pecado parecia ser a ante-sala da
Da alegria mundana alojada naquela igreja.
A profanação seria lembrada como a maior de todas e os
Seus protagonistas cultuados como lendas por vários povos
E muitas gerações.

(Escrito na metade da década de 1990, quando ainda estava no ensino médio)

quinta-feira, junho 30, 2005

TV Câmara, duas da manhã, horário de Brasília

Às vezes, a insônia tem suas gratificações. Conhecer mais um pouco o Legislativo, via TV Câmara, é uma delas. Na sessão da madrugada de quinta-feira, quando os deputados tentavam votar a aprovação de uma medida provisória enviada às 19h pelo Governo para dar um crédito extraordinário de R$ 299 milhões para o Ministério da Defesa e para a rubrica "Encargos Financeiros da União".
Discurso vem, discurso vai, o Severino quase dormindo, me saem os deputados com esta conversa, às 1h58, horário de Brasília, depois que alguém perguntou ao presidente da Câmara quanto tempo ele ia deixar o painel em aberto para votação.

Severino Cavalcanti: Até as 3 horas.

Dep. Alberto Goldman (líder do PSDB): Presidente, nunca vi deixar o painel em aberto por mais de uma hora para votação.

Severino, o rei do baixo clero: Era preciso que o senhor visse. Eu sou a primeiro!

(Plano geral, os deputados falam e o som é captado pelos microfones.)

Roberto Freire (presidente do PPS): Isso é uma falta de respeito com os deputados.

Severino, cabra macho: Eu não preciso de seu respeito. Nunca precisei.

Freire: Nunca teve! Nunca teve desde a época do (fala confusa, não consigo entender. Os dois são pernambucanos e devem ter uma história pregressa.).

Goldman pega o microfone e responde ao Severino, em tom de quem um dia pretende voltar a ser situação: Vou me lembrar disso.

Aí desliguei a TV, frustrado por não ver os meus parlamentares ali, de madrugada, votando matérias importantíssimas para o futuro do País.

segunda-feira, junho 27, 2005

Da série Ouvidos na rua: Roqueiros adolescentes


Na maioria das vezes, a adolescência é uma fase fantástica. Outras vezes é assustadora. Hormônios explodindo, pressão social, acne, o primeiro beijo de língua, o vestibular chegando, a vontade de conquistar o mundo ou simplesmente dormir até tarde sem ninguém perturbar.
A adolescência, na maioria das vezes, é também uma fase de falta de dinheiro. E isso é muito ruim se você quer ver um show de rock, por exemplo, e não tem a grana da entrada, criando cenas como a de sábado, quase às 23h.

- Quanto é?, pergunta o rapazinho, magro, cabeludo, camiseta preta, roqueiro total.
- Cinco reais, responde a mocinha que estava vendendo os ingressos.
- Aceita carteirinha?
- Hum...hum..., tá bom, responde a garotinha, com um sorriso amarelo.
O guri paga, pega o troco e vai saindo quando a mocinha pergunta pelo documento.
- E tem que mostrar?
- Claro!, diz a vendedora, rindo do meu sorriso.
- Ô, táqui, mas não tem foto...
- Hum...vê lá com o rapaz da entrada para ver se tu podes entrar, orienta a mocinha, com expressão de quem não acredita no que está ouvindo.

Se o guri entrou, não sei. Mas na saída do show havia uns 20 do mesmo naipe, só esperando liberarem a entrada.

terça-feira, junho 21, 2005

Mais um post coletivo do gênero ?dê continuidade ao que os outros escreveram?, no qual o desafio é manter uma mínima linha de coerência com o post anterior. As condições são estas:

1) Cada co-escritor terá direito a duas participações, intercaladas com outras três dos demais participantes.
2) Se quiser contribuir, mas não quiser colocar seu nome, tudo bem. Só não vale desqualificar as contribuições anteriores.
3) Para que não fique muito extensa ou muito curta, a história será encerrada no 12° comentário. Só peço que não fiquem esperando o décimo para poder participar.
4) Lembrem-se da curva literária necessária para poder, de fato, encerrar a história no número de comentários definido. Da outra vez (13.04.05), quase virou a história sem fim.
5) Beijos a todos. Semana que vem fazemos outro do tipo faça você mesmo o seu final.




Uma noite de lazer


Júlio é contador, 42 anos. Trabalha sempre mais do que é recomendável e mesmo assim o retorno financeiro é pouco. É um atleta de final de semana, quando se reúne com alguns amigos do bairro para jogar bola no campo de chão batido.

Roberta é a mulher de Júlio, três anos mais jovem. Professora em duas escolas de ensino fundamental. É mãe de Augusto e Francisco. Não bastassem as crianças do colégio, tem que segurar a energia sem limite de seus filhos, que parecem nunca cansar.

Júlio adora futebol. Hoje, 21 de junho, ele vai sair um pouco mais cedo do trabalho, comprar queijo e presunto para fazer uns tira-gostos, umas cervejinhas, mandar as crianças brincar na vizinha e ligar a TV para ver um programa especial sobre a conquista do tri-campeonato de futebol no México.

Roberta conseguiu uma folga da escola. Quer chegar em casa, tomar um belo banho, talvez receber uma massagem de Júlio e dormir depois da novela, que ela sempre gostou de assistir.

O problema é que a novela e o especial de futebol vão passar no mesmo horário. E nenhum deles vai abrir mão de seu prazer.

segunda-feira, junho 20, 2005

Pesquisa do Instituto Crônicas

Alguém quer brincar de post coletivo?

Caso sim, a preferência é por aqueles em que vão complementando a história em até dez participações ou pelo tipo "escreva sua continuação e final de uma só vez sem ligar para os outros?"