Gotejam por toda a casa muitos medos
Anda tão longe o deserto da calma
Que sinto fevereiro ter sido há muitos anos
O vento agarra as nuvens pelo pescoço
E trovejando caímos sob o fim da noite
Voa a paz quando o que gosto deságua
Escorre ao lado, na frente, lá na ponta
Tudo o que deveria ficar de fora a fora
Em silêncio ouço as nuvens e nós
Desfazendo-nos em tempestades
E chãos tremidos às seis da tarde
Cães ladram para o céu
E linhas cinzas, acho, marcam paredes
Rostos, um sofá onde houve amor
E uma rosa na porta da casa
Estou sentado esperando tudo passar
O medo me abraça sem vergonha de ser
E beija o quarto, a sala e minhas costas
Sem ligar para o clima
Sem ligar para as rachaduras expostas
No que nos cobre
No que nos cerca
No que nos aperta
No que nos vaza.
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