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terça-feira, setembro 22, 2015

Sobre a Guarda Nacional, o jeitinho brasileiro, o sargento preso e a vida na fronteira

A Guardia Nacional da Venezuela é extremamente corrupta, principalmente nas fronteiras. Pertinho daqui, desde a abertura da BR 174 e da Troncal 10, brasileiros contribuíram para a corrupção da turma, dando aquela gorjetinha básica, aquela caixinha de bombons Garoto, aquele espumante, qualquer coisa que facilitasse a convivência entre os países e, quem sabe, promovesse a internacionalização do jeitinho brazuca. 

Daí, a voracidade dos Guardas cresceu e a cobrança de propina em plata-cash-money-bufunfa cresceu e passou a ser rotina, amparada pela impunidade que sempre (atenção: sempre e não apenas a partir do surgimento do chavismo) reinou do lado de lá da fronteira.

Quase tudo bem até aí, mas quem come e acha gostoso quer repetir e comer até ficar empanturrado. Afinal, só se vive uma vez e que se danem as dietas. E então, a turma dos verdes pensou: que tal um assalto em Pacaraima vez ou outra para aumentar a circulação de divisas na fronteira?

Plano fechado. Bolaram um para setembro. Deu errado. Dois fugiram, um foi preso. Era um Guarda. Novinho, 25 anos, sargento. Nome: Elvis Geovanny Manrique Marcano. Homem da lei do lado de lá, criminoso do lado de cá.
Resultado: o senso de corporativismo da Guarda explodiu e, em represália, começaram a apertar a fiscalização na fronteira. 

Pegaram algumas famílias por aquelas coisas bobas de sempre na rotina de quem vive aqui na linha do Equador (muito dinheiro não declarado no bolso, compra acima da cota etc.), mandaram para Puerto Ordaz e, dizem os parentes, não dão notícias. 

Claro que isso era o esperado: afinal, o poder de la Guardia Nacional na fronteira sobrepuja qualquer acordo do Itamaraty com la Cancilleria venezuelana. Antes de falar com o Maduro, é melhor sempre conversar com o comandante de plantão en el Comando. Fica mais fácil e menos burocrático.

Ciente desse poder, a Guarda deve continuar apertando o cerco contra os brasileiros por um tempo. Se o band...ops, se o Geovanny for condenado, essa coisa de exigir dos brasileiros que cumpram a lei do lado de lá vai continuar. 

A propósito, o deputado estadual Oleno Matos está propondo a criação de uma comissão para acompanhar a situação dos presos na Venezuela. Acho digno e importante. Afinal, direitos humanos não são uma prioridade em meu país natal. Muito menos com estrangeiros.

http://www.folhabv.com.br/noticia/Deputado-propoe-comissao-para-acompanhar-presos-na-Venezuela/10116

sexta-feira, agosto 01, 2014

Postando sobre coleções: a de moedas e cédulas



Depois de postar as fotos com as novas peças que ganhei para dar um plus na coleção de moedas, lembrei que havia um tempão estava sem mexer na caixinha que as guarda.

Fiquei um tempão me programando para abri-la, fotografá-la e montar um texto. Justamente um ou dos dias depois de fazer as fotos, Luma Rosa deixou um comentário na postagem falando de suas coleções. Isso deu mais vontade de compartilhar as imagens das moedas e das cédulas que tenho.

 Vou começar com a estrela da coleção: uma moeda de prata de 1922, do tempo em que o país do Simón Bolívar chamava-se Estados Unidos de Venezuela. Salvo engano, foi presente de uma menina que gostava de mim quando morava em Guasipati. Acho que tentou me comprar...=P


Os valores destas aqui fizeram parte de minha infância. Lembro que com 2 bolívares comprava na bodeguita da esquina uma garrafa de um litro de Pepsi-cola. A de 5 bolívares era chamada de “fuerte”. Assim, se algo custava 5 bolívares, dizíamos “vale um fuerte”. O tempo passou e a família dessa turminha, que começava em um centímo, ficou força para nada.




Essa do canto inferior esquerdo foi encontrada na rua, toda machucada e suja. É de 1943. Cheguei a comprar um produto chamado Brasso para tentar limpá-la. Não deu certo e hoje não me preocupo com isso. Vou guardando apenas. A do meio eu curto por umas das poucas de 1976, ano de meu nascimento, que tenho.






Visão geral e desfocada das peças.  Tem da Argentina, Aruba, Uruguai, Colômbia, Estados Unidos da América, Venezuela, Guyana, Peru, Brasil (claro) e dois ou três países a mais que não lembrei de anotar.







Da esquerda para a direita, de baixo para cima, a prova de como a inflação vem massacrando a Venezuela há décadas. Quando era molequinho, ter uma nota de cem bolívares era ter grana. Depois veio a de 500, apelidada de “orquídea”. Foi seguida pela de mil, dois mil....aí virou algo tipo o Brasil na época do Sarney. As duas últimas ainda compram ou ajudam a comprar algo por lá.




 Quem tem mais de 35 anos deve lembrar-se de ter mexido com estas. Acho bonitas essas cédulas. Levavam o rosto de poetas, médicos, músicos...






Esta leva, que ganhei de presente de meus primos Manoe e Junior, fazia parte da herança deles após a morte do pai. Tinha um de cada uma, mas só peguei uma unidade por valor. Estão novinhas e fazem parte do tempo em que as cédulas da República dos Estados Unidos do Brasil (1889-1930, segunda a Wikipedia) eram impressas na Inglaterra. Ou pelo menos isso é  o que entendi lendo as informações nas cédulas.




Tem outras poucas cédulas da Guyana, EUA, Líbano e um ou dois países a mais. Nem quis fotografar...
 
Agora falta achar e fotografar a coleção de caixas de fósforos. Depois volto a falar de quadrinhos e no final, quando chegarem mais, mostrarei a de actions figures/figuras de ação/bonequinhos.

segunda-feira, abril 14, 2014

Fim de semana quadrinístico

Sou fã de histórias em quadrinhos. De todo tipo, sem preferência, sem preconceito, bem coração vagabundo mesmo. Foi nos quadrinhos que aprendi a ler em português, era nos quadrinhos que passava horas divertindo-me aqui no Brasil, de férias, ou lá na Venezuela.

Quando vim morar no Brasil, uma das malas estava recheada de HQs nas línguas portuguesa e espanhola. Estão comigo até hoje.

Ao longo dos anos perdi muito material por empréstimos feitos a pessoas que não devolveram meus gibis. Também adquiri muita coisa em sebos e ganhei muito de amigos e parentes (quando vinha de férias, a ordem de lugares a visitar era esta: primeiro a casa dos avós maternos, onde ficava; depois a casa da vó paterna e em terceiro as bancas que ficavam perto da avenida Ville Roy. Meus tios já sabiam que ia pedir gibis deles).

Bem, pulando no tempo, aqui em Boa Vista conheci poucos colecionadores. Um deles é o Edney Barbosa de Melo, que fez capoeira comigo há décadas e tem uma caixa imensa, dessas que as operadoras de telefonia usam para colocar equipamentos, cheia de HQs bem conservados e protegidos. Destaco isso para dizer que apenas há poucos anos fui tratar com carinho de minha coleção.

Bem, o tema da postagem surgiu a respeito de um encontro de fãs de histórias em quadrinhos e colecionadores de miniaturas de super-heróis que rolou sábado passado no aeroporto de Boa Vista.
Alguns levaram parte de suas coleções e a turma passou a tarde inteira trocando informações e admirando os acervos expostos. 
Olha aqui todo mundo que participou do encontro no final de semana


  Neste link você verá mais fotos do encontro. Fui só olhar e não fiquei mais tempo por já estar comprometido com o Sarau da Lona Poética (que foi lindo, por sinal, e pode ser conferido aqui).

No domingo, recebi no apartamento em que guardo a minha coleção outros dois fanáticos: Michel Sales, jornalista que desenvolveu como trabalho de conclusão de curso uma HQ contando um famoso caso de corrupção local, e Aldemar Marinho de Brito, dono de uma coleção de milhares de revistas da DC e da Marvel Comix publicadas pela Abril e pela lendária Ebal. O material do cara está em perfeito estado de conservação e é de babar. Para guardar as revistas, mandou fazer uma estante que toma todo o corredor de sua casa. Olha ela:
Um mundo de gibis. Coisa par ficar doido

A minha coleção é bem modesta porém tem a riqueza da diversidade do material que veio da Venezuela e o que ganhei/comprei aqui. Aproveitando a visita deles, fui conferir as datas de compra e vi que tenho historinhas com pelo menos 32 anos.

Vamos ver o que o Michel Sales fotografou:



Kaliman, clássico semanal, virou até filme nos anos 1970, conforme descobri dia desses no youtube
Adaptação do filme Caldeirão Mágico, Melhores tiras do Recruta Zero, Tina e Penadinho, Condorito (que chegou a ser lançado no Brasil) e Pato Donald
Antiguidades



Entre mim e o Aldemar é possível ver lá trás uma pilha de HQs já conferida pelo colecionador

Exemplar de Aguila Solitaria


Marshal Law, quadrinhos apocalípticos

Impacto, HQ produzida no Brasil
Versão em espanhol de Lois Lane: Luisa Lane, com Jaime Olsen, o Jimmy Olsen do Super-homem

Fuego, outra série semanal que era publicada há muitos anos



 Bolinha, El Pájaro Loco, Super Ratón, Transformers (versão anos 1980), A Pantera Cor-de-Rosa e Luluzinha



E só não vimos mais por conta da fome e das esposas dos caras, que foram pegá-los para almoçar. Devo dizer que gostei de falar minhas HQs para outros. Compartilhar conhecimento é minha vibe. Por isso que sempre falo nas palestras: o quadrinho é uma ferramenta fantástica para fazer a molecada gostar de ler.

sexta-feira, dezembro 06, 2013

Fotos e lembranças da III Conferência Nacional de Cultura, em Brasília



Flores secas do cerrado


Fiz semana passada a minha terceira viagem a Brasília neste ano. Fiquei lá de 27.11 a 01.12, participando da III Conferência Nacional de Cultura. Nas outras também estava discutindo políticas públicas para a cultura. Faço isso pela minha condição de integrante do Colegiado Setorial de Livro, Leitura e Literatura. 

O relato da primeira viagem deste ano está neste link. O relato da terceira está aqui, no blog Cultura de Roraima, numa postagem que apresenta os resultados da III Conferência Nacional de Cultura.

A conferência foi talvez o momento mais interessante vivido por mim desde 2009 neste processo constante de pensar e reivindicar políticas culturais. Foi a partir daquele ano, quando ajudei a criar o Coletivo Arteliteratura Caimbé,  que comecei a me envolver de outra forma com o mundo da cultura, especialmente a literária.

Conseguimos aprovar propostas interessantes para a Amazônia e para a cultura em geral. Foram dias de muito debate, reuniões, encontros, articulações. Éramos centenas de pessoas discutindo o Brasil cultural que queremos, com políticas que beneficiem equitativamente os produtores e fazedores de cultural no país. 

Como os resultados de todos os trabalhos estão apontados na postagem do Cultura de Roraima, vou dedicar esta publicação a falar da parte menos pesada da conferência. Afinal, o blog me serve também como memória de onde andei e o que fiz pelo mundo.

Começo dizendo que estive com outros conselheiros em uma reunião com a ministra da Cultura Marta Suplicy na tarde do dia 27.






Depois dei uma passeada na feira do livro de Brasília e fomos ao Teatro Nacional Cláudio Santoro para a abertura da III  CNC. Lá, rolou show lindo dos meninos do grupo Orquestra de Metais Lyra Tatuí, do interior de São Paulo, e da sambista Martinália, que cantou o mais poético de todos os sambas: Disritmia, de seu papai Martinho da Vila. No final, no hall do teatro, rolou a tradicional roda de batucada/ciranda/etc que o povo faz quando se encontra para culturalizar em BSB. 



 



Nos outros dias, depois do final dos trabalhos, sempre rolavam shows numa tenda montada bem em frente ao Centro de Convenções Brasil 21. Saca a lista de atrações que pude ver: 

Camerata de violões de Barro Alto (GO), Emanuel Marinho (MS),  Yamandu Costa (RS), o grupo de percussão Surdodum (DF), formado por pessoas surdas; os rappers Guaraní Kaiowá Bro MC's (MS);   Samba de Brasília com Cris Pereira, Teresa Lopes, Adora Roda e Filhos de Dona Maria (DF); Grupo indígena Yawalapiti (MT); Tamnoá - Tambores do Paranoá (DF); e Gaby Amarantos (PA).


Vamos às fotos que mostram melhor os encontros e a parte artística da conferência:





Palhaço Ribeirinho,vulgo Jonas Banhos. Parceiro de atividades literárias

Adoro ver tatuagens e esta, copiando a obra América Invertida, de Joaquín Torres García, chamou a minha atenção

Na plenária da III CNC

Parte dos delegados culturais da Amazônia discutindo que propostas apoiar

Instalação no Museu Nacional Honestino Guimarães

Um tambor com vidro no fundo. Instalação no Museu Nacional Honestino Guimarães

Ônibus da Maria Berenice, empresa de venda de bordados e crochês. Muito lindo

A Ermida Dom Bosco, no parque ecológico de mesmo nome

Vejo flores no píer do lago Paranoá, no parque ecológico Dom Bosco

Colegas do Colegiado Setorial de Literatura, Livro, Leitura e Biblioteca: Shirlene Alvares e Márcia Cavalcante

Colegas do Colegiado Setorial de Literatura, Livro, Leitura e Biblioteca depois da aprovação do PNLL como prioridade na III CNC

Colegas do Colegiado Setorial de Literatura, Livro, Leitura e Biblioteca: Mileide Flores e Lourdiana Araújo

Colegas do Colegiado Setorial de Literatura, Livro, Leitura e Biblioteca: Shirlene Alvares, Márcia Cavalcante e João Carneiro (todos numa vibe cabelo solto)

Colegas do Colegiado Setorial de Literatura, Livro, Leitura e Biblioteca: Taiza Moraes e Fabiano Piúba



quarta-feira, agosto 28, 2013

Sobre as aparências dos mais médicos, ops, das pessoas

Gente, quando me virem por aí de cabelo solto no naipe “vagabundo desempregado”, brinco na orelha, bermudão, chinelo de dedo, comendo em churrasgatinho e com essa cara de índio pobre, saibam que tenho duas graduações, uma pós, já escrevi um livro, tenho filho, pago minhas dívidas, já plantei muitas árvores, ajudo meus parentes, faço a tarefa de casa com meu moleque e pago meus impostos direitinho.

Traduzindo: não é a aparência que define a sua formação, capacidade e caráter.

terça-feira, agosto 27, 2013

Que venham mais médicos

Sou de fora, sou estrangeiro. Aqui no Brasil fulaninho já tentou desmerecer o meu trabalho por isso. Lá na Venezuela os meus pais sofriam preconceito por serem de fora.

Por isso não dá para concordar com qualquer movimento xenófobo, sobretudo se a raiz for corporativista. Ainda mais quando é contra uma medida que pode melhorar a qualidade de vida da população.

Sou a favor dos médicos cubanos, portugueses e de qualquer parte do mundo atenderem àquela parcela de brasileiros que mora em lugares onde ninguém quer ir para consultá-los. Lá, ou aqui, dependendo de onde você estiver lendo, falta tudo e o que vier já transforma a vida para melhor.

Dane-se o corporativismo dos médicos. O programa Mais Médicos teve como base justamente essa falta de vontade da maioria deles para encarar os grotões. Se há quem queira ir trabalhar no fim do mundo, que seja contratado, preparado e colocado lá. Reclamações sobre o atendimento? Se há quando se trata de hospitais de ponta e médicos renomados, qual a razão de pensar que não haverá agora? Que os órgãos fiscalizadores trabalhem e tudo se encaminhará.

Paralelamente sou a favor que haja mais fiscalização sobre os recursos aplicados na saúde. Sim, pois essa grana é alta, vem para os estados e municípios e é um dinheiro que os governadores, prefeitos, vereadores, deputados, senadores e outros adoram meter a mão. Ignorar isso é ser escravo da mediocridade.

Também sou a favor de que se exija mais profissionalismo dos médicos que atuam nas redes públicas. Que cumpram a carga de trabalho e não usem dedinhos de silicone para marcar o ponto. Que reclamem na diretoria da unidade de saúde se estiver faltando material e metam o Conselho Regional de Medicina na briga.

Se toda essa força e valentia contra o programa Mais Médicos tivesse sido aplicado em cobrar o uso correto dos recursos direcionados para a saúde, aí a situação seria outra há muito tempo.

quinta-feira, junho 20, 2013

Saindo a Dilma, quem entra para gerenciar a bodega?


Petições online e cartazes e gritos nas mobilizações pedem o impeachment da presidente Dilma, que é do PT. Parece que esse seria o começo das soluções ou a própria solução para tudo.
 
Aí eu pensei: bem, ela saindo assume Michel Temer, do PMBD.
 
Se o Temer cair, assume o deputado federal Henrique Alves, do PMDB.
 
Caindo também, o presidente será o senador Renan Calheiros, do PMDB.
 
E aí, caso tudo dê errado para o PMDB, que deve estar adorando essa onda do impeachment, Renan é derrubado e, pela linha sucessória, quem tomará conta do país será Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, que não tem partido e para governar teria que negociar com as bancadas do congresso. 

E aí tudo recomeçaria.

terça-feira, junho 18, 2013

Das mobilizações e seus efeitos: tentando entender o que é tudo isso

Estou tentando entender até onde pode chegar o efeito das mobilizações que rolam desde a semana passada. Entender como jornalista, como sociólogo e como ativista cultural. É minha mania de tentar saber a funcionalidade das coisas.

Confeso: está complicado. É uma realidade totalmente diferente do cotidiano político brasileiro e roraimense.

O que já percebi é que há muita confusão conceitual. As frases de ordem, pelo seu próprio efeito simplificador, podem gerar sentidos que escondem ações paralelas e anteriores.

Por exemplo, a frase generalista “os partidos políticos não nos representam”, quando ligada a “o gigante acordou”, faz parecer que nunca antes neste País houve gente lutando por mudanças a partir das organizações partidárias e, principalmente, a partir das organizações sociais.

Quem embarca nessa ideia sem contestá-la, ignora os movimentos populares (de menor alcance) que acontecem constantemente no Brasil (MST, movimento indígena e outros). E se não ignora, os despreza pela sua repercussão, digamos, reduzida diante das atuais mobilizações.

Simultaneamente, há uma parcela dos mobilizadores na internet que diz ser esta a hora de protestar contra a corrupção e os desmandos dos governos estaduais e federais. A partir daí os problemas são personificados em prefeitos, governadores e a presidente.

Resultado: a questão estrutural pode ficar de lado e tudo passar a se resumir a botar novas pessoas no poder. Sem menosprezar o bem que traria ao país o surgimento de eleitores mais conscientes e menos vendilhões, não é apenas isso, é muito mais.

Ainda estou tentando entender, mas já vi que nada disto é simples demais para ser visto apenas por um ângulo. Ainda mais em Roraima (estado do contracheque, do apadrinhamento, do medo de incomodar os poderosos que controlam a economia), terra onde estão  se misturando mobilizações criadas no estilo livre e aparentemente desorganizado da internet com outras que nascem ou querem nascer apropriadas por gente com interesse partidário (o quanto é ruim isto?).

A tudo isto, acrescento uma curiosidade sobre a questão em Roraima: em nenhuma das convocatórias para os atos vi algo sobre melhorias no transporte coletivo. De onde deduzo que as coisas andam muito boas para quem anda de busão.

sexta-feira, julho 20, 2012

Reflexões sobre o tempo do passado e do presente

Nesta semana vi o DVD d“O homem do Futuro”. Achei fraco no começo, mas logo depois senti que engatou. Do meio da obra em diante começou a parte que achei mais interessante, do ponto de vista da física quântica profundamente estudada por mim em histórias em quadrinhos e outros filmes que abordam  viagens no tempo: o que será que muda hoje quando você tem a chance de alterar o seu passado?

Quando era mais novo e algo importante acontecia, pensava nos “marcos da vida”, aqueles acontecimentos que considero decisivos para estar onde, bem, regular ou mal, estou hoje.  Um pouco de exercício mental e consigo estabelecer diversos.

Na profissão, por exemplo. Se sou jornalista hoje, é por conta de ter lido em um livro da UFRR as ementas dos cursos de jornalismo e de letras. O que fez escolher a atual profissão foi uma disciplina chamada “comunicação comunitária”. Pensei na hora: “uau, que legal. Vou fazer trabalhos em comunidades!”. Me inscrevi, passei e nunca fiz nada parecido. Só engatei nesssa vida depois de formado em Sociologia, escolhida em desfavor de um curso de inglês. Aliás, a sociologia não tem nada a ver com o meu trabalho em comunidades. Se faço isso é por ter conseguido um grupo legal de pessoas para trabalhar e por ter lido muito sobre coletivos em sites. Ah, e por ter conseguido convencê-los. Isto é, eles também fizeram suas opções.

Se estou no Brasil ainda é por ter conseguido aprovação no vestibular de jornalismo. Era isso ou voltar para a minha cidade natal na Venezuela e cursar alguma carreira relacionada a engenharia de minas ou algo do tipo.

Coincidentemente, só viemos (eu e a dona mamãe) para o Brasil por minha causa, que achava meu futuro sem horizontes em Guasipati. Afinal, já no liceu (que engloba da sétima série até o último ano do ensino médio) todos os meus amigos estavam trabalhando em coisas legais, fazendo cursos no Ince, equivalente ao sistema Senai, e eu nada, era apenas um garoto bobo latinoamericano sem dinheiro no bolso.

Enfim, ter vindo para cá determinou para onde minha vida foi nos últimos 21 anos. Nessas duas décadas e um ano registrei um tanto de “marcos da vida”. Rapidamente:

1.Quase fui morto por um bêbado que achou legal apontar uma arma para minha cabeça. Já pensou em que blog VOCÊ estaria lendo um texto agora se o cara tivesse atirado mesmo?

2.Deixei de acertar algumas ofertas de emprego que depois se tornariam tanto muito lucrativas como muito horrorosas. Deu no que deu, né?

3.Escolhi ser pai e morar com a patroa. Daí os caminhos se dividem de fato, tanto financeiramente como amorosamente. Afinal, não dá mais para gastar tudo em viagens, bebidas, prostitutas e outras drogas. Tenho que economizar para garantir um bom presente ao moleque. E também não dá para ir de bar em bar namorando geral.

4.Não estudei o tanto que devia para certas coisas e perdi muito tempo investindo em outras (e muitas vezes em nada).

5.Tentei e desisti várias vezes de aprender a tocar violão. Tivesse aprendido, estaria numa banda, tocando música latina, possivelmente na tua cidade. Naipe de músico o povo diz que não me falta.

Mas agora não quero mais falar dos resultados que as escolhas trazem. Só sei que virar à esquerda ou dobrar para a direita, ficar parado ou ceder a vez faz muita diferença e, sinceramente, não sei em que ponto, caso fosse possível voltar no tempo para mudar algo, faria a alteração drástica de meu passado. Só sei que, de acordo com meus profundos saberes sobre viagens temporais, possivelmente nada seria como é.

Bem, o nível de comentários anda ridiculamente baixo no blog. Mesmo assim, vou deixar aí, jogado  no vento do tempo, uma pergunta: o que você mudaria em seu passado?

Aproveita o clipe da música Tempo Perdido, que ficou muito legal nas vozes dos protagonistas d'O Homem do Futuro:



domingo, maio 06, 2012

Começa processo de renovação dos colegiados setoriais do CNPC

Enviei este documento via e-mail para minha rede de contatos na região Norte. Publico aqui para acaso atingir outras pessoas com as quais não tenho contato:

 
Car@s agentes da literatura, livro e leitura na região Norte,

Na qualidade de representante da região Norte no Colegiado Setorial de Literatura, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, apresento informe sobre o processo de renovação dos colegiados setoriais do Conselho Nacional de Política Cultural.

O Ministério da Cultura divulgou uma portaria disciplinando o processo eleitoral para renovação dos representantes da sociedade civil nos Colegiados Setoriais do Conselho Nacional de Política Cultural para o período de 2012 a 2014.

A mobilização em cada estado é fundamental. Convoquem todos os militantes e interessados em políticas públicas para o nosso setor e ajudem a espalhar a notícia em suas redes de contatos, incluindo, se possível, a imprensa.

Lembrem-se: para ter direito a 3 delegados por estado é preciso que haja no mínimo 15 eleitores cadastrados em suas unidades federativas.

Vejam o cronograma:

 De 14 de maio a 24 de junho de 2012, o Ministério da Cultura, disponibilizará em seu site formulário para cadastramento de eleitores que participarão dos Fóruns Estaduais Setoriais;

De 25 de junho a 6 de julho os documentos dos eleitores cadastrados serão analisados e posteriormente validados, somente aqueles condizentes com as seguintes condições, estabelecidas nos artigos 16 e 17:

No período de 18 a 30 de junho de 2012, será  disponibilizada plataforma virtual na página do Ministério da Cultura na internet, destinada a debates e divulgação de propostas dos candidatos a Delegados Estaduais Setoriais.

Art. 14. As reuniões dos Fóruns Estaduais Setoriais para eleição de seus delegados estaduais serão realizadas entre 2 e 30 de julho de 2012 na plataforma virtual a ser disponibilizada pelo Ministério da Cultura, podendo a Comissão Organizadora Nacional autorizar a realização de fóruns presenciais.

Art. 15. Uma vez eleitos, os Delegados Estaduais Setoriais reunir-se-ão nos Fóruns Nacionais Setoriais, a se realizar entre 29 e 31 de agosto de 2012, para eleição dos candidatos aos Colegiados Setoriais do CNPC.

Art. 20. Cada Fórum Nacional Setorial poderá ter oitenta e um Delegados Estaduais Setoriais, idealmente distribuídos entre as unidades da federação na proporção de três vagas para cada unidade da federação, observadas as ressalvas previstas no art. 21.

Art. 21. O número de Delegados Estaduais Setoriais de uma determinada unidade da federação poderá ser reduzido até um ou ampliado até seis, conforme quociente entre o seu número de eleitores validamente cadastrados em cada Fórum Estadual Setorial e o coeficiente eleitoral do universo de eleitores de todos os Fóruns Estaduais, expressados nas fórmulas constantes do Anexo desta Portaria

§ 1º Não se aplica a fórmula do caput à unidade da federação que não atinja o quórum mínimo de quinze eleitores validamente cadastrados no Fórum Estadual Setorial, a qual ficará sem delegados no Fórum Nacional Setorial.


Para ler toda a portaria, acessem




CRITÉRIOS DE PARTICIPAÇÃO NOS FÓRUNS ESTADUAIS SETORIAIS

Art. 16. O cadastro de eleitor nos Fóruns Estaduais Setoriais observará as seguintes condições:

I - idade mínima de 18 anos completos na data inicial prevista no art. 14;

II - preenchimento do formulário de cadastramento disponibilizado na página do Ministério da Cultura na internet;

III - apresentação de cópia digitalizada da Carteira de Identidade, do Cadastro de Pessoa Física (CPF) e de comprovante de residência;

IV - apresentação de cópia digitalizada de um dos seguintes documentos, comprovando atuação de três anos no setor:

a) currículo;

b) diploma profissional;

c) registro profissional no Ministério do Trabalho (DRT);

ou

d) participação em entidade/comunidade representativa da área ou segmento;

V - declaração de ter conhecimento do Plano Nacional de Cultura - PNC;

VI - descrição do vínculo empregatício ou atuação profissional autônoma no formulário de cadastramento;

VII - declaração de não ser detentor de cargo comissionado na administração pública federal, estadual, distrital ou municipal; e

VIII - declaração de veracidade das informações.

§1º Cada cidadão somente poderá se cadastrar como eleitor em um Fórum Estadual Setorial, conforme sua residência e sua área de atuação profissional.

§ 2º Na hipótese de eleitor que seja representante da sociedade civil e ocupante de cargo em comissão, a declaração de que trata o inciso VII será substituída por informação que individualize o cargo comissionado que ocupa, acompanhada de comprovação da função que exerce na entidade civil que representa.

§ 3º O Ministério da Cultura não se responsabilizará por cadastro eleitoral não recebido por motivos de ordem técnica dos computadores, falhas de comunicação, congestionamento das linhas de comunicação, bem como outros fatores que impossibilitem a transferência de dados.

§ 4º As informações prestadas no ato de cadastramento eleitoral serão de inteira responsabilidade do interessado, cabendo à comissão eleitoral excluir do certame aquele que não preencher o formulário de forma completa e correta.

§ 5º É vedado o cadastro condicional, extemporâneo, por via postal, fax, correio eletrônico ou qualquer outro meio não previsto nesta Portaria.

§ 6º As informações prestadas no requerimento de inscrição serão de inteira responsabilidade do interessado, que, em caso de falsidade, poderá responder, a qualquer momento, por crime contra a fé pública, o que acarreta sua exclusão do processo eleitoral.

Art. 17. No ato do cadastramento como eleitor, aquele que optar também pelo registro de sua candidatura a Delegado Estadual Setorial deverá acrescentar os seguintes documentos:

I - currículo detalhado com comprovada atuação nos últimos três anos e opcionalmente portfólio;

II - carta de apoio subscrita por:

a) entidade com atuação na área em que concorre; ou

b) pelo menos dez eleitores da mesma área, cujo cadastro eleitoral venha a ser devidamente validado; e

III - carta-programa contendo pelo menos três propostas de diretrizes para o desenvolvimento da área em que concorre.

§ 1º Cada entidade com atuação nas áreas deste processo eleitoral poderá emitir no máximo três cartas de apoio ao registro de candidaturas.

§ 2º Caso o registro da candidatura seja negado em virtude do não cumprimento do inciso II do caput, o interessado terá o prazo de sete dias para suprir o requisito não cumprido, sob pena de indeferimento definitivo da candidatura.