Pedi a Deus que afastasse o cálice
Ele não atendeu.
Pedi a Deus que parasse de testar minha fé
Ele riu.
Jogou o cálice aos meus pés.
Era ouro com prata, lembro bem.
Brilhava.
Desviei o olhar e o cálice se mexeu.
O cálice do Senhor, meu Deus, estava vivo!
Eu já sabia, mas a surpresa foi o tipo de movimento
O cálice virou um corpo
E o corpo estendeu seus braços
E me abraçou nas pernas
E subiu e a boca do corpo me beijou.
O beijo tinha gosto de vinho tinto
Eu, que havia pedido a Deus para afastar o cálice
Eu, que confundi fé com fidelidade
Eu, que nunca recusei misturar vinho com amor
Eu não resisti e na rua das Oliveiras
Bebi o conteúdo do corpo do cálice e me embriaguei
Como nunca o havia feito.
Naquele momento, Deus, em sua infinita ironia,
Percebeu que a história dos homens sempre se repete.
Fotos de Tana Halú |
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