Acabou. Finalmente defendi a dissertação (Quer dizer,
finalmente não, visto que defendi dois meses antes do prazo regulamentar). Acho
que posso disser: finalmente me livrei da dissertação (Na verdade, também não
posso. Depois da dissertação vem a parte das correções, impressão, capa dura, essas
coisas que ainda não fiz).
Enfim, é dia 3 de janeiro de 2020 e a defesa aconteceu em 18
de dezembro de 2019. Como foi eu vou contar agora.
Mas antes: obrigado a quem
acompanhou aqui no blog o relato de minha jornada acadêmica durante os últimos
22 meses. Olhando agora parece que tudo foi menos difícil do que pareceu, mas
na perspectiva o couro sempre dói menos, né?
Eu poderia escrever agora somente o dia da defesa, mas
não...vamos seguir a linha do tempo em janeiro, pois nada aparece do nada.
Bora lá, aos acontecidos:
O mês começou com o Programa de Pós-graduação em Letras divulgando os defensores da dona Dirce. O trio formado por mim, Vanessa Brandão e Jackson Félix (coincidentemente todos somos jornalistas infiltrados na área de Letras) estava sendo orientado por professores que haviam deixado o programa por conta de outros programas. Se entrassem o ano na categoria de professores colaboradores do PPGL, este perderia pontos na avaliação da Capes. Ou seja, aceleramos as pesquisas por conta disso.
Felizmente (ou não), eu sofro de agonia se fico sem fazer nada tendo o que fazer (mas só se for algo intelectual. As demandas físicas adio de boa). Então já estava com o meu material pronto praticamente no final de outubro e não tive grandes problemas. Os colegas defenderam nos dias 13 e 16 e eu fiquei para 18 de dezembro.
No dia da defesa da colega Vanessa Brandão, o Facebook me mandou esta lembrança bem bacana de um tempo em que sabia que queria fazer mestrado, mas não sabia o que nem como pesquisar:
Por sinal, essa foi a primeira dissertação que li inteira na vida. Adorei esse tema.
Fui prestigiar a Vanessa e dar-lhe apoio moral. Conversamos muito durante o mestrado, lhe dei muito conselho, passei vários links para ela analisar se valiam a pena serem incluídos no trabalho, li seu material conforme ia avançando e no final ajudei com a revisão gramatical (e um pouco de conteúdo também).
Vanessa durante a sua defesa |
Professores da banca. Em primeiro plano, a minha orientadora, doutora Leila Baptaglin |
Como não era eu quem estava tenso no dia, aproveitei para fazer umas brincadeiras com as fotos que bati durante a defesa:
Pense numa nota que demorou a sair. Ninguém aguentava mais a expectativa |
Não foi isso que minha professora disse, obviamente, mas que o gestual das mãos dela me lembrou alguém querendo esganar outro, me lembrou |
No final, Vanessa saiu com um belo 10 pelo seu trabalho. De noite teve comemoração com damorida na galeria do Jaider Esbell, seu sujeito de estudo. Comi que só e só não comi mais porque faltou espaço na barriga
Não sei se foi nesse dia ou depois, mas fotografei em algum corredor da UFRR esta Nota de Repúdio ao professor Ruben Pessoa. Parece que foi ele quem entrou com recurso para cancelar o processo seletivo para refugiados e imigrantes na UFRR. Não tenho trato com ele,mas vez ou outra uma postagem dele aparece em alguns grupos de facebook dos quais faço parte. Sempre com o discurso antipetismo-comunismo-lulismo do mal.
Não fui na defesa do Jackson por motivos de estar praticando a minha apresentação para não ficar dizendo "ahhhhhhh...beeeeem...ehhhhhhh" a todo momento na minha defesa.
Na véspera da defesa fui tomar uma cerveja de boas na lagoa na casa do Timóteo Camargo. Nada madrugador, apenas para poder contar no futuro que estava tenso e fui relaxar bebendo. Só que na verdade não estava tenso. Nadica. Afinal, a defesa é uma cerimônia apenas e o trabalho, que é o que vale, já estava na mão da banca havia mais de um mês para leitura e avaliação. A nota, na minha cabeça, já estava quase fechada e não seria minha agonia a responsável pela sua definição.
Dito isto, lembrei que tive dois estranhos momentos de aflição no período pré-defesa: dois sonhos/pesadelos sem lógica nenhuma. Em um deles alguém me dizia, não lembro se era a professora Leila, que o trabalho estava incompleto porque não havia entrevistado alguém. E eu ficava "como assim? Fulano devia ser entrevistado? Meu Deus, a defesa tá logo ali!".
O segundo momento foi quase um metasonho: eu acordava, via as horas e pensava: "carai, não vai dar tempo de comer, tomar banho e chegar no horário. Vou me dar mal". E saía voado em direção à porta do quarto. Acho que o sonho acabou aí, mas seria engraçado eu perder a defesa por conta de acordar tarde justamente no dia mais importante do ano. Logo eu, que às vezes é quem acordo os passarinhos.
Continuando: a vontade mesmo era mandar mensagem pra dissertação dizendo isso aqui:
Mas claro que não fiz. Dia 18 de dezembro estava de pé bem cedinho, bem pimpão às 5h33 da madrugada.
Imagens da chegada na UFRR. Esse é o parlatório:
Dezembro é tempo de caju:
Praticamente abrindo as portas do bloco I:
Chegamos cedo demais e não havia ninguém no PPGL que nos entregasse as chaves da sala 133. Pensa, pensa, pensa e vambora para um dos laboratórios do curso de Artes Visuais, morada acadêmica da professora Leila:
A defesa estava marcada para as 8h30, ou 9h30 lá em Porto Alegre, de onde a professora Dulce Mazer, uma das integrantes da banca, ia acompanhar a defesa via skype.
Além dos professores Vilso Santi e Leila Baptaglin, a plateia teve a presença dos amigos lindos Timóteo Camargo (camiseta vermelha) e Gérsika Nascimento, autora dessa imagem, também minha colega de trabalho na UFRR.
E falei...
Falei...
Ouvi...
Ouvi...
E ouvi até finalmente sair a nota da defesa: um 10 que encheria minha família de orgulho se alguém da família estivesse lá.
No final, na foto feita por Timóteo Camargo, o registro final da defesa: eu, meu sorriso de nota 10 e até que enfim quase acabou e os professores Dulce, Vilso e Leila.
Quando cheguei em casa, Zanny e Edgarzinho haviam enchido uns balões do Batman para me receber. E o Balu (iti malia!) veio entregar uns na minha mão
Basicamente foi isso. Rolou o almoço em casa, uns parabéns no grupo dos orientandos da professora Leila, fui dormir, acordei e já no final da tarde, para não deixar passar batido, escrevi isto aqui no instagram e no facebook (Tem um vídeo no facebook mostrando a leitura da nota, mais uma gentileza do Timóteo. Clica aqui para ver a postagem):
Habemus maestria!
Cheguei hoje inteiro e mentalmente são ao final do mestrado, uma jornada intelectual que havia muitos anos desejava fazer.
Obrigado a todos aos que ligaram e mandaram mensagens desejando que tudo corresse bem na defesa da pesquisa. Deu. Não esqueci nada, não faltou energia elétrica e os professores não tiraram meu couro (Isso é muito importante destacar).
Inclusive quero dizer que a nota do trabalho foi 10.Obrigado a todo mundo que colaborou, direta ou indiretamente, para que a dona dissertação fosse concluída. É um tanto de gente que chega encheu uma página lá nos agradecimentos do trabalho. Muita gente, muita gente. Escrever um trabalho científico pode parecer um ato solitário, mas se o entorno não for solidário a parada não anda, não sai.
Depois digo mais. Hoje o lance é basicamente registrar que a partir de agora sou a versão local autorizada do mestre dos magos: baixinho, gordinho, com cabelo branco e comprido. Mas quem quiser pode me chamar de Batman do PPGL.
Agora estou fazendo os ajustes pedidos pelos professores. Dia 8 de janeiro terei a possivelmente última reunião com a professora Leila e aí virá a etapa de imprimir, botar a capa dura, fazer a cópia digital e passar tudo para o PPGL.
Estou pensando em fazer um ou dois artigos, pelo menos, com o material e ver se publico em algum lugar. Já sei que em 2020 sai, com um artigo meu, um e-book intitulado Relações Identitárias e Intertextuais. Vou ver se consigo fazer outra coisa na área.
Ah, antes de fechar, trago para cá os agradecimentos que fiz na parte pré-textual da dissertação. Que sejam públicos e lidos por muita gente, pois muita gente fez parte desta caminhada de quase dois anos, com uma tenebrosa reforma de casa e muitas idas ao hospital no meio.
Agradecimentos
À minha família, pelas inúmeras colaborações diretas e indiretas que me permitiram chegar no mestrado e concluir mais esta etapa formativa: Zanny (companheira e poesia), Edgarzinho e Lai (filhos), Gracineide e Juca (pais), Dona Maria José (avó) e seu Edgar Borges Ferreira (avô, in memorian). Sandra e John (tios) e Sângela (prima/afilhada), valeu por estarem sempre aí, a postos para o que se precisar.
À professora Leila Adriana Baptaglin, melhor orientadora que poderia ter tido nesta jornada. Muito obrigado mesmo e nos vemos (quiçá) em outra etapa.
Ao MC Frank D’Cristo, meu sujeito de pesquisa, parceiro de arte, representante do gueto boa-vistense. Que tua jornada seja sempre de crescimento e ascenção, bródi.
À família Camargo (Timóteo, Graziela e Liz). Valeu pelas horas de risadas e diversão que ajudaram a diminuir o estresse deste mestrado.
À Universidade Federal de Roraima, meu local de trabalho e de formação acadêmica desde as graduações em Jornalismo e em Sociologia. Que possas sempre continuar prestando um bom serviço e fornecendo educação pública superior de qualidade e gratuita aos teus alunos.
Aos colegas da turma 2018.1 do PPGL, pelos cafés nos intervalos e no meio das aulas, pelas risadas e pelos incômodos. De alguma forma, (quase) todos somaram.
Aos professores com os quais tive aula no PPGL: Déborah Freitas, Devair Fiorotti, Roberto Mibielli, Tatiane Capaverde, Lisiane Machado, Maurício Zouein, Eduardo Amaro, Emerson Carvalho, Adriana Albano, Ivete Silva e Vilso Santi. A todos também cabe uma parte deste latifúndio chamado dissertação.
Aos demais rappers que acrescentaram conteúdo a este trabalho: 7niggaz, Pérez, Gabriel White e quem por ventura tenha esquecido. Máximo respeito por todos.
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É isso, gente, valeu pela leitura. Quem chegou somente nesta última edição e quer saber como foram os demais meses precisa apenas clicar aqui e ler, ler, ler e ler este Diário de um Mestrando.
Abraços.
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