O Sesc Roraima me convidou para gravar um vídeo alusivo ao
Dia do Escritor, comemorado todo 25 de julho. Gravamos na nova biblioteca da
nova sede administrativa, ali no Centro de Boa Vista, na rua Araújo Filho. O
vídeo é esse aí de baixo, recompartilhado no meu canal do Youtube.
Teve também fotinha bonitinha no instagram.
Bacana foi receber esse carinho do Gabriel Alencar, da nova geração de proseadores de Roraima, que republicou a postagem em seu perfil no instagram:
Sim, algumas notas sobre a nova biblioteca do Sesc Roraima:
Nunca havia entrado no local. É uma biblioteca bem espaçosa,
com cinco ou seis vezes mais espaço do que tinha nos tempos do prédio original.
Essa biblioteca – a do prédio original, demolido nos anos 2010 para construção
do atual, bem mais moderno – bem, essa biblioteca era praticamente a minha
segunda casa na adolescência.
Lembro de pegar quase toda manhã minha bicicleta e ir do
bairro Caçari até o Sesc para ler jornal, participar de cursos, fazer
pesquisas, pegar livros emprestados. Vivia tanto no Sesc que as pessoas achavam
que eu trabalhava lá. Na verdade, um dia desses alguém ainda veio me perguntar
em que setor eu trabalhava no Sesc naquela época. Confesso que sonhei várias
vezes com trabalhar no setor de cultural deles e ajudar a desenvolver as ações
na cidade.
Infelizmente, o máximo que consegui naquele tempo foi ser monitor de feiras de
livros e de trânsito.
Me corrijo: felizmente tive essas oportunidades. Era essa grana a que eu guardava para comprar apostilhas e bancar um lanchinho quando já estava na UFRR, cursando jornalismo. Felizmente também me deram a oportunidade de conviver e conhecer pessoas fantásticas, como minha comadre Érica Figueredo e os contadores de histórias Moacir do Monte e Tana Halu, além de outros artistas da cidade.
Me corrijo: felizmente tive essas oportunidades. Era essa grana a que eu guardava para comprar apostilhas e bancar um lanchinho quando já estava na UFRR, cursando jornalismo. Felizmente também me deram a oportunidade de conviver e conhecer pessoas fantásticas, como minha comadre Érica Figueredo e os contadores de histórias Moacir do Monte e Tana Halu, além de outros artistas da cidade.
(O tempo passou e fui ser oficineiro, escritor convidado para as feiras de livros, jurado da mostra Canta Roraima, palestrante, parceiro de fazeres culturais em Boa Vista e outros municípios, convidado com o meu grupo ( o Coletivo Caimbé) a representar a literatura de Roraima no Sesc Amazônia das Artes...A vida foi boa comigo nesse aspecto na minha relação com o Sesc)
Ia tanto na biblioteca do Sesc Centro que já sabia até que também ia. Com alguns trocava
ideias, a exemplo do Francisco, que depois de ter sido deportado da Europa,
veio rodando o Brasil até parar em Roraima e também ser monitor numa feira de
livros (por ele ter trabalhado fantasiado de lobo, o chamava de Chico Lobo).
Foi na biblioteca do Sesc que li minha primeira HQ do Milo
Minara, rei do erotismo. Li um monte de autores (não sei como e quem me deu a
carteirinha de usuário se não era comerciário e não me lembro de nunca pagar
para renovar – mas é capaz de ter feito isso sim, afinal, era lá que pegava
todo livro de literatura que me interessava). De todos esses autores, decorei
uma frase da Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, livro que naquela época
há havia virado filme:
“Se fosse dada ao homem a oportunidade de matar à distância e
sem ser punido, a humanidade não sobreviveria cinco minutos”.
Na verdade, não lembro mais se a frase é exatamente igual,
só que gostei muito à época e a anotei em um caderno.
Parei de ir tanto na biblioteca depois que comecei a trabalhar no
jornal O Diário, em 1998, e tive meus dias ocupados pela rotina de quem não é dono dos
meios de produção. Ou seja, trabalha de manhã e de tarde e ainda de tarde (sim, de
tarde) e de noite vai estudar para ter um diploma que permita continuar trabalhando
de manhã e de tarde. Quando fui para a comunicação social da Prefeitura de Boa Vista, em 1999 ou 2000, não recordo agora, abandonei de vez espaço durante o dia e só aparecia quando tinha evento, tipo Café Com Letras ou Overdoze.
Não lembro quando, mas sei que antes de 2007 (conforme vi numa citação aqui nesta postagem falando de um evento do próprio Sesc)
a biblioteca do Sesc Centro recebeu o
nome do escritor Afonso Rodrigues de Oliveira, uma linda homenagem em vida ao
cronista e romancista que a gente chama carinhosamente de Mestre Afonso (recentemente
li uma obra dele, por sinal).
Falei disso para o povo que agora trabalha lá e
dei a dica: valeria a pena colocar uma plaquinha com esse nome na porta do
espaço.
Tenho outras memórias na biblioteca, mas agora não quero falar
delas. Daria um livro.
5 comentários:
Eu poderia jurar que vc já tinha trabalhado no Sesc Ed.
Admiro muito o trabalho da instituição em prol da cultura local e curto seu trabalho igualmente. Abraço
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